terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Seleção Maranhense Campeã do Norte em 1946

O Maranhão começou a participar do campeonato brasileiro de futebol em 1926. Hermínio Belo, Antero Novaes e o dr. Tarquínio Lopes Filho foram os organizadores do nosso scratch. Realisava-se, então, o 4º Campeonato Brasileiro. A nossa seleção estreou, no certame nacional, no dia 12 de setembro de 1926, no campo do Clube do Remo, em Belém do Pará. Resultado: Pará 5 x1 Maranhão. A nossa seleção entrou a campo com a seguinte formação: Tomaz, Grajaú e Colares; Guanabara, Tavares e Jagunço; Turrubinga, Mundico, Zezico, Lobo e Raiol. Tinha o Maranhão, em 1927, de escolher se jogava contra a seleção de São Paulo (campeã nacional do ano de 1926) ou contra a representação de Santa Catarina. Em virtude do selecionado de Santa Catarina ter sido derrotado de 16x0, para São Paulo, os maranhenses preferiram preliar contra os paulistas. Seria mais honrosa uma derrota frente aos campeões brasileiros daquela época. E assim foi: a seleção maranhense enfrentou e perdeu, na capital paulista, por 13x1 para os bandeirantes. Teve, entretanto, o mérito do gôl de honra, marcado, de pênalti, por Guinhonzinho, no goleiro Tuffy, cognominado o “rei do pênalti”.

No ano de 1946 o Maranhão sagrou-se campeão brasileiro de futebol da Zona Norte ao abater as representações do Piauí, Ceará e Pará, cabendo-lho, ainda, um espetacular triunfo sobre o selecionado mineiro. O selecionado maranhense foi o seguinte: Ruy, Erasmo e Carapuça; Batistão, Vicente e Nascimento, Mosquito, Valentim, Galego, Zuza e Jaime. Técnico: Salvador Perini. Vale ressaltar que a base da nossa Seleção naquele ano era formada quase que exclusivamente por atletas do Moto Club, o "papão" daquela década. Os jogos ocorreram na seguinte ordem: 

PRIMEIRA FASE
Maranhão 4x2 Piauí
Piauí 1x5 Maranhão


SEGUNDA FASE
Ceará 3x4 Maranhão
Maranhão 1x3 Ceará (na prorrogação, Maranhão 1x0 Ceará)


DECISÃO
Maranhão 2x0 Pará
Pará 2x1 Maranhão (na prorrogação, Maranhão 1x0 Pará)


SEMI-FINAL - CAMPEONATO BRASILEIRO
Maranhão 4x6 Minas Gerais (Rio de Janeiro)
Minas Gerais 3x7 Maranhão (na prorrogação, Minas Gerais 3x0)

Pará 2x1 Maranhao (tempo normal)

Na grande decisão frente a Minas Gerais, os mineiros entraram para a segunda partida com a mesma formação: Geraldo II, Murilo e Bituca; Mexicano, Zé do Monte e Carango; Lucas, Isamel, Ceci, Paulo e Nilvo. A Seleção Maranhense também formou igual ao primeiro jogo: Rui, Erasmo e Carapuça; Batistão, Vicente e Nascimento; Mosquito, Valentim, Galego, Zuza e Jaime. A edição de 22 de Novembro de 1946 (página 3) do Jornal O Globo, sob o titulo "Venceram os maranhenses francamente o segundo jogo", destacou sobre a brilhante goleada maranhense sobre os mineiros:

"Numa partida sensacional que fez vibrar o público carioca os esquadrões de Minas e do Maranhão defrontaram-se, hoje, à noite, no estádio do Fluminense, saindo vencedora a equipe de Minas Gerais pelo escore de 3x0 na prorrogação, depois de ter caído fragorosamente no jogo regular por 7x3, quando os nortistas deram um autêntico “baile” nos montanhenses. Explica-se a derrota dos timbiras devido ao cansaço que dominou seus jogadores, pois os mesmos fizeram um esforço tremendo para levar de vencido os mineiros na etapa regulamentar. [...] Para se ter uma idéia do que foi a pressão dos maranhenses, basta assinalar que os avantes nortistas maranhenses meia dúvida de tentos na segunda fase, sendo que três foram feitos em 15 minutos. A prorrogação – Logo do início desta fase notou-se que os nortistas estavam cansados, devido ao inerente esforço que fizeram na fase regulamentar da partida. Os mineiros voltaram à carga tremendos, anotando-se a vontade férrea com que comandavam o jogo para vencer. Foi assim que aos 10 minutos da primeira fase, depois de penetrar da defesa maranhense, decretou a queda do arco do goleiro Rui de forma inapelável. Com esse feito, os montanhenses redobraram-se em esforços, enquanto os nortistas com muitos dos seus jogadores “pregados” nada de positivo praticavam. Veio a segunda fase da prorrogação e o panorama da peleja continuou sendo o mesmo. No segundo goal dos mineiros, nesta fase, até o sorte foi madrasta para com os maranhenses. Ao procurar desviar um petardo de Ceci, Carapuça [...] colocou o couro nas redes e Rui. Depois disso, então, houve uma verdadeira desolação do quadro da F.M.D. que ainda contava comandar o jogo, dada a facilidade de desmanchar o placard. Aliado ao cansaço que já dominava alguns jogadores nortistas, este “goal” de Carapuça contribuiu enormemente para baixar o entusiasmo dos timbiras. Quando faltavam quatro minutos para terminar a peleja, Mário de Sousa, comandante da equipe montanhense, marcou mais um ponto para suas cores, o que veio aumentar o escore para 3x0."

