Raimundinho Lopes: do Papão para o mundo
Trecho do livro "Memória Rubro-Negra: de Moto Club a Eterno Papão do Norte":
Quem poderia imaginar que aquele garoto franzino e tímido, mas um verdadeiro craque com a bola nos pés, poderia alçar voos altos na carreira e se destacar como um dos maiores meias que o futebol maranhense viu nascer? Apesar da curta carreira (um problema no joelho o obrigou a abandonar precocemente os gramados), o craque e eterno ídolo da torcida motense (sobretudo pela década de 1980) conquistou fama, reconhecimento e levou o nome do nosso Estado para além fronteiras (na época, a sua venda para o Barcelona do Equador foi a maior transação do futebol maranhense). A história de vida de José Raimundo Rodrigues Lopes1 seria mais uma dentre tantos outros Raimundos espalhados pelo Maranhão. Porém, a superação e a consagração no futebol o transformaram em Raimundinho Lopes, uma verdadeira lenda viva dentro dos nossos gramados. Difícil conhecer algum torcedor (até mesmo dos rivais) que não façam rasgados elogios àquele que venceu na vida pelo esporte e escreveu o seu nome na seleção dos melhores atletas do futebol maranhense.
A vida de Raimundinho Lopes não foge àquela de muitos garotos nascidos em um dos Bairros mais humildes da nossa capital. Nascido a 20 de Fevereiro de 1962, desde pequeno o garoto batia bola na Liberdade, onde, aliás, nasceu, cresceu e passou boa parte da infância e adolescência (o seu irmão Beato é natural de Alcântara, mas a sua base familiar foi toda na Liberdade, já que os seus pais deixaram essa cidade em busca de melhores condições de vida e passaram a residir no bairro próximo à Camboa). Era na Liberdade, aliás, que os irmão Raimundinho e Beato participavam dos tradicionais torneios entre as Ruas Alberto de Oliveira, Rua Augusto de Lima e Rua Corrêa de Araújo, famosíssimas entre a molecada que frequenta a várzea naquele bairro. Os dois vislumbravam no futebol uma oportunidade de melhoria de vida mais rápido, apesar de que, naquela época, o futebol não era rentável. Seus pais sempre foram contra os seus filhos seguirem o caminho do futebol.
De uma infância muito humilde, muito cedo Raimundinho acabou perdendo o seu pai, José Raimundo Marques Lopes, a sua mãe, a dona Ângela Maria Rodrigues Lopes, lavadeira, teve que ser pai e mãe ao mesmo tempo e terminou de criar os seus filhos, dando-lhes a melhor educação dentro das suas possibilidades como analfabeta. Para ajudar nas despesas da casa, Raimundinho trabalhava vendendo cocada, bolinho e outros doces no Matadouro, dentro da Liberdade. Ainda na adolescência, morou por um tempo na casa do senhor Henrique “Serpa”, amigo da família, desempenhando em sua oficina a profissão de carpinteiro. Raimundinho começou a jogar muito cedo: aos 11 anos já formava no Fluminense da Liberdade (equipe de propriedade de dona Lurdes), no Olaria (do senhor Carlito) da Estrada de Ferro (perto do Oitavo Distrito, já próximo à Camboa). Ainda jogou no Flamenguinho, do seu Dico, que rivalizava com o Fluminense, também do Bairro. A sua família, em sua maioria torcedores do Moto (seu irmão, o craque Beato, era boliviano desde criança), passou a levá-lo desde cedo aos jogos do Papão, declaradamente o seu time de coração. O garoto chegou a ver desfilando pelos gramados do Nhozinho Santos verdadeiros craques do nosso futebol, como Vivico, Paulo Figueiredo, Sérgio Marreca, Neguinho, Lima, Djalma Campos, Jorge Santos, Edmilson Leite, Esquerdinha, Alzimar e outras feras.
O craque iniciou a sua carreira no Moto Club em 1974, através do paulista Silvio Rosa Barros (ex-atleta com passagem por Moto e Maranhão), na época morador da Liberdade e falecido recentemente. Barros atuou no futebol paulista e veio ao Maranhão, onde atuou pelo MAC e treinador do Moto (foi auxiliar de Marçal Tolentino Serra). Ele os via jogando nos times da Liberdade e resolveu apostar no talento dos irmãos: levou primeiro Beato, aos 15 anos (1974), aos juvenis do Moto e algum tempo depois deu a oportunidade a Raimundinho. Antes, Raimundinho passou a trabalhar como uma espécie de office boy, levando procuração e fazendo mantados dos atletas. Paralelo a essa atividade, o futuro craque jogava pela equipe juvenil do Motinho, de propriedade do roupeiro Mariceu (apesar do nome, o Motinho não tinha nenhum tipo de vínculo com o rubro-negro da Fabril, apenas realizava jogos amistosos no campo do Moto, no Tirirical). Logo em seguida, Barros o levou, aos 14 anos, para os juvenis do Moto. Uma passagem ficou guardada para sempre na memória do ex-jogador: quando estava junto aos reservas em seu primeiro jogo pelo Papão, a jornalista e apresentadora Helena Leite, ao passar pelo banco e ver o garoto magrinho e com o uniforme alguns números acima do seu, ainda brincou: “Você trouxe essa mascote para o Moto, Barros?”. O treinador, com bom humor, respondeu que ela viria em alguns minutos esse mascote em campo. E não deu outra: o Moto venceu o Ferroviário pro 3 a 0, com um show particular do “mascote” Raimundinho Lopes. Era o primeiro jogo do craque no gramado do Nhozinho.
