domingo, 1 de junho de 2025

Moto Club 0x0 Vitória do Mar - Campeonato Maranhense 1988

Moto e Vitória não saíram do 0 a 0 no principal jogo da rodada do dia 26 de junho de 1988, pelo segundo turno do Campeonato Maranhense, no Nhozinho Santos. A preliminar, que seria disputada entre Tupan e Americano, por causa do atraso na chegada do policiamento, acabou não sendo realizada, porque o árbitro Lecílio Estrela preferiu esperar somente o que manda a legislação, sem ligar para a informação do vice-presidente da FMD, Alberto Ferreira, de que o policiamento já estava se deslocando do quartel da PM para o estádio.

Moto Club e Vitória do Mar acabou sendo o resultado mais justo para o jogo de ontem, no Nhozinho Santos, valendo pelo segundo turno do Campeonato Maranhense.

A partida teve duas fases diferentes. Na primeira, o Moto foi dono da situação e esteve perto de marcar o seu gol, só não o fazendo por falta de tranquilidade dos seus atacantes na hora das finalizações. No segundo tempo, porém, o Vitória, como sempre vem ocorrendo no atual campeonato, apertou a marcação e, na base de muita correria, quase sai de campo com o triunfo.

A melhor chance da partida foi a desperdiçada pelo ponteiro Alberto, aos 13 minutos do segundo tempo, quando, em um avanço do lateral-direito Newton, a bola foi cruzada e Alberto, em cima da linha, se atrapalhou com o arco escancarado e permitiu a recuperação da zaga motense.

O resultado deixou os dois times igualados ao Sampaio na liderança do segundo turno e leva a classificação do grupo para os jogos finais, com todos os times, exceção do Boa Vontade, na briga por uma vaga.
Primeiro tempo

No primeiro tempo, o Moto começou bem melhor, buscando o gol com muita objetividade, principalmente puxado pelo meia Jânio, que voltou a fazer grande partida.

Em três oportunidades, o Papão esteve perto de marcar: uma com Deca, outra com Zé Roberto e a terceira num chute bonito do lateral-direito Pedrinho.

A chance mais clara do Papão foi mesmo a que teve o centroavante Zé Roberto, que, numa metida de bola de Jânio, atirou rasteiro para vencer o goleiro João Batista, só que a bola saiu raspando o poste direito.

O rubro-negro tocava bem a bola e o Vitória dava a impressão de que estava assustado com o volume de jogo do adversário, notadamente por causa da sua falha de marcação no setor de meio de campo.

Na etapa final, o Vitória, logo no começo, partiu para o ataque, apertando a marcação e dando logo uma mostra do que queria na partida. Aí foi a vez do Moto se assustar e ficar perdido em campo.

O Vitória continuou mandando no jogo e chegando perto do gol, até que o treinador Caio resolveu mexer na formação do assustado time motense, tirando Deca, que não foi o mesmo jogador das vezes anteriores, para colocar Amauri, e tirando Zequinha, passando Pedrinho para a esquerda e colocando Marcos na lateral-direita.
O Vitória respondeu com Marçal tirando Claudionor para colocar Valber, e também tirando Carlinhos para botar em campo a velocidade de Guguta.

Nas substituições, o Moto levou vantagem, principalmente pela entrada de Marcos, que passou a ser mais um ponta-direita. Foi com Marcos, inclusive, que apareceram as melhores oportunidades do Papão no período final, porque o lateral passou a dar mais apoio a Merica. Só que, do outro lado, Dionísio estava sendo completamente anulado por Newton, que até teve tempo e espaço para puxar alguns perigosos contra-ataques, como no lance em que Alberto tirou a bola de dentro.

O jogo até que foi fácil de apitar e Roberval Castro se saiu bem na direção da partida. Os principais erros da arbitragem ficaram por conta do bandeirinha Raimundo Lima, que marcou tudo errado, anotando impedimentos inexistentes.

A renda da partida somou a quantia de Cz$ 246.200,00 para 1.348 pagantes.