Os maranhenses abriram o marcador, Minas Gerais virou para 3x1, mas no segundo tempo o Maranhão fez 7x3, com 3 gols em quinze minutos. Com a vitória, os mineiros enfrentaram os cariocas no dia 01 de Dezembro. Apesar de cair nas semi-finais, a seleção Maranhense teve o artilheiro do campeonato brasileiro de seleções: Mosquito, autor de 11 gols em 10 jogos. Toda a imprensa carioca teve rasgados elogios à atuação do selecionado maranhense que de forma espetacular venceu o quadro representativo de Minas Gerais pela alta contagem de 7x3, perdendo na prorrogação por 3x0. Jogando um futebol melhor que da primeira partida, os maranhenses surpreenderam os montanhenses, o que ficará para sempre na lembrança dos esportistas montanheiros. Para uma explicação da débâcle dos nortistas na prorrogação, o que se deduz é que os mesmos se entusiasmaram tanto que não se lembraram que ainda tinha 30 minutos de jogo para decidir a contenda. E quando veio a prorrogação os valorosos jogadores maranhenses estavam exaustos, nada podendo fazer. Não se diga que foi tática dos mineiros permitindo a goleada para tirar desforro na prorrogação. Não, se os maranhenses tivessem “pregado”, outra goleada surgiria, porque o que ficou patenteado aqui é que montanhenses foram incapazes de conter o ímpeto dos nortistas, enquanto o cansaço não batia as suas portas. Todos os comentários de jornais e estações de rádios tecem elogios aos nortistas, acrescentando que os mesmos souberam defender com ardor jamais visto por outra seleção daquela parte do país, o nome do futebol setentrional. A página desportiva que acaba de escrever a despretensiosa seleção do Maranhão ficará para sempre nos anais da sua crônica com letras de ouro, como uma das jornadas mais sensacionais que o note tem conseguido, através da guapa rapaziada da pequena e legendária cidade de São Luis. O Maranhão esportivo cresceu agora aos olhos de todos os desportistas brasileiros e fazem votos para que no próximo campeonato, voltem até aqui, mais coesos do que já são, para levar de vencida este forte obstáculo que foi os mineiros que, se não o levaram, foi devido as razões que já explicamos acima. Está coberto de glórias o Maranhão esportivo e os rapazes que o defenderam tão brilhantemente devem ter uma recepção condigna em sua terra.

 Batissão, Vicente e Nascimento

 Batistão, Frázio e Nascimento

 Ceará 3x1 Maranhão (primeiro gol cearense)

 Ceará 3x1 Maranhão

 Maranhão 4x3 Ceará

 Erasmo, Rui e Carapuça

 Sel. Ceará 3x4 Sel Maranhense

 Sel. Ceará 3x4 Sel Maranhense

Sel. Ceará 3x4 Sel Maranhense

 Maranhão 7x3 Minas Gerais - Erasmo cabeçeando

 Maranhão 7x3 Minas Gerais - segundo gol mineiro

 Maranhão 7x3 Minas Gerais (Prorrogação, MG 3x0 - segundo gol de Minas)

 Maranhão 7x3 Minas Gerais

 Maranhão 7x3 Minas Gerais - quinto gol maranhense

 Maranhão 7x3 Minas Gerais

 Hasteamento da bandeira (acima) e Zé do Monte saltando olhado por Carapuça e Nascimento

 Seleção Maranhense antes do jogo 7x3 contra Minas

3 comentários:

  1. SOU MAC COMO MUITO ORGULHO MEU PAI JOGO NESSE TIME YOMAR E MEU AVÓ MANEL COTINHA

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  2. Cara, onde anda o Yomar? Preciso falar c ele pro blog

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