Moto Club e Paysandu empataram de 1 a 1, na tarde/noite do dia 23 de janeiro de 1983, no Estádio Castelão, na estreia de campos na Taça de Ouro, resultado considerado injusto para o que produziu o representante maranhense, que apresentou um futebol acima do esperado, notadamente na meia cancha, onde mais uma vez pontificou a excelente atuação de Raimundo, apontado como a melhor figura da peleja.
A despeito de ter apresentado um time totalmente modificado em relação ao ano anterior, 1982, o Moto surpreendentemente logo na primeira partida mostrou um bom entendimento entre as suas linhas, já que os novos jogadores corresponderam plenamente à expectativa.
O Paysandu, que veio certo de que encontraria uma equipe desnorteada, quase paga um alto preço por não acreditar no adversário, como foi demonstrado pelo seu início de partida, quando abandonou todas as suas precauções defensivas, inclusive com o avanço dos seus dois laterais, chegando a criar uma boa oportunidade aos 3 minutos, numa cabeçada de Zé Roberto, que Tião Baiano salvou.
Passado o primeiro impacto, o quadro rubro-negro passou a impor o seu jogo, com a sua meia cancha dominando inteiramente as ações, ganhando a maioria das jogadas, chegando a criar situações embaraçosas para o último reduto bicolor.
O Moto saiu na frente do marcador, abrindo a contagem logo aos 5 minutos e meio do período inicial, num gol de placa feito pelo ponteiro-direito Newton, que voltou a reeditar as suas grandes atuações. A jogada começou com um belo lançamento de Tião Baiano. O ponteiro ganhou do lateral Zezinho e do zagueiro Galba. No caminho encontrou o arqueiro Sérgio Gomes e não teve maiores dificuldades para fintá-lo de forma espetacular. Como arco escancarado, chutou para o fundo do barbante, fazendo a torcida maranhense vibrar.
O Paysandu, depois que sofreu o gol, teve que se resguardar e vigiar melhor o bom ponteiro motense, com o lateral Zezinho recebendo ordens para não passar da meia cancha e não abandonar a marcação.
O primeiro tempo terminou com a vantagem parcial dos motenses por 1 a 0, resultado que fazia justiça ao melhor desempenho dos seus jogadores e até pela melhor esquematização tática.
O bicolor voltou para o período final com duas alterações: Cabinho no lugar de Zé Roberto e Evandro para o posto de Cléber, passando Careca para a ponta-esquerda com o recuo de Edésio para o meio-de-campo. As alterações melhoraram o tricampeão paraense, porque Zé Roberto fez uma péssima estreia, sendo facilmente marcado pela zaga motense, não chegando a corresponder à expectativa.
Logo no começo do segundo tempo, ficou caracterizado que o preparo físico dos rubro-negros ainda não era o esperado, o que, todavia, era compreensível pela paralisação de um mês de férias. Alguns jogadores não chegaram nem mesmo a aguentar dois tempos, como o centroavante Paulo Cardoso e o próprio Lutércio, que sentindo o esforço, pediu para ser substituído.
Talvez o preparo tenha sido o maior adversário do Moto, que foi obrigado a recuar para tentar tocar a bola e fazer o tempo passar, o que facilitou o trabalho do Paysandu, que com isso cresceu de produção, chegando muitas vezes na área maranhense. O castigo maior para o Papão ocorreu aos 35 minutos, quando Careca empatou a peleja, num lance de pura sorte, haja vista que antes de a bola sobrar limpa na entrada da grande área para o ponteiro, houve o corte por duas vezes consecutivas por parte da zaga motorizada em dois cruzamentos de Marinho pela ponta direita. Foi um lance de muita infelicidade para a defesa motense, principalmente para Guaracy, que cabeceou justamente no peito de Careca, que amorteceu e de primeira mandou para o canto direito baixo de Samuel, que tinha a sua visão encoberta por muitos jogadores.
Foi uma ducha de água fria na torcida maranhense, que já estava comemorando o triunfo do Moto, por não acreditar no empate do time marajoara, tamanha era a tranquilidade demonstrada pelos zagueiros timbiras, principalmente Sandoval, que fez uma excelente estreia.
O empate foi comemorado no vestiário do Paysandu como uma autêntica vitória, justamente por ter sido conseguido fora de casa e em cima de um time que se apresentou muitas vezes mais perigoso.
Mesmo faltando apenas 10 minutos para terminar, o Moto se mandou para o ataque, mas novamente faltou sorte na hora das finalizações. Duarte, que substituiu a Lutércio, perdeu duas grandes oportunidades, chutando para fora, praticamente na cara de Sérgio Gomes.
FICHA DO JOGO
Moto Club 1x1 Paysandu/PA
Loca: Estádio Castelão
Renda: Cr$ 7.267.300,00
Público: 19.658 pagantes
Juiz: Leandro Serpa/CE
Bandeirinhas: José Nivaldo e Francisco Hilton-CE
Gols: Newton aos 5 minutos do primeiro tempo; Careca aos 35 minutos do segundo tempo
Moto Club: Samuel; Cabrera, Sandoval, Guaraci e Tião Bahia; Tião, Lutércio (Duarte) e Raimundinho; Newton, Paulo Cardoso (Valdo) e Cabecinha. Técnico: Zé Eduardo
Paysandu/PA: Sérgio Gomes, Marinho, Ademilton, Galba e Zezinho; Samuel, Mesquita e Cleber (Evandro); Careca, Zé Roberto (Cabinho) e Edézio. Técnico: César Moraes
Nenhum comentário:
Postar um comentário