Trecho extraído do livro "Memória Rubro-Negra: de Moto Club a Eterno Papão do Norte", lançado em setembro de 2012.
Jogador do Moto antes da partida. Ao fundo, as arquibancadas do Santa Izabel
Arrasador, humilhante, impiedoso! Se pudesse selecionar e destacar três adjetivos para designar o Moto Club em campo contra a Tuna Luso, em amistoso realizado em Abril de 1947, escolheria essas três simples, mas muito significativas palavras para retratar o que foi o rubro-negro contra o fraco representante paraense. Sobre a Tuna Luso, uma menção, a título de curiosidade: o clube foi fundado oficialmente como Tuna Luso Caixeiral, pois os membros que fundaram essa agremiação trabalhavam como vendedores viajantes, chamados de caixeiros. Manuel Nunes da Silva, o líder dos caixeiros, teve a idéia de fundar o grupo quando da visita do cruzador português Dom Carlos à cidade de Belém do Pará. Essa denominação foi utilizada até 1937, quando o clube passou a designar-se Tuna Luso Comercial. Atualmente, o clube ostenta a alcunha de Tuna Luso Brasileira.
Nessa época o rubro-negro já era o maior e mais temido clube do nosso futebol. Tricampeão Maranhense (1944/45/46) e que chegaria ao tetra nesse ano, o clube formou, inclusive, a base da Seleção Maranhense de 1946, que ganhou o Campeonato Brasileiro de Seleções pela região Norte. A base do Moto Club era formada pelo que havia de melhor em nosso Estado, como o brilhante goleiro Rui e o rápido e habilidoso atacante Pepê, um dos grandes nomes do nosso futebol e um dos primeiros ídolos na história do rubro-negro. Contra a Tuna, o Moto Clube ostentava uma pequena invencibilidade, pois em dois jogos contra a equipe tunante, o time maranhense havia conquistados dois excelentes resultados: um sonoro 3x0 em 1945, em São Luis, e um empate, no ano seguinte, em Belém do Pará. A partida amistosa em 1947 era a chance de coroar a invencibilidade e aumentar os números no confronto contra os paraenses.
A Tuna Luso, que em 1947 estava em excursão por São Luis, realizaria três partidas amistosas. Antes de enfrentar o Moto, o representante marajoara apenas empatou com o Maranhão Atlético Clube em 2x2 e perdeu para o Sampaio Corrêa pelo placar de 2x1. O confronto contra o elenco motorizado era de grande importância para lavar a honra do futebol de Belém. Para a Tuna, vencer o Moto Club seria um dos maiores cartazes dos últimos tempos. Até aquela data, o seu maior rival, o Clube do Remo, não conseguiu vencer o Moto (o mesmo acontecendo quando o rubro-negro esteve na capital paraense, pois lá, na casa do adversário, o rubro-negro obteve uma vitória espetacular pelo placar de 4x1, em Agosto de 1946, em pleno Estádio Antônio Baena, o Baenão). Esse era o principal motivo pelo qual a Tuna se esforça no sentido de sair de São Luis com o cartaz de ter sido o único clube de Belém que teve a audácia de vencer o Moto Club dentro dos seus próprios domínios. Para o time paraense, a partida frente ao Moto Clube é decisiva sob diversos aspectos. Decisiva para o balanço da temporada, porque se cair frente ao ‘papão’ da Fabril, a Tuna conseqüentemente perdeu a temporada, pois não conseguirá levar desta capital uma vitória sequer.
O jogo foi realizado no dia 27 de Abril de 1947, no Estádio Santa Isabel. Após um sonoro 7x1, fora o baile rubro-negro, os paraenses tiveram a certeza de tamanha heresia que proferiram em ousar vencer o Moto Club dentro dos seus domínios. Sob a arbitragem do maranhense Ferreira Novaes, grande desportista da nossa cidade, o Moto levou a campo contra os paraenses o que tinha de melhor: Rui; Santiago e Carapuça; Sandoval, Frázio e Pretinha; Mosquito, Valentim, Galego, Jaime e Zuza, este último autor de quatro tentos na partida. O rubro-negro estrearia dois novos contratados: Pretinha e Dagmar. O primeiro veio do futebol pernambucano e o outro de Minas Gerais. Já a equipe paraense chegou à capital maranhense com grande “cartaz”, pois apresentava nada menos do que cinco atletas na Seleção Paraense que havia disputado o último Campeonato Brasileiro de Seleções no ano anterior: Dodó, Bereco, Biroba, Damasceno e Teixeirinhas, velhos conhecidos do torcedor maranhense (todos estiveram presentes no confronto entre a nossa seleção e o representante do Pará naquela ocasião). O jornal O Globo noticiou sobre o elástico resultado, a inusitada atitude de César Aboud, numa espécie de Fair Play, e, mais inusitado ainda, da própria torcida rubro-negra, durante exatos 30 minutos da fase complementar: houve um verdadeiro carnaval. O Moto estava com o ‘placard’ construído. Tivemos a impressão de que César mandara parar a goleada. A própria assistência gritava: ‘Já chega!’. E por isso os rubro-negros começaram a brincar. A bola ia de pé a outro dos jogadores motenses. Chegavam até a linha perigosa dos paraenses, para depois recuarem, fazendo jogo para os ‘halfs’.
