quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Moto Club x Sampaio Corrêa - Seletiva em 1973

Em 1973, Moto Club e Sampaio Corrêa decidiram a vaga do futebol maranhense para o Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão. Após dois jogos empatados em 0x0, motenses e bolivianos entraram em campo novamente, para ao jogo desempate. Após um novo empate, novamente pelo placar em 0x0, a vaga foi decidida nas cobranças de pênaltis. O Papão do Norte venceu e estreou na competição alguns meses depois. A seguir, deixo algumas fotos e a ficha da partida decisiva:

Moto Club 0x0 Sampaio Corrêa
Local: Estádio Municipal Nhozinho Santos - São Luis/MA
Nos pênaltis, Moto 4x0 (Marins, Lins, Marcos e Faísca assinalaram; Gojoba e Neguinho desperdiçaram para os bolivianos)
Moto Club: Sousa; Chico, Marins, Laudenir e Barbosa; Zé Augusto, Lins e Nelsinho; Arturzinho, Marcos Pintado e Nestor
Sampaio Corrêa: Batista; Ferreira, Neguinho, Nivaldo e Valdeci; Gojoba, Marcos e Edmilson Leite; Lima, Adelino e Pelezinho.

 Nagib Heickel desmaia de emoção após penalidades

 Roberto Rack dá instruções a Arthur e Sérgio antes de ser iniciada a prorrogação

Goleiro motense Sousa defendendo um pênalti

 Jogadores motenses após os pênaltis

 Lins, grande nome do jogo, chora após desperdiçar uma das penalidades do Papão

 Marcos, centroavante do Moto, lutou durante todo o jogo, mas não conseguiu fugir à marcação dos jogadores bolivianos. Até Pelezinho jogou de beque para impedir a vitória motense.

Nagib passa mal após jogo

Lance do jogo

 Presidente e diretoria comemoram junto ao torcedor

  Presidente e diretoria comemoram junto ao torcedor

 O treinador Roberto Rack, de joelhos, agradece a Deus pela vitória. 

Comemoração

 Presidente motense chora e é consolado por torcedores e dirigentes

 Sousa, o herói do jogo, autou com a perna esquerda contundida e mesmo assim garantiu a vitória motense nas cobranças de pênaltis

 Quarto pênalti convertido pelo Moto, através do jogador Faísca

 Laudenir do Papão do Norte

 Jogadores comemorando a vaga no Campeonato Nacional

  Após as cobranças de pênaltis, o goleiro Sousa é abraçado pelos seus companheiros

Moto Club Tricampeão Maranhense 1981/82/83

Registro do Papão Tricampeão!!!


Moto Club x Sport Recife - 1950

Em 1950, o Moto Club enfrentou o Sport Recife em uma amistoso em São Luis. Deixo algumas imagens do Papão que enfrentou a equipe pernambucana.

Atletas motenses

Coronel Moscoso, dirigente rubro-negro, durante o treino, conversa com os atletas Neto, Nabor, Osmarino e Baé

Zaga motense

Dico, meia motense


Moto em excursão ao Norte do Brasil

Em 1963 o Papão do Norte esteve em uma curta excursão durante o mês de Junho à região Norte do Brasil. No roteiro, os Estados do antigo território do Amapá, o Pará, Amazonas e Roraima. A seguir, deixo os resultados e algumas fotos da excursão do Moto Club:

Amapá
Moto 2x1 Juventus (SP)
Moto 6x1 CEA (AP)
Moto 2x2 Santana (SP)

Pará
Moto 3x3 América (PA)
Moto 1x2 São Raimundo (PA)
Moto 1x1 Santarém (PA)

Amazonas
Moto 3x2 Fast Club (AM)
Moto 1x4 Nacional (AM)
Moto 2x4 Rio Negro (AM)

Roraima
Moto 4x1 Roraima (RR)
Moto 8x1 São Paulo (RR)
Moto 5x1 Baré (RR)
Moto 5x0 Seleção de Roraima (RR)

 Moto que excursionou ao Norte em 1963: em pé - Bacabal, Baé, Omena, Gojoba, Carvalho e Português; agachados - Zezico, Laxinha, Hamilton, Nabor e Ananias

Baré de Roraima em jogo contra o Papão do Norte

Alencar, o “Canhão do Bode”


Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão.

