quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Maranhão 0x0 Vasco da Gama/RJ: Recorde de renda e público do Nhozinho Santos (1980)

Trecho extraído do livro "Salve Salve Meu Bode Gregório: a História do Maranhão Atlético Clube":

Exatas 22.004 pessoas, entre pagantes e não-pagantes. Esse foi o público total que compareceu ao Estádio Municipal Nhozinho Santos para acompanhar o jogo entre Maranhão e Vasco da Gama (RJ), válido pelo Nacional de 1980. Até então o recorde de público do Gigante da Vila Passos. Curiosamente, o recorde anterior pertencia a uma partida entre clubes maranhenses e cariocas: na estreia do Sampaio Corrêa na elite do futebol nacional, em 1974, o Municipal quebraria o recorde de público. O público registrado foi de 21.897 pagantes e a arrecadação de Cr$ 155.470,00, até àquela data, recorde de renda e público do Estádio Municipal, em jogo onde o time boliviano perdeu pelo placar de 2 a 1 para o Flamengo, que detinha em seu elenco jogadores como Dario, o lendário e folclórico Dadá Maravilha, e o eterno ídolo Zico.

A delegação do time carioca chegou â capital maranhense por volta das 13 horas da véspera da partida, sem a presença de Antônio, Pintinho, Wilsinho e Paulinho, grandes nomes da equipe cruzmaltina na época. O técnico Orlando Fantoni, contudo, confirmou uma forte equipe para a partida diante dos atleticanos. Paulinho Pereira, ex-Moto Club, foi um dos mais assediados pela imprensa e torcida no Aeroporto do Tirirical. A comitiva carioca foi recebida pelo Presidente Nicolau Duailibe e pelos assessores da FMD. O time vascaíno seguiu rapidamente para o Hotel Vila Rica.

O Maranhão tentaria a sua última cartada diante dos vascaínos, na intenção em continuar vivo nas disputas do Nacional. Porém, em função dos fracos resultados alcançados até então, a classificação no Grupo D era muito remota – a equipe computava apenas 3 pontos, na lanterna da chave. Com derrotas para o Gama, São Paulo, América (RJ) e Coritiba e nenhuma vitória, ao MAC restaria apenas cumprir um dos seus últimos compromissos e o Vasco seria uma grande atração em nossa capital. E as dificuldades atleticanas começariam na sua formação para a partida. Desfalcado de vários titulares, o treinador José Santos realizou algumas modificações na equipe, como a entrada de Antônio Carlos em lugar de Célio Rodrigues na lateral-esquerda, rejeitando a hipótese de deslocar Mendes para essa posição com Célio entrando na direita. A justificativa do treinador era o seu desejo de mexer o mínimo possível na escalação. O substituto de Jorge Santos foi o jogador Tataco, voltando à sua posição de origem (médio-volante). José Santos também confirmou Neco como o titular na ponta-direita.

A partida entre vascaínos e atleticanos era esperada com grande expectativa pelo público maranhense, sobretudo pela possível quebra de recorde de renda do Municipal, ocorrida curiosamente três dias antes do embate entre MAC e Vasco – no domingo último, 23 de Março, o empate em 1 a 1 entre Sampaio Corrêa e Moto Club, válido também pelo Campeonato Nacional, arrecadou nada menos do que Cr$ 950 mil, para um público de mais de 18 mil pagantes. Porém, a administração do estádio somente colocou à venda nas bilheterias do Municipal os ingressos para o confronto contra os cariocas no dia da partida, 26 de Março. Os dirigentes maqueanos, em vista do grande interesse pela apresentação vascaína em São Luís, desejavam que esses ingressos começassem a ser vendidos na terça, mas o administrador do estádio, Evandro Ferreira, argumentou que, por medida de segurança, não poderia atender.

O Municipal viveu uma noite de festa. Assim perfilaram as duas equipes: o Maranhão atuou com Veludo; Mendes, Paulo Fraga, Jorge Santos e Antônio Carlos; Tataco, Juarez e Naldo; Neco, Tica e Serginho; o Vasco da Gama mandou a campo Leão; Paulinho, Orlando, Ivan e Paulo César; Dudú, Guina e Jorge Mendonça; Catinha, Peribaldo e João Luís. Em campo, uma partida com um excelente primeiro tempo, decaindo um pouco na fase final em razão da própria correria empregada no início pelas duas equipes. O Vasco se ressentiu da ausência de quatro titulares, uma vez que as experiências feitas pelo treinador Orlando Fantoni não surtiram o efeito esperado. O Maranhão teve chances de chegar ao gol de Leão por duas oportunidades. Na primeira, num lançamento de Juarez, Neco tentou encobrir o arqueiro, mas não foi feliz, com a bola ficando amortecida para o zagueiro Ivan, que estava na cobertura; na segunda, novamente Neco, em outro lançamento de Juarez, com o lateral Paulo César chegando na hora precisa para prensar com o ponteiro atleticano.

O resultado de 0 a 0 foi o mais justo pelo que apresentaram as duas equipes, sempre procurando o gol, mas esbarrando na boa apresentação das defesas. O time vascaíno não realizou um futebol vistoso, capaz de envolver a equipe maranhense, que soube igualar-se dentro de campo, jogando de igual para igual, respondendo a cada ataque do clube carioca. O melhor foi a quebra de recorde de arrecadação, que alcançou a soma de Cr$ 1.246,950,00, a maior já verificada até hoje na história do futebol maranhense, não sendo maior pela falta de uma grande praça de esporte. O público também foi recorde, alcançando 22.004 espectadores pagantes, lotando completamente as dependências do Municipal. Com o resultado de 0 a 0, o Maranhão deu adeus a sua classificação na Taça de Ouro de 1980. 

FICHA DO JOGO

Maranhão 0x0 Vasco da Gama/RJ
Data:
26 de março de 1980
Local: Estádio Nhozinho Santos
Juiz: Gilson Cordeiro/PE
Público: 22.004 pagantes
Renda: não divulgada
Maranhão: Veludo, Mendes, Paulo Fraga, Jorge Santos e Antonio Carlos; Tataco, Juarez e Naldo; Neco, Tica (Alcino) e Serginho (Dejaro). Técnico: José Santos
Vasco da Gama/RJ: Leão, Paulinho, Orlando, Ivan e Paulo César; Dudú, Guina (Zé Mário) e Jorge Mendonça; Catinha, Peribaldo (Airton) e João Luís. Técnico: Orlando Fantoni

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