No ano seguinte, já reintegrado ao Papão do Norte, o jogador iniciou a sua brilhante história de craque e eterno ídolo motense. Coincidentemente, o meia estreou pelo rubro-negro em Março de 1981, na vitória do Papão por 1 a 0 contra o seu ex-clube, o E. C. Piaui, pelo Campeonato Brasileiro daquele ano. Nessa época, o Moto do treinador Zé Eduardo era formado por Higino; Antônio Carlos, Airton, Neguinho e Luís Carlos; Luisinho, Miquimba e Edésio; Libânio, Jorge Guilherme e Louro. Raimundinho entrou no segundo tempo e realizou o sonho de, enfim, envergar a camisa do seu clube de coração, diante de mais de 5 mil motenses apaixonados. O seu primeiro gol também ainda é lembrado: na vitória por 2 a 0 contra o fortíssimo Atlético Mineiro, no dia 28 de Abril de 1981, Raimundinho balançou as redes no jogo onde Nacor Arouche expulsou todos os atletas mineiros. O Atlético era o vice-campeão da Taça de Ouro de 1980, formado por verdadeiros craques e base da Seleção Brasileira. Sabendo das limitações da sua equipe, os dirigentes motenses foram até o hotel onde os mineiros hospedaram-se e pediram aos mandatários do Galo, por se tratar de um jogo festivo, que não derrotassem o Moto por um placar muito elástico. Porém, o Moto de Deça; Martins, Irineu, Airton e Luis Carlos Gaúcho; Emerson, Beato, Edésio e Raimundo; Pirila e Jorge Guilherme foi valente durante toda a partida. Após uma falta em dois lances, o goleiro atleticano deixou propositalmente a bola entrar por conta da irregularidade de Edésio, que chutou direto. Como Nacor confirmou o gol, os atletas mineiros passaram a fazer trocadilhos com o nome do juiz (retire o prefixo “or” do final, acrescente a última vogal do alfabeto e fique a seu critério e imaginação o que havia sido maciçamente pronunciado pelos jogadores do Atlético contra o árbitro). Nacor foi expulsando um a um, até o encerramento do conturbado amistoso.
Apesar da inexperiência, Raimundinho Lopes já arrancava aplausos da torcida pelo seu maravilhoso futebol, que muitas vezes deixavam os zagueiros perdidos em campo. Ao lado de Zé Roberto e companhia, fez parte de uma das melhores e mais saudosas formações do Moto Club de São Luis. Na grande decisão de 1981, foi um dos melhores e mais aplaudidos em campo pelos mais de 17 mil torcedores e imprensa – e um dos mais caçados pela defesa boliviana. O empate sem gols contra o Sampaio Corrêa do saudoso treinador Nelson Gama tirou o Moto do jejum de títulos e colocou Raimundinho Lopes nas graças da torcida. No ano seguinte, o bicampeonato e o gol que deu o título ao Papão, novamente contra os bolivianos. Era a consagração daquele que ainda hoje é considerado um dos maiores meias que o futebol maranhense já viu em campo. Em 1983, o tricampeonato veio coroar a boa fase do Moto Clube no início da década de 1980. Raimundinho, contudo, não participou da grande decisão, uma vez que foi expulso na penúltima partida do Papão. E nem precisava mais entrar a campo, o agora ídolo rubro-negro já havia escrito, com justo merecimento, o seu nome na galeria dos grandes craques do Moto...
Raimundinho Lopes foi o primeiro jogador no Maranhão a colocar um intermediário para cuidar dos seus assuntos com a diretoria, em 1982; era Dionor Salgado, o popular “Porquinha”, seu vizinho no Bairro da Liberdade. Na época, o então Presidente Sebastião Murad e o Diretor de Futebol Antônio Bento Cantanhede Farias chamaram o craque de mascarado, por utilizar um empresário para intermediar o seu contrato, algo impensado na época (os dirigentes motenses, seguindo uma filosofia implantada recentemente pelo Flamengo do Rio de Janeiro, somente aceitavam que os jogadores entrassem a campo mediante a renovação do contrato). Após a vitória e o baile particular do endiabrado meia sobre o Santos por 2 a 1, pela primeira fase do Campeonato Brasileiro daquele ano, Raimundinho travou uma batalha nos bastidores pela renovação do seu contrato e consequente aumento do salário. No jogo seguinte, contra o Anapolina (GO), o treinador Dutra queria tê-lo em campo, mesmo sem a renovação do seu contrato. O Presidente do Papão na época esbravejou, mas o atleta acabou escalado por Dutra para a concentração no Hotel São Francisco e jogou a partida contra os goianos (o gol da vitória motense, aliás, foi assinalado por Raimundinho, o grande destaque motense na competição).
