sábado, 23 de agosto de 2025

Adalberto Regino Ribeiro

 Reginaldo em 1958, quando profissionalizou-se no Sampaio Corrêa, aos 20 anos de idade
 
Matéria extraída do jornal O Estado do Maranhão, de 29 de maio de 2000:

Um garoto de família simples do bairro do Mocajituba – Maioba, mostrou desde cedo que era craque de bola, quando defendia o Íris do Centro, time fundado pelo próprio pai. Em pouco tempo foi descoberto por dirigentes do Sampaio Corrêa, onde se destacou e profissionalizou-se.

Ponta rápido, inteligente e com toques sutis, caiu nas graças da maioria dos treinadores. Hoje sorri quando diz aos amigos que jamais deixou de acreditar em fazê-lo. Com cerca de 65 anos, ele está com 20 anos sem atuar como profissional: Adalberto Regino Ribeiro, ou simplesmente Regino, está ainda de muita.

Os pais Adalberto Maurício Ribeiro e Celisse Ribeiro, tiveram seis filhos – cinco homens e duas mulheres. Dentre os homens, só jogava futebol mesmo o Regino. O rapaz só estudou até o primário e decidiu que ia se dedicar mesmo ao futebol. Na minha casa, ele lembra que quem mandava era o pai dele, um mineiro. Papai jogou no time chamado Centro Futebol Clube, que até hoje, com o mesmo uniforme, joga lá no Mocajituba”, diz ele. Explica que o pai dele sempre jogou ali no Flor das Lendas, ou tal o nome do time do bairro (que fundou e existe até hoje).

Aos doze anos de idade Regino jogava peladas nos campos existentes em Mocajituba, área de muito verde, com belos sítios e chácaras. As oportunidades não foram os jogos disputados pelo time do Centro, que o levou como principal jogador do Quarenta. Era um belo jogador. Fazia o que queria com a bola. E os comentários entre amigos eram os melhores, até uma senhora do bairro, Maria das Dores, dizia que “esse menino vai longe. Joga muito, tem visão de campo e ainda sabe driblar os adversários sem maldade nenhuma”.

Quando jogava Regino, arrastava multidões. Sua principal característica era a velocidade e sua maneira de atacar. Às vezes, antes das madrugadas, se alinhava na posição de atacante. Por ser baixo, acabou sendo aconselhado a jogar pelas pontas. O primeiro time que defendeu foi o Íris do Centro. E nem tudo era diferente. “Meu pai era o técnico. Muito rigoroso com a gente. Exigia disciplina e dedicação. Fazia questão de ser fiel participante. Sentia o orgulho que papai tinha de ver o time jogar”.

Em 1958, quando já estava com 20 anos de idade, Regino foi indicado por Zé Pequeno e Mundiquinho, diretores – amigos do pai – aos treinadores do Sampaio Corrêa, clube rubro. Aceitaram a indicação e foram vê-lo. Quando viram que ele realmente era um excelente ponta-direita, não teve dificuldade de ser aceito. Ele já se destacava na época e uma era formada por Chamorro, Terrível, Milson Cordeiro, Walfrêdo, Almério, Biné, Canhothinho, Ché, Bento e o maestro Nonato Maciel. Eram pessoas que serviam de referência no futebol. No primeiro jogo Regino se integrou no time e ficou gigante. “Fiz de conta que era treino. Joguei com o coração. Senti o calor do povo e fui aprovado. Acertamos logo de imediato”.

Não foi preciso muito. Em 1959 ele já era titular do Sampaio Corrêa. Ganhou a confiança total dos diretores. O Sampaio Corrêa enfrentou o Moto no Castelão e Regino marcou um dos gols da vitória por 2 x 0. Sampaio foi campeão. “Dá pra imaginar você realizar um sonho de jogar no time que torce, estrear contra o Moto, ganhar a partida e ainda fazer um gol? A alegria foi enorme. O pessoal em casa e no bairro vibrava demais. Senti a força e a emoção de jogar em time de peso. As pessoas me reconheciam e falavam satisfeitas comigo nas ruas. Um momento mágico e marcante na minha vida”, relembra.

Durante toda a temporada daquele ano o Sampaio Corrêa e Regino foram o título foi disputado contra o incrível Ferroviário, de Walter Penha, Ribeiro Garfo de Pau, Santos, Nêgo e Esmagadinha; Vicente e Laxinha; Rui, Hamilton, Nabor e Neto Peixe Pedra. O Sampaio jogou com Chamorro, Mílson Cordeiro, Terrível, Almério e Walfrêdo Maranhense; Serra Pano de Régua e Canhothinho; Regino, Nonato Cassas, Louvain e Biné. “Foi um joga! Somasse ainda, eu fiz um gol de Louvain. Ele só, porque foi dar frente só do seu Ferrim. Ribeiro Garfo de Pau, Santos – zagueiro e artilheiro – Hamilton, tiraram o placar em 3 x 1 para eles, que venceram a conquista.”

Na temporada de 1959 a história voltou a se repetir com o Sampaio Corrêa. A campanha no Campeonato Estadual, irrepreensível. Na decisão do título o adversário leva a melhor e o tricolor entra em cena. “Na barca começou a afundar no Sampaio. Dirigentes colocavam os interesses pessoais de cima dos pensamentos. Muitos optaram por um salário de R$ 50,00 mensais. Eu fui para o Nacional e acabei dividindo o profissionalismo. Saí com respeito e dignidade, como atleta profissional”.

O Nacional não foi bem na competição de 1960. O mesmo aconteceu com Regino. Os atrasos nos pagamentos fizeram com que ele se desiludisse com o futebol e viesse a tomar a decisão, mesmo próximo dos 23 anos de idade, de abandonar a carreira profissional. Em 1961 voltou às origens, vestindo a camisa do Íris do Centro e da Seleção da Maioba. Jogou até 1983, quando já estava com 45 anos de idade.
 

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