domingo, 30 de março de 2014

VÍDEOS - Moto Club de volta a competições nacionais (Copa do Brasil, Nordestão e Série D)


Em jogo válido pela segunda partida da semifinal do returno do Maranhense, o Moto Club empatou com Santa Quitéria por 3 a 3, neste domingo, no Castelão, em São Luís. Por ter vencido a partida de ida por 4 a 1, o Papão do Norte segue à final da competição e agora aguarda o vencedor de Sampaio e Cordino.

O meia Kléo marcou dois gols do Moto: aos 43 do primeiro tempo, de pênalti, e aos 10 da etapa final, de falta. Gabriel, aos 18 do segundo tempo, fez o terceiro. Os gols da Raposa foram marcados por Leandro, aos 25, e Niel, aos 45, ambos na etapa inicial. No final do segundo tempo, aos 42, Moisés empatou o jogo para o Santinha.

A renda da partida somou R$ 24.080. O público pagante foi de 1.572 e total foi de 2.079. Segundo boletim oficial, 557 pessoas não pagaram ingresso.

O Moto Club enfrenta Sampaio ou Cordino, que decidem a vaga nesta segunda-feira, também no Castelão. Em Barra do Corda, o time tricolor venceu por 5 a 1. As partidas decisivas da final do returno serão realizadas nesta quinta e nesse domingo. Por melhor campanha no segundo turno, independente do adversário, o Moto tem a vantagem de fazer o jogo de volta em casa e ainda pela igualdade na soma dos resultados.

VÍDEOS

Qual o maior ídolo da história do seu clube? - Votação até o dia 13 de Abril

Continua a votação para o maior ídolo dos nossos clubes. Até o dia 13 de Abril, a torcida em geral poderá votar no ídolo do seu respectivo clube. O vencedor receberá uma pequena homenagem do Blog Futebol Maranhense Antigo. Você pode votar nos links abaixo. Não deixe de votar, torcedor, e escolher o grande ídolo da história do seu clube!!!


Votação para o maior ídolo da história do Moto Club, clique no link abaixo:
Votação para o maior ídolo da história do Sampaio Corrêa, clique no link abaixo:
Votação para o maior ídolo da história do Maranhão Atlético Clube, clique no link abaixo:
 Votação para o maior ídolo da história do Ferroviário, clique no link abaixo:

Marabelgas: quem ganha e quem perde com as exportações

Matéria interessante publicada no jornal O Imparcial, de 01 de Junho de 1993, sobre a exportação de jogadores maranhenses para a Bélgica, os chamados "Marabelgas", como ficaram conhecidos pela imprensa maranhense na época.


Qual a ligação entre a Bélgica, um país da Europa Ocidental desenvolvido, com três línguas oficiais (francês, alemão e o flamengo), índice zero de analfabetismo e o Maranhão, um estado nordestino, de um país subdesenvolvido e com quase 50% da população analfabeta? Aos olhos do cidadão comum, a resposta seria o óbvio: nada! Mas quem acompanha o futebol maranhense, consegue enxergar alguma relação que já dura oito anos e é uma grande polêmica entre clubes, cartolas, empresários e jogadores, os principais envolvidos no negócio: são os Marabelgas.

Este foi o apelido que a imprensa colocou na transferência dos jogadores de clubes maranhenses para o futebol belga que começou em 1986, com a ida do garoto Oliveira, de 17 anos, até então um desconhecido valor do Tupan. O negócio foi feito então através do dirigente motense, o médico Cassas de Lima, que ao participar de um congresso sobre artroscopia na Bélgica, conheceu o empresário Guisepp Rubilota, a quem indicou o jogador. O atacante conseguiu a adaptação, ganhou “alguns dólares”, naturalizou-se belga e passou a ser chamado de Oliverrá. É o início de uma intrincada história do futebol maranhense.

O campeonato maranhense que nesta época lotava os estádios, começou a receber a visita de empresários interessados em contratar novos craques e as transferências passaram a fazer parte do dia-a-dia dos jogadores. Mas se por um lado abriu-se um mercado internacional, iniciou-se também uma grande polêmica, já que muitos atletas foram “pescados” nos campos de pelada dos bairros e principalmente das divisões inferiores dos grandes clubes como o Moto Club e o Sampaio Corrêa.

“Não vejo nenhum benefício para o futebol do Maranhão com essas transferências para a Bélgica porque esses jogadores estão sendo negociados por empresários e atravessadores e por isso quem menos ganha são os clubes”, protesta o Presidente do Sampaio Corrêa, o Deputado Estadual Pedro Vasconcelos. Seu colega de parlamento e Presidente do maior rival, o Moto Club, Sebastião Murad, faz coro: “empresários atravessadores e inescrupulosos”, completa. E a gritaria não para por ai. “Esse tal de Rubilota é tão enrolão e fez tanta mutretagem no futebol belga que hoje está proibido de entrar no país sob pena de ser preso”, disse Pedro Vasconcelos.

O “x” do problema está na negociação que nunca é feita diretamente com os clubes. A mecânica sempre perseguem obscuros com a chegada do empresário que conhece um dirigente – geralmente alguém ligado ao departamento de futebol e nunca o presidente do clube – e esse indica o jogador que pode ser transformado em “Marabelga”. O atleta é contratado e um mundo de promessas – dólares, casa, carro – são feitos pelo empresário. A resposta é fácil de ser obtida. Quem não quer tocar os parcos salários do futebol maranhense pelos dólares e uma super infraestrutura e condições de trabalho? Mas é justamente nesta hora que os lados que ninguém vê entra em cena, amparado por uma legislação da FIFA que apoia o “roubo” – como enfatiza o Presidente do Moto Club – de jogadores. Isso porque o atleta é amador (das divisões inferiores, juvenil e júnior) não possuem contrato que o prendem ao clube em que treinam e portanto saem do país, muitas das vezes sem nem os dirigentes saberem tal jogador já é um “Marabelga”.

O pioneiro na exportação de jogadores para a Bélgica, o dr. Cassas de Lima diz que acha ótimo essas transferências, desde que obedeçam aos trâmites legais. Responsável pelo embarque de mais de 15 atletas, ele diz que nunca ganhou um dólar nestas transações e sempre seu trabalho foi o de apenas indicar aos empresários na contratação. “Esse problema da transferência de jogadores para a Bélgica acontece porque aqui tem um grupo que compra jogador e fica roubando os clubes. Eu não! Quando indico um jogador, está indicado. Os negócios que são feitos todo mundo sabe, a imprensa toda divulga, os clubes recebem e pronto. Nunca ganhei um dólar nestas transações”, jura o dr. Cassas.

A Federação Maranhense de Desportos (FMD) diz que nada tem a ver com as transações e que apenas se limita a dar o okay quando os clubes a procuram para movimentar a documentação. “Acho ótimo a ida dos jogadores maranhenses para a Bélgica, desde que a transferência seja legal e o clube do Maranhão seja indenizado pelo clube que esteve com o atleta”, declarou Alberto Ferreira, Presidente da FMD, que admite que a Federação não tem controle sobre a saída dos jogadores amadores que vão embora a mercê dos clubes e da própria entidade.