Alencar era daquele tipo de ponta-esquerda que todo treinador gostaria de ter no time hoje, como todas as modernidades introduzidas no treinamento de futebol. Imagine então na época em que jogou, 39 anos atrás, no MAC e Fortaleza/CE. Habilidoso, técnico, responsável e cumpridor rigoroso do seu papel tático na equipe, tinha também um fôlego privilegiado e um talento nato: era preciso nos passes e lançamentos. Talvez tenha se espelhado na máquina que admirava, a do Santos Futebol Clube, de Pelé e companhia. Chegava a ser comparado a Pepe, famoso ponta santista, que tinha o apelido de “O Canhão da Vila” (Belmiro). Em outras ocasiões, pela forma com vinha buscar o jogo atrás, ou ainda quando ajudava na marcação do meio de campo, diziam que se assemelhava a Zagalo “Formiguinha”, do Botafogo e da Seleção Brasileira.

A história de Edson Alencar com o futebol começa e termina em Coroatá, cidade que fica no interior do Estado, a pouco mais de 300 km de São Luis. O pai dele, Oton Alencar Araripe, sempre foi apaixonado por futebol. Quando jovem, defendeu as cores do Vera Cruz, como zagueiro central. O filho Edson acompanhava o pai nos jogos e, evidentemente, tomou gosto pela bola também. Magrinho e com seus 13 para 14 anos de idade, Alencar estudava, mas não abria mão das peladas batidas à beira do Rio Itapecuru. Foi lá que ele percebeu o gosto pela profissão de jogador de futebol. Gostava de jogar no meio de campo ou de ataque. Começou a se destacar e rapidamente já estava jogando no América de Coroatá.

Ao completar 16 anos, Alencar veio prestar exame para entrar na antiga Escola Técnica Federal do Maranhão (ETFM), depois Centro de Ensino Federal Tecnológico (atual IFMA). “Passei no exame e fiquei como interno da Escola. Lá, os professores Braga e Rubem Goulart me viram jogar em uma das aulas de Educação Física e me convocaram para a seleção. A primeira disputa foi contra o Liceu, no Estádio Santa Izabel. Vencemos por 3x1, com dois gols meus. Foi uma loucura! Muita gente me chamou para jogar em times amadores e eu acabei aceitando o convite do professor Micuin e fui para o São Paulo, do Bairro do João Paulo”.

Em uma preliminar de Moto x MAC pelo campeonato de profissionais de 1858, Alencar estava lá. Após a partida, os dirigentes dos dois times foram conversar com ele. Como o professor Micuin era muito amigo de Nicolau Duailibe Neto, dirigente do MAC, não deu outra, Alencar acabou indo para o Bode Gregório. Aos 17 anos de idade, dava início a carreira de profissional de futebol de um dos maiores talentos genuinamente maranhense. Se tinha talento nato, quando ele chegou ao MAC, encontrou muita gente boa e um ambiente saudável para crescer. Jogavam Moacir Bueno, Valdeci, Adaupi, Juraci (goleiro), Haroldo (goleiro), Edson Moraes Rego, Joca, Jaime e outros. “Nessa época para jogar dependia de todos os esforços possíveis. Ou mostrava serviço ou estava fora do time”. Como Alencar havia assinado como “não-amador”, de vez em quando ele dava uma escapulida da Ilha de São Luis e ia defender o América, no clássico amador de Coroatá, contra o Bangu. Além dessas viagens corridas, ele arrumava tempo para estudar e jogar futebol de salão no Rio Negro (ao lado de Pula Pula) e no Elmo, de João Bento. A paixão mesmo, o futebol, ele ia peando experiência e, aos poucos, conquistando a torcida, comissão técnica e dirigentes maqueanos. Durante muito tempo foi titular absoluto da ponta-esquerda. Parecia um diamante bruto sendo lapidado aos poucos. Quanto mais tempo passava, melhor ele ficava.