Em sua primeira passagem pelo Papão, Raimundinho ficou no clube até o começo de 1984, antes de ser comprado ao futebol do Equador: jogou, por um salário de U$ 800 e U$ 4mil de luvas, no Barcelona Sporting Club, do então Presidente Isidro Romero Carbo, que dá nome ao estádio dos chamados Canários, como é conhecido o Barça equatoriano, time de maior torcida daquele país. Quem o levou foi o empresário Pedro Nascimento, por indicação do gaúcho Laerte Doria, ex-treinador do Sampaio Corrêa do início dos anos 80, época em que os rubro-negros venciam os bolivianos em praticamente todo jogo. Na capital equatoriana, ao passo em que Raimundinho era amado e idolatrado pela torcida (fez 12 gols na temporada de 1984), o mesmo não podia ser dito pela diretoria. Pela sua pouca idade e inexperiência de vida, o jogador enfrentou alguns problemas extra-campo, como bebida e noitadas, algo comum a muitos jogadores novos e sem juízo. Porém, sempre profissional, dentro de campo o meia arrebentava, o que aumentava o seu nome dentro do futebol daquele país. Isidro Romero, também Presidente da Industrial Mulineira, patrocinadora do Barcelona, era uma espécie de tutor de Raimundinho Lopes: ia aos treinos para avaliar o desempenho do maranhense e sempre o ajudava com algum tipo de ensino de fundamento base no futebol. Contudo, a indisciplina fora dos gramados motivou outros dirigentes do clube, liderados por Otávio Hernandez, a formalizar um dossiê sobre a vida particular do atleta. A cada questionamento dos dirigentes, Raimundinho apenas confirmava sobre as suas noitadas. Sua honestidade em assumir os erros motivou os dirigentes a dar-lhe crédito, sob as palavras do Presidente Carbo: “Eu já te admirava muito como jogador, anda mais agora como pessoa! Se você cumprir com seus compromissos, terá o melhor presidente; caso contrário, terá o pior!”.
Após uma noitada em uma boate, na companhia de alguns atletas equatorianos (J. J. Vegas, Gabriel Canto “Pajarito”) e maranhenses (Paulo César, ex-Moto Club, Newton, ponta-direita do Filanbanco, Osni, ex-MAC e atuando pelo 9 de Octubre, Luis Cláudio, ex-Botafogo-RJ) e dirigentes do Filanbanco, Raimundinho e companhia foram vistos por torcedores do Barcelona (some-se a isso o fato de o Barcelona ter ficado em quarto lugar no Campeonato do Equador e fora da Taça Libertadores). Alguns atletas ficaram na boate (inclusive na companhia de mulheres) e Raimundinho decidiu ir para casa. No dia seguinte, o grupo nem chegou a treinar e foi orientado a seguir para uma reunião com todo o elenco do clube ali perto: o médico do Barcelona, que estava no grupo da noitada, havia se envolvido em uma confusão e acusado todos, incluindo Raimundinho, de participação no ocorrido. Acusado injustamente, Raimundinho ficou encostado durante seis meses, apenas treinando. A diretoria, inclusive, rejeitou uma boa proposta do Santa Fé da Colômbia (cerca de US 50 mil), mantendo o jogador afastado. Para o seu lugar, a diretoria contratou dois grandes jogadores: Jair Gonçalves Prates, ex-Peñarol, Inter-RS e Seleção Brasileira, e Adílio, ídolo do Flamengo e que em fins de carreira atuou pelo Bacabal. Infelizmente os dois não conseguiram repetir o futebol de Raimundinho, que acabou reintegrado ao elenco em 1986, após uma breve passagem pelo Moto Club no segundo semestre de 1985. Sem Raimundinho, o Barcelona foi campeão da temporada de 1985 (após o tricampeonato do seu rival, o El Nacional) com o treinador Luis Santibañez, quando Isidro deixou o clube, assumindo Galo Rogério. Naquela época eram permitidos três jogadores com contrato de um ano e mais alguns para disputar somente a Libertadores. Para a temporada de 1986, Galo queria que Raimundinho e Luis Cláudio, por serem mais baratos, ficassem no clube. O treinador exigiu a permanência dos estrangeiros Alfredo de los Santos (uruguaio) e Toninho Vieira (ex-Santos) e Severino Vasconcelos (brasileiros), campeões em 1985. Santibañez, por perseguição, praticamentente decretou a saída de Raimundinho do Barcelona...
