Relato do jogo do título, vencido pelo Sampaio Corrêa diante do Moto Club, dia 13 de agosto de 1975:
O Sampaio Corrêa, conquistou pela décima vez o título de campeão maranhense de futebol. O primeiro título em 1930, seguindo-se os de 1940, 41, 44, 50, 53, 54, 56, 61, 64, e 72 e 75. Rinaldi Maia foi técnico em 65 e como jogador em 53 e nunca escondeu o seu amor pela equipe boliviana.
No título de 72, apenas Djalma, Itamar, Edmilson Leite, participaram da conquista e quando foi conquistado o histórico 1 a 0 com um ataque (Zezé) improvisado e a defesa jovem contra o Moto.
O time em 1972 era formado por: Zezé, Ferreira, Brito, Nivaldo, Toninho (Valdecy), Gojoja, Edmilson Leite e Lima, Djalma, Pelezinho e Valdecy (Vamberto).
Na partida de quarta-feira, dia 13 de agosto de 1975, o Sampaio quebrou um tabu de 2 anos, 11 meses e três dias (26 jogos) sem conseguir vencer o adversário. Atualmente, o Sampaio não perde a seis jogos (cinco meses) para o Moto e os bolivianos acreditam que o tabu será ao inverso. Este ano os dois times realizaram oito partidas com o Sampaio saindo vencedor em todas.
Os jogadores do Sampaio, choravam abraçados com os diretores e dirigentes após o jogo de quarta-feira.
Rinaldi Maia, também não conteve as lágrimas e chorou ao abraçar Djalma. Emocionado, Rinaldi não podia falar. Mais tarde, nos vestiários ressaltava o união do plantel como o principal fator da grande vitória. “É uma vitória do futebol garra, futebol de coragem desse time, de homens”. Para Djalma o título foi importantíssimo: “Foi a maior alegria da minha carreira. Estou recompensado por ter decidido da presidência para ir lutar no campo. Estava certo de que conseguiria a vitória”. Os jogadores, todos muito alegres procuravam nas entrevistas sempre agradecer a Rinaldi Maia pelo trabalho que realizou. “Devemos a ele, a recuperação do nosso time. Ao seu conhecimento e maneira de trabalhar com o jogador.”
A afirmação é de Itamar, o jogador que mais atuou na campanha de 75 deixando de disputar apenas uma partida das 14 que sua equipe tomou parte. Jogou em todas as posições do ataque.
Os jogadores Acy, Joel e Célio Rodrigues, deverão viajar ainda esta noite de regresso a Teresina, devolvidos ao Tiradentes. Todos ficaram muito gratos à torcida e à imprensa pelo apoio que receberam e retornam contentes com o título conquistado. Joel, recebeu logo após o jogo, de uma torcedora um troféu como lembrança de sua passagem pelo Sampaio. Paulo Espanha pediu ontem à diretoria a rescisão amigável de seu contrato para aceitar um convite do Tiradentes ou do Ceará, que mandou um emissário ontem em São Luís, conversar com o jogador. O contrato terminará em outubro e a diretoria do Sampaio ainda não decidiu porque existe também o interesse do Moto. O jogador prefere a proposta do Ceará “porque é um centro maior”.
O lateral Toninho, também poderá deixar o Sampaio transferindo-se para o CSA e o caso da cessão de Santana ao Moto está sendo estudado.
O Sampaio Corrêa, conquistou no dia 13 de agosto de 1975 com brilhantismo o título de campeão maranhense de 75, quebrando um tabu de mais de dois anos e sete meses sem vencer o Moto. Jogando uma partida impecável, o Sampaio acabou conseguindo a vitória com um gol assinalado por Acy, aos 28 minutos de cabeça. O arremate de Itamar. Os bolivianos jogaram nervosamente, o primeiro tempo sentindo o peso da responsabilidade do título que estava em jogo nesta etapa e goleiro Briló, fez difíceis intervenções garantindo a invencibilidade de sua meta.
No segundo tempo, o Sampaio procurou se tranquilizar e a tocar a bola com mais precisão e rapidez com que anteriormente envolveu o adversário e passou a dominar no jogo. Depois de várias investidas de perigo contra a meta adversária surgiu o gol que fez a torcida explodir e que resultou na vitória. Quando abriu a contagem o Sampaio continuou impondo um melhor ritmo de jogo e andou perto de ampliar a contagem em pelo menos três oportunidades quando Mimi escapou livre e chutou em cima de Netinho face a face na melhor chance de toda a partida. Tecnicamente, foi um excelente espetáculo. O juiz Wilson Valumene, muito bem, tolerou muito a marcação de faltas e fazendo vistas grossas em várias faltas violentas, contra o Sampaio. A renda foi de Cr$ 115.748,00.
A grande torcida boliviana passou a festejar entusiasticamente a conquista do título desfilando pelas ruas com bandeiras e entoando cânticos de exaltação aos jogadores. No estádio, ao final do jogo dirigentes e jogadores choravam abraçados enquanto a torcida estava ruidosamente nas arquibancadas. Rinaldi Maia, o comandante da grande vitória era um dos mais procurados para abraços e felicitações.
Os jogadores comemoraram com o principal responsável pela recuperação do time que levou o time ao título. Joel, Acy e Rodrigo, que estavam servindo ao Tiradentes e se despediram ontem, foram muito abraçados por colegas e torcedores não contendo as lágrimas. Brito levou a bola do jogo e Joel ofereceu sua camisa ao diretor Lual. Outros jogadores preferiram guardar a camisa como recordação.
