A péssima atuação do árbitro paulista Ulysses Tavares da Silva foi o ponto mais negativo do clássico do dia 24 de novembro de 1985, que apresentou a incontestável vitória do Moto Clube, por 1 a 0, sobre o Maranhão Atlético Clube, resultado que deixa o rubro-negro bem mais perto do título de campeão de 1985.
O apitador começou os seus erros aos 16 minutos do 1º tempo, quando expulsou de campo o zagueiro Luís Cláudio, do Moto, e o atacante Bacabal, do MAC, depois de uma falta marcada contra o quadro motense. Os dois jogadores discutiram e, ao invés do cartão amarelo, Ulysses preferiu expulsá-los, prejudicando os dois times.
Essas duas expulsões desnecessárias desequilibraram as equipes que, reduzidas a apenas 10 homens cada, tiveram que refazer os seus planos táticos. Enquanto o MAC fazia a troca entre Tica e Hiltinho, o Moto providenciava, no intervalo, a troca de Zé Roberto por Gaúcho.
O gol único da peleja saiu aos 20 minutos do 1º tempo, através de Caio, em cobrança de falta. O chute saiu colocado no ângulo superior esquerdo de Juca, que não teve condição nem de esboçar uma defesa.
A partir do primeiro minuto do 2º tempo, o árbitro, de forma estranha, passou a favorecer o MAC conforme notado pelos que estavam no estádio. As faltas violentas em cima do meia Raimundinho, o mais caçado em campo, não eram punidas com rigor e até o atendimento ao jogador raramente era permitido.
Depois de duas entradas violentas de Uberaba em Raimundinho, o apitador foi forçado a expulsar o zagueiro maqueano, o que não impediu que continuasse apresentando lances viris.
Depois de deixar de marcar um pênalti visível em cima de Raimundinho, quando ele foi puxado e derrubado dentro da área, o erro maior de Ulysses Tavares da Silva aconteceu aos 32 minutos do 2º tempo, quando Caio chutou forte e Juca rebateu, para Raimundinho entrar e chutar (limpo) para o fundo do barbante. Para surpresa geral, o juiz anulou o gol, sem dar maiores explicações.
A atuação do árbitro paulista revoltou os torcedores que foram ao estádio, principalmente os do Moto, assim como seus dirigentes.
Desequilibrado totalmente pela arbitragem, mesmo assim o Moto foi dono das ações, pois nem a desordenada pressão maqueana, no começo do 2º tempo, chegou a ameaçar o último reduto motense.
O Moto perdeu várias oportunidades através de Raimundinho, Caio, João Neto e Antônio Carlos, que poderiam ter aplicado uma goleada no desnorteado time do MAC.
A renda do clássico somou Cr$ 44.568.000 para 4.762 pagantes. Foi a melhor arrecadação na história do "Maremoto", mas pela importância do jogo, não chegou a corresponder à expectativa dos dirigentes das duas equipes, que esperavam mais.
O árbitro foi Ulysses Tavares da Silva, com bandeirinhas de Roberval Castro e Renato Rodrigues.
O Moto com Moreira, Marinho, Ademir, Luís Cláudio e Zequinha; Ribas, João Neto e Raimundinho; Antônio Carlos, Caio e Gaúcho (Zé Roberto). O Maranhão com Juca, David, Uberaba, Valter Figueiredo e Neto; Batista, Amaral, Tica e Jânio; Neco, Bacabal e Chiquinho (Hiltinho).
A vitória sobre o Maranhão deixou o Moto Clube mais perto do que nunca do título de campeão de 1985. Mas é bom que os rubro-negros não esqueçam que casamento se desmancha até na porta da igreja e que, por conseguinte, as comemorações devem ficar para depois, para evitar surpresas.
Na realidade, o título ainda não está ganho pelo "Papão" e por isso é bom não tocar foguete antes da hora, pois alguns exemplos podem ser citados para que não haja tanta euforia. O Moto mesmo já foi vítima de uma peça pregada pelo destino, quando do 2º Torneio Maranhão/Piauí. Quem não se lembra da célebre volta olímpica dos motenses em São Luís, comemorando o título depois de uma vitória sobre um dos piauienses, enquanto que, faltando menos de cinco minutos, o MAC perdia para o River por 1x0 em Teresina? Enquanto o Moto fazia a festa, o Maranhão virava, vencia por 2x1 e tirava o pão da boca dos fabrilenses.
