quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Jurandir, um apaixonado pelo futebol

Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão, em 20 de Maio de 2002.

Jurandir Azevedo Santos trabalhou na Companhia Moraes. Como não deu para a bola, gostava de ser expectador. Acompanhava o Sampaio em jogos dentro e fora de São Luis. Daí para dirigente não demorou muito, pois estavam buscando justamente abnegados para trabalhos voluntários. Em 1955, quando Ronald Carvalho assumiu a presidência do clube, já era vice-presidente. No afastamento do professor Ronaldo em 1959, passou à presidência por apenas 15 dias e comandou a eleição que conduziu Manoel Neto ao cargo. Depois veio a administração de Antônio Bento Catanhede Faria. A fase financeira não foi boa. O Sampaio, para continuar, teve que ser dirigido por uma junta Governativa. Jurandir por seis meses na presidência tratou de conseguir recursos por meio de sua grande amizade no meio empresarial maranhense. Sua contribuição não se restringia à busca de dinheiro para o pagamento dos jogadores. Igualmente a muitos outros presidentes, levava equipagens para serem lavadas em casam envolvendo a mulher Teresa Maria Abreu Santos e as filhas Lúcia e Teresa. “Nossa casa vivia cheia de roupa do time penduradas por tudo quanto era lado. Nós éramos pequenas e papai nos levava para os jogos. Aproveitava e nos mandava descascar laranjas para os jogadores”, lembra Lúcia.

Após nova eleição, Rupert Macieira e Walter Zaidan passara a ser presidente e vice-presidente. Em 1972, já com Rui Salomão na presidência, nova crise e nova junta governativa. Jurandir Santos voltava a ter nas mãos a responsabilidade de sanar débitos, dentre eles os quatros meses de salários atrasados de jogadores e funcionários. Ainda teria que manter a equipe para as disputas do Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão. Com a ajuda de amigos, dentre eles o paraibano Ivon Gomes, foi possível montar um super time, que iria representar o Estado ao lado de Moto Club de São Luis e do Ferroviário Esporte Clube. Nesse ano o Sampaio estava demais, fez uma campanha invejável. Paulo Figueiredo era o goleiraço que foi afastado pelo presidente Jurandir Santos por causa de um desentendimento com o treinador Marçal Tolentino Serra. O time decidiu o título contra o Campinense da Paraíba no dia 17 de Dezembro no Nhozinho Santos jogando com Jurandir, Célio Rodrigues, Neguinho, Nivaldo e Waldecy Lima; Gojoba, Djalma Campos e Edmilson Leite; Lima, Pelezinho e Jaldemir. No banco: Campos (goleiro), Itamar, Eraldo, Gonçalves e Paulo. Esse jogo entre Sampaio e Campinense terminou empatado em 1x1 e foi decidido nos pênaltis. Por uma solicitação dos adversários, apenas um jogador de cada time faria a cobrança de penalidades. Neguinho cobrou primeiramente pelo Sampaio e marcou os cinco gols. Na vez da Campinense, Ivan Limeira converteu o primeiro e no segundo o goleiro Jurandir defendeu a bola. A comemoração foi tão grande que alguns torcedores, atrás do souvenir, deixaram os jogadores de cueca no campo.

Jurandir Santos, Djalma Brito e Eliézer Moreira no Estádio Nhozinho Santos, em 1969

Seis dias depois do título do Brasileirinho, o Sampaio foi disputar o Campeonato Maranhense no superturno contra o Ferroviário e o Moto. Os resultados foram: Ferroviário 1x0 Moto, Sampaio 1x0 Ferroviário. Na última partida, entre Sampaio e Moto, novamente Jurandir não aceitou que o goleiro Paulo Figueiredo jogasse. O jeito foi improvisar o centroavante Zezé, que era reserva também do reserva Paraíba. Na decisão de 72 as equipes assim jogaram: Sampaio – Zezé, Ferreira, Neguinho, Nivaldo e Eraldo Gonçalves; Gojoba, Djalma Campos e Edmilson Leite; Lima, Pelezinho e Waldeci Lima; Moto Club: Ubirajara; Reinaldo Martins, Sérgio Marreca e Edair; Faísca, Roberto e Joari; Vanderlei, Zé Branco e Batistinha. O primeiro gol foi marcado pro Batistinha aos oito minutos do primeiro tempo. Vamberto, que acabara de entrar no segundo tempo, empatou aos 38 minutos. O resultado de 1x1 deu o título ao Tricolor de São Pantaleão.

Em 1973 viria novamente o Campeonato Nacional. Todos os bolivianos acreditavam que o Sampaio iria representar o estado por ser o último campeão estadual. A Federação Maranhense de Desportos determinou que Sampaio e Moto deveriam decidir em uma série de três jogos e o vencedor seria o representante maranhense. Como as três partidas terminaram empatadas em 0x0, o Sampaio perdeu e a torcida se revoltou. Foram realizadas várias Assembleias para deliberar sobre o Sampaio, que estava na iminência de parar. Jurandir Santos lembra da última delas, realizada no dia 01 de Junho no Teatro da Escola Técnica, antigo CEFET e atual IFMA. “Ninguém se conformou com a decisão de o Moto ir para o Campeonato Nacional. Na assembléia, decidimos então que o Sampaio ia parar com o futebol, tamanha a nossa indignação”. E parou! Os torcedores bolivianos resolveram torcer contra o Moto. Os torcedores motenses, querendo gozar da decisão, aproveitou da tra´gica queda do avião Caravela do Sul, ocorrida na manha do dia 01 de Junho de 1973. Diziam que o Sampaio estava entre os mortos do acidente.

Sampaio Corrê em 1969: em pé - Célio Rodrigues,Marivaldo, Osvaldo, Faísca, Vadinho e César; agachados - Fifi, Ivanildo Pernambucano, Bosco, Roberto e Ivanildo

Em 10 de Março de 1974, o Sampaio voltou a jogar. Enfrentou o Flamengo do Rio de Janeiro sob a presidência de Nonato Cassas. Participou do Campeonato Nacional. Um ano depois, nova crise financeira e novo retorno de Jurandir Santos. A junta governativa contou ainda com Raimundo Nava, Valber Lima, Humberto Trovão e Pedro Vasconcelos. Colaboravam com o grupo José Agnelo, Humberto Castro e Dejard Martins. O Sampaio elegeu o atleta Djalma Campos presidente em 1975; Um ano depois, novo colapso. Voltavam à junta Jurandir Santos, Humberto Castro, Zé Agnelo e Nava, com colaboração de Biló Murad, Dejard Martins, Ronald Carvalho, Chiquinho Aguiar e Domingos Leal. Dois anos depois os diretores do Sampaio resolveram criar um Conselho Nato formado pelos dirigentes que, ao longo dos anos, prestaram relevantes serviços do clube. Como não poderia ser diferente, o nome de Jurandir figurava ao lado de outros importantes colaboradores: Chiquinho Aguiar, Bernardo Leal, Domingos Leal, Ronald Carvalho, Osvaldo Rocha, Biló Murad, Zé Agnelo e Marcos Vinícius. Suplentes: Manoel Amaral, Djard Martins e Sócrates Belga Mendes.

Até 1996 o empresário Jurandir Santos colaborou como pôde, principalmente aconselhando os mais novos do alto de sua grande experiência como dirigente. Já em 1997, nas disputas do títulos da Serie C do Campeonato Brasileiro, voltava a ser apenas torcedor. Jurandir faleceu em 2011 e foi homenageado antes da partida Sampaio Corrêa 0x0 Mixto/MT, pelo Campeonato Brasileiro da Série D.

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