Como não conseguiu a renovação, o craque acabou emprestado, por U$ 30 mil, ao Audaz Octubrino, da cidade de Machala, também do Equador. Ao lado do uruguaio Waldemar Victorino, Raimundinho Lopes era um dos mais caros do elenco. Como o Presidente não cumpriu com as metas contratuais (salários), o craque retornou a São Luis após uma fracassada tentativa de se firmar em algum clube do Uruguai (naquele tempo o futebol uruguaio atravessa um momento de crise e reformulação após a pífia campanha da seleção local na Copa do Mundo de 1986 e Raimundinho sequer foi aproveitado na equipe do Peñarol). Na capital maranhense, já em 1987, o jogador conversou diretamente com o Presidente Pedro Vasconcelos, do Sampaio Corrêa, que foi até o Equador e conseguiu a sua liberação por U$ 10 mil, após um contrato inicial de três meses no clube maranhense, no final de 86. Após um problema inicial por conta de liberação, Raimundinho, decidido a não mais voltar ao Equador, pressionou a diretoria do Barcelona. Enfim o craque pertencia em definitivo ao Sampaio Corrêa.
No Tricolor, Raimundinho foi tricampeão (1986/87/88). Ainda teve uma breve passagem por Sport (1987) e Náutico (1988) antes de transferir-se em 1989 para o futebol da Bélgica (atuou por um clube da Terceira Divisão daquele país), por intermédio do empresário argentino José Rubilota, um dos grandes nomes que iniciaram a abertura do futebol maranhense ao exterior, sobretudo para a Bélgica (Luís Aírton Barroso Oliveira, o Oliverrá, começou jogando pelo Tupan e foi parar na Europa por intermédio do médico e ex-presidente Cassas de Lima e por José Rubilota). O craque passou três anos e meio naquele país, onde não encontrou nenhuma dificuldade para adaptação. Pelo contrário, o meia sempre superou as adversidades com muita dedicação e profissionalismo – Raimundinho fala fluentemente espanhol e francês por conta da sua estadia pelo exterior.
Em 1993, após um tempo longe dos gramados, Raimundinho retornou ao Maranhão, onde foi levar Luis Carlos Guerreiro, ex-MAC, para o futebol da Tunísia e também para atuar naquele país. Após algumas contusões, o jogador voltou a São Luis e a baixa dentro dos gramados passou a ser uma constante em seu já próximo final de carreira. Porém, Raimundinho passou a descobrir talentos dos gramados e levá-los para o futebol da Tunísia, como uma espécie de representante. Em 1996, o Moto Club estava em disputa no Campeonato Brasileiro e o treinador Tata o convenceu a retornar aos gramados. Porém, o jogador não conseguiu espaço no elenco, onde o meia da equipe era o craque Abílio Rivelino, genro de Tata. As constantes presenças no banco de reservas e a desleal concorrência com um atleta em plena forma fizeram o meia abandonar novamente o futebol profissional após a histórica classificação dentro de Recife diante do Santa Cruz. Em 1998, na tentativa de ajudar o seu clube de coração, mais uma vez o craque voltou atrás na aposentadoria e vestiu a camisa do Papão do Norte, após um ano parado. Com problemas com o então Presidente do clube naquele ano, Raimundinho foi mandado embora, juntamente com o treinador Meinha, após uma derrota contra o Bacabal, pelo Campeonato Maranhense. Encerrava-se ali, definitivamente, a sua gloriosa e vitoriosa história dentro dos gramados.
Raimundinho passou a trabalhar como intermediador de jogadores, sobretudo aqueles que iam atuar fora do Brasil, e como treinador (já teve experiência como técnico até na África, na Europa e Tunísia). Participou, no início da década de 1990, do primeiro jogo dos chamados Marabelgas, os maranhenses que atuavam pelo futebol da Bélgica, contra um combinado em São Luis. Em 2001, a sua primeira experiência como treinador de um clube local, o Boa Vontade do Presidente Manoel, ex-Tesoureiro da FMF. O BV, na época, era considerado a equipe mais indisciplinada e sem nenhum tipo de estrutura. Após mostrar à diretoria e aos atletas a sua filosofia de trabalho, em pouco tempo a equipe passou a ter o futebol mais bonito e disciplinado da competição. Isso chamou a atenção dos grandes e logo em seguida passou a treinar o seu clube do coração, o Moto, levando o Papão ao título de bicampeão. O ex-ídolo do rubro-negro ainda teve experiência como treinador do Sampaio Corrêa, Maranhão, Juventude de Caxias, 4 de Julho (PI) e River (PI). Em 2011, em sua passagem pelo São José de Ribamar, protagonizou uma cena inusitada ao afirmar que “poucos times do mundo jogam como o São José”, após o empate sem gols contra o Sampaio Corrêa. O treinador foi incompreendido, talvez pelo fato de a equipe atravessar grande dificuldade na Copa União daquele ano. A sua bagagem de quase 25 anos pelos gramados talvez tenha sido mais do que suficientes para empregar um estilo próprio como um dos grandes conhecedores de futebol do nosso Estado. Raimundinho foi, simplesmente, um dos discípulos do irretocável Marçal Tolentino Serra. Agora deu pra entender o porquê da ousadia na frase...
