quinta-feira, 3 de julho de 2025

Sampaio Corrêa 1x0 Moto Club - Campeonato Maranhense 1985

Jogando uma partida visivelmente nervosa, pela vitória do Maranhão no jogo preliminar, Sampaio e Moto não fizeram a apresentação que os seus torcedores estavam esperando, mas o resultado positivo a favor do "Mais Querido", por 1 a 0, acabou sendo o mais justo para o superclássico, realizado no dia 03 de novembro de 1985.

Foi um jogo equilibrado, muito disputado no meio de campo, onde os dois times concentraram o maior número de jogadores, o que facilitou o trabalho das duas defesas. O Sampaio jogou sem ponta-esquerda e o Moto não se utilizou do centroavante.

Edésio foi colocado com a camisa 11 e passou a trabalhar decididamente no meio-de-campo do Sampaio, onde estavam Zé Carlos, Meinha e Mateus. O Moto, por seu turno, atuou o tempo inteiro com Caio recuado e, no 2º tempo, ainda tirou Batalha para a entrada de Antônio Carlos, que também foi mais um jogador de armação.
Sem penetração por parte dos dois ataques, o jogo foi muito mastigado na meia-cancha. O Moto se limitava a atacar com o apoio de Marinho pela ponta-direita, enquanto que o Sampaio procurava os cruzamentos em direção a Renato.

As jogadas de sampaínos e motenses não deram muito resultado prático. O Sampaio, antes do final do 1º tempo, decidiu mudar com a saída de Joãozinho e a entrada de Gil Lima.

A substituição foi muito corajosa por parte de Nelson Gama, que foi criticado veementemente pelo jogador Joãozinho. Mas, na prática, a entrada de Gil Lima rendeu frutos positivos ao tricolor.

Foi justamente Gil Lima quem teve as melhores oportunidades do jogo, pelo Sampaio. No 1º tempo, aos 40 minutos, ele escapou e demorou a chutar, e só o fez quando perdeu o ângulo, atirando a bola de encontro ao corpo de Gaúcho; na etapa final, aos 15 minutos, novamente chutou sobre Gaúcho.

O gol da vitória tricolor aconteceu aos 18 minutos. O lance começou com Mateus, pela direita; Renato recebeu e serviu a Gil Lima, que de costas para o gol, girou o corpo e ficou de cara com o goleiro Moreira; o chute saiu rasteiro e sem nenhuma possibilidade de defesa.

O Moto forçou o empate até os 30 minutos, e quando viu que não dava, resolveu aceitar o toque de bola sampaíno, que satisfeito com a vitória procurava gastar o tempo e até ensaiou o "olé" nos dois minutos finais.

Os motenses desistiram de agredir o tricolor porque o máximo que conseguiriam seria o empate, o que daria ao Maranhão o segundo ponto de bonificação para o turno extra, o que não seria nada interessante.

O jogo foi dirigido por Valquir Pimentel, da Federação do Rio de Janeiro e da FIFA. Foi uma arbitragem tranquila, principalmente porque os jogadores, mesmo nervosos, colaboraram com o apitador. Nacor Arouche e Edjan de Jesus funcionaram nas bandeirinhas.

O Sampaio venceu com Geordano; Luis Carlos, Rosclin, Ivanildo e Paulo Lifor; Zé Carlos, Méinha e Mateus; Joãozinho (Gil Lima), Renato e Edésio (Beato). O Moto perdeu com Moreira; Marinho, Luis Cláudio, Gaúcho e Zequinha; Ribas, Dalmo e Raimundinho; Batalha (Antonio Carlos), Caio e Zé Roberto (Jorge Luis).

No jogo preliminar, o Maranhão ganhou do Tupan por 3x1 e ficou na expectativa de um empate no superclássico. Os gols do MAC foram marcados por Daniel, aos 23 minutos do 1º tempo, Ivaldo, contra, aos 13 minutos, e Neto, aos 17 minutos do 2º tempo, enquanto que Claudionor, cobrando falta, fez um gol de honra do Tupan aos 42 minutos 

Alfredo da Silva Filho, da Liga de Imperatriz, dirigiu a contenda, com boa atuação. Roberval Castro e Raimundo Lima foram os bandeirinhas.

O Maranhão com Juca; Jorge Luis, David, Valter Figueiredo e Neto (Amaral); Batista, Daniel e Jânio; Neco, Bacabal e Chiquinho (Hiltinho). O Tupan com João Batista; Martins, Sérgio, Edinho e Ivaldo (Pedro); Ismael, Tovar e Louro; Toinho, Airton Oliveira e Claudionor.

