quarta-feira, 28 de novembro de 2012

FOTOS - Maranhão Atlético Clube - 80 anos

Deixo aqui no Blog algumas fotos da festa em comemoração pelos 80 anos do Maranhão Atlético Clube, em Setembro deste ano, na Sede do Bode Gregório, na Cohama. Fotos retiradas da Página Oficial do Maranhão Atlético Clube. Agradecimentos também ao torcedor Gustavo Tanus

 Jackson, campeão maranhense em 1995 pelo Bode e com passagens por Sport, Palmeiras e Seleção Brasileira

 Bolo

 Troféus sendo expostos à torcida

 Hiltinho e o torcedor Iramar

 Velha guarda maqueana

 Craque Hamilton homenageado

 Capa do CD comemorativo

 Neguinho, Baezinho, Juca Baleia, Hamilton e outros craques do passado




 
Sala de troféus do MAC

Alcindo “Pé de Cimento”

Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão.

Ele nasceu no Bairro da Ponta D’areia, a praia mais popular de São Luis. Por lá deu pri primeiros toques em uma bola de futebol. Acostumou-se a jogar descalço e teve um pouco de dificuldade para adaptar-se ao campo quando foi obrigado a calçar chuteiras no Internacional do Bairro do São Francisco, onde acabou destacando-se na Copa Arizona, o que lhe valeu um convite para profissionalizar-se no Maranhão Atlético Clube. Teve uma passagem rápida e decepcionante pelo Clube do Remo e arriscou uma carreira internacional no Equador. Era amado e odiado pela torcida.

O nome verdadeiro de Alcindo é Ovídio Antônio Lemos Pinheiro. Terceiro Filho de Ovídio Campos Pinheiro e Conceição de Maria Lemos Pinheiro. Ele tem mais sete irmão; cinco homens e duas mulheres. Nasceu no Bairro da Ponta D’areia, em São Luis, no dia 09 de Dezembro de 1955. A principal diversão dele era jogar (descalço) peladas de futebol na praia da Ponta D’areia, ao lado dos amigos Lister Castelo Branco, Celso Belo, João Belo, Frazão, Zeca e o irmão João, que era goleiro. Ovídio jogava de centroavante ou de ponta-esquerda. Sempre foi grandão (1m85). Tinha um chute muito forte com a perna direita e um porte físico invejável. Era rompedor. Gostava de dominar a bola e partir pra cima da defesa adversária. Sabia fazer gols e não tinha medo dos marcadores. “Quanto mais ameaçavam, mais eu ia pra cima deles. Meu defeito era não saber cabecear. Quando eu pulava pra pegar a bola de cabeça, o fazia com os olhos fechados e me dava mal”.

Quando erava prestes a completar 17 anos de idade, Ovídio foi obrigado a acompanhar a família que optou em trocar o Bairro da Ponta D’areia pelo São Francisco; Lá, o irmão dele, João, foi jogar no gol do América, time que era hoje do João Evangelista (que foi Deputado Estadual). “Acabei acertando com o Internacional que era do Djalma, irmão do João Evangelista". Em 1973 e 1974, ajudou o Internacional a conquistar o bicampeonato do bairro e ainda levou os troféus de artilheiro das suas temporadas.

O ano de 1975 foi muito especial para Ovídio. O Internacional disputou a Copa Arizona, uma competição amadora que foi disputada em todo o Brasil, com classificatórias em todos os Estados. A final da etapa Maranhão foi disputada no Estádio Nhozinho Santos entre Internacional/São Francisco x Nascente/Anil. “Acabamos em segundo lugar, o Nascente nos ganhou por 1x0. O nosso time era bom. Tive o privilégio de jogar com Eduardo, Chicão, Chico Branco, Biro-Biro, George e outros amigos que não lembro o nome nesse momento. Olha, tenho que tirar o chapéu pra esse pessoal do Nascente, que mereceu o título!”. Nesse mesmo ano, 1975, o Clube do Remo veio jogar em São Luis e o centroavante deles era o Alcindo. Alguns amigos do Ovídio que foram ao jogo viram Alcindo em atividade. Quando olharam Ovídio jogando no Internacional, começaram a chamá-lo de Alcindo. “Eu mesmo não sei quem me botou esse apelido. O que sei é que pegou de tal maneira que até hoje sou chamado assim e até já me acostumei. Chego a estranhar quando me chamam pelo meu nome verdadeiro”.

