domingo, 6 de julho de 2025

Sampaio Corrêa 0x0 Moto Club - Campeonato Maranhense 1990

O resultado de 0 a 0 no superclássico, disputado no dia 25 de março de 1990, fez justiça ao empenho das duas equipes. Não foi um jogo de muitas emoções, mas cheio de muito vigor, principalmente no primeiro tempo, quando algumas jogadas violentas aconteceram, obrigando o árbitro Renato Rodrigues a usar de toda sua experiência para segurar o espetáculo.

O Sampaio mostrou melhor formação e um time mais bem treinado. Teve maior volume de jogo, mas foi o Moto quem esteve mais perto da vitória, tanto que o goleiro Flávio, do tricolor, se transformou na maior figura da partida com duas defesas espetaculares que valeram o ingresso.

A primeira das extraordinárias defesas do arqueiro boliviano aconteceu no primeiro tempo, aos 33 minutos, quando Hélio cobrou uma falta e Zé Roberto cabeceou no ângulo direito. Flávio, no reflexo, conseguiu mandar para fora, quando a torcida rubro-negra já se levantava para comemorar o gol.

A segunda e mais difícil defesa ocorreu na fase complementar, também aos 33 minutos, quando Chita fuzilou com a perna direita e Flávio espalmou sensacionalmente.

A melhor jogada do Sampaio foi logo no começo do segundo tempo, quando Bacabal se antecipou ao goleiro Ica e cabeceou rente ao travessão, assustando todo o time motense.

O Sampaio teve maior domínio de jogo, mas seu ataque foi muito vigiado, principalmente o ponta-direita Ismael, que era sua melhor opção ofensiva.

Foi, na verdade, um jogo muito difícil de apitar pelo vigor com que os jogadores se entregaram à luta — os do Moto querendo superar as deficiências e os do Sampaio querendo vencer o clássico a qualquer custo.

Por alguns momentos, o árbitro Renato Rodrigues teve que recorrer à sua longa experiência para segurar os ânimos que andaram se exaltando. Foram mostrados cartões amarelos para os zagueiros Edinho e Carlinhos, do Moto; Marcos Esteves e Ivanildo, do Sampaio; e também Hélio, do Moto.

O primeiro tempo foi disputado debaixo de muito nervosismo. No segundo período, os jogadores deram uma maneirada e a situação melhorou para o apitador.

Raimundo Lima e Verandy Fontes trabalharam como bandeirinhas.

A renda do jogo somou a quantia de Cr$ 430.000,00 para 6.931 pagantes.

O Sampaio jogou com: Flávio; Marcos Esteves, Ivanildo, Armando e Izaias; Zé Carlos, Orlando e Dias Pereira; Ismael, Bacabal e Lamartine (Fuzuê). O Moto atuou com: Ica; Evandro, Edinho, Carlinhos e Pedrinho; Alfredo, Hélio e Messias; Chita, Zé Roberto e Márcio.

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O desaparecimento da renda foi o que de mais importante aconteceu no superclássico Moto x Sampaio, disputado ontem no Nhozinho Santos, e que terminou com o justo empate de 0x0, na primeira rodada do Campeonato Maranhense de 1990.

Causou revolta a divulgação da arrecadação de Cr$ 439.400,00 para apenas 6.931 pagantes. Os dirigentes de Sampaio e Moto exigiram que as urnas fossem lacradas para uma recontagem dos ingressos, pois o Nhozinho Santos, que tem capacidade para até 24 mil torcedores, estava cheio com menos de um terço desse total.

O presidente da FMD, que também estranhou a pouca renda, atendeu aos presidentes das duas equipes e determinou providências para que o desvio de renda seja apurado com maior rigor.

Sobre o clássico, o empate ficou de bom tamanho num jogo de poucas emoções, mas aguerridamente disputado. O Sampaio foi melhor técnica e taticamente, mas o Moto esteve bem mais perto do gol em duas oportunidades, obrigando o goleiro boliviano a fazer duas defesas de pagar ingresso.

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Causou o maior espanto entre dirigentes, jornalistas e torcedores o anúncio da arrecadação do superclássico Sampaio 0x0 Moto, disputado ontem no Nhozinho Santos pelo Campeonato Maranhense. Ninguém aceitou como real o público de apenas 6.931 pagantes.