A vida de Raimundinho Lopes não foge àquela de muitos garotos nascidos em um dos Bairros mais humildes da nossa capital. Nascido a 20 de Fevereiro de 1962, desde pequeno o garoto batia bola na Liberdade, onde, aliás, nasceu, cresceu e passou boa parte da infância e adolescência (o seu irmão Beato é natural de Alcântara, mas a sua base familiar foi toda na Liberdade, já que os seus pais deixaram essa cidade em busca de melhores condições de vida e passaram a residir no bairro próximo à Camboa). Era na Liberdade, aliás, que os irmão Raimundinho e Beato participavam dos tradicionais torneios entre as Ruas Alberto de Oliveira, Rua Augusto de Lima e Rua Corrêa de Araújo, famosíssimas entre a molecada que frequenta a várzea naquele bairro. Os dois vislumbravam no futebol uma oportunidade de melhoria de vida mais rápido, apesar de que, naquela época, o futebol não era rentável. Seus pais sempre foram contra os seus filhos seguirem o caminho do futebol.
De uma infância muito humilde, muito cedo Raimundinho acabou perdendo o seu pai, José Raimundo Marques Lopes, a sua mãe, a dona Ângela Maria Rodrigues Lopes, lavadeira, teve que ser pai e mãe ao mesmo tempo e terminou de criar os seus filhos, dando-lhes a melhor educação dentro das suas possibilidades como analfabeta. Para ajudar nas despesas da casa, Raimundinho trabalhava vendendo cocada, bolinho e outros doces no Matadouro, dentro da Liberdade. Ainda na adolescência, morou por um tempo na casa do senhor Henrique “Serpa”, amigo da família, desempenhando em sua oficina a profissão de carpinteiro. Raimundinho começou a jogar muito cedo: aos 11 anos já formava no Fluminense da Liberdade (equipe de propriedade de dona Lurdes), no Olaria (do senhor Carlito) da Estrada de Ferro (perto do Oitavo Distrito, já próximo à Camboa). Ainda jogou no Flamenguinho, do seu Dico, que rivalizava com o Fluminense, também do Bairro. A sua família, em sua maioria torcedores do Moto (seu irmão, o craque Beato, era boliviano desde criança), passou a levá-lo desde cedo aos jogos do Papão, declaradamente o seu time de coração. O garoto chegou a ver desfilando pelos gramados do Nhozinho Santos verdadeiros craques do nosso futebol, como Vivico, Paulo Figueiredo, Sérgio Marreca, Neguinho, Lima, Djalma Campos, Jorge Santos, Edmilson Leite, Esquerdinha, Alzimar e outras feras.
O craque iniciou a sua carreira no Moto Club em 1974, através do paulista Silvio Rosa Barros (ex-atleta com passagem por Moto e Maranhão), na época morador da Liberdade e falecido recentemente. Barros atuou no futebol paulista e veio ao Maranhão, onde atuou pelo MAC e treinador do Moto (foi auxiliar de Marçal Tolentino Serra). Ele os via jogando nos times da Liberdade e resolveu apostar no talento dos irmãos: levou primeiro Beato, aos 15 anos (1974), aos juvenis do Moto e algum tempo depois deu a oportunidade a Raimundinho. Antes, Raimundinho passou a trabalhar como uma espécie de office boy, levando procuração e fazendo mantados dos atletas. Paralelo a essa atividade, o futuro craque jogava pela equipe juvenil do Motinho, de propriedade do roupeiro Mariceu (apesar do nome, o Motinho não tinha nenhum tipo de vínculo com o rubro-negro da Fabril, apenas realizava jogos amistosos no campo do Moto, no Tirirical). Logo em seguida, Barros o levou, aos 14 anos, para os juvenis do Moto. Uma passagem ficou guardada para sempre na memória do ex-jogador: quando estava junto aos reservas em seu primeiro jogo pelo Papão, a jornalista e apresentadora Helena Leite, ao passar pelo banco e ver o garoto magrinho e com o uniforme alguns números acima do seu, ainda brincou: “Você trouxe essa mascote para o Moto, Barros?”. O treinador, com bom humor, respondeu que ela viria em alguns minutos esse mascote em campo. E não deu outra: o Moto venceu o Ferroviário pro 3 a 0, com um show particular do “mascote” Raimundinho Lopes. Era o primeiro jogo do craque no gramado do Nhozinho.
