Registro de antes da partida entre Flamengo e Moto Club, válido pelo Campeonato Nacional (Taça Ouro) de 1983. Do livro "Memória Rubro-Negra: de Moto Club a Eterno Papão do Norte", deixo a transcrição sobre o heróico empate maranhense em pleno Estádio do Maracanã:
O Moto Club foi responsável por uma das maiores zebras da Loteria Esportiva, no empate de 1 a 1 frente ao poderoso Flamengo, dentro do Maracanã pela Taça Ouro, resultado que tirou muita gente da corrida pelos milhões da semana. Esse era o titulo da capa de um dos maiores jornais em circulação de São Luis na década de 1980. A chamada mostrou, sem exageros, o que foi um heroico Moto Club dentro de um Maracanã em vermelho e preto. O empate com gosto de vitória fez com que o time motorizado, por alguns instantes, se sentisse em casa. Mais apropriado, impossível. O representante maranhense armou um esquema perfeito e quase saiu do Rio de Janeiro com uma vitória, com uma perfeita atuação de Newton, ponta-direita que jogava com a camisa 7 e que se consagrou de finitivamente dentro do futebol maranhense.
A Taça Ouro de 1983 contou com a participação de 28 clubes, sendo os 16 primeiros colocados da edição do ano anterior, oito fundadores (para garantir os clubes grandes, como Corinthians, Flamengo, etc.), o campeão e o vice da Taça de Prata em 1982 e mais dois clubes por convite de acordo com a conveniência da CBF. E o Moto estava entre os 28 que compunham a disputa. Para a competição, o clube inscreveu os seguintes jogadores, entre atletas importados de outros Estados e os chamados pratas da casa: Moacir, Ganga, Cabrera, Irineu, Paulino, Moacir, Pernambucano, Luis Carlos, Tião, Zé Carlos, Lutércio, Raimundinho, Pirila, Gilmar, Zé Roberto, Gil Lima, Norinho, Santos e Alberto. Apesar do forte elenco, um dos jogadores inscritos fez história no rubro-negro ao marcar o gol diante do Flamengo em pleno Estádio do Maracanã: o ponteiro Newton, craque do futebol maranhense e que chegou a ser titular absoluto em todas as seleções formadas ao longo da temporada.
Às vésperas do confronto contra o Flamengo, Newton, que morava no São Francisco, ouviu toda a sorte de gozação possível dos amigos, dizendo que o Papão sofreria uma inesquecível goleada e que o próprio Newton sequer veria a cor da bola, pois iria receber marcação simplesmente do lateral Júnior, que dispensa apresentações. O craque motense, no bom humor, dizia que o Moto poderia até perder o jogo, mas ele iria deitar e rolar porque o Júnior não era bom marcador. Logo na chegada ao aeroporto do Rio de Janeiro, um carregador de bagagem, que era amenguista, viu a delegação motense e gritou que daria três gols de diferença à equipe maranhense, antes de sair dando risadas. Os próprios Zico e Júnior chegaram a admitir que a partida seria um simples treino. A resposta do Papão, em especial de Newton, viria dali a algumas horas.
Sobre a partida, realizada na tarde do dia 30 de Janeiro de 1983, mais de 23 mil pessoas pagaram para ver uma goleada rubro-negra sobre o limitado elenco motense. Nessa competição, o Flamengo tinha “só” Raul, Leandro, Júnior, Andrade e Zico. Com um elenco desses, a repetição do mesmo placar em São Luis (5 a 1) parecia até pouco. Contudo, quem pagou ingresso para ver Zico em ação, acabou conhecendo o ponteiro Newton, que escreveu o seu nome no hall de zebras que pintaram pelo Maracanã em tempos recentes. Depois que o CSA venceu o Fluminense e a Ferroviária derrotou o Botafogo, hoje foi a vez do Moto Clube equilibrar o jogo contra o Flamengo e sair do Maracanã com um honroso empate de 1 a 1. O torcedor carioca foi surpreendido pelo representante maranhense e não perdoou a pior exibição do Flamengo nos últimos tempos, vaiando demoradamente a equipe na saída do jogo e aplaudindo as jogadas do jovem ponta-direita motense. O narrador Luis Mendes, da Rádio Nacional (RJ), ainda comentou: “Quero deixar bem claro para o torcedor do Flamengo que o time que está de vermelho e preto é o Moto Club do Maranhão e que está dando um show de bola no time de branco, o Flamengo!” Newton foi o autor do gol dos motenses aos 35 minutos abrindo o escore, aproveitando-se de uma indecisão dos amenguistas Raul e Júnior. O Mengão empatou de bola parada, numa perfeita cobrança de falta através de Zico, aos 38 minutos do primeiro tempo. A heroica formação motense naquele empatou era composta pelos seguintes atletas: Samuel, Cabreira, Sandoval, Guaracy e Tião Baiano; Zé Carlos e Raimundinho; Newton, Paulo Cardoso e Lutércio. Os dribles desconcertantes e o futebol veloz, Newton deu um verdadeiro “banho” na defesa rubronegra e no lateral-esquerdo Júnior, hoje comentarista da Rede Globo. No início, Júnior se adiantava para apoiar o ataque e o deixava livre. Só que, com os primeiros dribles que levou do ponta, decidiu car mais recuado, mas mesmo assim o jogador do Moto conseguiu fazer os melhores lances da partida, em jogadas de alta categoria. A imprensa carioca, inclusive, deu grande destaque para a atuação do jogador motense, todos queriam saber se essa tinha sido a sua melhor partida da minha vida. Newton apenas disse que estava acostumado a jogar daquela forma (prova disso foi a sua maior média na primeira fase do campeonato, garantindo ao atleta a tão cobiçada Bola de Ouro, da Revista Placar). O autor do histórico gol motense em pleno Maracanã ainda foi presenciou um acontecimento naquele dia: antes da partida, um recém-formado repórter carioca, após entrevista, desejou-lhe sorte, palavras prontamente retribuídas por Newton ao jovem pro ssional. Após o jogo, esse mesmo repórter veio falar com o atleta motense e con denciou-lhe que gostaria de ter a mesma sorte na carreira à qual o craque tinha nos gramados. Newton foi sinceroHH: “falei que era muito mais competência do que sorte”. Após sua grande atuação no Maracanã, Newton teve muita sorte mesmo, sendo vendido em seguida ao São Paulo. Quanto ao jovem repórter, sinceramente não sabemos...
