Trecho extraído do livro "Almanaque do Futebol Maranhense Antigo: Pequenas Histórias".
A famosa taça ofertada ao campeão da Copa do Mundo de futebol esteve nas mãos do meio-campo Yomar, durante um jogo do Maranhão. Uma oportunidade única para qualquer atleta de futebol desfilar com o símbolo maior do futebol mundial até então. A proeza coube ao atleta maqueano durante a passagem do troféu pelo Nordeste, no final de 1970, ano em que o Brasil conquistou o tricampeonato mundial no México.
Jules Rimet nasceu em Theuley-les-Lavoncourt, na França, e foi o terceiro presidente da Federação Francesa de Futebol (1919 a 1945) e da FIFA (1928 a 1954). Sob a iniciativa de Rimet, a primeira Copa do Mundo de Futebol foi realizada em 1930 e o troféu era nomeado em sua homenagem. O oferecimento de uma taça foi proposto no congresso da FIFA, ocorrido em 28 de maio de 1928, pelo seu Comitê Executivo, como recompensa pela conquista da primeira copa. O então Presidente Jules Rimet ordenou que um troféu fosse feito em ouro. Para a sua confecção, foi contratado o artesão francês Abel Lafleur, ficando pronto em abril de 1929. Um novo Congresso da entidade, realizado em Luxemburgo, a 01 de julho de 1946, decidiu que o nome da taça homenagearia seu idealizador. Ainda por sugestão de Rimet, sua posse definitiva ficaria com o país que conseguisse vencer um total de três edições da copa - algo que reputou extremamente difícil, imaginando que nenhum país fosse capaz de atingir esta marca, senão após muito tempo. A taça, que representa uma mulher alada, media 30 cm de altura, pesava 3,8 kg de ouro e estava avaliada em R$ 784 mil.
Sampaio Corrêa, Maranhão, Moto Club e Ferroviário disputariam em dezembro de 1970 o Torneio Almirante Tamandaré, em homenagem à Marinha do Brasil. O MAC estrearia na competição diante dos bolivianos, que vinham de uma vitória no clássico contra o Moto Club, por 3 a 2. Para o Samará, realizado no dia 08 de dezembro, a Taça Jules Rimet seria exibida aos torcedores em uma volta olímpica. Acompanhada de uma comissão de dirigentes da C.B.D. e do Banco do Brasil e agentes de segurança, a taça enfim chegou a São Luís no dia do jogo, às 7 horas da manhã, no Aeroporto do Tirirical, procedente de Belém, onde ficou em exposição entre 8 a 10 de setembro, levada pelo próprio Presidente João Havelange. A Jules Rimet ficaria durante dois dias na capital maranhense: após a sua chegada, o troféu desfilou na mão do veterano jogador Baezinho, do MAC, no carro de bombeiro, com todos os atletas do Maranhão. A taça foi vista por todos na rua e acabou exposta no Banco do Brasil (houve a possibilidade de a mesma ficar exposta no Teatro Arthur Azevedo).
À tarde, na partida realizada no Municipal, assim perfilaram as duas equipes no histórico encontro: o Sampaio Corrêa do treinador Marçal Tolentino Serra jogou com Dudinha; Célio Rodrigues, Neguinho, Nivaldo e Heraldo; Roberto e Adalberto; Djalma Campos, Zé Carlos, Pelezinho e Raimundinho; o Maranhão, treinado por Hênio Silva, atuou com Lunga; Baezinho, Clécio, Sansão e Elias; Yomar e Almir; Euzébio, Riba, Antônio Carlos e Dario. Antes da partida, ocorreu uma série de homenagens aos atletas maqueanos pela conquista do bicampeonato maranhense, com Brito e Marçal, já pelo lado boliviano, se negando ao recebimento, com o treinador alegando que havia sido convidado na hora. A Taça Jules Rimet foi mostrada ao público, com Nivaldo, do Sampaio, e Yomar, do MAC, dando a volta olímpica no gramado e recebendo aplausos dos torcedores. Bolivianos e maqueanos disputaram um bom jogo, com o Sampaio superior no setor de meio-campo e o MAC com as melhores oportunidades – Hamilton cabeceou a bola na trave e Riba desperdiçou chances claras de gol. O empate em 0 a 0 foi justo. O Sampaio Corrêa, porém, deixou o campo alegando a não marcação de um pênalti no final da partida sobre Prado.
A Taça Jules Rimet viajou com destino a Teresina, pelo Boeing da Vasp. Aqui esteve durante dois dias e deixou todo mundo desconfiado sobre a sua legitimidade. De um modo geral, ninguém acreditou que a Taça Jules Rimet verdadeira fosse a que esteve em São Luís. Os dirigentes da C.B.D., por outro lado, asseguravam que não havia nenhuma réplica da taça.
No dia 20 de dezembro de 1983, dois homens armados invadiram a sede da C.B.D., no Rio de Janeiro, e roubaram a Jules Rimet. O roubo nasceu de uma conversa em um bar em Santo Cristo (zona suburbana do Rio). Sérgio Peralta arregimentou dois comparsas – José Luiz da Silva, o Luiz Bigode, e Francisco Rocha Rivera, o Chico Barbudo – para surrupiar o troféu. Bigode e Barbudo renderam o vigia na noite e invadiram o edifício da confederação. Além da Jules Rimet, os ladrões também conseguiram levar a Taça Independência, conquistada em 1972 por ocasião do sesquicentenário da Independência do Brasil, os troféus Jarrito de Ouro, lembrança da conquista do torneio de futebol do Pan-Americano de 1976 e a Taça Eqüitativa, do vice-campeonato na Copa do Mundo de 1950. Da Jules Rimet, ficou apenas a lembrança, dentre outras, de sua passagem pela nossa capital em 1970.
Vale ressaltar que, em 2002, novamente o troféu de campeão do mundial desembarcou em São Luís, para deleite dos amantes do futebol canarinho. A taça da Copa do Mundo do Japão, conquistada pela seleção Brasileira em junho de 2002, ficou exposta de 02 a 04 de setembro, na Praça João Lisboa. Em 2014, ano do Mundial no Brasil, São Luís foi a 14ª cidade a receber taça, que chegou em solo maranhense por volta das 3h da manhã do dia 11 de maio e colocada à disposição dos olhares do público no Shopping da Ilha. Durante a cerimônia de abertura, com a participação do pentacampeão mundial Belletti. Depois de São Luís, a taça seguiu para a cidade de Palmas. O tour oficial da taça foi iniciado no dia 12 de setembro de 2013, no Corcovado, Rio de Janeiro. De lá, o objeto seguiu para o maior passeio de sua história, percorrendo 88 países durante 225 dias. A taça retornou ao Brasil no último dia 27 de abril, onde foi exposta no Rio de Janeiro, iniciando o tour nacional, que percorreu as 26 capitais, incluindo o Distrito Federal. O percurso foi encerrado no dia 1º de junho, na cidade de São Paulo, onde a taça permaneceu em definitivo para a abertura oficial da Copa do Mundo.
.............
Vem ai o livro ALMANAQUE DO FUTEBOL MARANHENSE ANTIGO: PEQUENAS HISTÓRIAS VOLUME 2,
publicação do professor Hugo José Saraiva Ribeiro, um apanhado de 94
novas passagens curiosas que aconteceram dentro e fora dos nossos
gramados. Clique AQUI para saber mais sobre o novo livro, que será lançado no segundo semestre pela Livro Rápido Editora e tem patrocínio da Max Vetor, Tempero Caseiro e Sol a Sol (Energia Renovável).
Nenhum comentário:
Postar um comentário