Novas Exportações – Mais dois jogadores do futebol do Maranhão estão sendo transferidos para a Bélgica. Toninho, zagueiro do Sampaio Corrêa, viajou no início da semana para São Paulo, de onde, em companhia de um empresário cujo nome foi mantido em sigilo pelo clube, segue para aquele país europeu, onde fará teste em um clube da segunda divisão. Se for aprovado, fica e o Sampaio fixa o preço do seu passe. Com o dinheiro, a diretoria espera contratar outros bons jogadores e resolver parte dos compromissos financeiros, que não são pouco. Outro que já está de passaporte na mão é o centroavante Juca, do Maranhão Atlético Clube. Ele viaja exatamente quando o clube mais precisa de sua presença, haja vista que, decide, domingo, o primeiro turno contra o Moto. Seu passe está fixado em U$$ 10 mil dólares (Cr$ 500 milhões) aproximadamente.
 
 Zagueiro Toninho

sábado, 29 de março de 2014

PÔSTER - Moto Club - Vice-Campeão Maranhense 1954


Bacabal, o maior goleador do Estádio Castelão


Raimundo Nonato Matos de Abreu Silva, o Bacabal, é filho do ex-goleiro Bacabal, ídolo do Papão do Norte nos anos 60. Iniciou a sua carreira no extinto São José, para depois transferir-se para o Maranhão Atlético Clube, onde passou oito anos.  A sua maior frustração enquanto atleta profissional foi ter deixado a equipe maqueana sem um único titulo conquistado. Bacabal chegou em 1990 ao Sampaio Corrêa justamente com a fama de pé frio. Na Bolívia, porém, o goleador foi bicampeão Estadual (1990/91) e artilheiro, com 15 gols em cada ano. Artilheiro em quase todas as equipes por onde jogou, entre eles a Tuna Luso, River (PI), Matsubara (PR), Coroatá e Sport Club Belém, o “Artilheiro de Santo Antônio”, como Bacabal ficou conhecido pelos torcedores maranhenses, sempre destacou o seu amor pelo Moto Club. O sangue rubro-negro, aliás, vinha de família. Assim, Bacabal acabou assinando com o Papão em 1992.

O craque foi homenageado pelo Presidente José Raimundo Rodrigues na partida entre as seleções maranhense e carioca em 1997, na abertura da temporada do futebol daquele ano. Antes da partida, houve um grandioso evento no Estádio Castelão, na festiva tarde de domingo do dia 02 de Março de 1997: o desfile de 66 equipes que participarão da I Copa Domingão da Sorte, promovida pela Life, além da apresentação de 650 garotos das escolinhas do Moto – escolinhas de futebol, futebol de salão, handebol, basquete, vôlei, karatê e dança. O artilheiro Bacabal entrou a campo e foi ovacionado por mais de 10 mil motenses que compareceram à sua despedida. O jogador, que utilizou a camisa 9, jogou durante apenas 15 minutos, quando a partida foi interrompida e Bacabal, substituído pelo jogador Santos, deu uma simbólica volta Olímpica acompanhado dos garotos das escolinhas do Moto. Em seguida, recebeu um troféu e uma placa oferecidos pelo clube, entregue pelo ex-presidente do Moto, Cassas de Lima. “Me sinto orgulhoso de fazer parte da história do Estádio Castelão. Isso realmente me deixa muito gratificado. É a única coisa de bom que guardo daquela época”, afirmou Bacabal. O artilheiro do Castelão encerrou a sua carreira em 1998, jogando pelo Moto Club.

Bar do Leozão - ex-jogador do Sampaio Corrêa

Quem passa pelo Bairro do Cohatrac, sobretudo pela Avenida do Contorno Leste (logo após o Supermercado Maciel), depara-se com um bar temático muito bem decorado com motivos de futebol. Porém, não trata-se de nenhuma menção a clubes do eixo Rio/São Paulo. Nas paredes do estabelecimento, uma infinidade de fotos de partidas ou formações do Sampaio Corrêa Futebol Clube. O dono do empreendimento? Um ainda jovem ex-jogador que passou exatos sete anos pela Bolívia Querida e outros seis anos pelo futebol europeu. 

Leonildo Brito Martins, o Léo, nasceu em Penalva, cidade do interior do Estado. Começou a carreira em 1985, atuando pela Seleção de Penalva. No ano seguinte, 1986, assou a residir  em São Luis, onde jogou pela equipe amadora do Trevo, do Bairro do Cohatrac. Um ano depois, Léo se profissionalizou no Sampaio Corrêa através do ex-jogador Beato Lopes. Na Bolívia, Léo começou no juvenil e rapidamente foi passado à categoria principal, onde se sagrou bicampeão maranhense (1987/88). Em 1987, ele foi o vice-artilheiro do campeonato, atrás do goleador Zé Roberto, do Moto Club.

Léo jogou pelo Sampaio Corrêa até o ano de 1994,onde foi tricampeão maranhense (1990/91/92). Nesse intervalo, passou pelo Bacabal Esporte Clube, entre 1990 e 1991, por empréstimo. Em 1995, Léo foi para o Linzer-Athletik-Sport-Klub, o Linzer, da Áustria, onde atuou até o ano de 2001. E somente parou a jogar após uma séria contusão, em uma dividida com um goleiro em uma partida pelo campeonato local. O craque, agora com 36 anos, encerrou a sua passagem pelo futebol europeu com 92 gols. Logo que viajou para a Europa, abriu um pequeno comércio no Cohatrac. Após encerrar a carreira, reformulou o seu empreendimento e criou o famoso Bar do Leozão, localizado na Avenida Contorno Norte.

















quinta-feira, 27 de março de 2014

Gil Matinha, a grande revelação do Papão do Norte na Série B de 1996

Trecho do livro "Memória Rubro-Negra: de Moto Club a Eterno Papão do Norte"

Quando o chute forte de pé direito de Mael obrigou o goleiro Claudecir a fazer uma grande defesa, a bola sobrou livre, na frente do gol. O estreante Gil, com um simples toque, empurrou a bola para o fundo das redes, já ouvindo ao fundo os gritos dos mais de dez mil torcedores presentes ao Estádio Castelão. O Papão do Norte estreava no Brasileirão de 1996 com uma inesquecível goleada diante da pedra no sapato chamada Clube do Remo. Gil acabara de estrear e, de cara, já sentia a emoção em fazer um gol, o seu primeiro como profissional Georlan Gomes Bastos, carinhosamente conhecido pela torcida motorizada como Gil Matinha, em alusão à sua terra natal, virou o xodó da massa que acompanhou o Moto Club naquele Campeonato Brasileiro. O craque despontou cedo para o futebol e jamais imaginaria que um dia teria o seu nome gritado nas arquibancadas e tampouco se tornaria um dos grandes destaques de uma competição a nível nacional.