 Maranhão Atlético Clube em 1963. Alencar é o último agachado

  Maranhão Atlético Clube em 1963. Alencar é o segundo agachado

  Maranhão Atlético Clube em 1963. Alencar é o penúltimo agachado

 Maranhão Atlético Clube em 1965. Em pé: Zuza, Clécio, Neguinho, Juvenal, Juraci e Carlindo. Agachados: Patrocínio (massagista), Wilson, Silvio, Croinha, Barrão e Alencar

Amigos lembram que quando Alencar lançava uma bola para alguém, pedia sempre para esse alguém não sair do lugar. A bola, como se medida milimetricamente, chegava aos pés de quem ele queria. Além de ser preciso, era frio, uma fortaleza inabalável. Tinha um chute fortíssimo com a perna esquerda que amedrontava alguns goleiros. Os jogadores de defesas adversárias faziam de tudo para tirá-lo do sério, para se livrarem dele com uma expulsão. Não conseguiam!

O futebol começava a lhe dar fama, mas dinheiro que era bom, nada. De 1958 a 1965, defendeu o MAC. Foi campeão do Torneio Epitácio Cafeteira, Taça Cidade de São Luis, Torneio La Ravardiere. Em 1963 conquistou o campeonato estadual ao lado de uma das melhores formações do clube, que tinha Lunga; Neguinho, Clécio, Vareta e Moacir Bueno; Negão e Barrão; Valdeci, Wilson, Croinha e ele. “Um time inesquecível, que jogava por música e prazer”. Em 1965 a máquina atleticana conquistou o título do Torneio Maranhão/Piauí e troféu Marinho Rodrigues. Alencar estava em estado de graça. Tudo o que fazia dentro de campo dava certo. O Vitória (BA), o próprio Bahia, Fluminense (RJ) e outros times da região de interessaram pelo seu passe. O MAC não vendia sua joia, até porque podia ganhar dinheiro, mas ter outro igual para substituí-lo, seria muito difícil.

“No início de 1966 as coisas não estavam bem financeiramente no MAC e a diretoria acabou aceitando a proposta feita pelo Fortaleza (CE) para ficar com meu passe. Foram pagos 6 milhões de cruzeiros pela minha transferência. Para que tudo se concretizasse, tive que abrir mão dos 15% que tinha direito e até dos meus salários atrasados no clube. Iniciei vida nova na capital cearense”. Alencar viveu momentos mágicos por lá. Estreou contra o Ceará Sporting e venceu por 3x1. Além de marcar um dos gols, deu os passes para outros gols, de Birungueta e Croinha, “Fiquei de moral elevado”. E não era pra menos! Alencar defendeu o Fortaleza durante três temporadas: 1966/67/68. Foi campeão em 67 com uma formação que os torcedores do clube não esquecem jamais: Pedrinho; Mesquita, Renato, Português e Carneiro; Joãozinho e Zé Augusto; Birungueta, Luiz Mário, Croinha e Alencar. “Quando fomos receber as faixas de campeões, jogamos contra o Botafogo (RJ). Garrincha autografou a minha. Tenho-a guardada até hoje com muito orgulho”.

Os tempos bons de Fortaleza foram embora com a chegada do técnico pernambucano conhecido como Caiçara. “Ele me sacaneou o que pode. Não aguentei”. Com o passe preso ao Fortaleza, Alencar desembarcou em São Luis no inicio de 1969. Por conta própria, foi treinar no Moto Club. Por lá ficou apenas uma semana. “Fizeram uma molecagem comigo no Moto que não gosto nem de lembrar. Alguns caras que pensei que fossem meus amigos, me sacanearam e eu acabei me desiludindo com o futebol e voltei para Coroatá”. No interior, Alencar trabalhava e jogava no Santa Cruz nos finais de semana. Em 1970 casou-se, passou a ser técnico do Bangu, representante de Coroatá no Torneio Intermunicipal e, depois, parou definitivamente com a bola como profissional. O passe dele continua preso ao Fortaleza até hoje.

Valério Monteiro


Hoje deixo aqui um texto interessante que encontrei no Jornal O Esporte, datado de 14 de Novembro de 1948, na sessão “Recordar é Viver”: uma pequena biografia sobre o desportista e dirigente Valério Monteiro, que dá nome à casa do Maranhão Atlético Clube, no Bairro da Cohama (detalhe: mantenho a mesma grafia da época no texto, 1948). Deixo também algumas fotos.