A delegação motense foi recebida com enorme euforia pelos torcedores maranhenses, que nem sequer lembravam-se da fraca campanha rubro-negra na competição. Empatar diante de uma das maiores equipes do mundo, fora de casa, era a maior das vitórias e valia muito mais do que qualquer decepcionante campanha. O goleiro Samuel, apesar dos 14 gols sofridos ao longo da competição, foi um dos principais jogadores do time motense. Newton foi o artilheiro do Papão na competição, com três gols. Mais de Cr$ 345 milhões foram arrecadados só nas partidas em São Luis, o que prova que nunca ninguém tinha sido tão apoiado pelo público, apesar da fraquíssima campanha.
Antes da inesquecível zebra no Maracanã, o Moto vinha de uma campanha digna de um mero gurante na competição: Moto 1x1 Paysandu, em São Luis, e Santos 3x1 Moto, fora de casa. Após o heroico empate no Maracanã, o Papão seguiu com a sua pí a campanha: além de derrotas frente aos paraenses do Paysandu (2x1) e até dos amazonenses do Nacional (1x0), o rubro-negro maranhense havia sofrido uma goleada em pleno Castelão para o próprio Flamengo por 5x1. Na ocasião desse revés frente ao time carioca, um jornalista perguntou ao técnico do Papão se o jogador Zico teria uma marcação especial. O treinador do rubro-negro respondeu que não, pois Zico era um jogador como qualquer outro. A goleada por si só respondeu por tal leviandade. Contudo, o Papão ainda arrumou tempo para empatar em São Luis com o Santos, em 1x1, dia 06 de Março. Ou seja: foi a zebra pra cima dos grandes, mas conseguiu se complicar diante dos pequenos. Coisas do futebol...
A Taça Ouro de 1983 contou com a participação de 28 clubes, sendo os 16 primeiros colocados da edição do ano anterior, oito fundadores (para garantir os clubes grandes, como Corinthians, Flamengo, etc.), o campeão e o vice da Taça de Prata em 1982 e mais dois clubes por convite de acordo com a conveniência da CBF. E o Moto estava entre os 28 que compunham a disputa. Para a competição, o clube inscreveu os seguintes jogadores, entre atletas importados de outros Estados e os chamados pratas da casa: Moacir, Ganga, Cabrera, Irineu, Paulino, Moacir, Pernambucano, Luis Carlos, Tião, Zé Carlos, Lutércio, Raimundinho, Pirila, Gilmar, Zé Roberto, Gil Lima, Norinho, Santos e Alberto. Apesar do forte elenco, um dos jogadores inscritos fez história no rubro-negro ao marcar o gol diante do Flamengo em pleno Estádio do Maracanã: o ponteiro Newton, craque do futebol maranhense e que chegou a ser titular absoluto em todas as seleções formadas ao longo da temporada.
Às vésperas do confronto contra o Flamengo, Newton, que morava no São Francisco, ouviu toda a sorte de gozação possível dos amigos, dizendo que o Papão sofreria uma inesquecível goleada e que o próprio Newton sequer veria a cor da bola, pois iria receber marcação simplesmente do lateral Júnior, que dispensa apresentações. O craque motense, no bom humor, dizia que o Moto poderia até perder o jogo, mas ele iria deitar e rolar porque o Júnior não era bom marcador. Logo na chegada ao aeroporto do Rio de Janeiro, um carregador de bagagem, que era amenguista, viu a delegação motense e gritou que daria três gols de diferença à equipe maranhense, antes de sair dando risadas. Os próprios Zico e Júnior chegaram a admitir que a partida seria um simples treino. A resposta do Papão, em especial de Newton, viria dali a algumas horas.