Filho de Anselmo Lindoso Bastos e Luzia Gomes Bastos, Gil nasceu em 23 de Agosto de 1979 e passou a infância inteira na cidade a qual adotou em seu sobrenome após ingressar nos gramados. De uma infância muito simples, o seu pai trabalhava como pedreiro para sustentar uma família numerosa (são seis irmãos por parte de pai e mãe e mais dois por parte de pai) e em sua casa faltava de tudo, desde um simples tênis até o material básico para os estudos. Apesar da grande dificuldade, Gil chegou a completar o ensino médio. Era no futebol, contudo, que o jovem vislumbrava algo melhor para o futuro, a exemplo de muitos garotos da sua época. E foi justamente no esporte que ele guarda as melhores recordações daquela difícil fase da vida: o seu pai sempre o levava para acompanhar os jogos da Seleção de Matinha ou do Guarani de seu Isaias, famoso desportista da cidade. Foi no campinho atrás da sua própria casa, porém, que Gil deu os primeiros passos no futebol. Por sorte do destino, esse mesmo campinho de várzea onde muitas vezes o garoto passava as tardes jogando futebol com os amigos, hoje o próprio Gil, um dos idealizadores, desenvolve um belo trabalho social na Escolinha Matinhense de Atletas (EMA), um projeto voltado ao futebol e que trabalha com mais de 200 alunos entre 6 e 17 anos.

A sua bagagem nos gramados antes de se profissionalizar foi grande: em 1995, o craque deu os primeiros passos no amador do Estrela Vermelha (do desportista Zeca Sabiá), o seu primeiro clube como atleta. Muito jovem e sem experiência, ele foi ganhando espaço aos poucos na equipe, entrando sempre no final das partidas. Em seguida, Gil atuou pelo Guarani Futebol Clube, de Paulinho e Quincas, e na Seleção de Penalva, de Luné e Bonifácio, em 1996. Dali para a base do Papão foi um pulo, intermediado por algumas pessoas que o próprio Gil faz questão de deixar registrado: Quincas, Rui e Carlos César (soldado da cidade de Matinha) e Eldo Roni (já falecido) foram as pessoas que conversaram com Edmar Cutrim, dirigente do rubro-negro. Deixando para trás a sua cidade, logo o craque ingressou nas categorias de base do Papão do Norte, em Maio de 1996, levado a São Luis por Walmir (hoje empresário de futebol). E a promoção para a equipe profissional não demorou muito: em apenas um mês Gil foi ascendeu à equipe principal do Moto Club através do professor Baezinho, ex-lateral do rubro-negro em outras épocas e responsável pela garotada da base. O treinador Tata necessitava com urgência de um atacante para as disputas da Série B de 1996. Pelas suas características de excelente posicionamento na área, boa finalização e chute forte, Tata não teve dúvidas e escalou o garoto. Gil, é claro, tremeu. O nervosismo, porém, foi passando à medida que ganhava confiança nos treinos e apoio da própria família e dos colegas de clube. Era a hora de estrear em um grande jogo, apesar de o craque já ter tido experiência durante algumas partidas sem expressão pelo Campeonato Maranhense de 1996, sob o comando do já falecido Rosclin.

E o atacante mostrou logo a que veio: em sua estreia, diante do Clube do Remo, uma excelente atuação ao lado de Mael, declaradamente o seu grande ídolo dentro do futebol. A afinada dupla deu muito trabalho à zaga adversária naquela brilhante campanha em 1996, levando o clube à oitava colocação naquele ano, a um passo de conseguir o tão sonhado acesso à elite do futebol nacional. Foi um ano incrível para o Moto e o futebol maranhense. O ambiente no Papão, sob os cuidados do então Presidente José Raimundo, era o melhor possível: sem salários atrasados e todo o respaldo necessário, o time era muito forte e unido, a torcida sempre incentivava nas arquibancadas e até nos treinamentos. Os jogadores mais experientes, como Naza e Bigu, sempre davam força para os mais novos. Durante a maravilhosa campanha, Gil Matinha foi o protagonista de dois momentos inesquecíveis para o clube: o primeiro, um golaço quase do “meio da rua” diante do Paysandu em pleno Castelão. Um gol que reafirmou o seu nome dentre os grandes destaques entre todos os 25 participantes daquela edição O outro momento ficou, digamos, inesquecível para os atletas: em uma cena totalmente inusitada na cidade de Olinda (PE), os atletas depararam-se com um hotel cheio de hóspedes do sexo feminino. Claro que todas estavam ali a pedido dos dirigentes do Santa Cruz, que enfrentaria o Moto no dia seguinte em Recife. Seguindo à risca o que havia sido acordado, as “hóspedes” dispararam em busca de um quarto... o mesmo onde estavam os jogadores: começaram a bater na porta para entrar e “animar” a noite dos atletas. Gil jura de pés junto que resistiu à tentação, mas teve jogador do elenco rubro-negro que não recusou o convite. E a noite ficou pequena.

Após a sua passagem pelo Papão, Gil Matinha foi negociado talvez para a maior furada da sua carreira: foi disputar a Copa São Paulo de Juniores pelo Santo André (SP), em um momento onde o craque crescia na carreira como profissional. Em seguida, foi emprestado durante oito meses ao São Paulo para outra grande furada: pouco aproveitado no elenco comandado por Muricy Ramalho, Gil acabou ingressando nos juniores da equipe após a saída do treinador e a entrada do Uruguai Darío Pereira, recém promovido da base. Foi ele quem o colocou nessa categoria do São Paulo e Gil passou a disputar apenas os campeonatos de juniores e aspirantes, antes de retornar em seguida ao Santo André. Na época, Gil não conseguiu se firmar na equipe do ABC Paulista e acabou emprestado ao modesto Esportiva de Guaratinguetá, clube da cidade paulista de Guaratinguetá que havia sido recentemente fundado e disputava a última divisão do futebol paulista. Gil ainda chegou a fazer testes no Flamengo (RJ); por conta de o seu empresário na época, Mauro, ter pedido um valor muito alto para a negociação, Gil acabou retornando ao Santo André e foi emprestado ao Vila Nova de Goiânia, já em 1999. O craque, mais uma vez, não conseguiu firmar-se em uma equipe e foi desligado do elenco – o Vila deu-lhe um cheque sem fundo e o craque passou quatro meses trabalhando na capital goiana. Foi uma fase bem difícil, aliás. De férias em Matinha, ficou esperando uma oportunidade para jogar no Remo. E não conseguiu. Acabou desempregado durante três meses.

