sábado, 12 de julho de 2025

Expressinho estreia na elite do futebol maranhense (1980)

 Registro e Expressinho e Vitória do Mar, jogo de estreia do Furacão da Cohab no Campeonato Maranhense de 1980
 
Texto extraído e adaptado do livro "Almanaque do Futebol Maranhense Antigo: Clubes Menores da Capital":

Em 1980, o Expressinho voltou a disputar o Torneio do Incentivo, no mês de maio. E desta vez o Furacão foi mais longe, chegando à decisão, diante do Fabril da cidade de Codó. O Expressinho havia eliminado o Imperatriz nas penalidades e decidiu o título contra o representante codoense. Na final, após um empate em 0 a 0 no Renê Bayma, o Fabril levantou a taça após a vitória por 2 a 1 nas cobranças de pênaltis. O Expressinho, vice-campeão, recorreu na F.M.D., alegando que o time do interior levou a campo de forma irregular dois atletas (na relação nominal enviado pelo Fabril à federação não constava os nomes dos atletas citados, contrariando veemente o regulamento). Além disso, o representante da capital comunicou que o estádio não oferecia condições para a partida: na hora das penalidades, cerca de 500 torcedores, incentivados pelos dirigentes do Fabril, invadiram o campo para pressionar o árbitro Raimundo Lima para que fosse repetido um penal defendido pelo goleiro Juca Baleia – motivo esse que provocou a retirada de campo do quadro da Cohab por falta de condições. 

Três meses após o vice-campeonato no Torneio do Incentivo, o Expressinho participou pela primeira vez de duas tradicionais competições locais, antes da sua estreia no Estadual profissional: a Taça Cidade de São Luis, em Junho (com uma atuação apenas discreta, o Expressinho conseguiu vencer o Moto Club por 2 a 0, uma constante naquele ano diante dos rubro-negros) e o Torneio Início, competição de curtíssima duração que apresentava às torcidas os elencos dos clubes participantes e que estava de fora do calendário esportivo desde o ano de 1971. Cinco equipes faziam a sua estreia tanto no Torneio Início como na primeirona do Campeonato Maranhense daquele ano: além do Expressinho, o Boa Vontade (Bairro de Fátima), o Ajax da cidade de Pindaré-Mirim, o Imperatriz e o Tocantins. 

Sem a presença do goleiro Juca Baleia, afastado por motivo de indisciplina, o Furacão estreou no torneio diante de Sampaio Corrêa de Rosclin, Bimbinha e companhia, na tarde do dia 04 de agosto de 1980, no Municipal. O alviverde da Cohab mandou a campo Assis; Simião, Neguinho, Ferreira e Jorge Maravilha; Ivo, Genésio e Zé Augusto; Fumanchu, Zequinha e Valtinho. Após um empate sem gols no tempo normal, o Expressinho acabou eliminado pelo Tricolor nos pênaltis – a cobrança perdida por Gonzaga decretou a eliminação. Sampaio Corrêa e a surpresa Tocantins decidiram o título; o troféu ficou nas mãos dos bolivianos. 

Duas semanas depois, o Expressinho enfim estreou no Campeonato Maranhense. E logo em sua primeira participação como profissional, a equipe surpreendeu e chegou ao quarto lugar na classificação geral, atrás apenas dos três grandes da capital. A campanha, contudo, foi a mais curiosa possível: em 20 partidas, o Expressinho conseguiu a proeza de 13 empates, além de duas vitórias em seu debut na elite do futebol maranhense. Para a estreia, contudo, o Furacão enfrentou um pequeno imprevisto, motivando assim o adiamento da sua primeira partida na competição: por culpa da F.M.D., houve um atraso na legalização do seu elenco. Um funcionário esqueceu de dar encaminhamento em vários contratos, não permitindo assim o registro de todos os atletas. 

Com uma semana para preparar melhor o seu elenco para a estreia, o Expressinho ganhou dois reforços: o meia Genésio, vindo do Vitória do Mar, e o retorno do goleiro Juca Baleia. Com todos os contratos devidamente registrados na C.B.F. (exceto do zagueiro Ferreira, em virtude de erro em seu preenchimento, acabando por ser devolvido pela entidade máxima do futebol nacional), o Furacão da Cohab entrou a campo na tarde do dia 17 de agosto de 1980, diante do Vitória do Mar. O Expressinho saiu na frente aos 5 minutos do período inicial, através do ponteiro-direito Fumachu, que encobriu o goleiro Assis, após receber um lançamento de Zé Augusto. O time da Estiva, jogando desfalcado na defesa, com o veterano Célio Rodrigues contundido e Gaspar cumprindo a lei do cão, não repetiu a mesma atuação diante do Sampaio Corrêa, no empate em 0 a 0 na abertura do Estadual. E o tento dos estivadores veio graças à inexperiência do garoto Zé Mário, que, ao tentar cortar um cruzamento de Antônio, marcou contra a sua própria rede, aos 39 minutos. Assim perfilou o Expressinho no empate em 1 a 1 em sua estreia na divisão principal do nosso futebol: Juca Baleia; Jorge, Neguinho, Simião e Trovão (Zé Mário); Ivo, Genésio e Zé Augusto; Fumachu, Brígido (Valtinho) e Airton. 

