
Especial "Por Onde Você Anda", do jornal O Estado do Maranhão, de 15 de março de 1999
Não são muitos os meninos pobres, de talento para o futebol, que conseguem chegar aos 60 anos como um grande vencedor. Barrão é uma dessas exceções. Saiu dos campos de bairros para ser um dos maiores meia-esquerdas que o Maranhão já teve. A garra e liderança que mostrava em campo o levaram a cursar Direito. Formado aos 48 anos de idade, continuou na luta em busca da felicidade pessoal. Hoje dr. Walter Cruz é um grande exemplo, principalmente aos filhos e amigos que o cercam, e um motivo de orgulho para os maranhenses.
Nem mesmo ele, garoto pobre do bairro da Macaúba, em São Luís, imaginava que chegaria tão longe. Quando batia bola em uma Quinta, onde hoje está instalada a loja Potiguar, no Caminho da Boiada, só queria passar o tempo. Dos que brincavam com ele, apenas Pinagé (já falecido) e China (hoje sub-tenente aposentado da Polícia Militar), chegaram a se envolver com o futebol profissional.
De temperamento forte, Walter trabalhava em uma oficina de serralheiro e sempre que podia dava umas “escapulidas” para jogar. Incumbido de comprar peixe, não cumpriu com a obrigação, por causa da bola. Quando voltou ao trabalho ia apanhar de palmatória, mas, sempre por conta tanta confusão, que um certo coronel Moscoso, que conhecia e apreciava com muito dom, disse na vida do jogador:
— “Pra que bater nesse menino? Pronto! O apelido ficou por toda a vida do jogador.”
A ‘queda’ de Barrão era pela bola. Aonde fosse, lá estava. Ouro Branco, time amador da Hullen, empresa norte-americana, que administrava os serviços de água, energia elétrica e ainda tinha uma prensagem de algodão no Maranhão. Um dos diretores da Hullen levou o jogador para o Sampaio. Ficou pouco tempo. Foi trocado pelo amigo Pinagé, do Nacional.
Aos 16 anos de idade Barrão foi profissional no Nacional, time forte do Norte, do ‘seu’ Claudecy. Dois anos depois estava no Maranhão Atlético Clube — MAC, levado por Lamar. O treinador Zé de Assis recebeu o atleta e resolveu experimentá-lo na meia-esquerda.
A posição caiu como uma luva. Barrão era do tipo que metia a bola onde queria. Por causa da sua excelente distribuição, na intermediária das vezes deixava o atacante cara-a-cara com o gol. Ao lado de Zuzza formou um dos maiores meio-campo da história do futebol maranhense.
O MAC tinha jogadores de talento, mas nas decisões os títulos não saíam. Já eram 11 anos de jejum. Em 1963 o diretor resolveu investir alto. O diretor de futebol Carlos Guterres foi para Recife/PE e trouxe de lá um pacotão de craques. Cofo, para quem não sabe, é um cesto de palha, muito usado no Maranhão. Dentre os contratados estavam Lunga, Cléssio, Wilson e Croinha.
Quando eles se juntaram aos maranhenses, não deu outra. Tudo que disputaram ganharam, nos estados do Piauí e Pará. Nos jogos em que enfrentaram os times locais (dois macaquenses de memória invejável), emocionados diziam que o futebol maranhense estava evoluído. Com a chegada do titular macaense e uma melhora de três jogos, Moto e MAC empataram no estadual nas seguintes partidas: 3 x 3 e 2 x 2.
No último e decisivo encontro, do dia 03 de fevereiro de 64 o primeiro tempo acabou em 2 x 2.
No segundo tempo, num verdadeiro ‘passeio maqueano’, o título veio com o elástico placar de 6 x 2. Jogavam: Lunga, Neguinho, Negão (Vareta), Cléssio, Moacir Bueno (Carlindo), Zuza e Barrão; Valdeci (Adalpi), Wilson, Croinha e Alencar. Moto: Bacabal; Baeziho, Baezião, Homena e Português; Ananias e Laixinha; Zezico, Hamilton, Casquinha, Nabor e Neto.
Eram muitos craques em campo. Mas, nesse dia em especial, brilhou a estrela de Barrão, que jogou uma das maiores partidas de sua vida. Foi considerado pela crônica esportiva da época o “melhor do Campeonato”, pela técnica, inteligência e, principalmente, pela grande visão de jogo, fundamental para a conquista do troféu de campeão.
Depois disso o MAC teve que vender importantes jogadores. O time caiu em declínio. Barrão foi para o Ferroviário, onde ficou por duas temporadas. Retornou ao MAC em 1966.
Em 69 conquistou mais um título estadual e às vésperas do bicampeonato maranhense, abandonou o futebol, com 32 anos de idade.