No ano seguinte, o craque desembarcou na Europa com o sonho em se firmar em algum clube no exterior. Novamente não obteve sucesso: Levado pelo empresário Clóvis Dias, então Presidente do Americano da cidade de Bacabal, Gil chegou Agosto de 1999 à Espanha para um período de teste no modesto time do Hércules Club de Fútbol, da cidade de Alicante (Província de Alicante). O treinador da equipe, porém, o descartou por achá-lo com uma estatura muito baixa. Para a sorte do atleta, o Presidente do Lorca Deportiva Club Fútbol, da cidade de Lorca, observou o teste e o convidou para vestir, em Fevereiro de 2000, a camisa da sua equipe para as disputas da Segunda Divisão da Espanha, mediante um salário de 150 mil pesetas (o equivalente a R$ 4 mil) por seis meses. Por problemas extracampo, retornou ao Brasil e passou quase o ano inteiro de 2000 sem um clube, talvez a fase mais complicada na carreira do ex-atacante do Papão. Nesse meio tempo ainda chegou a treinar no Sampaio Corrêa. Somente não assinou com a equipe boliviana porque o Santo André não o liberou. Gil, então, ganhou na Justiça o passe (o clube paulista havia atrasado os salários e não depositou o FGTS do atleta).

Após um período afastado do futebol, Gil assinou com o Náutico de Recife, onde foi bicampeão pernambucano (2001/02). Participou da “Máquina Alvirrubra” de 2001 comandada pelos até então desconhecidos atacante Kuki e o treinador Muricy Ramalho. Era a inédita conquista no ano do Centenário do clube e a manutenção do luxo, também exclusivo de alvirrubros, de ser o único hexacampeão pernambucano. Durante o Brasileirão de 2001, o jogador era o artilheiro da equipe na competição, mas uma contusão de ligamento cruzado no joelho esquerdo, naquele momento, o prejudicou muito. Transferiu-se no segundo semestre de 2002 para o Sampaio Corrêa, que seria rebaixado à Terceira Divisão no Campeonato Brasileiro. A partir dai, Gil Matinha começou uma longa peregrinação por diversos clubes: São Bento (2003), River-PI (2004), Grupo Desportivo Estoril Praia, de Portugal (2004), Uniclinic-CE (2005), Potiguar-RN (2005), Comerciário-MA (2005), Santa Quitéria (2006/2007), Nacional-MA (2008) e São José de Ribamar (2009), até retornar e encerra a sua carreira pelo clube que o revelou, o Papão do Norte, em 2010. Antes disso, o jogador ainda teve uma breve passagem pelo IAPE, mas foi dispensado após um fato inusitado: por ter atuado pelo Atlético da cidade de Pinheiro em partida amistosa contra o Sampaio Corrêa, em Janeiro de 2010, Gil recebeu “bilhete azul” do Canário da Ilha. O jogador tinha permissão apenas para receber um dinheiro que o Atlético ainda lhe devia, mas não para jogar.

Aos 30 anos de idade, Gil Matinha voltou para o time onde tudo começou. Com um elenco bem mais modesto em relação àquele quando da sua primeira passagem, em 1996, Gil teve uma passagem bem mais discreta pelo Moto, onde marcou apenas um único gol durante toda a Copa União. Foi no dia 10 de Março de 2010 que o centroavante assinalou o seu último gol como profissional pelo Moto, na derrota de virada do Papão contra o Bacabal, no Correão. Gil aproveitou a falha da zaga do Becão e bateu no canto direito de Marco Aurélio, sem chances. O craque ainda disputou a apagada Segunda Divisão do Campeonato Maranhense no segundo semestre de 2010, defendendo as cores do Chapadinha. Apesar de levar o Galo da Chapada de volta à divisão principal do nosso futebol, as sucessivas contusões o atrapalhavam muito e o craque sentia que era hora de sair de cena. Encerrava-se ali a sua curta, vitoriosa e conturbada passagem pelos gramados. E com certeza a torcida motense sempre recordará as belíssimas atuações do craque naquele inesquecível Brasileiro. O acesso não veio, mas os seus dribles e gols ficarão para sempre guardados na memória de todos.

GOL DE GIL CONTRA P PAYSANDU, EM 1996

  













quarta-feira, 26 de março de 2014

PÔSTER - Maranhão Atlético Clube - Campeão do Primeiro Turno 1995


Negão, um zagueiro requintado

Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão.

Francisco do Espírito Santo, por causa da cor, foi desde pequeno chamado de Negão. Quando começou a entrar para a adolescência, o apelido já tinha pegado, mesmo sem fazer jus à sua constituição física. Franzino, pouca mais de 1m60 de altura, 60 quilos, ao contrário do aumentativo, Negão demonstrava fragilidade. Mas como zagueiro de futebol de campo, deu mostras de coo ser viril sem precisar ter um corpo avantajado.

Ele nasceu na Maioba, em março de 1935. Quando veio morar na Rua Senador, João Pedro, no Canto da Fabril, com o padrinho Mundoca, batia bola no campo onde mais trade construíram o Estádio Nhozinho Santos. Vivendo a ilusão de criança, jogar descalço, com as bolas de pano dadas pelo seu Gonçalo, empregado na Fabril, era o máximo para a turma que tinha Kid, Peruzinho, Brecho e Fernando. Negão ficou conhecido nas peladas da Vila Passos ou na croa da Praia do Caju. Também passou pelo Tabocal e brilhou no Santos do radialista Jafé Mendes Nunes.

Torcedor do Moto, Negão se imaginava vestido com a camisa rubro-negra. O sonho começou a ser realizado quando Walber Penha, em 1953, levou-o para ser o ponta-esquerda do time juvenil. Ele era tão magro aos 18 anos que jogava com a camisa 11 da equipagem do time infantil. Depois que se sobressaiu, Negão passou a atrair a atenção de olheiros. Os primeiros a aparecerem foram Dr. Clóvis Viana e Badico, que terminaram levando-o para o Ferroviário em 1954. Negão era o primeiro jogador de futebol contratado fora do quadro de funcionários da REFFSA, Rede Ferroviária Federal S/A. Estreou com uma vitória por 6 a 1 contra o imbatível Palmeiras de Caxias, no Estádio Santa Izabel. No time estavam Juarez; Lobato, Carlito, Ademar e Rangel; Justino, Durvalino, Jerônimo, Rui, Domingos e ele. O Palmeiras tinha uma máquina composta por Carneiro; Enoc e Juvêncio; Lobinho, Jonas e Quadrado; Gunabara, Rodolfo, Cabelo Duro, Frango e Rato. O time venceu aqui em São Luis o Moto, MAC e Sampaio. Esses times, mais o Ferroviário, terminaram ficando com os jogadores caxienses após os amistosos.