No ano seguinte, já reintegrado ao Papão do Norte, o jogador iniciou a sua brilhante história de craque e eterno ídolo motense. Coincidentemente, o meia estreou pelo rubro-negro em Março de 1981, na vitória do Papão por 1 a 0 contra o seu ex-clube, o E. C. Piaui, pelo Campeonato Brasileiro daquele ano. Nessa época, o Moto do treinador Zé Eduardo era formado por Higino; Antônio Carlos, Airton, Neguinho e Luís Carlos; Luisinho, Miquimba e Edésio; Libânio, Jorge Guilherme e Louro. Raimundinho entrou no segundo tempo e realizou o sonho de, enfim, envergar a camisa do seu clube de coração, diante de mais de 5 mil motenses apaixonados. O seu primeiro gol também ainda é lembrado: na vitória por 2 a 0 contra o fortíssimo Atlético Mineiro, no dia 28 de Abril de 1981, Raimundinho balançou as redes no jogo onde Nacor Arouche expulsou todos os atletas mineiros. O Atlético era o vice-campeão da Taça de Ouro de 1980, formado por verdadeiros craques e base da Seleção Brasileira. Sabendo das limitações da sua equipe, os dirigentes motenses foram até o hotel onde os mineiros hospedaram-se e pediram aos mandatários do Galo, por se tratar de um jogo festivo, que não derrotassem o Moto por um placar muito elástico. Porém, o Moto de Deça; Martins, Irineu, Airton e Luis Carlos Gaúcho; Emerson, Beato, Edésio e Raimundo; Pirila e Jorge Guilherme foi valente durante toda a partida. Após uma falta em dois lances, o goleiro atleticano deixou propositalmente a bola entrar por conta da irregularidade de Edésio, que chutou direto. Como Nacor confirmou o gol, os atletas mineiros passaram a fazer trocadilhos com o nome do juiz (retire o prefixo “or” do final, acrescente a última vogal do alfabeto e fique a seu critério e imaginação o que havia sido maciçamente pronunciado pelos jogadores do Atlético contra o árbitro). Nacor foi expulsando um a um, até o encerramento do conturbado amistoso.
Apesar da inexperiência, Raimundinho Lopes já arrancava aplausos da torcida pelo seu maravilhoso futebol, que muitas vezes deixavam os zagueiros perdidos em campo. Ao lado de Zé Roberto e companhia, fez parte de uma das melhores e mais saudosas formações do Moto Club de São Luis. Na grande decisão de 1981, foi um dos melhores e mais aplaudidos em campo pelos mais de 17 mil torcedores e imprensa – e um dos mais caçados pela defesa boliviana. O empate sem gols contra o Sampaio Corrêa do saudoso treinador Nelson Gama tirou o Moto do jejum de títulos e colocou Raimundinho Lopes nas graças da torcida. No ano seguinte, o bicampeonato e o gol que deu o título ao Papão, novamente contra os bolivianos. Era a consagração daquele que ainda hoje é considerado um dos maiores meias que o futebol maranhense já viu em campo. Em 1983, o tricampeonato veio coroar a boa fase do Moto Clube no início da década de 1980. Raimundinho, contudo, não participou da grande decisão, uma vez que foi expulso na penúltima partida do Papão. E nem precisava mais entrar a campo, o agora ídolo rubro-negro já havia escrito, com justo merecimento, o seu nome na galeria dos grandes craques do Moto...
Raimundinho Lopes foi o primeiro jogador no Maranhão a colocar um intermediário para cuidar dos seus assuntos com a diretoria, em 1982; era Dionor Salgado, o popular “Porquinha”, seu vizinho no Bairro da Liberdade. Na época, o então Presidente Sebastião Murad e o Diretor de Futebol Antônio Bento Cantanhede Farias chamaram o craque de mascarado, por utilizar um empresário para intermediar o seu contrato, algo impensado na época (os dirigentes motenses, seguindo uma filosofia implantada recentemente pelo Flamengo do Rio de Janeiro, somente aceitavam que os jogadores entrassem a campo mediante a renovação do contrato). Após a vitória e o baile particular do endiabrado meia sobre o Santos por 2 a 1, pela primeira fase do Campeonato Brasileiro daquele ano, Raimundinho travou uma batalha nos bastidores pela renovação do seu contrato e consequente aumento do salário. No jogo seguinte, contra o Anapolina (GO), o treinador Dutra queria tê-lo em campo, mesmo sem a renovação do seu contrato. O Presidente do Papão na época esbravejou, mas o atleta acabou escalado por Dutra para a concentração no Hotel São Francisco e jogou a partida contra os goianos (o gol da vitória motense, aliás, foi assinalado por Raimundinho, o grande destaque motense na competição).