Esse é um dos exemplos, mas existem outros. Porém, apenas esse serve para lembrar ao Moto que o campeonato não está ganho. Pelo menos dois times estão decididamente no páreo: Sampaio e Imperatriz. Qualquer um deles tem condições de colocar ventilador na farofa dos motorizados. É claro que o Moto conseguiu 80 por cento do título, enquanto que os 20 por cento restantes estão assim divididos: Imperatriz 15 por cento e Sampaio 5 por cento.
Esses cálculos não são iguais aos das muitas pesquisas furadas feitas nas últimas eleições. Esses cálculos são baseados em números reais, números palpáveis. O Moto tem 9 pontos ganhos e mais dois para disputar, podendo chegar a um total de 11 pontos. O Sampaio tem 3 pontos e 6 a disputar, podendo chegar a 9 pontos.
Diante dos números, é fácil chegar à conclusão que, pela ordem, o caminho do Moto é bem curto, o do Imperatriz é longo e o do Sampaio mais longo ainda. Para o Moto ser definitivamente o campeão, basta empatar com o Sampaio, ou que Imperatriz e Sampaio empatem o jogo entre ambos, ou ainda que os dois (cada um) percam 1 ponto nos jogos contra o MAC. O Imperatriz, para realizar o seu sonho, terá que vencer o Sampaio e o Moto, esperar que o Moto perca para o Sampaio, para numa partida extra, vencer o "Papão" no confronto direto.
A estrada do Sampaio, também, é complicada: terá que vencer o Imperatriz, o Maranhão e o Moto, para forçar o jogo extra e tornar a vencer o Moto. É difícil para sampaínos e imperatrizenses, mas como a esperança é a última que morre, não custa nada acreditar.
Sobre o jogo de domingo: foi vergonhoso o que o árbitro Ulysses Tavares da Silva fez. Só não tomou do Moto porque não pôde, mas o que estava ao seu alcance ele fez, tanto que anulou um gol de Raimundinho, permitiu, em certos momentos, a violência e não deu um pênalti claro em cima do meia motense. Foi gritante e revoltante ao mesmo tempo, tanto que o ex-diretor de árbitros, Humberto Trovão, que assistiu ao jogo ao meu lado, deu graças a Deus por não ser mais o responsável pela escalação dos apitadores. "Ainda bem que eu não estou mais lá, senão iam dizer que eu é que tinha comprado o juiz".
O resultado negativo de domingo alijou o Maranhão Atlético Clube, que saiu da briga pelo título de 1985, agora restrito a Moto, Imperatriz e Sampaio, com maiores chances para o rubro-negro, que ficou em excelente posição.
O campeonato poderá ser decidido pela alínea A do parágrafo 1º do Artigo 5º do regulamento, que diz:
A) "Caso o empate em número de pontos ganhos na Fase Final Decisiva do Campeonato seja somente entre duas associações, haverá uma partida extra, com prorrogação e disputa de penalidades máximas, de acordo com a International Board."
O Moto está garantido, no caso de necessidade dessa partida extra. O companheiro motense pode ser o Imperatriz ou Sampaio Corrêa.
O Moto vai liderando o quadrangular final com 9 pontos ganhos, seguido por Imperatriz com 5 pontos ganhos e pelo Sampaio com 3 pontos ganhos.
O Moto pode chegar a 11 pontos, caso vença o Sampaio (o empate bastará). Se não perder para o Sampaio, com o empate ou a vitória, não será alcançado por nenhum outro concorrente.
O Imperatriz, que é o segundo colocado, ainda falta jogar com o Sampaio e o Maranhão, podendo alcançar 9 pontos ganhos. Caso vença os dois compromissos, terá que torcer para o Moto perder para o Sampaio, o que forçaria uma partida extra entre motenses e imperatrizenses para a decisão do título.
O Sampaio tem mais três jogos. Possui 3 pontos e mais 6 a disputar. Se ganhar os três compromissos (Imperatriz, Maranhão e Moto), força uma extra com o Moto para decidir o título.
O Maranhão está fora, inclusive da briga pelo título de vice-campeão.
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