
Texto extraído do jornal O Estado do Maranhão, de 13 de março de 2000:
A família Buna é extensa. Todos do Maranhão são descendentes do italiano Carlos Buna, que desembarcou em São Luís em 1897, juntamente com a mãe e quatro irmãos. Carlos Buna teve nove filhos, quatro homens e cinco mulheres. Dentre os homens o único vivo é Semião, que no dia 24 deste mês completará 77 anos. Jogador com passagem rápida pelo Sampaio Corrêa, Semião gostava de bola e também de uma boa briga. Ficou conhecido como “meralha” e “inspetor de quarteirão” por causa do jeito mandão de ser. Apesar de muitos confrontos registrados ao longo de sua vida, ele é uma pessoa respeitada e estimada no Anil. Foi fundador do Cruzeiro do Norte — hoje Cruzeiro do Anil. É considerado uma lenda viva do bairro.
A primeira geração da família Buna usava dois “n” no sobrenome. Dona Inocência Bunna ficou viúva na Itália do senhor Pedro Bunna. Buscando novas perspectivas de vida, decidiu vir com os cinco filhos e veio para o Brasil. Desembarcaram em São Luís/MA no dia 27 de outubro de 1897: João, Domingos, Marinho, Carlos e Roberto. Foram morar no Anil por volta de 1915, os cinco já haviam se casado e cada um foi seguindo seu próprio rumo. O segundo a se fixar foi Carlos, geração da qual Semião descende.
A PARTIR DAÍ Buna passou a ser escrito com um “n” apenas. Semiziantonio (42), um dos filhos do “seu” Semião, tem vontade de escrever um livro sobre a parte da família Buna vinda da Itália, que foi parar em Minas Gerais. Através de parentes mineiros Semiziantonio quer descobrir de que região da Itália vieram os Bunnas.
Carlos Buna casou-se com a maranhense Florentina Sousa Buna. Eles tiveram nove filhos: quatro homens e cinco mulheres. O único vivo é o Semião que nasceu em 24 de dezembro de 1926, no Maiobinha, onde morou até, aproximadamente, os quatro anos de idade. Quando veio para o Anil, mudou-se com a mãe.
Atualmente, a família mudou-se para o Anil e por lá grande parte permanece até hoje.
AS LEMBRANÇAS daquele tempo são muitas. “Tudo era muito bonito no Anil, quando eu fui morar com minha mãe. Era um lugar tranquilo. O Rio Azul, que hoje está poluído, era excelente para o banho das crianças”, afirma Semião, que destaca os bailes de carnaval, as matinês e os carnavais nos clubes do Anil.
O que ele mais lembra da infância são os mocotós e tripas de boi, que os açougues da época era jogar futebol.
“Quero deixar claro que a briga na minha época fazia parte da educação dos garotos. O interessante era que depois da briga todo mundo se falava e continuava na brincadeira”, conta ele com um largo sorriso.
Além do futebol e do carnaval, Buna conseguiu provar que era um homem guerreiro e muito mulher. Um amigo dele conta que Semião agradava demasiadamente mulherengo não tinha medo dos parceiros de ninguém e partia pra cima de qualquer adversário.
EM 1937, a auroridade do Semião – Jonas, Mestre Vaque, Pedrinho, Joaquim Custódio, Napoleão e outros rapazes, que ele não se recorda, resolveram fundar um clube de futebol que disputasse o campeonato do bairro. Até então, tinha o Operário, que era formado por funcionários da Fábrica Rio Anil, empresa que ajudou a desenvolver a comunidade anilense. Depois, o Operário passou a ser chamado Botafogo.
“Lembro-me quando nos reunimos na beira do rio e resolvemos fundar um time. Antes de mais nada a gente se nomear um presidente. Por unanimidade escolhemos Almir Balata. Qual seria o nome do time? Começou a discussão. Os nomes propostos foram os mais variados possíveis. Com o que todos torciam nos clubes grandes. Palmeiras, Santos e foram surgindo outros. Almir insistia com Flamengo, e assim por diante. Chegamos à conclusão que o nome não fosse de clube brasileiro.
