terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Gojoba, craque do Papão do Norte

 Gojoba no Papão do Norte, em 1973

“A doença de Parkinson ou mal de Parkinson, descrita pela primeira vez por James Parkinson em 1817, é caracterizada por uma desordem progressiva do movimento devido à disfunção dos neurônios secretores de dopamina nos gânglios da base, que controlam e ajustam a transmissão dos comandos conscientes vindos do córtex cerebral para os músculos do corpo humano. Não somente os neurônios dopaminérgicos estão envolvidos, mas outras estruturas produtoras de serotonina, noradrenalina e acetilcolina estão envolvidos na gênese da doença. O nome “Parkinson” apenas foi sugerido para nomear a doença pelo grande neurologista francês Jean-Martin Charcot, como homenagem a James Parkinson.

 A doença de Parkinson é idiopática, ou seja é uma doença primária de causa obscura. Há degeneração e morte celular dos neurónios produtores de dopamina. É portanto uma doença degenerativa do sistema nervoso central, com início geralmente após os 50 anos de idade. É uma das doenças neurológicas mais freqüentes visto que sua prevalência situa-se entre 80 e 160 casos por cem mil habitantes, acometendo, aproximadamente, 1% dos indivíduos acima de 65 anos de idade.”

Gojoba no Sport, em 1965 – quarto agachado, da esquerda para a direita, ao lado de Nunes, o terceiro na mesma ordem

Quem vê o futebol praticado hoje – brasileiro ou estrangeiro – ao vivo ou pela televisão com alta definição, não tem noção da beleza plástica do futebol das décadas de 50, 60 e 70, até o final desta década, quando conquistamos o tricampeonato mundial.

Quem nos Aflitos, Arrudão ou Ilha do Retiro, viu Salomão com a camisa bicolor (alvi-rubra) do Náutico e ainda pode fazer uma saudosa análise; Luciano com a camisa do Santa Cruz; ou outros tantos que defenderam seus clubes usando aquela camisa, precisa entender e deveria ter visto Danilo Alvim. O futebol era belo, bonito de ver e até inspirava poetas como Carlos Drummond de Andrade, Thiago de Melo sem contar que enchia de alegria Nelson Rodrigues.

Gojoba na Seleção Cacareco, em pé, ao lado de Gena. Nunes, agachado, está entre Bita e Ivan

Pois, o futebol de hoje não tem absolutamente nada como o futebol das épocas citadas. É saudosismo? É sim. Assumido. Pois, é de um jogador dessa época, com passagem brilhante no futebol pernambucano que nos dispusemos a falar e, felizmente, enveredar também por caminhos não tão maravilhosos. Pretendemos falar de José Raimundo Moraes, maranhense, conhecido no futebol pelo apelido de GOJOBA.

Início pobre, Gojoba tinha apenas duas tarefas determinada pelos pais – sim, os pais ainda tinham o direito de fazer isso para os filhos: estudar e jogar bola. A segunda opção lhe dava mais prazer, mas, hoje, usufrui do que construiu com a primeira opção – os estudos.

Ceará/69 – Daniel, Cícero, Ita, Gojoba, Laudenir e Carlindo; NI (Não Identificado), Chiclets, Gildo, Majela e Zezinho

Gojoba, como todo menino pobre do Nordeste, calçou a primeira chuteira e vestiu a primeira camisa para jogar futebol pelo 1º de Maio Futebol Clube, clube amador (extinto) do bairro Anil, em São Luís. A beleza plástica e a seriedade, somadas à objetividade em campo, acabaram levando Gojoba ao profissionalismo. O Moto Club de São Luís foi o caminho. No começo da década de 60, Gojoba já estava vestindo a camisa do Sport Club Recife e, em pouco tempo se transformaria num dos seus muitos ídolos. A chegada de outro maranhense, NUNES – em São Luís conhecido por Pelezinho – foi importante para o deslanche do futebol clássico e objetivo de Gojoba. Isso o levaria, um dia, a integrar a famosa Seleção Cacareco comandada por Gentil Cardoso.

Gojoba no Sampaio Corrêa: é o último em pé, da esquerda para a direita. Nunes é o último agachado, na mesma ordem

Em meados da década de 60, Gojoba resolveu iniciar o caminho da volta. Foi contratado a peso de ouro pelo Ceará Sporting Club, onde também se transformaria em ídolo, participando de uma das mais importantes conquistas alvinegras da década: campeão do Norte-Nordeste em 1969.

Mais uns anos no Ceará e o retorno definitivo para o Maranhão, agora para vestir a camisa tricolor do Sampaio Corrêa, onde conquistaria o título invicto de campeão brasileiro em 1972, e onde também reencontraria o amigo Nunes (Pelezinho). Foi vestindo a camisa do Sampaio Corrêa que Gojoba parou de jogar profissionalmente. Foi quando os estudos iniciais voltaram a ter influência na vida de Gojoba. Desenhista Técnico, conquistou um emprego na CEMAR (Companhia Energética do Maranhão), onde atingiu a aposentadoria. Mas, atingindo a casa dos 70 e poucos anos, Gojoba começou a enfrentar problemas de saúde. Está acometido do Mal de Parkinson e há alguns anos já desconhece até parentes mais próximos com quem convive diariamente. Esta matéria especial tem um objetivo: colocar definitivamente o problema de  saúde do ex-jogador, e desmentir notícias veiculadas aqui, em São Luís, e alhures, dando conta de que Gojoba estaria “necessitando de ajuda”, inclusive financeira, para chegar ao fim dos seus dias. Graças aos estudos, Gojoba conquistou uma aposentadoria que, se não é algo maravilhoso, lhe permite viver os dias atuais, enfrentando apenas os normais problemas de saúde.

Fonte: http://www.luizberto.com/enxugandogelo-jose-de-oliveira-ramos/gojoba-%E2%80%93-o-parkinson-esta-levando-um-craque

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