Seleção Maranhense em 1962: em pé - Ribeiro, Bacabal, Negão, Omena, Gojoba e Português; agachados - Garrinchinha, Hamilton, Croinha, Chico e Jouber

O Ferrim começava a fazer uma equipe mais compacta, tirando os funcionários e contratando apenas atletas de peso. Negão tinha sua vaga garantida na ponta-esquerda. Somente em 1956 o técnico José Gonçalves da Silva, o Zequinha, pedi para ele quebrar um galho, substituindo o zagueiro do time. Sempre muito atencioso, atendeu ao pedido do treinador, mudando a história da sua carreira futebolística. Entrou e nunca mais saiu da posição. Com uma excelente impulsão, adquirida nos tempos da prática de atletismo no Liceu Maranhense, e domínio das bolas altas adquirido nos incansáveis treinamentos, se sobressaía também pela elegância com a qual conduzia a bola. Jogava como o lendário Ademir da Guia, do Palmeiras.

Os primeiros títulos conquistados por Negão foram o histórico bicampeonato de 1957/58 do Ferroviário. Quando o time foi desfeito, em 1959, ele se transferiu para o Maranhão Atlético Clube, ao lado de Zuza, Barrão, Laxinha e Ribeiro. Voltou a conquistar um título somente em 1963.

Com uma técnica de domínio de bola invejável, na zaga central chamava a atenção de olheiros de outros estados. Recebeu convites para jogar no Fortaleza e no Vasco da Gama. A paixão por São Luis, contudo, falou mais alto. Negão ainda fez parte de todas as Seleções Maranhenses, de 1956 a 1962, sempre como titular, exceto em 1962. Nesse ano, muitos pediam a entrada de Vadinho, o que terminou sendo acatado pelo técnico. Em um jogo disputado em Teresina contra a seleção local, Vadinho se machucou. Os comentários eram que o “Caboclo índio Flexador” havia tirado Vadinho. Quando o Sampaio Corrêa pediu Negão emprestado ao Ferroviário para que jogasse contra o Ceará, ele pôde dar o troco: entrou no lugar de Vadinho. “Nesse dia fiz a melhor partida de minha vida. Serviu como um desabafo, pois jamais torci para Vadinho se machucas em 62, como haviam comentado. Ele era um excelente zagueiro”, relembra Negão, em entrevista a um jornal. 

Seleção Maranhense em 1956: em pé - Gedeão Matos, Lourival, Cabelo Duro, Gimico e Negão; agachados - Peru, Moacir Bueno,Pedro Buna, Terr´viel, Walber Penha, Carapuça e Carioca (Massagista)

Na Seleção Maranhense de 1956, o treinador uruguaio Luis Comitante descobriu em Negão sua incrível capacidade de adaptação em qualquer sistema tático. Estava cheio de defensores natos: Terrível, Carapuça, Peruzinho, Quadrado, Peru, Moacir Bueno e tantos outros. Precisava bloquear os avanços dos laterais, principalmente de Geraldo, um cearense de uma incrível velocidade e que já naquele tempo assimilava o potencial dos atuais alas. Olhou o elenco de ponta a ponta e entregou a camisa 11 para Negão. Sua tarefa principal: não deixar jogar Geraldo e cruzar para a área, buscando Cabelo Duro, que cabeceava bem , ou Henrique, tampem eficiente nesse tipo de jogada. Negão cumpriu bem sua tarefa. Vencemos aqui e perdemos em Fortaleza, por obra e graça de duas figuras extraordinárias: o goleiro Vicente e o centroavante Pacoti. Um segurava todas as bolas que iam em direção à sua meta; o outro marcava os gols com incrível facilidade. Mas a verdadeira posição de Negão era a quarta-zaga, onde vivenciaria os seus melhores momentos.

Às vésperas de se formar em Economia pela Universidade Federal do Maranhão, Negão, já com 33 anos de idade, resolveu pendurar as chuteiras. Passou dos campos para ser um dos mais respeitados diretores de patrimônio da REFFSA.

Antônio Carlos “Sabiá”, duas décadas de dedicação do Glorioso


Quem olha o supervisor Sabiá, como é carinhosamente conhecido no meio desportivo, dedicando boa parte do seu tempo aos interesses do Maranhão Atlético Clube, nem poderia imaginar que, no passado, ele orgulhava-se em ostentar as cores vermelho e preto do Moto Club. Isso mesmo: quando jovem, ele era fervoroso torcedor do Moto Club. A paixão pelas cores atleticanas veio com a maturidade e, principalmente, pela convivência com outros torcedores e dirigentes do Glorioso.

Antônio Carlos Rodrigues Silva trabalha no Maranhão há 23 anos, cuidando da Supervisão Administrativa do clube. Mas a carreira e militância esportiva de Sabiá começou bem cedo. Filho de uma família tradicionalmente motense, o gosto pelas cores rubro-negras seria o mais natural. Torcedor do Papão do Norte e primo da dupla Raimundinho Lopes e Beato, ainda jovem Sabiá foi realizar, em 1981, um teste com o ex-lateral Baezinho, agora treinador das categorias de base do clube rubro-negro. Aprovado como goleiro, Sabiá viu a sua curta experiência como atleta se encerrar após uma lesão no joelho, em uma disputa de jogo. Percebendo a desorganização do Moto e o esforço de Baezinho em, literalmente, arrumar a casa, Sabiá passou a ajudá-lo nas questões administrativas e de supervisão de registro dos atletas amadores, abandonando em definitivo qualquer aspiração a ser atleta.

Sabiá, que recebeu esse convite pelo fato de criar, desde a infância, o pássaro homônimo, veio para as hostes do Maranhão no ano de 1990, com 27 anos de idade, a convite do Diretor Evandro Marques, para substituir Aurino Vieira, que na época trabalhava como supervisor administrativo da base atleticana. Um ano antes, em 1989, Sabiá foi convidado pela diretoria do Boa Vontade a integrar a comissão técnica que viajou para as disputas da Copa São Paulo de Juniores. Quando retornou a São Luis, ingressou no MAC. Sabiá foi ainda campeão, como supervisor, da Seleção Maranhense no JEB’s (foi bicampeão, em 1988, em São Luis, e em 1989 em Brasília). Formado em radiologia, Sabiá não conseguia conciliar as duas profissões. Optou em seguir nos bastidores do futebol após abandonar a carreira de técnico de raio X.

Campeão Maranhense em 1993/94/95, 1999, 2007 e 2013, da Taça Cidade de São Luis em 2006, além da base, onde ganhou nove títulos na década de 90. Esse é o seu invejável currículo, construído à base de muita dedicação e empenho. Do futebol, além das grandes amizades, Sabiá coleciona diversas passagens curiosas de bastidores. “Tem vários exemplos de juízes que recebiam pagamento para favorecer resultado”, recorda, sempre sorridente e atento a tudo no MAC, a fim de proporcionar aos atletas e comissão o melhor ambiente de trabalho, sempre dedicado a todos os detalhes, como contratos, acompanhamento dos treinamentos e jogos.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Paulo, o goleiro pernambucano

Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão.