Em sua primeira passagem pelo Papão, Raimundinho ficou no clube até o começo de 1984, antes de ser comprado ao futebol do Equador: jogou, por um salário de U$ 800 e U$ 4mil de luvas, no Barcelona Sporting Club, do então Presidente Isidro Romero Carbo, que dá nome ao estádio dos chamados Canários, como é conhecido o Barça equatoriano, time de maior torcida daquele país. Quem o levou foi o empresário Pedro Nascimento, por indicação do gaúcho Laerte Doria, ex-treinador do Sampaio Corrêa do início dos anos 80, época em que os rubro-negros venciam os bolivianos em praticamente todo jogo. Na capital equatoriana, ao passo em que Raimundinho era amado e idolatrado pela torcida (fez 12 gols na temporada de 1984), o mesmo não podia ser dito pela diretoria. Pela sua pouca idade e inexperiência de vida, o jogador enfrentou alguns problemas extra-campo, como bebida e noitadas, algo comum a muitos jogadores novos e sem juízo. Porém, sempre profissional, dentro de campo o meia arrebentava, o que aumentava o seu nome dentro do futebol daquele país. Isidro Romero, também Presidente da Industrial Mulineira, patrocinadora do Barcelona, era uma espécie de tutor de Raimundinho Lopes: ia aos treinos para avaliar o desempenho do maranhense e sempre o ajudava com algum tipo de ensino de fundamento base no futebol. Contudo, a indisciplina fora dos gramados motivou outros dirigentes do clube, liderados por Otávio Hernandez, a formalizar um dossiê sobre a vida particular do atleta. A cada questionamento dos dirigentes, Raimundinho apenas confirmava sobre as suas noitadas. Sua honestidade em assumir os erros motivou os dirigentes a dar-lhe crédito, sob as palavras do Presidente Carbo: “Eu já te admirava muito como jogador, anda mais agora como pessoa! Se você cumprir com seus compromissos, terá o melhor presidente; caso contrário, terá o pior!”.
Após uma noitada em uma boate, na companhia de alguns atletas equatorianos (J. J. Vegas, Gabriel Canto “Pajarito”) e maranhenses (Paulo César, ex-Moto Club, Newton, ponta-direita do Filanbanco, Osni, ex-MAC e atuando pelo 9 de Octubre, Luis Cláudio, ex-Botafogo-RJ) e dirigentes do Filanbanco, Raimundinho e companhia foram vistos por torcedores do Barcelona (some-se a isso o fato de o Barcelona ter ficado em quarto lugar no Campeonato do Equador e fora da Taça Libertadores). Alguns atletas ficaram na boate (inclusive na companhia de mulheres) e Raimundinho decidiu ir para casa. No dia seguinte, o grupo nem chegou a treinar e foi orientado a seguir para uma reunião com todo o elenco do clube ali perto: o médico do Barcelona, que estava no grupo da noitada, havia se envolvido em uma confusão e acusado todos, incluindo Raimundinho, de participação no ocorrido. Acusado injustamente, Raimundinho ficou encostado durante seis meses, apenas treinando. A diretoria, inclusive, rejeitou uma boa proposta do Santa Fé da Colômbia (cerca de US 50 mil), mantendo o jogador afastado. Para o seu lugar, a diretoria contratou dois grandes jogadores: Jair Gonçalves Prates, ex-Peñarol, Inter-RS e Seleção Brasileira, e Adílio, ídolo do Flamengo e que em fins de carreira atuou pelo Bacabal. Infelizmente os dois não conseguiram repetir o futebol de Raimundinho, que acabou reintegrado ao elenco em 1986, após uma breve passagem pelo Moto Club no segundo semestre de 1985. Sem Raimundinho, o Barcelona foi campeão da temporada de 1985 (após o tricampeonato do seu rival, o El Nacional) com o treinador Luis Santibañez, quando Isidro deixou o clube, assumindo Galo Rogério. Naquela época eram permitidos três jogadores com contrato de um ano e mais alguns para disputar somente a Libertadores. Para a temporada de 1986, Galo queria que Raimundinho e Luis Cláudio, por serem mais baratos, ficassem no clube. O treinador exigiu a permanência dos estrangeiros Alfredo de los Santos (uruguaio) e Toninho Vieira (ex-Santos) e Severino Vasconcelos (brasileiros), campeões em 1985. Santibañez, por perseguição, praticamentente decretou a saída de Raimundinho do Barcelona...
Como não conseguiu a renovação, o craque acabou emprestado, por U$ 30 mil, ao Audaz Octubrino, da cidade de Machala, também do Equador. Ao lado do uruguaio Waldemar Victorino, Raimundinho Lopes era um dos mais caros do elenco. Como o Presidente não cumpriu com as metas contratuais (salários), o craque retornou a São Luis após uma fracassada tentativa de se firmar em algum clube do Uruguai (naquele tempo o futebol uruguaio atravessa um momento de crise e reformulação após a pífia campanha da seleção local na Copa do Mundo de 1986 e Raimundinho sequer foi aproveitado na equipe do Peñarol). Na capital maranhense, já em 1987, o jogador conversou diretamente com o Presidente Pedro Vasconcelos, do Sampaio Corrêa, que foi até o Equador e conseguiu a sua liberação por U$ 10 mil, após um contrato inicial de três meses no clube maranhense, no final de 86. Após um problema inicial por conta de liberação, Raimundinho, decidido a não mais voltar ao Equador, pressionou a diretoria do Barcelona. Enfim o craque pertencia em definitivo ao Sampaio Corrêa.