A diretoria ofereceu um jantar após o jogo e marcou festa pelas conquistas do título para sexta-feira na sede da Bolívia. Acy e Célio, Rodrigo e Briló e o plantel estiveram em evidência esta semana. Paulo Espanha, será possivelmente emprestado ao Tiradentes. Tunhão, deverá ir para o CSA e Santana, para o representante do Maranhão no brasileiro. A gratificação pela vitória foi de 6 mil cruzeiros.
O time campeão alinhou com: Briló, Paulo, Sérgio e Tunhão, Célio, Joel e Djalma II, Acy, e Marcos (Mimi) e Acy.
Estivemos certos o tempo todo em nossos argumentos com relação às possibilidades do Sampaio Corrêa no Campeonato Maranhense – 75 depois que a sua Diretoria, numa medida das mais acertadas na atual temporada, resolveu contratar os serviços profissionais do professor Rinaldi Maia.
Infelizmente não nos foi possível encontrar a cópia do comentário publicada neste mesmo espaço há algum tempo, para transcrevê-la, oportunidade em que repudiávamos as alegações dos dirigentes e jogadores sampaínos que para justificar a desastrosa campanha da equipe no primeiro turno da competição, colocavam o “azar”, a “mandinga” ou coisa que o valha, como responsáveis pelos insucessos verificados naquela etapa do certame.
O plantel boliviano, dominado pela superstição, despreparado física e psicologicamente, já entrava em campo para disputar seus compromissos derrotado pelo medo de lutar contra o sobrenatural, de acordo com as próprias palavras dos seus integrantes, várias vezes repetidas diante dos microfones das emissoras de rádio locais, após cada fracasso. Até mesmo o experiente e competente Moacir Bue não se viu envolvido pelo clima de insegurança existente na sede boliviana e resolveu abandonar o barco no meio da travessia ou calmaria retornando às hostes ferreiras.
O trabalho do professor Rinaldi Maia foi fundamental sob todos os aspectos, pois além de colocar o seu plantel na ponta dos cascos, como se diz comum teve participação efetiva na preparação psicológica dos seus comandados, ajudando-os a superar o medo dos fantasmas que rondavam a sede do Turú e que, na realidade, só existiam na imaginação perturbada dos mais supersticiosos.
Depois de expulsar das mentes dos jogadores os monstros do sobrenatural, não foi difícil para o professor Rinaldi Maia efetuar o trabalho que se propôs realizar na recuperação de um quadro desacreditado, colocando-o novamente no páreo, disputando a fase final do certame em iguais condições com Moto Clube e Ferroviário, e chegar finalmente com todos os méritos ao título de campeão maranhense de 1975.
A conquista do campeonato foi fruto do trabalho organizado, honesto e dedicado de um treinador que sempre mereceu o respeito de todos nós, não só porque é possuidor do maior número de títulos em nosso futebol, mas, e principalmente porque além de profissional competente é um homem de bem, um cidadão honrado.
O título de campeão deve-se também às qualidades técnicas do atual plantel sampaíno, constituído de excelentes jogadores que souberam acertar, assimilar e por em prática os ensinamentos do professor Rinaldi e demonstrar em campo um espírito de luta e uma “garra” impressionantes, características fundamentais na conquista de uma vitória. De parabéns a Bolívia Querida, honra e glória do futebol maranhense!
FICHA DA FINAL:
Sampaio Corrêa 1x0 Moto Club
Local: Estádio Nhozinho Santos
Renda: Cr$ 115.258,00
Público: 14.230 pagantes
Juiz: Wilson de Moraes Van Lume
Bandeirinhas: Francisco Sousa e José Salgado.
Gol: Acir aos 28 minutos minutos do segundo tempo
Sampaio Corrêa: Brito, Célio Rodrigues, Paulo Espanha, Sérgio e Toninho; Elieser, Joel e Djalma; Itamar, Marcos (Mimi) e Acir. Treinador: Rinaldi Maia.
Moto Club: Netinho, Marinho, Neguinho, Menezes e Milton; Gojoba, Luís Augusto e Ferraz; Lima, Paraíba (Serginho) e Coelho. Treinador: Velha.
CAMPANHA DO SAMPAIO CORRÊA - CAMPEÃO MARANHENSE 1975
PRIMEIRO TURNO:
18.05.1975: MARANHÃO 1X0 SAMPAIO CORRÊA
25.05.1975: BACABAL 0X0 SAMPAIO CORRÊA
29.05.1975: FERROVIÁRIO 2X1 SAMPAIO CORRÊA
02.06.1975: SAMPAIO CORRÊA 0X0 SÃO JOSÉ
15.06.1975: MOTO CLUB 1X1 SAMPAIO CORRÊA
18.06.1975: SAMPAIO CORRÊA 2X2 VITÓRIA DO MAR
SEGUNDO TURNO
03.07.1975: SAMPAIO CORRÊA 2X0 BACABAL
06.07.1975: FERROVIÁRIO 2X0 SAMPAIO CORRÊA
09.07.1975: SAMPAIO CORRÊA 3X1 VITÓRIA DO MAR
24.07.1975: SAMPAIO CORRÊA 3X0 SÃO JOSÉ
27.07.1975: MOTO CLUB 1X1 SAMPAIO CORRÊA
03.08.1975: SAMPAIO CORRÊA 1X1 MARANHÃO
FASE FINAL
07.08.1975: SAMPAIO CORRÊA 1X0 FERROVIÁRIO
13.08.1975: SAMPAIO CORRÊA 1X0 MOTO CLUB
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