
Texto extraído do jornal O Estado do Maranhão, de 03 de abril de 2000
É comum um garoto nascer no interior e vir morar na capital do estado em busca de melhores oportunidades e qualidade de vida. Com Valdinar a coisa aconteceu de forma inversa. Nascido em São Luís, se tornou respeitado e admirado em Coroatá, cidade do interior maranhense, que fica a aproximadamente 330 quilômetros da capital. Despontou jogando no Artístico e encerrou a carreira de atleta profissional no Ferroviário Esporte Clube. O radialista e jornalista Jota Alves, quando ia falar de Valdinar, nos programas ou nas transmissões esportivas, enfatizava a origem do craque. Dizia ele: “Valdinar, o moço de Coroatá”.
O nome de Valdinar é, na verdade, Valdimar (com m) Vieira do Norte. Nascido na Estrada da Vitória – Monte Castelo, no dia 31 de dezembro de 1947, foi parar em Coroatá aos quatro anos de idade. “Seu” Roque, pai dele, passou a trabalhar na RFFSA – Rede Ferroviária Federal – daquela cidade e levou consigo a família. A principal preocupação do pai era com os estudos dos cinco filhos.
Um detalhe interessante é que nenhum irmão, nem Valdimar, jogava futebol. Ele teve os primeiros contatos com a bola quando já estava com 17 anos de idade, através das peladas batidas no campo do Santa Cruz. Lá começaram a chamá-lo de Valdinar. O nome ficou. Ele próprio gosta de ser chamado dessa forma.
Modestamente, Valdinar diz que era muito ruim de bola. Nas peladas, não tinha posição certa. “Eu corria atrás da bola. Zé Santana, Pedrinho, Totó, Zé Henrique, Siba, Ribinha e outros amigos da época sabiam das minhas limitações técnicas. Eles, assim como eu, nos espantamos quando recebi o convite para jogar no Artístico, um time que tinha como ídolo Morais, centroavante que jogou no Maranhão Atlético Clube.”
Foi justamente Morais a fazer o convite. Ele interrompeu a pelada, chamou Valdinar e disse: “Garoto, você tem futuro se encarar a bola com seriedade. Gostaria que você jogasse com a gente no domingo que vem, em Pedreiras/MA.” Valdinar foi para casa e comentou o acontecido com o pai, que não acreditava no que estava ouvindo. “Todo mundo só falava que eu era ruim de bola. Como é que o Morais viu qualidades no meu futebol?” O certo é que, depois de uma noite de sábado mal dormida pela expectativa de, pela primeira vez, calçar chuteiras e vestir a camisa de um time oficial, Valdinar encarou o desafio com tranquilidade. Entrou como titular e acabou vencendo os adversários por 2 x 1, no campo deles. O pai, que foi vê-lo jogar, ficou orgulhoso.
Esse foi o primeiro e único jogo dele no Artístico. “Walter Polary, coletor estadual e diretor do Santa Cruz, me convidou para jogar no time dele. Me empregou na fábrica de Mosaico, permitindo que eu trabalhasse pela manhã e treinasse à tarde. A partir dali comecei a ganhar dinheiro com o futebol.”
Após quinze dias de trabalho na fábrica de Mosaico, Valdinar recebeu convite para jogar no Ferroviário, de Caxias/MA. Um amigo do pai dele, que trabalhava na RFFSA de Caxias, o convenceu da transferência de cidade. “Me deram salário, casa, comida e uma bicicleta. Era a primeira vez que eu possuía uma coisa só minha, conquistada por méritos meus. Estava radiante e encarei com muito profissionalismo essa nova situação de minha vida.” Passou a ser ídolo da cidade ao lado de Galego.
Valdinar atuava como médio volante (cabeça de área). De um excelente vigor físico, não tinha técnica apurada, mas sabia bater na bola. Chutava forte com a perna direita. Fazia gols de fora da área. Era viril, chegava junto. “Fungava no cangote dos adversários”, como se conta. Sua maior característica era a força de vontade, já que detestava perder. Corria os quatro cantos do campo atrás da vitória.