Paulo Calisto de Farias nasceu no bairro de Areias em Recife (PE) no dia 14 de Outubro de 1937. Dos seis irmãos e dos pais Sabino Lauriano de Farias e Josefa Maria de Freitas, é o único sobrevivente. Começou a se interessar por futebol cedo. Nas peladas, gostava de jogar como center-half (zagueiro-central). Não era nada habilidoso. Relembra com saudade do tempo que ficava no time só por causa do irmão mais velho (Vicente), goleiro que era o grande nome do Centro operário Areias Futebol Clube. “Ele era um craque. Jogava no primeiro quadro e eu fazia número no segundo quadro. Ficava satisfeito e orgulhoso de ver meu irmão brilhar”.

Com o passar do tempo, Paulo começou a imitar as defesas que o irmão fazia. Aos poucos foi gostando da nova posição e, quando menos se esperava, já estava defendendo no gol do segundo quadro. “Não demorou muito e começaram a me comparar com ele. Vicente, envolvido com a bebida, não dava mais bola para o futebol e eu comecei a jogar no lugar dele no primeiro quadro do Centro Operário. Continuei com o firme propósito de me tornar um atleta profissional”.

O primeiro passo para a realização do sonho veio com o convite para defender o gol da equipe juvenil do Santa Cruz. Vascaíno ranzinza e por se parecer fisicamente com o lendário Barbosa, goleiro do Vasco da Gama e da Seleção Brasileira da década de 1950, acabou sendo apelidado pelos amigos de Barbosa. Com esse apelido, trocou o Santa Cruz pelo estudante, time que acabara de conquistar a segunda divisão e que iria disputar a primeira divisão pernambucana.

Jogou no Estudantes dos 20 aos 25 anos de idade. Relembra com satisfação que ganhou a confiança dos companheiros e da torcida com saídas nas bolas alçadas para a área. “Quando a bola vinha, eu gritava: sai que é minha! E não tinha mistério. Não deixava ela escapar de jeito nenhum. No meio da barra (gol), eu também era respeitado”. Quando o time dele sofria falta em frente à grande área, Paulo mostrava outra grande característica sua: mandava abrir, não queria barreira. “Tem hora que a barreira atrapalha o goleiro. Como nunca tive medo de chute forte, mandava abrir e pedia pra Deus me proteger”.

A indicação para vir jogar em São Luis partiu do primo Clécio, que já estava com o nome feito no futebol maranhense defendendo o Maranhão Atlético Clube. “Foi ele quem me indicou para vir para o MAC, depois que o amigo e conterrâneo Lunga passou mal após defender um chute à queima-roupa de Vadinho em uma partida entre MAC x Sampaio Corrêa. Vadinho também era pernambucano, chutava forte. Quando Lunga encaixou a bola no peito, ficou um tempo sentindo dores e defecando sangue. Eu vim para substituí-lo enquanto tivesse em tratamento”.

Paulo desembarcou em São Luis no dia 11 de Agosto de 1963. Relembra que nem bem chegou, juntou-se ao grupo que estava seguindo uma excursão para Belém e pelo interior do Pará. “Na capital jogamos contra Paysandu, Remo e Tuna. Depois seguimos para Castanhal, Capanema, Bragança, Guarapé-Açu e Santarém. O grupo que viajou foi composto por Paulo e Lunga (que continuava em tratamento), Neguinho, Nélio, Clécio, Moacir Bueno, Zuza, Barrão, Valdeci, Wilson, Croinha, Alencar, Pretinha, Adalpe, Neto Peixe Pedra, também conhecido como Senêga, e outros dois que não me recordo. O técnico era o Walber Penha e o diretor de futebol Carlos Alberto Barateiro, o Coronel Bebeto”.

No retorno do grupo maqueano a São Luis, Walber Penha, que havia sido goleiro e dos bons do nossos futebol, não recomendou a contratação de Paulo para a diretoria atleticana. “Não cheguei nem a assinar contrato. O Presidente do clube, Nicolau Duailibe Neto, me passou tudo direitinho e ainda me deu a passagem de avião de volta a Recife, Vendi a passagem e fui ficando por aqui. Precisava mostrar que sabia jogar e não queria retornar a minha terra com uma mão na frente e outra atrás”.

Segundo Nabor, craque que marcou época no ataque do Moto Club, Paulo chegou a Sã Luis no momento errado. “Tínhamos excelentes goleiros. Paulo teria que jogar muito para tomar o lugar de qualquer um deles. Outro craque que concorda com Nacor é o atacante Valdeci, companheiro de Paulo no Maranhão em 1963. “No MAC o goleiro titular era Lunga. No Moto era Bacabal e ainda tinha Vila Nova. Dadá defendia o Sampaio. E olha que ainda corriam por fora Bastos, Timóteo e outros maranhenses”.

Graça Aranha em 1968. Em pé: Juvenal, paulo, Mário, Simith,Ademir, Cazoca e Serra "Pano de Barco" (técnico); agachados: Gaudêncio (massagista), João Pinto, Zé Mamá, China, Zé Osvaldo e Ferreirinha

Valdeci relembra ainda que não era fácil ser goleiro nos anos 1950/60, com a bela safra de atacantes. “O ataque do Moto era formado por Garrinchinha, Hamilton, Casquinha, Ananias e Nabor. No Sampaio tinha Nenê, Massaú, Fernando, Jarbas e Sabará e no MAC jogavam Valdeci, Wilson, Croinha, Barrão e Alencar. Eram atacantes que impunham respeito a qualquer goleiro”.

No início de 1964, estava surgindo o Ícaro, time mantido pela base aérea de São Luis. Paulo foi para lá, juntando-se a Marçal Tolentino Serra, os irmãos Cabeça e Buranha, China, Cauby, Esmagado, Cocó, Lua e outros, para disputar o campeonato Estadual de profissionais. Era um bom time. Numa partida contra o MAC, ele queria mostrar que os atleticanos erraram não deixando que permanecesse no clube. O Ícaro chegou a estar vencendo por 3 a 1. Faltando 15 minutos para terminar o segundo tempo, veio uma reviravolta que até hoje Paulo não esquece. “De repente o árbitro Xavier (também conhecido como Peru), atleticano roxo, resolveu marcar três pênaltis seguidos contra nós. Croinha converteu os três e toda vez me gozava passando a mão na minha cabeça, dizendo: “tu achas que tu vais me ganhar, negão?”. O placar virou para 4x3. No final do jogo, saí como um doido do gol e corri pra cima do árbitro, para dar uma porrada nele. Foi quando ouvi os gritos dos companheiros, me avisando que era para eu ir devagar, porque o juiz era capitão da Policia Militar. Dei meia volta e fiquei amargando a derrota e a gozação dos ex-companheiros do MAC”.

Depois de duas temporadas no Ícaro, acabou transferindo-se para o Vitória do Mar. “Não ganhávamos dinheiro no Vitorinha. O que dava de renda e que cabia ao clube era dividido para nós atletas e dirigentes. Era puro amadorismo”. Saiu do Vitória do Mar e foi para o Graça Aranha Esporte Clube (GAEC), que tinha como presidente Joaquim Casanovas. “Formamos um belo time com Nabor, que estava encerrando a carreira, China, Cauby, Zé Vivaldo, Zé Bernardo, Pinagé, João Pinto, Simite, Zé Mamá, Bastos (goleiro), Juvenal, Ademir, Reginaldo, Burra Preta, Cazoca e Ferreirinha. Um grupo para não esquecer”.