Em 1976, o já conhecido Alcindo foram indicado pelo jornalista Haroldo Silva ao seu Leandro, proprietário do Cartório da cidade de Barra do Corda (MA), para reforçar o Grêmio e a Seleção da cidade que iria disputar o Campeonato Intermunicipal. “Foi aqui que comecei a ganhar um troco legal para jogar. O técnico do Grêmio e da Seleção de Barra do Corda era o Santos, que hoje é o chefe da Torcida Sangue Tricolor, do Sampaio Corrêa. O centroavante dele era o meu amigo Alcino. Estreei contra o River (PI) em um amistoso. Fiz dois gols na vitória por 3x2 para o Grêmio. Cada gol que eu marcava, ‘seu’ Leandro me dava um mil cruzeiros. Há, velho, me fiz por lá. Ganhei presentes e moral”, relembra, sorrindo.

Com Alcindo, defenderam o Grêmio e a Seleção de Barra do Corda alguns boleiros que eram de São Luis. O goleiro era o Souza (que depois jogou no MAC) e tinha mais Marianinho (Vitória do Mar) e o Pintinho (São José). Barra do Corda não chegou às quartas de final do Intermunicipal e no início de 1976 Alcindo foi para o Maranhão Atlético Clube.

 Alcino com a camisa do Bode Gregório em 1982

 Maranhão Atlético Clube em 1982. Em pé: João Batista, Tataco, Timbó, Marinho, Cabeção e Wilson; Agachados: Mário Palito, Clécio, Tica, Hélio, Riba e Alcindo


O grande nome do MAC nessa época era o artilheiro Riba – aliás, o maior artilheiro da história até os dias de hoje. “Quando fui me apresentar no MAC em uma quarta-feira, Riba estava machucado e não iria participar de um amistoso contra o Sampaio Corrêa no domingo, no Municipal. Treinei firme o restante da semana e fui a campo sob o comando do professor Marçal Tolentino Serra. O estádio estava cheio e eu não reconhecia ninguém fora de campo. Dentro, reconheci o Rosclin, que era do Sampaio. Fui falar com ele e ele me disse bem secamente que ali eu era inimigo dele e que ele não iria falar comigo naquela hora, só depois do jogo. Fiquei sem graça”. O amistoso terminou 0x0 e Alcindo deixou o gramado no intervalo. Segundo Marçal, ”era para não queimar o garoto”.

Pé de Cimento – Este segundo apelido foi dado por Antônio Bento Catanhede Farias. Diretor de futebol do MAC. “Em 1979 nós estávamos bem no campeonato e eu estava em forma. Jogando contra o Imperatriz no Municipal, chutei forte uma bola de fora da área. Ele bateu no rosto do goleiro que acabou desmaiando tala a velocidade e a força da bola. O lance terminou em gol. Chegou a ser engraçado, mas o goleiro passou mal. No intervalo, Antônio Bento me disse que meu pé era um verdadeiro pé de cimento e dai pra frente ganhei mais um apelido”. O jogo contra o Imperatriz acabou em 2x0 para o MAC. Nesse ano, 1979, só deu MAC no estadual. O time foi campeão de ponta a ponta. Um das formações era esta: Marcelino; Célio Rodrigues, Paulo Fraga, Jorge Santos e Antônio Carlos; Juarez, Cécrol e Riba; Naldo, Alcindo e Dejaro.

Em 1980, este mesmo grupo disputou a final do Estadual contra o Sampaio e perdeu por 1x0. Em 1981, Alcindo alcançou uma excelente fase. Despertou i interesse de grandes times do Brasil, como Cruzeiro (MG), Nacional (AM) e Bangu (RJ). Porém, na hora dos acertos com o MAC, nada dava certo e ele ia continuando por aqui. Em 1983 o MAC estava precisando de dinheiro e os Presidentes Raimundo Silva (Conselho Deliberativo) e Orcalino Santos (Conselho Diretor) acabaram emprestando Alcindo para o Clube do Remo e o atacante Bacabal para o Matsubara (PR). “Fiquei seis meses no Pará. Fui pego de surpresa em um exame médico que apontou arritmia no meu coração. Recebi apoio total da diretoria e dos companheiros de clube. Porém, fiquei arrasado, decepcionado. Como é que em São Luis ninguém viu nada disso? Eu não sabia o que fazer, foi horrível!”. Em Setembro de 1983, Alcindo retornou ao MAC. O clube atleticano o mandou para São Paulo para fazer novos exames para saber o que se o que ele tinha o impossibilitaria de continuar jogando futebol. “O susto passou. Fiz os exames e fui autorizado a continuar jogando”. Só que assim que retornou ao AMC, sentiu um clima pesado e acabou aceitando o passe em uma negociação trabalhista e foi para o Tiradentes (PI), juntamente com o Tião (ex-Moto Club). “Lá, fui vice-artilheiro do campeonato. Devo essa ao Zé Carlos ‘Barca Furada’, que foi quem me indicou ao Tiradentes. Renasci em Teresina”.