Depois de Caxias, Valdinar disputou um campeonato intermunicipal maranhense por Coroatá e outro no Piauí, pela cidade de Oeiras. Passou pelo River de Teresina e acabou aceitando o convite de Evandro Ferreira, diretor do Ferroviário Esporte Clube de São Luís, e voltou para a cidade onde nasceu. “Quando vim para o Ferrim, vieram comigo de Coroatá o zagueiro Ribinha (quarto-zagueiro) e Raimundinho (meia-esquerda), craques de bola. Infelizmente não treinaram bem e acabaram retornando ao interior.”
Com 22 anos de idade, Valdinar vestiu a gloriosa camisa do time da estrada de ferro de São Luís. “Foi uma grande emoção jogar ao lado de Neguinho, Nélio, Tutinha e outras feras que formaram o Ferrim de 1969.”
O Maranhão Atlético Clube montou um time imbatível em 1969 e 1970 e acabou levantando o bicampeonato estadual. Em 1971 a vez foi do Ferroviário comemorar o título. O grupo contava com excelentes atletas: Martinho (goleiro que veio do Ceará), Neguinho, Alzimar, Vivico e Antônio Carlos; Valdinar, Juari (carioca) e Carlos Alberto; Edson Sarárá (pernambucano), Mineirinho (capixaba) e Coelho. Ainda tinha: Santana, Esquerdinha, Ivan, Amaro, Carrinho, Marcial (goleiro), Gimico e outros. Ficou no Ferrim até 1972. No ano seguinte, alguns problemas pessoais obrigaram-no a trocar São Luís por Brasília/DF.
Após oito meses, quando estava retornando ao Maranhão, acabou parando em Imperatriz, onde jogou pela Sociedade Atlética Imperatriz. De lá foi para Coroatá. Três meses depois, recebeu convite do Dr. Franco, então presidente do Ferroviário, para retornar ao time da estrada de ferro. Foi empregado na RFFSA, jogou durante uns seis meses e resolveu dar um tempo com a bola.
Em 1976, defendeu o Vitória do Mar no estadual de profissionais. “Nesse período eu vivia tranquilo. Tinha um emprego garantido e batia minha bolinha sem compromisso. Estava tão bem na competição que logo após o término fui convidado a retornar ao Ferroviário. Aceitei. Fiquei lá mais uma temporada. Em setembro de 1977 encerrei minha carreira de atleta profissional de futebol.
É comum um garoto nascer no interior e vir morar na capital do estado em busca de melhores oportunidades e qualidade de vida. Com Valdinar a coisa aconteceu de forma inversa. Nascido em São Luís, se tornou respeitado e admirado em Coroatá, cidade do interior maranhense, que fica a aproximadamente 330 quilômetros da capital. Despontou jogando no Artístico e encerrou a carreira de atleta profissional no Ferroviário Esporte Clube. O radialista e jornalista Jota Alves, quando ia falar de Valdinar, nos programas ou nas transmissões esportivas, enfatizava a origem do craque. Dizia ele: “Valdinar, o moço de Coroatá”.
O nome de Valdinar é, na verdade, Valdimar (com m) Vieira do Norte. Nascido na Estrada da Vitória – Monte Castelo, no dia 31 de dezembro de 1947, foi parar em Coroatá aos quatro anos de idade. “Seu” Roque, pai dele, passou a trabalhar na RFFSA – Rede Ferroviária Federal – daquela cidade e levou consigo a família. A principal preocupação do pai era com os estudos dos cinco filhos.
Um detalhe interessante é que nenhum irmão, nem Valdimar, jogava futebol. Ele teve os primeiros contatos com a bola quando já estava com 17 anos de idade, através das peladas batidas no campo do Santa Cruz. Lá começaram a chamá-lo de Valdinar. O nome ficou. Ele próprio gosta de ser chamado dessa forma.
Modestamente, Valdinar diz que era muito ruim de bola. Nas peladas, não tinha posição certa. “Eu corria atrás da bola. Zé Santana, Pedrinho, Totó, Zé Henrique, Siba, Ribinha e outros amigos da época sabiam das minhas limitações técnicas. Eles, assim como eu, nos espantamos quando recebi o convite para jogar no Artístico, um time que tinha como ídolo Morais, centroavante que jogou no Maranhão Atlético Clube.”