O Moto empatou com Belfort; Pedrinho, Marreta, Santos e Zequinha (Marcos); Alfredo, Deca (Amauri) e Jânio; Merica, Zé Roberto e Dionísio. O Vitória empatou com João Batista; Newton, Moacir, Geovani e Pacheco; Joaquim, Reinaldo e Claudionor (Valber); Carlinhos (Guguta), Osvaldo e Alberto.

A partida preliminar entre Tupan e Americano de Bacabal não foi realizada. O árbitro Lecílio Estrela, que se escalou para a direção da partida, por falta de policiamento, não deu o jogo. O apitador esperou 45 minutos pelo policiamento, que chegou dois minutos depois que o trio de arbitragem tinha deixado o campo de jogo.
Os times do Tupan e Americano entraram em campo na hora certa e ficaram apenas batendo bola.
Faltou bom senso

A não realização da partida preliminar foi devido à falta de bom senso do árbitro, que preferiu se apegar ao texto frio da lei, esperando só o necessário.

A falta de bom senso do árbitro foi caracterizada pela informação prestada pelo vice-presidente da FMD, Alberto Ferreira, que, quando do surgimento do problema, ou seja, o atraso da chegada do policiamento, telefonou para o quartel da PM e recebeu a certeza de que o efetivo já estava se deslocando para o Nhozinho Santos, e que sua chegada seria apenas questão de mais alguns minutos.

É bom lembrar que, recentemente, no campeonato carioca, houve um problema de iluminação e o árbitro Luis Carlos Félix esperou mais do que o tempo previsto em lei, porque havia a tentativa dos engenheiros de solucionarem o problema com a luz. O Vasco, entretanto, se apegou ao texto da lei e saiu de campo com 30 minutos. O caso foi para o TJD e para o STJD, que confirmaram a decisão acertada do apitador, que agiu com bom senso, e o Vasco acabou perdendo o jogo para o Flamengo.

O vice-presidente da FMD, Alberto Ferreira, desceu para o vestiário, quando o policiamento chegou, à procura de outro apitador para dirigir o jogo, só que nenhum dos presentes aceitou, preferindo dizer que não estavam com uniforme.

O que aconteceu, na realidade, foi que os apitadores, embora quisessem aceitar a indicação do dirigente federacionista, preferiram ficar à margem do problema para não contrariar Lecílio Estrela, que além de árbitro é o presidente da CEAF, o que quer dizer que, se alguém aceitasse a indicação, poderia entrar para o livro vermelho do chefe e não mais ser escalado.

O presidente do Americano, Sr. Oliveira, presente ao Nhozinho Santos, ficou revoltado com a não realização do jogo e disse que vai cobrar indenização das despesas efetivas com o deslocamento e alimentação da delegação do seu time de Bacabal até São Luís e vice-versa.

Informou que vai contabilizar o prejuízo e cobrar da FMD, principalmente porque o Americano foi recentemente multado pelo TJD na ordem de 120 OTNs por ter atrasado quatro minutos. “Por quatro minutos de atraso estamos multados em 120 OTNs. Hoje, esperamos mais de 50 minutos e não jogamos. E quem paga por isso?”, interrogou o presidente do time bacabalense.

O dirigente frisou ainda que há muita coisa mais séria no futebol maranhense precisando de uma solução do que um atraso de jogo qualquer.

A prefeita de Bacabal, Sra. Raimunda Loiola, esteve presente ao Nhozinho Santos para assistir ao jogo do Americano, mas saiu frustrada sem poder torcer pelo seu time.

A prefeita desceu das tribunas sem entender direito o que estava acontecendo, quando viu os dois times saindo de campo. “O que está ocorrendo? Por que eles estão saindo?”, questionou, perplexa, a prefeita bacabalense, até que alguém esclareceu que o policiamento não havia chegado e o juiz resolvera não dar a partida. “Mas não tinha ninguém brigando. Por que a polícia?”, indagou.




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