Pequenos fragmentos de texto extraído do livro "Almanaque do Futebol Maranhense Antigo - Clubes Menores da Capital":
MALOCA, A FAMOSA CASA DO TUPAN – O reduto tupanense foi minuciosamente pensado para ser um local que reunisse amigos, esportistas, jogadores e a classe social da nossa capital. Alguns anos antes, inclusive, houve uma frustrada tentativa em adquirir um endereço definitivo para o clube indígena – e dentro do seu próprio reduto, a Medre Deus: o Tupan quis ocupar o espaço da Sociedade Recreativa Madre Deus, famoso clube localizado à rua Afonso Celso (mais conhecida como avenida 1) para a sua sede. Sem êxito na empreitada, os dirigentes, por ironia, iriam adquirir a casa tupanense bem longe do bairro que fez nascer e crescer o simpático clube.
A nova e definitiva sede nasceu por iniciativa, dentre outros, dos abnegados João Carlos Pereira Dutra e Mário Cella, dois nomes imprescindíveis para a aquisição do terreno da sede social. Para angariar fundos, o Tupan contou com o dinheiro do próprio bolso dos dirigentes e a ajuda de alguns associados, pessoas influentes em nossa capital, como o dr. Olímpio Guimaraes e dr. Nonato (ambos membros da Receita Federal), o diretor da Cervejaria Cervamar (localizada próximo à Oleama) e outros que ajudaram na compra do terreno e também na construção da sede.
O clube lançou em agosto de 1978 a primeira série de 100 títulos patrimoniais, com o custo unitário de Cr$ 4.500,00 em duas modalidades (à vista ou a prazo). O quadro social tupanense então cresceu de forma exponencial – em 1977, o Tupan possuía apenas 57 associados efetivos, passando a 136 no ano seguinte e chegando à marca de 100 sócios proprietários e mais de 92 contribuintes. Já no segundo evento, realizado no também extinto Casino Maranhense, localizado à avenida Beira-Mar, os dirigentes iniciaram as obras no terreno. Daí em diante, com o espaço já definitivo, a diretoria levaria todas as festas tupanenses para aquele que seria a sua definitiva sede social e inclusive testemunha de outras grandiosas festas.
O amplo terreno, com 32 lotes (cada um medindo 360 m2), localizado à rua dos Acapus, Quadra 82, no final do bairro do Renascença, em uma região cercada por vastos manguezais, foi oferecido pela SURCAP (Superintendência de Urbanização da Capital, localizada à rua Portugal), na época do governo de Ivar Saldanha.
Pelo contrato, a promitente compradora teria por obrigação executar os trabalhos de urbanização da área, na conformidade da planta aprovada pela Prefeitura Municipal de São Luis. O terreno foi entregue em aproximadamente 30 dias, todo demarcado, ficando a cargo do Tupan, na época oportuna, o pagamento das taxas e demais atributos sobre o imóvel e benfeitorias que pudessem ocorrer no local, bem como o cumprimento de todas as exigências sanitárias e de postura das autoridades federais, estaduais e municipais. A diretoria indígena ainda fez questão de a SURCAP colocar no contrato de compra a proibição de venda do espaço: “o promitente comprador não poderá, sem expresso consentimento da promitente vendedora, transferir o domínio útil do imóvel [...], o qual ficará reservado exclusivamente à construção do complexo esportivo, [...] sendo que, em caso de ser dado outro destino ao imóvel referido, que não o constante do presente contrato, o mesmo retornará à propriedade do promitente vendedor”.
Com as obras finais em fase de conclusão, o Tupan viu o número de associados dar um grande salto [...]. Em menos de um mês a diretoria conseguiu vender cerca de 20 títulos, que custava Cr$ 8 mil. [...] a sede social do clube, com seu amplo salão de dança, organizava periodicamente serestas, o famoso samba que rolava às sextas e os inesquecíveis bailes de carnaval (vale destacar que logo após a compra do terreno, o clube também angariou fundos via festas para iniciar as obras de aterramento do espaço, tomado pelos manguezais).
E foi durante a folia de momo, no dia 15 de janeiro de 1980, que a Sociedade Esportiva Tupan deu vida à sua sede social, carinhosamente batizada pelo professor Mário Cella como Maloca (mais sugestivo, impossível, diga-se de passagem)
Antes da festa, o presidente Dutra passou, no dia 24 de janeiro, o cargo a Mário Cella, fechando o seu ciclo de dois anos à frente da direção, após excelente trabalho e cumprindo exatamente o que prometeu, que foi a aquisição da sede própria e construída em tempo recorde (em 1979, sob a sua gestão, o Tupan gastou nada menos que Cr$ 1.162.305,79, o dobro do montante registrado no ano anterior, muito pela aquisição do terreno e conclusão das obras). A solenidade de troca de comando ainda marcou o reaparecimento do Grupo de Apoio ao Tupan, que voltava a trabalhar em conjunto com a diretoria, como aconteceu em 1976 e 1977.
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