quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Walfredo: garra e força boliviana

Anil, celeiro de craques de futebol de campo. Foi lá que despontou Walfredo, em 1952, um jogador de defesa, que já estava com seus 20 anos de idade. Alguns acreditavam que era tarde para iniciar uma carreira.  Prudente, pensando antes de tudo no futuro, ele só aceitou ingressar no profissional aos 25 anos, quando assinaram sue contrato. Nunca foi um jogador técnico. Gostava de ser respeitado com um zagueiro ou lateral que chegava firme nos atacantes adversários, porém, de forma leal. Se orgulhava de fazer parte de uma geração vencedora, que conquistou alguns títulos importantes e fez história no Sampaio Corrêa. Morreu o dia 21 de janeiro de 2002, vítima de câncer no estômago. Iriam completar 70 anos.

Wafredo Donato de Oliveira teve o privilégio de nascer no Bairro do Anil, no dia 17 de Fevereiro de 1932. Desde pequeno batia peladas na rua em frente a sua casa e nos campinhos de várzea. Não tinha muita habilidade. Na hora da divisão dos times era sempre escalado para jogar na defesa por causa da raça e da fama de não abrir para os atacantes. Fazia aquele tipo de jogador que podia até deixar a bola passar por ele, ma so adversário não.

Em 1952, com 20 anos de idade, ingressou no Nascente, do Bairro do Anil. Jogaria pela primeira vez de chuteiras. O time era recém fundado e todos queriam que esse desse certo. E deu. Por lá passaram muitos jogadores que acabaram se profissionalizando no futebol maranhense, nacional e até internacional, mantendo a tradição que fez do Anil um celeiro de craques de futebol. Do Nascente, ele foi para o Botafogo do Anil. Foi nesse time da estrela solitária que conquistou o bicampeonato do bairro em 1953/54. Para comemorar a conquista, os dirigentes da equipe marcaram dois jogos amistosos contra o Sampaio Corrêa. Um seria no Anil e o outro no centro da cidade. No Anil, dia 25 de Julho de 1954, empate em 3x3. No segundo jogo, no estádio Municipal, dia 21 de Agosto, vitória por 2x1. Após esses amistosos, veio o convite da diretoria sampaínas. Ele não aceitou se profissionalizar. Tinha medo de perder o emprego na fábrica de tecidos Rio Anil, onde já trabalhava havia dois anos. Depois desse período, ficou sem clube amador por três anos. Jogava onde o convidavam. No início de 1957, o Presidente do Sampaio Corrêa, Professor Ronald Carvalho, conversou com Walfredo e conseguiu a liberação para treinar no Tricolor. Com o emprego garantido na fábrica, foi jogar no clube que gostava e torcia. 

 Equipe do Sampaio Corrêa campeã em 1961. Em pé: Ernani Luz, Omena, Chico, Antoninho, Cláudio Ferreira (diretor), Roberto, Vadinho, Professor Rinaldi Maia (técnico) e Antônio Bento Catanhede Farias (diretor); agachados: Zé Raimundo, Batuel, Pêu, Walfredo, Carioca, Jarbas, Nivaldo, Sabará, João Bala e Pernambuco (auxiliar de massagista)

Sampaio Corrêa bicampeão maranhense em 1965: em pé - Vadinho, Osvaldo, Manga, Maneco, Walfredo e Nivaldo; agachados - Jarbas, Jocemar, Antoninho, Pêu e Joel

Sampaio Corrêa em 1965, Bicampeão Maranhense: em pé - Milson, Zé Raimundo, Ribeiro, Hélio, Vadinho e Walfredo; agachados - Nenem, Massaúd, Casquinha, Chico e Peu

 Walfredo recebe a faixa de campeão maranhense de 1961 do técnico Jair Raposo

O início do profissionalismo se deu em 1961. Quase todos os atletas do clube na época eram bancários, comerciantes, estudantes, poucos treinavam, mas jogavam. Acabaram levando o título estadual: Nonato Cassas, Biné Moraes, Walfredo, Milson Cordeiro, Terrível, Decadela, Almênio, Canhotinho, Lourival, Serra Pano de Barco, Regino e o goleiro Chamôrro. O torcedor boliviano gostava de ver Walfredo em ação pelas laterais. Com ele não tinha bate-boca. Ponta que viesse pra cima sabia que iria receber marcação cerrada de um verdadeiro carrapato, que tinha excelente preparo físico, garra e muita vontade. Dava até pena quando resolvia anular um atacante. Em 1962 veio a comemoração do bicampeonato estadual pelo Tricolor de São Pantaleão, juntamente com Dadá, Juvenal, Decadela e Damasceno; Chico e Maneco; Massaúd, Fernando e Peu.

A fábrica de tecidos Rio Anil fechou. Com um aumento concedido pelo clube, o jogador continuou no Sampaio Corrêa. Em 1964 e 1965 vieram mais dois títulos, fechando com chave de ouro a carreira de Walfredo. Para não deixar de continuar com a bola, fundou o Onze Anilense juntamente com Jacinto, Pelezinho, Jocemar, dentro outros amigos. Seu grande prazer era encontrar os amigos que jogaram com ele. Lembranças de uma época boa dos oito anos que jogou profissionalmente. Sempre recebeu carinho e respeito do torcedor. Isso ainda é refletido até hoje. Ele encarnou como poucos a garra e a força boliviana.

Texto extraído do Jornal O Estado do Maranhão - 28 de Janeiro de 2002

Um comentário:

  1. Meu pai foi um dos fundadores do Onze aniversário, José Cristino centro avante do Bahia e 1 de maio.

    ResponderExcluir