Ao final do Primeiro Turno, vencido pelo Moto Club (à época treinado por Marçal Tolentino Serra), o Expressinho colecionava uma invencibilidade de nove jogos e, curiosamente, oito empates. A sua única vitória na fase acontecera diante do Maranhão, logo na segunda rodada. Foi a primeira grande zebra do campeonato, com o time da Cohab assinalando o único gol da partida aos 39 minutos do segundo tempo, por intermédio do centroavante Brígido, depois de um contra-ataque puxado pelo ponteiro-esquerdo Airton. Outro momento curioso no turno aconteceu na partida diante do Moto Club: rubro-negros e alviverdes fizeram apenas 20 minutos de partida, interrompida por falta de luz no Municipal. Remarcado, o jogo acabou empatado e um dos grandes jornais da época em nossa capital ironizou: “Ainda não foi dessa vez que o Moto ganhou o Expressinho”. Isso sem falar em casos absurdos que aconteceram ao longo da competição, como a indelével goleada do Sampaio Corrêa diante do São José (12 a 0) e a partida entre Vitória do Mar e Boa Vontade, onde o clube dos estivadores entrou a campo com apenas dez jogadores. 

No Returno, porém, o representante da Cohab começou a perder o rumo e a séria possibilidade de briga pelo título. Desfalcado de Juca Baleia, Zé Augusto, Ferreira e César, entregues ao Departamento Médico desde o jogo final do quadrangular decisivo do turno inicial, logo na estreia do Segundo Turno o Expressinho teve quebrada a sua invencibilidade na competição (e dos 14 jogos na temporada de 1980), com a derrota pelo placar de 2 a 0 para o São José (o alvi-azul do João Paulo), com um dos gols assinalados pelo ainda jovem centroavante Bacabal, que faria carreira no MAC e seria, até hoje, o maior artilheiro do Estádio Castelão. Com uma fraca campanha, o Expressinho ainda viu cair a sua invencibilidade na história dos confrontos diante do Moto Club (o presidente Jandir Castro, que até a boa fase no Primeiro Turno vinha dando entrevistas às emissoras de rádio, gozando os chamados grandes, resolveu se calar diante das fracas atuações no returno). 

No Terceiro Turno, com o Expressinho sob o comando do treinador João Pinto (em substituição a Ananias Silva, por decisão da diretoria), os empates diante de Sampaio Corrêa (do treinador Nelson Gama) e Imperatriz sepultaram definitivamente as chances de título do Furacão – a goleada Tricolor pelo placar de 5 a 1 sobre o Cavalo de Aço levou a Bolívia Querida a decidir o turno contra o Moto e, posteriormente, chegar ao título máximo do certame de 1980, após um triangular entre os três grandes da nossa capital. Aqui, cabe um fato curioso: o jogador Pablito, do Sampaio Corrêa, punido pelo TJD em três jogos, foi lançado nas partidas decisivas do triangular, ajudando o time a faturar o troféu. Coisas do nosso futebol. Ao Expressinho restou o honroso quarto lugar na classificação geral em sua estreia no Campeonato Maranhense.  

CAMPANHA DO EXPRESSINHO NO CAMPEONATO MARANHENSE 1980
 
PRIMEIRO TURNO (PRIMEIRA FASE): 

17.08.1980: Vitória do Mar 1x1 Expressinho
20.08.1980: Expressinho 1x0 Maranhão
04.09.1980: Moto Club 1x1 Expressinho
10.09.1980: Boa Vontade 0x0 Expressinho
14.09.1980: Expressinho 2x2 São José
17.09.1980: Sampaio Corrêa 1x1 Expressinho

PRIMEIRO TURNO (SEGUNDA FASE): 

26.09.1980: Sampaio Corrêa 2x2 Expressinho
01.10.1980: Moto Club 0x0 Expressinho
03.10.1980: Imperatriz 1x1 Expressinho

SEGUNDO TURNO: 

08.10.1980: São José 2x0 Expressinho
10.10.1980: Vitória do Mar 1x1 Expressinho
15.10.1980: Maranhão 2x0 Expressinho
17.10.1980: Expressinho 0x0 Boa Vontade
22.10.1980: Moto Club 1x0 Expressinho
25.10.1980: Imperatriz 1x2 Expressinho
28.10.1980: Tocantins 0x0 Expressinho
30.10.1980: Ajax 1x0 Expressinho
05.11.1980: Sampaio Corrêa 2x1 Expressinho

TERCEIRO TURNO: 

18.11.1980: Sampaio Corrêa 1x1 Expressinho
26.11.1980: Imperatriz 1x1 Expressinho

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