Sobre a partida, realizada na tarde do dia 30 de Janeiro de 1983, mais de 23 mil pessoas pagaram para ver uma goleada rubro-negra sobre o limitado elenco motense. Nessa competição, o Flamengo tinha “só” Raul, Leandro, Júnior, Andrade e Zico. Com um elenco desses, a repetição do mesmo placar em São Luis (5 a 1) parecia até pouco. Contudo, quem pagou ingresso para ver Zico em ação, acabou conhecendo o ponteiro Newton, que escreveu o seu nome no hall de zebras que pintaram pelo Maracanã em tempos recentes. Depois que o CSA venceu o Fluminense e a Ferroviária derrotou o Botafogo, hoje foi a vez do Moto Clube equilibrar o jogo contra o Flamengo e sair do Maracanã com um honroso empate de 1 a 1. O torcedor carioca foi surpreendido pelo representante maranhense e não perdoou a pior exibição do Flamengo nos últimos tempos, vaiando demoradamente a equipe na saída do jogo e aplaudindo as jogadas do jovem ponta-direita motense. O narrador Luis Mendes, da Rádio Nacional (RJ), ainda comentou: “Quero deixar bem claro para o torcedor do Flamengo que o time que está de vermelho e preto é o Moto Club do Maranhão e que está dando um show de bola no time de branco, o Flamengo!” Newton foi o autor do gol dos motenses aos 35 minutos abrindo o escore, aproveitando-se de uma indecisão dos amenguistas Raul e Júnior. O Mengão empatou de bola parada, numa perfeita cobrança de falta através de Zico, aos 38 minutos do primeiro tempo. A heroica formação motense naquele empatou era composta pelos seguintes atletas: Samuel, Cabreira, Sandoval, Guaracy e Tião Baiano; Zé Carlos e Raimundinho; Newton, Paulo Cardoso e Lutércio. Os dribles desconcertantes e o futebol veloz, Newton deu um verdadeiro “banho” na defesa rubronegra e no lateral-esquerdo Júnior, hoje comentarista da Rede Globo. No início, Júnior se adiantava para apoiar o ataque e o deixava livre. Só que, com os primeiros dribles que levou do ponta, decidiu car mais recuado, mas mesmo assim o jogador do Moto conseguiu fazer os melhores lances da partida, em jogadas de alta categoria. A imprensa carioca, inclusive, deu grande destaque para a atuação do jogador motense, todos queriam saber se essa tinha sido a sua melhor partida da minha vida. Newton apenas disse que estava acostumado a jogar daquela forma (prova disso foi a sua maior média na primeira fase do campeonato, garantindo ao atleta a tão cobiçada Bola de Ouro, da Revista Placar). O autor do histórico gol motense em pleno Maracanã ainda foi presenciou um acontecimento naquele dia: antes da partida, um recém-formado repórter carioca, após entrevista, desejou-lhe sorte, palavras prontamente retribuídas por Newton ao jovem pro ssional. Após o jogo, esse mesmo repórter veio falar com o atleta motense e con denciou-lhe que gostaria de ter a mesma sorte na carreira à qual o craque tinha nos gramados. Newton foi sinceroHH: “falei que era muito mais competência do que sorte”. Após sua grande atuação no Maracanã, Newton teve muita sorte mesmo, sendo vendido em seguida ao São Paulo. Quanto ao jovem repórter, sinceramente não sabemos...
A delegação motense foi recebida com enorme euforia pelos torcedores maranhenses, que nem sequer lembravam-se da fraca campanha rubro-negra na competição. Empatar diante de uma das maiores equipes do mundo, fora de casa, era a maior das vitórias e valia muito mais do que qualquer decepcionante campanha. O goleiro Samuel, apesar dos 14 gols sofridos ao longo da competição, foi um dos principais jogadores do time motense. Newton foi o artilheiro do Papão na competição, com três gols. Mais de Cr$ 345 milhões foram arrecadados só nas partidas em São Luis, o que prova que nunca ninguém tinha sido tão apoiado pelo público, apesar da fraquíssima campanha.
Antes da inesquecível zebra no Maracanã, o Moto vinha de uma campanha digna de um mero gurante na competição: Moto 1x1 Paysandu, em São Luis, e Santos 3x1 Moto, fora de casa. Após o heroico empate no Maracanã, o Papão seguiu com a sua pí a campanha: além de derrotas frente aos paraenses do Paysandu (2x1) e até dos amazonenses do Nacional (1x0), o rubro-negro maranhense havia sofrido uma goleada em pleno Castelão para o próprio Flamengo por 5x1. Na ocasião desse revés frente ao time carioca, um jornalista perguntou ao técnico do Papão se o jogador Zico teria uma marcação especial. O treinador do rubro-negro respondeu que não, pois Zico era um jogador como qualquer outro. A goleada por si só respondeu por tal leviandade. Contudo, o Papão ainda arrumou tempo para empatar em São Luis com o Santos, em 1x1, dia 06 de Março. Ou seja: foi a zebra pra cima dos grandes, mas conseguiu se complicar diante dos pequenos. Coisas do futebol...
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