Sugeri Cruzeiro, o de Minas Gerais. O grupo achou legal e fundamos o Cruzeiro do Norte.”, diz orgulhoso Semião.
O detalhe nessa história é que o Cruzeiro do Norte usava o símbolo e um uniforme igual aos mesmos do Cruzeiro do Rio. O símbolo era a Cruz de Malta, isso porque Semião é vascaíno até hoje e foi ele quem mandou confeccionar os camisas.
No Cruzeiro do Norte Semião foi se destacando com half-esquerdo (lateral) ou como center-half (zagueiro) pela valência – às vezes excessiva, como gostava de dizer o técnico Carlinho Vassoura – ex-atleta do Maranhão Atlético, conta que uma vez quando jogava pelo Botafogo contra o Cruzeiro do Norte e Semião foi expulso. “Seu juiz, se me tirar de campo, vou lhe quebrar as costelas!” E Vassoura gargalhava.
Todos que jogaram com Semião afirmam que dentro de campo ele não reconhecia ninguém. Parecia que a bola era dele e usava apenas um pretexto para brigar. Por conta disso, ganhou os apelidos de “Meralha” e “Inspetor de Quarteirão”. Ele próprio diz que “não guardava almoço para a janta”. Gostava de dar umas cabeçadas. “Apanhei e bati muito. Mas tudo isso no tempo certo. Já não brigo com ninguém”.
No Cruzeiro, Semião foi se destacando. Ganhou fama. Foi campeão do bairro três vezes e vestiu a camisa do Sampaio Corrêa, no início dos anos 50. No time estavam jogadores como Isabel, ponta esquerda, Joca, centroavante, e Vavá. Mas o jogador de sua época que mais admira é Gojoba, o cabeça de área do Sampaio. Também lembra do ponta esquerda Pedrinho, artilheiro do Cruzeiro.
A família Buna é extensa. Todos do Maranhão são descendentes do italiano Carlos Buna, que desembarcou em São Luís em 1897, juntamente com a mãe e quatro irmãos. Carlos Buna teve nove filhos, quatro homens e cinco mulheres. Dentre os homens o único vivo é Semião, que no dia 24 deste mês completará 77 anos. Jogador com passagem rápida pelo Sampaio Corrêa, Semião gostava de bola e também de uma boa briga. Ficou conhecido como “meralha” e “inspetor de quarteirão” por causa do jeito mandão de ser. Apesar de muitos confrontos registrados ao longo de sua vida, ele é uma pessoa respeitada e estimada no Anil. Foi fundador do Cruzeiro do Norte — hoje Cruzeiro do Anil. É considerado uma lenda viva do bairro.
A primeira geração da família Buna usava dois “n” no sobrenome. Dona Inocência Bunna ficou viúva na Itália do senhor Pedro Bunna. Buscando novas perspectivas de vida, decidiu vir com os cinco filhos e veio para o Brasil. Desembarcaram em São Luís/MA no dia 27 de outubro de 1897: João, Domingos, Marinho, Carlos e Roberto. Foram morar no Anil por volta de 1915, os cinco já haviam se casado e cada um foi seguindo seu próprio rumo. O segundo a se fixar foi Carlos, geração da qual Semião descende.
A PARTIR DAÍ Buna passou a ser escrito com um “n” apenas. Semiziantonio (42), um dos filhos do “seu” Semião, tem vontade de escrever um livro sobre a parte da família Buna vinda da Itália, que foi parar em Minas Gerais. Através de parentes mineiros Semiziantonio quer descobrir de que região da Itália vieram os Bunnas.
Carlos Buna casou-se com a maranhense Florentina Sousa Buna. Eles tiveram nove filhos: quatro homens e cinco mulheres. O único vivo é o Semião que nasceu em 24 de dezembro de 1926, no Maiobinha, onde morou até, aproximadamente, os quatro anos de idade. Quando veio para o Anil, mudou-se com a mãe.