 
Fachada da Sede do MAC, o "Parque Valério Monteiro"

 Fachada da Sede do MAC, o "Parque Valério Monteiro"

Reunião com maqueanos e eu, o único boliviano, rsrs

 Gustavo Tanus, torcedor e atual presidente da Torcida Partido do Bode

 Herbeth Fontenelle com a camisa do Macão

O Elemento que hoje dirige os destinos do Maranhão Atlético Clube, nos primórdios do nosso futebol, foi um bom jogador. Não chegou a alcançar o estrelato porque praticava o esporte apenas por esporte, sem procurar fazer dele meio de subsistência. Contudo, dizem os mais velhos, que ele tinha uma perfeita noção do posto que ocupava, possuía bons predicados técnicos, sabia fazer um “goal” muito bem, e jogava com bastante entusiasmo, sem fazer como fazer do futebol, apenas um meio de comércio.

Valério Monteiro, o “crack” do passado que hoje figura na vitoriosa secção dos velhos, é natural de Alcântara, tendo nascido na legendária terra de “Mãe Calú”, no dia 1º de Abril de 1901, sob o tecno construído por Francisco Mariano Monteiro e sua esposa, d. Marcolina Ribeiro Monteiro.

Aos 6 anos de idade Valério Monteiro veio para esta capital, indo de localizar juntamente com sua família, numa vivenda à Rua Jacinto Maia, defronte do antigo Gazômetro, de onde começou a dar as suas fugidas para as “peladas” da Praia do Cajú. Ali existia, naquela época, uma verdadeira escola de futebol, dento conseguido “diploma” naquela zona, bons atletas, como Cabelo, Clarindo, Lucas (Julio Galas), Beleza e outros. E Valério Monteiro foi um dos elementos preparados na “Universidade Futebolística da Praia do Cajú”. Pouco a pouco o avante Valério foi alcançando prestígio. Fazia misérias ao lado de Cabelo, Clarindo, Julio Galas e outros, chegando mesmo a ser considerado como um dos melhores atacantes do seu tempo. E graças à sua boa qualidade, foi convidado pelo sr. Jacques Vieira, para defender as cores do Spark F. Clube, grêmio da Primeira Usina Elétrica que o Maranhão possuía. Todavia, sua permanência no Spark não foi longa uma vez que o português David Martins Sousa (há pouco falecido), sabendo que Valério era um bom atacante e sendo seu patrão, na casa comercial “Regulador Moderno”, situada à Rua Osvaldo Cruz, não teve dúvida alguma em tirá-lo do Spark e coloca-lo no segundo quadro do Luso Brasileiro. Isto verificou-se justamente no ano em que o conjunto “Lusitano” dispensou vários profissionais e promoveu para o onze principal muitos valores como Tanga, Guilhõn, Clodomir e outros. Valério ingressou no segundo quadro do Luso e chegou a fazer um jogo no conjunto principal, quando sentiu então a maior emoção de sua carreira esportiva. O campo do Sírio estava repleto e um “homem” misterioso que apareceu em S. Luiz foi enterrado no centro do campo, “vivinho da silva”. Em seguida houve o jogo entre o Luso e o Paisandu, do qual Valério tomou parte. Findo o mesmo, foram retirar o homem do buraco, encontrando o mesmo nas condições em que fôra enterrado. Valério sentiu nesse dia dupla emoção: o fato de estar jogando em cima da “sepultura” do “homem” e ter ganho uma prata de 2 mil réis, dada pelo dr. Tarquínio Lopes, após o jogo, para que o mesmo fosse ao cinema...

Houve uma grande pausa. O futebol maranhense ficou longo tempo em abandono. Depois veio a segunda fase e vimos o Valério às voltas com o Sírio, como diretor, jogador do segundo quadro de futebol e “astro” dos quadros de vôlei e basquete. Teve então o veterano atleta mais alguns anos de prática do esporte findou os quais abandonou de uma vezes as canchas Valério ainda aparece em vez no campo do Moto, porém com a jaqueta do quadro de veteranos do M.A.C. para fazer jogos de caráter beneficente. Ele então prova ante o nosso público que tem a “pinta” e que na linha média atua de ponta a ponta sem encontrar similar, apesar de ter sido centro avante, quando era “bamba” na arte de manejar o balão de couro...