Em 1975, com 38 anos de idade, Paulo caiu na real e percebeu que a bola não lhe daria mais nada a não ser dor de cabeça. Resolveu trabalhar na profissão que aprendeu paralelo ao futebol: gráfico. Bola só em peladas e times amadores. Disputando um torneio dos industriários, já como amador, acabou quebrando o dedo mínimo da mão direita, depois de defender um chute de Alencar, ex-companheiro do MAC. “Trago essa recordação ao longo do tempo. O dedo nunca amis voltou para o lugar. Depois dessa, eu disse a mim mesmo: chega, não jogo mais!”

domingo, 23 de março de 2014

PÔSTER - Maranhão Atlético Clube - "O Demolidor de Cartazes" (década de 40)


Djalma Campos, um jogador político

Texto extraído do Super Esportes, de Julho de 2005.


RAIO X

Nome completo:
Djalma dos Santos Campos
Nascimento: 05/06/1946
Local: Viana-MA
Posição: meia-direita
Clubes: Moto e Sampaio
Títulos como jogador: Campeão Maranhense em 1968 (Moto), 1972 e 1975 (Sampaio), campeão da Segunda Divisão (Brasileirinho) pelo Sampaio, em 1972
Título como presidente: Campeão Maranhense em 1976

 Djalma, o penúltimo agachado, no Sampaio Corrêa em 1970

O futebol e política sempre estiveram juntos, isso ninguém pode negar. Mas para Djalma Campos, essas atividades estiveram mais próximas ainda, pois quando ele defendia o Sampaio Corrêa em 1975, foi campeão maranhense como atleta, deputado e também presidente do Tricolor. Isso mesmo, ele ocupava as três funções quando conquistou o título Estadual.

Mesmo como atleta, Djalma conseguiu se eleger vereador de São Luis em 1970 e continuou defendendo o Tricolor. Em 1974 ele resolveu abandonar a carreira de jogador, assumindo a presidência do Sampaio e também ganhou para Deputado. No ano seguinte, o ex-meia do Tubarão voltou a jogar, mesmo ocupando as outras duas funções. “Quando faltavam três partidas para terminar o Campeonato Maranhense, eu senti que o time precisava da minha ajuda. Foi então que retornei e conquistamos a competição”, disse.

Mas a carreira política de Djalma Campos não parou por ai. Em 1988 ele ganhou para Prefeito da cidade de Viana e até no ano passado era gerente da regional da Baixada.

Mesmo sendo torcedor declarado do Sampaio, o primeiro time profissional de Djalma foi o principal rival, o Moto Club. No rubro-negro, o meia jogou duas temporadas: 1969 e 1969. Na primeira, inclusive, conquistou o título Estadual. Mas a maior façanha de Djalma foi no Tricolor. Em 1972, ele ajudou o time a conquistar o inédito título da Segunda Divisão, o chamado Brasileirinho.

Segundo Djalma Campos, um dos principais motivos para a sua renúncia da presidência do Sampaio foi a demissão do técnico, o seu xará Djalma Santos, que foi campeão mundial pela Seleção Brasileira. De acordo com o então presidente do Tricolor, tudo foi em consequência de severas críticas pelo ex-lateral da equipe canarinho ao Estado do Maranhão e também à diretoria do clube. “Antes de enfrentar o Flamengo pelo Campeonato Brasileiro, no Rio de Janeiro, Djalma Santos deu entrevista esculhambando o Maranhão e chamando a diretoria do Sampaio de incompetente. Quando cheguei lá e fui perguntar porque ele tinha feito aquilo, ele me disse que ainda tinha mais coisas para falar. Então eu disse que não iria falar mais nada, pois naquele momento estava demitido. Para piorar ainda mais a situação, nós perdemos de 8x1 e quando voltamos para São Luis, a imprensa local me criticou, dizendo que eu só poderia ter feito aquilo depois do jogo. Juntando isso com problemas na construção da sede através do Bolão Milionário, resolvi renunciar ao cargo de presidente em 1976”,declarou Djalma Campos.

Na década de 70 o Sampaio ainda não tinha uma sede e o time era muito criticado por não ter um endereço fixo. Foi então que o cearense Franzé Moraes veio a São Luis e lançou o Bolão Milionário para a venda de títulos patrimoniais. O objetivo era construir um lugar para o clube treinar e também de lazer para os associados. Até que contribuiu, mas deixou a desejar e insatisfeito o ex-meia e presidente do Tricolor. “Muita gente foi beneficiada. Conselheiros e não conselheiros ganharam muito dinheiro. O Parque José Carlos Macieira é um elefante branco. Aquilo não é uma sede de um clube e nada tem a ver com o projeto original. O terreno já existia, portanto, pouco foi feito com tanto dinheiro que foi arrecadado”, explicou Djalma Campos, sem citar nomes dos beneficiados

 Ao lado do seu primo, o goleiro Campos, no Moto Club

sábado, 22 de março de 2014

Votação - Qual o maior ídolo da história do seu clube?

Continua a votação para o maior ídolo dos nossos clubes. Até o dia 13 de Abril, a torcida em geral poderá votar no ídolo do seu respectivo clube. O vencedor receberá uma pequena homenagem do Blog Futebol Maranhense Antigo. Você pode acessar a nossa página no Facebook (clique AQUI) ou votando diretamente nos links abaixo. Não deixe de votar, torcedor, e escolher o grande ídolo da história do seu clube!!!


Votação para o maior ídolo da história do Moto Club, clique no link abaixo:


Votação para o maior ídolo da história do Sampaio Corrêa, clique no link abaixo:


Votação para o maior ídolo da história do Maranhão Atlético Clube, clique no link abaixo:


 Votação para o maior ídolo da história do Ferroviário, clique no link abaixo:

VÍDEO - Brasil 3x1 Portugal - inauguração do Estádio Castelão (1982)

Jogo que inaugurou oficialmente o Estádio Castelão, em Maio de 1982. Cinco dias antes, porém, o Sampaio Corrêa havia ganho o Torneio dos Trabalhadores, envolvendo, além dos Bolivianos, o Maranhão, Moto e um combinado entre Expressinho e clubes menores.