No Tricolor, Raimundinho foi tricampeão (1986/87/88). Ainda teve uma breve passagem por Sport (1987) e Náutico (1988) antes de transferir-se em 1989 para o futebol da Bélgica (atuou por um clube da Terceira Divisão daquele país), por intermédio do empresário argentino José Rubilota, um dos grandes nomes que iniciaram a abertura do futebol maranhense ao exterior, sobretudo para a Bélgica (Luís Aírton Barroso Oliveira, o Oliverrá, começou jogando pelo Tupan e foi parar na Europa por intermédio do médico e ex-presidente Cassas de Lima e por José Rubilota). O craque passou três anos e meio naquele país, onde não encontrou nenhuma dificuldade para adaptação. Pelo contrário, o meia sempre superou as adversidades com muita dedicação e profissionalismo – Raimundinho fala fluentemente espanhol e francês por conta da sua estadia pelo exterior.
Em 1993, após um tempo longe dos gramados, Raimundinho retornou ao Maranhão, onde foi levar Luis Carlos Guerreiro, ex-MAC, para o futebol da Tunísia e também para atuar naquele país. Após algumas contusões, o jogador voltou a São Luis e a baixa dentro dos gramados passou a ser uma constante em seu já próximo final de carreira. Porém, Raimundinho passou a descobrir talentos dos gramados e levá-los para o futebol da Tunísia, como uma espécie de representante. Em 1996, o Moto Club estava em disputa no Campeonato Brasileiro e o treinador Tata o convenceu a retornar aos gramados. Porém, o jogador não conseguiu espaço no elenco, onde o meia da equipe era o craque Abílio Rivelino, genro de Tata. As constantes presenças no banco de reservas e a desleal concorrência com um atleta em plena forma fizeram o meia abandonar novamente o futebol profissional após a histórica classificação dentro de Recife diante do Santa Cruz. Em 1998, na tentativa de ajudar o seu clube de coração, mais uma vez o craque voltou atrás na aposentadoria e vestiu a camisa do Papão do Norte, após um ano parado. Com problemas com o então Presidente do clube naquele ano, Raimundinho foi mandado embora, juntamente com o treinador Meinha, após uma derrota contra o Bacabal, pelo Campeonato Maranhense. Encerrava-se ali, definitivamente, a sua gloriosa e vitoriosa história dentro dos gramados.
Raimundinho passou a trabalhar como intermediador de jogadores, sobretudo aqueles que iam atuar fora do Brasil, e como treinador (já teve experiência como técnico até na África, na Europa e Tunísia). Participou, no início da década de 1990, do primeiro jogo dos chamados Marabelgas, os maranhenses que atuavam pelo futebol da Bélgica, contra um combinado em São Luis. Em 2001, a sua primeira experiência como treinador de um clube local, o Boa Vontade do Presidente Manoel, ex-Tesoureiro da FMF. O BV, na época, era considerado a equipe mais indisciplinada e sem nenhum tipo de estrutura. Após mostrar à diretoria e aos atletas a sua filosofia de trabalho, em pouco tempo a equipe passou a ter o futebol mais bonito e disciplinado da competição. Isso chamou a atenção dos grandes e logo em seguida passou a treinar o seu clube do coração, o Moto, levando o Papão ao título de bicampeão. O ex-ídolo do rubro-negro ainda teve experiência como treinador do Sampaio Corrêa, Maranhão, Juventude de Caxias, 4 de Julho (PI) e River (PI). Em 2011, em sua passagem pelo São José de Ribamar, protagonizou uma cena inusitada ao afirmar que “poucos times do mundo jogam como o São José”, após o empate sem gols contra o Sampaio Corrêa. O treinador foi incompreendido, talvez pelo fato de a equipe atravessar grande dificuldade na Copa União daquele ano. A sua bagagem de quase 25 anos pelos gramados talvez tenha sido mais do que suficientes para empregar um estilo próprio como um dos grandes conhecedores de futebol do nosso Estado. Raimundinho foi, simplesmente, um dos discípulos do irretocável Marçal Tolentino Serra. Agora deu pra entender o porquê da ousadia na frase...
Raimundinho Lopes, o penúltimo agachado, no Moto Club em 1982
Raimundinho no Papão
Em ação contra o Flamengo (RJ), em 1983
Dando entrevista em 1982
O craque antes da partida
Jogava muito. Assisti a vários jogos dele pelo Moto Club no 3estádio Castelao em 1982.
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