ARRECADAÇÃO - contrariando a expectativa, apesar do aumento dos preços dos ingressos, não foi quebrado o recorde de renda por ocasião do superclássico de domingo. A arrecadação ficou em Cr$ 105.955.000 para 11.888 pagantes.

As despesas no superclássico foram na ordem de Cr$ 23.081.050, sobrando um líquido de Cr$ 82.695.630 para ser rateado entre Sampaio e Moto.

Como o Sampaio foi o vencedor da partida, ficou com a parte maior (60%), Cr$ 49.617.378, enquanto que ao Moto coube a parte menor, como perdedor (40%): Cr$ 33.078.252.

As despesas com a vinda de Valquir Pimentel somaram Cr$ 3.049.100.

ANÁLISE DO JOGO - a vitória de 1x0 do Sampaio sobre o Moto Clube foi muito importante por vários aspectos. Eu diria, mesmo, que salvou o restante do Campeonato Maranhense de 1985.

Foi fundamental para afastar de vez o perigo de crise no Sampaio; foi fundamental porque devolveu o equilíbrio às disputas do turno extra, que vai decidir o certame; foi importante porque motivou a própria torcida, que terá muito mais motivos para continuar indo ao estádio.

Além desses detalhes, o triunfo tricolor serviu até para mostrar ao Moto que futebol se ganha é em campo e que essa história do "já ganhou" corre o risco de funcionar negativamente.

O jogo de domingo, como toda decisão, não foi um primor de espetáculo. Na minha opinião, foi um dos mais fracos tecnicamente já disputados no certame. Mas existe uma explicação lógica para justificar esse baixo nível: foi um jogo supernervoso, principalmente porque o MAC, na preliminar, confirmou o seu amplo favoritismo e ganhou do Tupan por 3x1.

Essa vitória do MAC serviu de alerta a Sampaio e Moto, e não deixou de mexer com os nervos dos jogadores. Ambos os times entraram em campo sabendo que o empate não servia, pois daria o título ao "Glorioso".

Se o empate, que sempre é um resultado normal entre Sampaio e Moto, não servia, muito menos a derrota interessava, notadamente no superclássico. O resultado disso é que tivemos um jogo bastante nervoso, onde a cautela transformou a disputa num espetáculo que, tecnicamente, deixou muito a desejar. Até o ardor natural da disputa de um título, ou seja, a jogada dividida com raça, não foi observada, tanto que muitas das vezes o jogador fazia uma falta e rapidamente se apressava em pedir desculpas.

Isso foi flagrante, tanto que nunca ninguém ganhou Cr$ 2 milhões com incrível facilidade quanto o árbitro carioca Valquir Pimentel, que deve ter saído de São Luís decepcionado com o nível técnico do nosso futebol, mas bastante maravilhado com a educação dos jogadores dentro de campo, além de estranhar o fato de ter sido trazido de tão longe para apitar um jogo envolvendo verdadeiros cordeiros.

Aliás, o árbitro confessou que, quando teve que aplicar o cartão amarelo para Luís Cláudio, que fez uma falta mais feia, e para Zé Carlos, por retenção do jogo, chegou a pensar seriamente em transformar a advertência numa penitência, passando a cada um deles a obrigação de rezar um terço antes de dormir.

Se o jogo não foi bom pelo lado técnico, em termos de resultado não poderia ter acontecido melhor. O Sampaio ganhou o 3º turno e vai para o turno extra com 1 ponto de bonificação, igual ao Moto e Maranhão, que faturaram os turnos anteriores. Assim, a disputa fica equilibrada e muito mais interessante. Os três grandes largam com as mesmas chances, sem falar no Imperatriz, que, pelo fato de jogar em casa, também leva a sua cota de equilíbrio.

Ficou outra lição: futebol tem que ser ganho é dentro de campo, sem interferência de ninguém, a não ser dos jogadores.





.............

Vem ai o livro ALMANAQUE DO FUTEBOL MARANHENSE ANTIGO: PEQUENAS HISTÓRIAS VOLUME 2, publicação do professor Hugo José Saraiva Ribeiro, um apanhado de 94 novas passagens curiosas que aconteceram dentro e fora dos nossos gramados. Clique AQUI para saber mais sobre o novo livro, que será lançado no segundo semestre pela Livro Rápido Editora e tem patrocínio da Max Vetor, Tempero Caseiro e Sol a Sol (Energia Renovável).

Nenhum comentário:

Postar um comentário