Atualmente, a família mudou-se para o Anil e por lá grande parte permanece até hoje.
AS LEMBRANÇAS daquele tempo são muitas. “Tudo era muito bonito no Anil, quando eu fui morar com minha mãe. Era um lugar tranquilo. O Rio Azul, que hoje está poluído, era excelente para o banho das crianças”, afirma Semião, que destaca os bailes de carnaval, as matinês e os carnavais nos clubes do Anil.
O que ele mais lembra da infância são os mocotós e tripas de boi, que os açougues da época era jogar futebol.
“Quero deixar claro que a briga na minha época fazia parte da educação dos garotos. O interessante era que depois da briga todo mundo se falava e continuava na brincadeira”, conta ele com um largo sorriso.
Além do futebol e do carnaval, Buna conseguiu provar que era um homem guerreiro e muito mulher. Um amigo dele conta que Semião agradava demasiadamente mulherengo não tinha medo dos parceiros de ninguém e partia pra cima de qualquer adversário.
EM 1937, a auroridade do Semião – Jonas, Mestre Vaque, Pedrinho, Joaquim Custódio, Napoleão e outros rapazes, que ele não se recorda, resolveram fundar um clube de futebol que disputasse o campeonato do bairro. Até então, tinha o Operário, que era formado por funcionários da Fábrica Rio Anil, empresa que ajudou a desenvolver a comunidade anilense. Depois, o Operário passou a ser chamado Botafogo.
“Lembro-me quando nos reunimos na beira do rio e resolvemos fundar um time. Antes de mais nada a gente se nomear um presidente. Por unanimidade escolhemos Almir Balata. Qual seria o nome do time? Começou a discussão. Os nomes propostos foram os mais variados possíveis. Com o que todos torciam nos clubes grandes. Palmeiras, Santos e foram surgindo outros. Almir insistia com Flamengo, e assim por diante. Chegamos à conclusão que o nome não fosse de clube brasileiro.
Sugeri Cruzeiro, o de Minas Gerais. O grupo achou legal e fundamos o Cruzeiro do Norte.”, diz orgulhoso Semião.
O detalhe nessa história é que o Cruzeiro do Norte usava o símbolo e um uniforme igual aos mesmos do Cruzeiro do Rio. O símbolo era a Cruz de Malta, isso porque Semião é vascaíno até hoje e foi ele quem mandou confeccionar os camisas.
No Cruzeiro do Norte Semião foi se destacando com half-esquerdo (lateral) ou como center-half (zagueiro) pela valência – às vezes excessiva, como gostava de dizer o técnico Carlinho Vassoura – ex-atleta do Maranhão Atlético, conta que uma vez quando jogava pelo Botafogo contra o Cruzeiro do Norte e Semião foi expulso. “Seu juiz, se me tirar de campo, vou lhe quebrar as costelas!” E Vassoura gargalhava.
Todos que jogaram com Semião afirmam que dentro de campo ele não reconhecia ninguém. Parecia que a bola era dele e usava apenas um pretexto para brigar. Por conta disso, ganhou os apelidos de “Meralha” e “Inspetor de Quarteirão”. Ele próprio diz que “não guardava almoço para a janta”. Gostava de dar umas cabeçadas. “Apanhei e bati muito. Mas tudo isso no tempo certo. Já não brigo com ninguém”.
No Cruzeiro, Semião foi se destacando. Ganhou fama. Foi campeão do bairro três vezes e vestiu a camisa do Sampaio Corrêa, no início dos anos 50. No time estavam jogadores como Isabel, ponta esquerda, Joca, centroavante, e Vavá. Mas o jogador de sua época que mais admira é Gojoba, o cabeça de área do Sampaio. Também lembra do ponta esquerda Pedrinho, artilheiro do Cruzeiro.
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