Moto Club e Santa Cruz empataram de 2 a 2 num grande jogo, na tarde do dia 16 de outubro de 1994, no Estádio Nhozinho Santos, na estreia das duas equipes na segunda fase do Campeonato Brasileiro da Série B.
Pelo que produziu os dois times, o empate foi justo, mas o Moto teve que amargar, novamente, erros de arbitragem que lhe prejudicaram sensivelmente, como vem acontecendo nos jogos da competição da CBF.
Desta feita, o Moto teve um gol anulado, no primeiro tempo, quando o placar ainda era de 1 a 1, e, na fase complementar, o juiz cearense Marco Antônio Colares Brasil deixou de assinalar um pênalti claro sofrido pelo meia Zé Filho, que foi derrubado na área por dois zagueiros pernambucanos, no momento em que o jogo já estava de 2 a 2.
Foi nítida a intenção do árbitro de prejudicar o Moto e proteger o Santa Cruz. Logo no início da partida, o treinador Meinha, do rubro-negro, foi excluído do banco de reservas por ter feito reclamação idêntica ao técnico Sérgio Cosme, do Santa Cruz, que não foi sequer advertido.
O gol anulado foi feito por Ismael numa jogada rápida que começou com Ricardinho, na esquerda. A bola foi endereçada ao centroavante Essinho, que tocou de primeira para Ismael, que vinha de trás, em amplas condições, chutar para o fundo do gol, sem apelação para o goleiro Rui. O time do Santa Cruz já tinha se conformado com o gol, pois não houve nenhuma irregularidade, mas o juiz anulou, de forma absurda.
Bom jogo Mesmo com a atuação tendenciosa de Marco Antônio Colares Brasil e dos bandeirinhas Hamilton Gomes Alves e Benomi Barbosa Júnior, também, do Ceará, o jogo foi excelente. O Moto fez um primeiro tempo, com os novatos Essinho e Ricardinho entrando muito bem no jogo.
O Papão começou atacando, mas, de novo, sua zaga vacilou e o Santa Cruz saiu na frente fazendo 1 a 0 aos 7 minutos. O gol nasceu de uma indecisão entre Jorge Batata e Luís Paulo, que deixaram Joãozinho receber a bola livre para esperar a saída do goleiro Jorge Pinheiro para fazer o primeiro gol da partida.
O quadro maranhense, entretanto, não se intimidou e partiu para cima do adversário. As boas atuações de Ricardinho, Essinho, Ismael e Zé Filho empurraram o Moto para frente e a todo instante a defesa do Santa tinha que se virar para evitar o gol.
O empate do Moto aconteceu aos 12 minutos feito através do lateral direito Araújo. A jogada foi toda de Ricardinho, que driblou seu marcador pela esquerda e cruzou para a área. Essinho tentou completar, mas passou pela linha da bola, só que Araújo, que vinha correndo pela direita, chutou violento para o fundo da meta. O zagueiro Alex ainda tentou salvar, porém, não conseguiu.
Empurrado pela grande torcida que foi ao estádio, o Moto se empolgou e passou a dominar inteiramente as ações. A virada no marcador aconteceu aos 46 minutos, do primeiro tempo. Foi por intermédio de Ismael, que recebeu a bola redondinha numa cobrança de falta ensaiada. Ismael, na saída do goleiro, bateu para botar o Papão na frente.
No segundo tempo, o Santa Cruz voltou a campo com Guilherme no lugar de Bianor. O time pernambucano cresceu, pois o Moto se confundiu na marcação em cima do ex-jogador do São Paulo, que fez sua estréia no tricolor pernambucano. Guilherme teve várias chances, como aos 3 minutos, quando tabelou com Washington e chutou forte para Jorge Pinheiro fazer uma grande defesa espalmando a bola, que se chocou de encontro ao travessão.
O susto não parou por aí. Novamente Guilherme levou perigo ao último reduto motense se aproveitando de novas falhas do meio de área e da acentuada queda de produção do volantes Nagib, que parou no segundo tempo.
O gol de empate do Santa Cruz não demorou. Com tantos vacilos da zaga, Joãozinho, numa jogada boba, se aproveitou e, de cabeça, mandou a bola para o fundo do barbante, aos 10 minutos. Nessa jogada, o maranhense Hélio, se contundiu e não teve condição de fazer a cobertura, do que tirou proveito o rápido ponteiro.
O meia Ricardinho cansou. Nagib arriou e o Moto se desequilibrou, depois do gol de empate do Santa Cruz. Por pouco não toma o terceiro gol. O goleiro Jorge Pinheiro foi forçado a fazer grandes intervenções.
O treinador Meinhar, que dirigia o Moto do lado de fora, tentou corrigir os problemas. A primeira substituição foi a entrada de Edmilson no lugar de Nagib. A alteração não deu muito certo na parte criativa, mas a marcação melhorou um pouco, com melhor combate do jovem lateral, mesmo improvisado.
A mexida que consertou mesmo o time do Moto e o fez ir para frente só aconteceu aos 35 minutos. Ricardinho, que tinha feito uma grande partida, mas que já estava cansado, saiu para a a cansado, entrada de Mauro. O garoto ar- rumou a meia cancha rubro- negra e aí o time voltou a atacar com muito perigo. Foi com a entrada de Mauro que o Moto cresceu e Zé Filho, numa jogada individual, aos 38 minutos, foi derrubado na área por dois zagueiros sofrendo um pênalti claro que o juiz, mesmo em cima do lance maldosamente não assinalou.
As melhores chances de fazer o gol da vitória aconteceram aos 42 e 44 minutos. Aos 42 minutos, Essinho fez a tabela com Zé Filho e o meia, cabeceou tirando do goleiro Rui. A bola, todavia, saiu raspando o poste direito não entrando de orgulhosa, como dizem os locutores esportivos.
Aos 44 minutos foi a vez de Ismael receber de Mauro e chutar forte buscando o canto baixo direito, só que, mais uma vez, a bola caprichosamente saiu pela linha de fundo. Depois disso, o árbitro, preocupado em proteger o Santa Cruz, com o crescimento do Moto, tratou de acabar a partida sem acrescentar um minuto sequer de desconto, em que pese as substituições de quatro jogadores e as constantes paralisações para atendimento médico.
Pelo que jogaram os dois times, o resultado de 2 a 2 foi justo numa das melhores partidas do atual Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão.
FICHA DO JOGO
Moto Club 2x2 Santa Cruz/PE
Local: Estádio Nhozinho Santos
Renda: não divulgada
Público: 6.745 pagantes
Juiz: Marco Antonio Colares Brasil/CE
Gols: Joãozinho ao 7, Araújo aos 12 e Ismael aos 45 minutos do primeiro tempo; Joãozinho aos 8 minutos do segundo tempo
Moto Club: Jorge Pinheiro; Araujo, Jorge Batata, Luís Paulo e Edgar; Hélio, Nagib (Edmilson) e Zé Filho; Ismael, Essinho e Ricardinho (Mauro). Técnico: Edmilson Gomes da Silva "Meinha"
Santa Cruz/PE: Rui; Marco Antonio, Junior, Alex e Machado; Zé do Carmo, Bianor (Guilherme) e Sérgio China; Jamelli, Washington e Joãozinho (Marlon). Técnico: Sérgio Cosme