Belo texto extraído do jornal O Estado do Maranhão, em 1995:
Quem é Hamilton Sadias Campos? Para que não o conhece, ele foi considerado o melhor atacante dos últimos 30 anos do futebol maranhense. Sua simplicidade nunca permitiu que o estrelismo subisse à cabeça, apesar das manifestações carinhosas da torcida e do reconhecimento do seu talento, em uma trajetória marcada por muitas vitórias até hoje lembrada pelos mais antigos.
Natural do Pará, Hamilton adotou o Maranhão como seu Estado afetivo. Contratado pelo Ferroviário em 1957, que na época gastou uma fortuna pelo seu passe, o carque se consagrou como homem gol, talvez o maior artilheiro do futebol maranhense em todos os tempos. No Tricolor da Estrada de Ferro, Hamilton conquistou o bicampeonato maranhense em 1957 e 1958.
Predestinado, ainda Hamilton foi descoberto quando batia pelada com os colegas da Praia do mosqueiro, distante 1 hora de Belém. Ainda menino, Hamilton foi visto por China, naquele tempo um dos principais jogadores da Tuna Luso Comercial do Pará, que, impressionado com o seu futebol, o levou para jogar no time tunante. Até então, não passava pela cabeça de Hamilton ser um jogador profissional. No começo da carreira, entrava no time apenas no final das partidas, mas isso não o impedia de marcar seus primeiros gols. Foi num jogo entre Tuna e Sampaio Corrêa que Hamilton teve sua grande chance, quando o jogador titular sofreu uma contusão. Hamilton foi posto em seu lugar. O resultado da partida foi 4 a 0 para a Tuna, com quatro gols de autoria do craque. A partir daí, Hamilton nunca mais voltou para o banco.
Pelo Santa Cruz de Recife, Hamilton foi artilheiro por várias vezes no campeonato pernambucano, onde conquistou o título de 1959. Em 1962, retornou ao Maranhão, desta vez como jogador do Moto Club, a convite de Salomão Mattar, na época diretor de futebol. Em plena forma, Hamilton alegrava os maranhenses com seus toques rápidos e desconcertantes. Os zagueiros adversários tentavam de tudo para segurá-lo, mas não conseguiam. Hamilton comentou que a sua agilidade foi adquirida nas areias da praia, na sua opinião um excelente local para se aprender a jogar futebol. Além de um bom preparo físico, o atacante contava com uma fantástica visão de jogo, qualidade indispensável para o homem da frente.
Hamilton recomenda aos jovens que querem seguir a carreira de jogador de futebol, que, antes de tudo, devem amar o esporte de forma incondicional, sem se preocupar com o dinheiro. Ara Hamilton, o futebol de hoje está perdendo o seu lato afetivo, transformando-se em uma máquina de fazer dinheiro. Hamilton também diz que o importante para o iniciante é nunca perder nenhum treino e ser sempre o primeiro a chegar e o último a siar.
Hamilton abandonou o futebol em 1971, pendurando as chuteiras com a incrível marca de 1.048 gols, só perdendo no futebol mundial para o Rei Pelé, que chegou a quase 1.200. Seu último time foi o Maranhão Atlético Clube.
Para os amantes do futebol, Hamilton era sinônimo de alegria, humildade e gols. Hoje, o homem gol trabalha como assessor de Jámenes Calado, assessor técnico da Federação Maranhense de Desportos. Hamilton Sadias Campos, ou simplesmente Hamilton, permanecerá na lembrança dos que o viram jogar, como o maior jogador que o futebol maranhense já teve, em todos os tempos.
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