quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Moto Club 0x3 Cruzeiro-MG (Reinauguração do Nhozinho Santos - Campeonato Brasileiro de 1973) - VÍDEO

O Moto chegou ao Brasileiro sem nenhum tipo de ajuda de empresas ou do Governo. Contava apenas com a ajuda de associados e os eternos abnegados, dentre eles José Pereira dos Santos. Credenciado a participar da competição e, de cara, configurar como o primeiro maranhense a disputar a elite do futebol brasileiro, o Moto Club de São Luis estreou no certame nacional contra o Cruzeiro de Minas Gerais. Diferentemente do limitado plantel que havia disputado a seletiva contra o Sampaio Corrêa, o Papão entrou para as disputas do Brasileiro com um elenco totalmente reformulado. Além de nomes como Gojoba e Laudemir, que fizeram carreira rodando por alguns clubes maranhenses, o time do Moto Clube foi dirigido no Campeonato Brasileiro de 73 pelo Holandez Leobertus – Vicensius Rack, que outrora foi um ponta-esquerda que atuou em diversos clubes brasileiro, como o Clube do Remo, Confiança e Leôncio da Bahia, Esporte Clube de Patos e União, ambos da Paraíba, CSA, CRB, Arapiraca, Campinas, Sampaio Corrêa e o próprio Moto Club.

O elenco motorizado era composto em sua gritante maioria por atletas importados: o goleiro Sousa vinha de passagens pelo futebol do Nordeste (Guarany de Sobral) e destacado-se na Ponte Preta de São Paulo; os alas Chico e Barbosa, respectivamente, vieram do Clube do Remo e do futebol amazonense; o zagueiro e capitão Marins passou pelos juvenis do Flamengo do Rio e pelo futebol peruano e paulista; Laudeni, quarto-zagueiro habilidoso, iniciou a sua carreira no Madureira e rodou por clubes do Ceará e Sergipe; Américo e Gojoba, que formavam a meia cancha do Moto, eram um dos únicos maranhenses da formação titular: Américo atuou pouco pelo nosso futebol, passando apelas pelo Ferrim, onde jogou durante sete anos; Gojoba veio do Sampaio Corrêa campeão Brasileiro no ano anterior; Vagner foi revelado pelo Corinthians paulista e havia atuado pelo Tiradentes do Piauí antes de transferir-se para o Papão; Marcos começou no juvenil do Náutico e, por indicação de Rack, veio de América de Pernambuco; Carlinhos foi contratado junto á Portuguesa carioca; Dario, maranhense de Viana, despontou para o futebol vestindo a camisa da Seleção Vianense e com passagem pelo Maranhão Atlético Clube.

O Estádio Nhozinho Santos, sob a presença de mais de 20 mil torcedores na noite do dia 26 de Agosto, viu a estréia do Papão na elite. Assistiu, na verdade, o futebol maranhense dar o pontapé para a participação dos seus clubes em grandes competições a nível nacional. Sousa; Chico, Marins, Laudemir e Barbosa; Gojoba e Américo; Vagner, Marcos, Carlinhos e Dario. Esses eram os onze elementos motorizados que estrearam na divisão principal do nosso futebol. Porém, o Cruzeiro detinha em seu elenco nomes como Dirceu Lopes, Roberto Batata e o sempre artilheiro Reinaldo. A tarefa do Papão não seria nada fácil... No jogo Moto Club x Cruzeiro, ocorreu a inauguração oficial dos novos refletores do Nhozinho Santos, além do novo sistema de irrigação. Centenas de operários da Prefeitura trabalharam apenas no arremate final e na limpeza. As vias de acesso da Praça Catulo da Paixão Cearense foram recuperadas com nova camada de asfalto. Antes do jogo, o Prefeito Haroldo Tavares, convidado pelos presidentes da Federação Maranhense de Futebol e do Moto Club, hasteou, antes do início do jogo, a bandeira do Brasil, ao som do hino nacional executado pela banda de música da Polícia Militar do Estado.

A estréia ficou muito aquém do esperado: após um 3x0 em favor do time mineiro, fora o baile, o elenco motense viu que teria muito trabalho pela frente na competição. O time era dirigido por Roberto Rack, que foi vaiado por ter apresentado um time confuso dentro de campo e sem esquema tático definido. Também, jogar contra o bicampeão mineiro, que tinha Roberto Bata, que fez dois gols no jogo, Dirceu Lopes, que fez o terceiro, o goleiro Raul, Piazza, Perfumo, que criticou o nosso futebol e a nossa gente, Nelinho, e outros nomes famosos da época, não poderia ser diferente, haja vista a vantajosa qualidade técnica dos visitantes.


FICHA DO JOGO

Moto Club 0x3 Cruzeiro/MG
Local
: Estádio Nhozinho Santos   
Data: 26 de agosto de 1973
Público: 20.158 pagantes
Renda: Cr$ 135.854,00
Juiz: Valquir Pimentel/RJ
Gols: Roberto Batata aos 34 minutos do primeiro tempo; Roberto Batata aos 29 e Dirceu Lopes aos 34 minutos do segundo tempo
Moto Club: Sousa; Chico, Marins, Laudemir e Barbosa; Gojoba e Américo; Vagner, Marcos (Canhoteiro), Carlinhos e Dario. Técnico: Roberto Rack  
Cruzeiro/MG: Raul; Nelinho, Perfumo, Darci Menezes e  Vanderley; Piazza (Baiano), Zé Carlos e Dirceu Lopes; Eduardo, Roberto Batata e Lima (Reinaldo). Técnico: Hilton Chaves

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