Em 1985, Alcindo acertou o convite do técnico Benê Ramos e se transferiu para o Grêmio São Carlense, da cidade de São Carlos, interior de São Paulo. “O engraçado nesse momento foi que o que recebi de luvas foi mais do que eu havia recebido em sete anos no MAC”. O goleiro Celso Cajuru, o meia Viana (ex-São Paulo), Donizete (ex-Palmeiras) e Américo (ex-Amércia-RJ) foram alguns dos companheiros de Alcindo na São Carlense. A temporada de Alcindo em São Paulo durou nove meses. Depois disso, pensou em parar quando retornou a São Luis e o MAC lhe fez uma “proposta indecente” para ficar no clube. A convite de Braid Ribeiro, foi para o Equador e jogou no Deportivo Catopax de Latacunga, cidade que fica a três horas da capital Quito. “Estreamos contra o Esmeralda Petroleiro. Ganhamos por 1x0, gol meu. No outro dia recebi as luvas e acabei ficando por lá. Comigo ficaram também Rodrigo e Fernando Misterioso (ex-Sampaio Corrêa). Depois da barca no Equador, Braid Ribeiro ainda tentou levar Alcindo para a Costa Rica. Nosso artilheiro, com 30 anos de idade, resolveu não aceitar o convite e parar profissionalmente com a bola.

PÔSTER - Moto Club Campeão Maranhense 1977


Francisco de Assis Oliveira

Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão.

Francisco de Assis Oliveira, ou simplesmente Assis, é um cearense que começou jogando como zagueiro de área e acabou de destacando como goleiro em equipes de ponta do futebol alencarino (Fortaleza) e maranhense (Moto, Sampaio Corrêa e Maranhão Atlético Clube). Parou de jogar há 17 anos, com 34 anos de idade, depois de se sentir magoado com uma atitude tomada por um dirigente do Moto Club. Ele fala disso e da paixão por futebol. Conta que se diverte quando senta com os amigos ou torcedores para relembrar fatos que marcaram a gloriosa carreira de atleta profissional.

Ele começou seus relatos relembrando de um golpe duro, sofrido pela falta de sensibilidade de um dirigente motense, que não cabe agora falar o nome. Golpe esse que o fez encerrar a carreira um pouco cedo, já que 34 anos, para goleiro, é a idade do amadurecimento, da credibilidade e da segurança. “Não parei com a bola, me pararam. Em um sábado de 1983, saí de casa para um treino recreativo no Moto. Íamos jogar contra o Sampaio no dia seguinte. Minha mulher não tinha nada para comer em casa e estava grávida. Firmei a ela que traria alguma coisa, antes de iniciar a concentração. Quando fomos concentrar, pedi para um diretor motense que me desse um vale para comprar comida e levar pra casa. Ele me garantiu que faria isso por mim e me pediu para concentrar tranquilamente. Jogamos e ganhamos do Sampaio Corrêa. Quando cheguei em casa, levei uma dura da minha mulher. Ela achou que eu havia esquecido do problema da falta do que comer. Expliquei tudo a ela e a partir desse fato lamentável, disse que não mais jogaria profissionalmente. Foi a maior desilusão que tive com o futebol. Não vou dizer o nome do diretor. Porém, ao ler esta reportagem, ele vai relembrar o fato desumano que cometeu”, desabafa de cabeça baixa o humilde goleio Assis.

Rapidamente ele muda de assunto e fala de sua vida. Assis nasceu em Fortaleza no dia 15 de Novembro de 1949. Começou a bater peladas descalço no Bairro Fluminense. Com 15 anos, já era zagueiro do aspirante do Campinense, time do bairro onde morava. Um dia o goleiro faltou e não tinha ninguém para substituí-lo. Falaram com ele e a partir dai a história do atleta mudou. “É aquela velha história, né? Fechei o gol e não me deixaram mais voltar a jogar na defesa. Aos poucos fui gostando e me adaptando à nova posição”. Aos 17 anos de idade, depois de jogar um ano no Campinense e outro no José de Alencar, Assis foi chamado para assinar com o Santa Cecília, equipe da Segunda Divisão do futebol cearense. Foram dois anos de muito aprendizado e de sonho. Ele sentia que era chegada a hora de se transferir para um grande clube ou então teria que parar de jogar para trabalhar e ajudar no sustento da família.