 FICHA DO JOGO

Brasil 3x1 Portugal
Data: 05 de Maio de 1982
Local: Estádio Castelão
Público: 71.560 pagantes
Juiz: Carlos Sérgio Rosa Martins (RS)
Bandeirinhas: Romualdo Arpi Filho e José Assis Aragão
Gols: Junior, Éder, Zico e Nenê
Brasil: Valdir Peres; Eduardo, Oscar, Luisinho e Junior; Batista, Sócrates (Cerezo) e Zico; Paulo Izidoro, Serginho (Careca) e Dirceu (Éder). Técnico: Telê Santana
Portugal: Bento; Gabriel, Humberto, Eurico (Alenho) e Gregório; Carlos Manuel (Manuel Fernandes), Murca e Palhares; Elizeu (Paulo Rocha), Nenê e Norton Nates. Técnico: Júlio Pereira (Juca)

quarta-feira, 19 de março de 2014

Esmagado e Hamilton (1958)

Registro dos jogadores Hamilton e Esmagado, em jogo pela Seleção Maranhense no Estádio Municipal Nhozinho Santos


Heraldo Gonçalves "Trivela"

Texto extraído do jornal O Estado do Maranhão, de Agosto de 1999 (Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão).


“Já não se faz mais crioulo de defesa como a gente”. Esse comentário foi de Neguinho para Heraldo, jogares de futebol de campo (zagueiro e lateral-esquerdo) que ficaram conhecidos pela garra, pela forma dura de jogar, que intimidava atacantes. Jogara juntos no Ferroviário e no Sampaio, na década de 70. Heraldo, mais habilidoso e veloz, desmoralizava alguns pontas-direitas e brincava na hora de apoiar seu ataque. Muitas vezes chegou a ser taxado de irresponsável, por causa do jeito moleque de fazer cruzamentos e cobrar escanteios de trivela. As derrotas por conta disso foram doídas. Mas até hoje ele continua fazendo a mesma coisa no sênior.

Heraldo era peladeiro de futebol dos campos da Roma Velha, bairro paralelo ao Monte Castelo. Nutrido a caldo de sururu do porto do local, o garoto era hábil no meio de campo e sua agilidade chamava a atenção dos torcedores. Alegre e brincalhão, sempre que podia fazia uma graça com a bola, dando dribles desconcertantes, chapéus, sempre de um jeito brincalhão, que ninguém dava tanta importância.

No dia que foi embora o volante Zé Carlos, juvenil do Sampaio, o jeito era encontrar um substituo. Vareta já conhecia Heraldo. Para não dar muita bandeira, resolveu convidá-lo para bater uma bola. Só não disse onde. Jogaria no Estádio Santa Izabel, na preliminar contra o MAC, que tinha como meio-campistas os craques Yomar e Santana. Quando chegou ao estádio, Vareta disse a Heraldo que o Tricolor precisava de um jogador como ele. O cara tremeu. “Joga do mesmo jeito da pelada”, pediu Vareta. Aceito o desafio, foi o que fez o garoto Heraldo, 16/17 anos de idade. Na saída do Sampaio, o moleque irresponsável driblou Santana e passou para o companheiro de meio-campo, Parode. A vitória por 3 a 1 já dava dimensão do grande futuro que o jogador e seus companheiros teriam pela frente. Dentre outros, estavam jogando Djalma Campos, Fifi, João Bala, Pompeu, Cadinho e Vareta. Com esse time Heraldo foi bicampeão da categoria.

Por volta de 1964 já era um jogador de banco profissional. O time tinha Manga; Nivaldo, Valfredo Carioca, Damasceno, Roberto, Maneca, Chico, Sabará, Jarbas e Antonino. No ano seguinte, o dirigente Antônio Bento Cantanhede Faria vendeu todo o time do Sampaio para o Ceará. Subiu a garotada do juvenil para marcar a história do futebol maranhense.

Em 1968 Heraldo estava no Ferroviário. Em 1970 voltava ao Sampaio, sempre jogando sua razoável bola. Quando o clube preparou um timaço para disputar o Brasileirinho, foi contratado o craque maranhense Gojoba, depois de brilhar em vários campos defendendo o Sport Clube Recife e o Ceará. Gojoba assumia a cabeça de área. Heraldo teve que amargar o banco, ficando na posição de coringa: onde precisava, ele entrava, até mesmo pela sua versatilidade. Foi peça importante na conquista do título.

Depois disso,em uma excursão do Sampaio em Belém, o lateral-esquerdo Romildo se machucou. Djalma Campos, que era uma espécie de xerife, pela liderança, experiência e visão de jogo, deu a camisa 6 para Heraldo. “Lateral-esquerdo eu?”, perguntou. “Quem sabe jogar entra em qualquer posição”, retrucou Djalma. Começava outra fase do jogador. Ele marcou duro o ponteiro paraense Zé Hídio e o Tricolor saiu com a vitória por 2 a 1, gols de Zé Carlos.

Virilidade, raça, agilidade nos contra-ataques, passaram a ser sua principal característica, assim como amaneira como intimidava os pontas-direitas, ora jogando duro na bola, ora ameaçando dar porrada.

Ele conta que respeitou apenas Euzébio, do MAC. “Contra Euzébio eu tremia na base e procurava não vacilar, porque senão ele poderia dar um show em cima de mim”. Mas era só contra Euzébio. Os outros pontas Heraldo chamava de ponta de cigarro, mostrando o jeito moleque herdado nas peladas. “Professor Pardal”, “Fricote”, “Trivela” viraram apelidos pela maneira como ele atuava em campo, sempre inventando nos contra-ataques, lançamentos e cobranças de escanteio. Mesmo advertido pelos treinadores, não mudava sua maneira de ser. “Do jeito norma não tinha graça e a torcida não vibrava”, justifica. Mas essa forma de jogar causavam alguns problemas, porque quando ele perdia a bola e saia um gol do adversário, levava a culpa. Isso aconteceu no jogo contra o Guarany de Sobral. O empate em 2 a 1 era um bom resultado. Heraldo foi fazer um cruzamento de trivela e errou, o adversário foi lá e marcou 3 a 2.

Em partidas diante do Flamengo de Teresina foram as suas piores atuações. Jogando lá, o time perdeu de 1 a 0, gol do ponta-direita Caveirinha em cima de Heraldo. Quando o clube piauiense veio jogar aqui, a gozação começou no vestiário. “Teu pai ta ai”, diziam os companheiros. Dez minutos de jogo, Flamengo 1 a 0, gol de Caveirinha. Deu vontade de pedir para sair. No intervalo, o técnico Marçal Tolentino Serra fez Heraldo voltar e acrescentou: “Dá um jeito e anula esse sujeito”. Caveirinha continuava melhor. Em uma bola do ataque adversário, Heraldo, já de cabeça quente, resolveu tirar de bicicleta. A chuteira foi na boca de caveirinha, que saiu de campo com a dentadura postiça toda quebrada e a boca sangrando. “Fui desleal e me arrependo disso até hoje. Soube depois daquele acidente que Caveirinha ficou 40 dias hospitalizado. Se eu pudesse, pediria desculpas a ele”. Com a saída de Caveirinha, o Sampaio venceu por 2 a 1. Todo mundo podia dizer muita coisa de Heraldo, mas desleal, não! O fato marcou a vida do atleta, que pouco depois parou de jogar.