Não são muitos os meninos pobres, de talento para o futebol, que conseguem chegar aos 60 anos como um grande vencedor. Barrão é uma dessas exceções. Saiu dos campos de bairros para ser um dos maiores meia-esquerdas que o Maranhão já teve. A garra e liderança que mostrava em campo o levaram a cursar Direito. Formado aos 48 anos de idade, continuou na luta em busca da felicidade pessoal. Hoje dr. Walter Cruz é um grande exemplo, principalmente aos filhos e amigos que o cercam, e um motivo de orgulho para os maranhenses.
Nem mesmo ele, garoto pobre do bairro da Macaúba, em São Luís, imaginava que chegaria tão longe. Quando batia bola em uma Quinta, onde hoje está instalada a loja Potiguar, no Caminho da Boiada, só queria passar o tempo. Dos que brincavam com ele, apenas Pinagé (já falecido) e China (hoje sub-tenente aposentado da Polícia Militar), chegaram a se envolver com o futebol profissional.
De temperamento forte, Walter trabalhava em uma oficina de serralheiro e sempre que podia dava umas “escapulidas” para jogar. Incumbido de comprar peixe, não cumpriu com a obrigação, por causa da bola. Quando voltou ao trabalho ia apanhar de palmatória, mas, sempre por conta tanta confusão, que um certo coronel Moscoso, que conhecia e apreciava com muito dom, disse na vida do jogador:
— “Pra que bater nesse menino? Pronto! O apelido ficou por toda a vida do jogador.”
A ‘queda’ de Barrão era pela bola. Aonde fosse, lá estava. Ouro Branco, time amador da Hullen, empresa norte-americana, que administrava os serviços de água, energia elétrica e ainda tinha uma prensagem de algodão no Maranhão. Um dos diretores da Hullen levou o jogador para o Sampaio. Ficou pouco tempo. Foi trocado pelo amigo Pinagé, do Nacional.
Aos 16 anos de idade Barrão foi profissional no Nacional, time forte do Norte, do ‘seu’ Claudecy. Dois anos depois estava no Maranhão Atlético Clube — MAC, levado por Lamar. O treinador Zé de Assis recebeu o atleta e resolveu experimentá-lo na meia-esquerda.
A posição caiu como uma luva. Barrão era do tipo que metia a bola onde queria. Por causa da sua excelente distribuição, na intermediária das vezes deixava o atacante cara-a-cara com o gol. Ao lado de Zuzza formou um dos maiores meio-campo da história do futebol maranhense.
O MAC tinha jogadores de talento, mas nas decisões os títulos não saíam. Já eram 11 anos de jejum. Em 1963 o diretor resolveu investir alto. O diretor de futebol Carlos Guterres foi para Recife/PE e trouxe de lá um pacotão de craques. Cofo, para quem não sabe, é um cesto de palha, muito usado no Maranhão. Dentre os contratados estavam Lunga, Cléssio, Wilson e Croinha.
Quando eles se juntaram aos maranhenses, não deu outra. Tudo que disputaram ganharam, nos estados do Piauí e Pará. Nos jogos em que enfrentaram os times locais (dois macaquenses de memória invejável), emocionados diziam que o futebol maranhense estava evoluído. Com a chegada do titular macaense e uma melhora de três jogos, Moto e MAC empataram no estadual nas seguintes partidas: 3 x 3 e 2 x 2.
No último e decisivo encontro, do dia 03 de fevereiro de 64 o primeiro tempo acabou em 2 x 2.
No segundo tempo, num verdadeiro ‘passeio maqueano’, o título veio com o elástico placar de 6 x 2. Jogavam: Lunga, Neguinho, Negão (Vareta), Cléssio, Moacir Bueno (Carlindo), Zuza e Barrão; Valdeci (Adalpi), Wilson, Croinha e Alencar. Moto: Bacabal; Baeziho, Baezião, Homena e Português; Ananias e Laixinha; Zezico, Hamilton, Casquinha, Nabor e Neto.
Eram muitos craques em campo. Mas, nesse dia em especial, brilhou a estrela de Barrão, que jogou uma das maiores partidas de sua vida. Foi considerado pela crônica esportiva da época o “melhor do Campeonato”, pela técnica, inteligência e, principalmente, pela grande visão de jogo, fundamental para a conquista do troféu de campeão.
Depois disso o MAC teve que vender importantes jogadores. O time caiu em declínio. Barrão foi para o Ferroviário, onde ficou por duas temporadas. Retornou ao MAC em 1966.
Em 69 conquistou mais um título estadual e às vésperas do bicampeonato maranhense, abandonou o futebol, com 32 anos de idade.
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