 Seleção Maranhense de 1970. Em pé: Assis (Moto), Nivaldo (Sampaio), Ribeiro (Moto), Neguinho (Sampaio), Gojoba (Sampaio) e Romildo (Moto); Agachados: Prado (Sampaio), Marcos do Boi (Moto), Sima (Moto) e Bero (Moto)

Por sorte e competência, Assis despertou o interesse do Fortaleza. “Era o início da realização de um sonho. Eles me contrataram por empréstimo por uma temporada. Infelizmente pouco joguei. No final do ano fiquei sabendo que um empresário maranhense por nome de Almir (Barca Furada) estava rodando a sede do Fortaleza à procura de um goleiro. Conversamos e depois de que o Antônio Bento Catanhede Farias, diretor do Moto Club, que também estava em Fortaleza, me viu jogar, acertamos a minha vinda para São Luis”.

Próximo de completar 20 anos de idade, com 1m78 de altura e 72 quilos, com fala de ter uma bola colocação, ser arrojado, dispor de uma excelente condição física, sair bem nas jogadas aéreas, orientar muito os companheiros da defesa e com muita vontade de vencer na vida. Assis desembarcou em São Luis em Novembro de 1969, juntamente com Oberdan, companheiro dele no Fortaleza. A data de estreia deles no Papão terminou sendo inesquecível. Aconteceu quando Assis completava 20 anos, dia 15 de Novembro de 1969. Era um jogo contra o Maranhão Atlético Club. “Comecei bem. Empatamos em 1x1. Hamilton fez para eles e o Carlos Alberto marcou para nós”. O Moto terminou perdendo o tetracampeonato justamente para o MAC.

Em 1970, Assis foi convocado para a seleção do ano do futebol maranhense. Ele jogou contra o Botafogo (RJ), que tinha Paulo César Cajú, Wendell, Zequinha, Roberto e companhia. De volta ao Moto, o grupo trabalhava pela reconquista do título. Assis, Paulo, Alzimar, Geraldo e Corrêa; Oberdan, João Bala e Carlos Alberto; Garrinchinha, Pelezinho e Ribamar. Com essa formação, o Moto ficou 26 partidas sem perder para ninguém. Porém, quis o destino que nenhum título estadual fosse conquistado no período de 1969/72.

 Assis no gol do Papão em Superclássico no Nhozinho Santos, em 1969

 Fortaleza x Moto, em 1970, no Presidente Vargas (PV), no Ceará

 Formação do Moto Club em 1971


De 1973 a 1983, Assis percorreu várias equipes. Jogou uma temporada no Fortaleza/CE (1973) e passou alguns meses no Guarani de Sobral. Depois voltou para São Luis e ficou no Sampaio Corrêa no primeiro semestre e no MAC no segundo semestre de 74. Em 1975, estava outra vez a defender as cores sampaínas e foi campeão estadual ao lado e Brito, Clécio e outros. De 1976 a 19878, assinou com o Ferroviário Esporte Clube. Foi vice-campeão no último ano de contrato Era reserva de Marcial. Em 1979, foi para o MAC. Os goleiros eram Marcelino, Assis e João Batista. Mais uma vez ele conquistou o título estadual. No Maranhão, Assis ficou até 1982. Em 83, se transferiu para o Moto e foi nessa época que aconteceu o desentendimento com o diretor do clube e o seu afastamento em definitivo do futebol profissional.

Formação do Moto Club em 1971

Assis não se preocupa em criticar os dirigentes. Ele afirma que os melhores com quem trabalhou foram Antônio Bento e Alberto Aboud do Moto. Os jogadores que o impressionaram em campo foram Djalma Campos, Hamilton, Alzimar, Gojoba, Pelezinho, Garrinchinha, Carlos Alberto, Riba e outros grandes amigos que teve. O espelho dele era Marcial, lenda no gol do Ferroviário e hoje treinador de goleiros do Sampaio Corrêa. Vendo, treinando, aplicando os conhecimento para defender os clubes por onde passava, foram os ingredientes para torna-lo um grande goleiro, fato reconhecido por ele. “Eu era um bom goleiro. Não tive a felicidade de ter mais sucesso porque na minha época não se tinha treinamentos específicos como hoje. Na verdade, os times não tinha nem campo para treinar normalmente”.