Foi justamente Morais a fazer o convite. Ele interrompeu a pelada, chamou Valdinar e disse: “Garoto, você tem futuro se encarar a bola com seriedade. Gostaria que você jogasse com a gente no domingo que vem, em Pedreiras/MA.” Valdinar foi para casa e comentou o acontecido com o pai, que não acreditava no que estava ouvindo. “Todo mundo só falava que eu era ruim de bola. Como é que o Morais viu qualidades no meu futebol?” O certo é que, depois de uma noite de sábado mal dormida pela expectativa de, pela primeira vez, calçar chuteiras e vestir a camisa de um time oficial, Valdinar encarou o desafio com tranquilidade. Entrou como titular e acabou vencendo os adversários por 2 x 1, no campo deles. O pai, que foi vê-lo jogar, ficou orgulhoso.
Esse foi o primeiro e único jogo dele no Artístico. “Walter Polary, coletor estadual e diretor do Santa Cruz, me convidou para jogar no time dele. Me empregou na fábrica de Mosaico, permitindo que eu trabalhasse pela manhã e treinasse à tarde. A partir dali comecei a ganhar dinheiro com o futebol.”
Após quinze dias de trabalho na fábrica de Mosaico, Valdinar recebeu convite para jogar no Ferroviário, de Caxias/MA. Um amigo do pai dele, que trabalhava na RFFSA de Caxias, o convenceu da transferência de cidade. “Me deram salário, casa, comida e uma bicicleta. Era a primeira vez que eu possuía uma coisa só minha, conquistada por méritos meus. Estava radiante e encarei com muito profissionalismo essa nova situação de minha vida.” Passou a ser ídolo da cidade ao lado de Galego.
Valdinar atuava como médio volante (cabeça de área). De um excelente vigor físico, não tinha técnica apurada, mas sabia bater na bola. Chutava forte com a perna direita. Fazia gols de fora da área. Era viril, chegava junto. “Fungava no cangote dos adversários”, como se conta. Sua maior característica era a força de vontade, já que detestava perder. Corria os quatro cantos do campo atrás da vitória.
Depois de Caxias, Valdinar disputou um campeonato intermunicipal maranhense por Coroatá e outro no Piauí, pela cidade de Oeiras. Passou pelo River de Teresina e acabou aceitando o convite de Evandro Ferreira, diretor do Ferroviário Esporte Clube de São Luís, e voltou para a cidade onde nasceu. “Quando vim para o Ferrim, vieram comigo de Coroatá o zagueiro Ribinha (quarto-zagueiro) e Raimundinho (meia-esquerda), craques de bola. Infelizmente não treinaram bem e acabaram retornando ao interior.”
Com 22 anos de idade, Valdinar vestiu a gloriosa camisa do time da estrada de ferro de São Luís. “Foi uma grande emoção jogar ao lado de Neguinho, Nélio, Tutinha e outras feras que formaram o Ferrim de 1969.”
O Maranhão Atlético Clube montou um time imbatível em 1969 e 1970 e acabou levantando o bicampeonato estadual. Em 1971 a vez foi do Ferroviário comemorar o título. O grupo contava com excelentes atletas: Martinho (goleiro que veio do Ceará), Neguinho, Alzimar, Vivico e Antônio Carlos; Valdinar, Juari (carioca) e Carlos Alberto; Edson Sarárá (pernambucano), Mineirinho (capixaba) e Coelho. Ainda tinha: Santana, Esquerdinha, Ivan, Amaro, Carrinho, Marcial (goleiro), Gimico e outros. Ficou no Ferrim até 1972. No ano seguinte, alguns problemas pessoais obrigaram-no a trocar São Luís por Brasília/DF.
Após oito meses, quando estava retornando ao Maranhão, acabou parando em Imperatriz, onde jogou pela Sociedade Atlética Imperatriz. De lá foi para Coroatá. Três meses depois, recebeu convite do Dr. Franco, então presidente do Ferroviário, para retornar ao time da estrada de ferro. Foi empregado na RFFSA, jogou durante uns seis meses e resolveu dar um tempo com a bola.
Em 1976, defendeu o Vitória do Mar no estadual de profissionais. “Nesse período eu vivia tranquilo. Tinha um emprego garantido e batia minha bolinha sem compromisso. Estava tão bem na competição que logo após o término fui convidado a retornar ao Ferroviário. Aceitei. Fiquei lá mais uma temporada. Em setembro de 1977 encerrei minha carreira de atleta profissional de futebol.
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