Para um estádio que já recebeu 24 mil torcedores numa partida pelo Campeonato Brasileiro, encher com menos de um terço desse público é de fazer qualquer um desconfiar que “meteram a mão no jarro”, sem pena.

Dirigentes de Sampaio e Moto ficaram revoltados, assim como os próprios torcedores das duas equipes. Quando as rádios anunciaram que a renda tinha sido de Cr$ 430.000,00, todos ficaram no aguardo da confirmação, pois a expectativa, pelo público presente, era de uma arrecadação superior a um milhão de cruzeiros, no mínimo.
O presidente do Sampaio, Pedro Vasconcelos, o presidente do Moto, Edmar Cutrim, e alguns dirigentes das duas equipes procuraram de imediato o presidente da Federação Maranhense de Desportos para solicitar uma reconferência nos ingressos, já que o controle de portões e bilheteiras do Nhozinho Santos é feito pela entidade.

O presidente da FMD também estranhou a baixa renda e o público informado, assim como os dirigentes das duas equipes. Também ficaram surpresos o diretor de futebol Antônio Henrique, o presidente da CEAF, Batista Oliveira, e o diretor de futebol amador da CBF, Domingos Leal.

Pelos cálculos feitos por todos, estima-se que tenham sido desviados cerca de oitocentos mil cruzeiros, pois, por baixo, o Nhozinho Santos ontem deve ter recebido um público em torno de quinze mil torcedores.

O problema de evasão de renda nos estádios de futebol em nossa cidade passou a ser um caso de polícia. Os clubes são lesados à vista de todos, conforme afirmam os dirigentes.

O pior é que todas as vezes que são feitas acusações e se exige reconferência, ninguém consegue provar absolutamente nada.

Ontem, o presidente da FMD, Mário Carneiro, mandou lacrar as urnas contendo os bilhetes recebidos nos portões, para uma recontagem a ser feita com a presença dos dirigentes dos dois clubes.

O tesoureiro da FMD, Emanuel Santos, mostrou-se aborrecido com a desconfiança. Disse que exigia a reconferência e que depois queria um documento provando sua honestidade, pois pretendia processar todos que estavam estranhando a pouca arrecadação.

No boletim de imprensa divulgado pela Federação, o público pagante no estádio foi de 6.931 pessoas, assim distribuídos:
- Cadeira: 421 torcedores  
- Arquibancada: 414 torcedores  
- Geral: 6.096 torcedores

O público não pagante foi de 448 pessoas, sendo: 23 atletas, 105 policiais fardados, 163 permanentes da FMD, 118 jornalistas e 39 proprietários de bar (SEDEL).

O total de público presente ao estádio foi de 7.379 pessoas.




 OUTROS JOGOS DA PRIMEIRA RODADA - de virada, o Tocantins ganhou o clássico imperatrizense ao derrotar o Imperatriz por 2x1, depois de estar perdendo por 1x0.

O Tecão mostrou um futebol altamente competitivo e de muita garra, enquanto o Imperatriz, mais técnico, acabou surpreendido. O Imperatriz saiu na frente marcando 1x0 por intermédio de Djalma. Ronaldo fez os dois gols do triunfo tocantino. O jogo, disputado no Estádio Frei Epifânio, apresentou uma arrecadação de 82 mil cruzeiros. Josenil apitou.

O Pinheiro Atlético, o caçula do campeonato de profissionais, largou bem na competição da FMD ao derrotar o Vitória do Mar por 1x0, ontem, no Estádio Nina Rodrigues. O único gol da peleja foi marcado por Tadeu. Leopoldo Botão foi o árbitro.

O Bacabal também estreou com vitória no campeonato. Ontem, no Correião, o time bacabalense venceu o Boa Vontade por 1x0. Edjan de Jesus foi o árbitro.

A Caxiense, que estava ameaçada de não participar do campeonato, foi outro time que largou com vitória. Ganhou de 2x0 do Expressinho, no Estádio Duque de Caxias, em Caxias. O juiz do jogo foi Washington Maciel.

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