A recomendação dos motenses foi para que os jogadores não passassem se seis gols, uma vez que até esse número, foram considerados gols casuais. Valentim, contudo, ainda não estava satisfeito. Resolveu desrespeitar as ordens de César e, depois de furar a defesa adversária, numa jogada pessoal, marcou o sétimo tento. Quando ele viu a meta à sua frente, chutou em direção ao goleiro da Tuna, que pulou em frente à bola e esta passou entre as suas pernas. 7x0! Acusava o marcador. A própria assistência já pedia um tento de honra para a Tuna.
A própria torcida motense já premeditara aquele desfecho. Nunca se viu uma bateria de foguetes tão intensa como naquela de domingo à tarde. Foi ensurdecedor o foguetório que, de certo modo, contribuiu para mexer com os nervos dos visitantes. A indelével goleada sobre o representante paraense constava como a única na história do confronto entre rubro-negros e tunantes.
Nessa época o rubro-negro já era o maior e mais temido clube do nosso futebol. Tricampeão Maranhense (1944/45/46) e que chegaria ao tetra nesse ano, o clube formou, inclusive, a base da Seleção Maranhense de 1946, que ganhou o Campeonato Brasileiro de Seleções pela região Norte. A base do Moto Club era formada pelo que havia de melhor em nosso Estado, como o brilhante goleiro Rui e o rápido e habilidoso atacante Pepê, um dos grandes nomes do nosso futebol e um dos primeiros ídolos na história do rubro-negro. Contra a Tuna, o Moto Clube ostentava uma pequena invencibilidade, pois em dois jogos contra a equipe tunante, o time maranhense havia conquistados dois excelentes resultados: um sonoro 3x0 em 1945, em São Luis, e um empate, no ano seguinte, em Belém do Pará. A partida amistosa em 1947 era a chance de coroar a invencibilidade e aumentar os números no confronto contra os paraenses.
A Tuna Luso, que em 1947 estava em excursão por São Luis, realizaria três partidas amistosas. Antes de enfrentar o Moto, o representante marajoara apenas empatou com o Maranhão Atlético Clube em 2x2 e perdeu para o Sampaio Corrêa pelo placar de 2x1. O confronto contra o elenco motorizado era de grande importância para lavar a honra do futebol de Belém. Para a Tuna, vencer o Moto Club seria um dos maiores cartazes dos últimos tempos. Até aquela data, o seu maior rival, o Clube do Remo, não conseguiu vencer o Moto (o mesmo acontecendo quando o rubro-negro esteve na capital paraense, pois lá, na casa do adversário, o rubro-negro obteve uma vitória espetacular pelo placar de 4x1, em Agosto de 1946, em pleno Estádio Antônio Baena, o Baenão). Esse era o principal motivo pelo qual a Tuna se esforça no sentido de sair de São Luis com o cartaz de ter sido o único clube de Belém que teve a audácia de vencer o Moto Club dentro dos seus próprios domínios. Para o time paraense, a partida frente ao Moto Clube é decisiva sob diversos aspectos. Decisiva para o balanço da temporada, porque se cair frente ao ‘papão’ da Fabril, a Tuna conseqüentemente perdeu a temporada, pois não conseguirá levar desta capital uma vitória sequer.
O jogo foi realizado no dia 27 de Abril de 1947, no Estádio Santa Isabel. Após um sonoro 7x1, fora o baile rubro-negro, os paraenses tiveram a certeza de tamanha heresia que proferiram em ousar vencer o Moto Club dentro dos seus domínios. Sob a arbitragem do maranhense Ferreira Novaes, grande desportista da nossa cidade, o Moto levou a campo contra os paraenses o que tinha de melhor: Rui; Santiago e Carapuça; Sandoval, Frázio e Pretinha; Mosquito, Valentim, Galego, Jaime e Zuza, este último autor de quatro tentos na partida. O rubro-negro estrearia dois novos contratados: Pretinha e Dagmar. O primeiro veio do futebol pernambucano e o outro de Minas Gerais. Já a equipe paraense chegou à capital maranhense com grande “cartaz”, pois apresentava nada menos do que cinco atletas na Seleção Paraense que havia disputado o último Campeonato Brasileiro de Seleções no ano anterior: Dodó, Bereco, Biroba, Damasceno e Teixeirinhas, velhos conhecidos do torcedor maranhense (todos estiveram presentes no confronto entre a nossa seleção e o representante do Pará naquela ocasião). O jornal O Globo noticiou sobre o elástico resultado, a inusitada atitude de César Aboud, numa espécie de Fair Play, e, mais inusitado ainda, da própria torcida rubro-negra, durante exatos 30 minutos da fase complementar: houve um verdadeiro carnaval. O Moto estava com o ‘placard’ construído. Tivemos a impressão de que César mandara parar a goleada. A própria assistência gritava: ‘Já chega!’. E por isso os rubro-negros começaram a brincar. A bola ia de pé a outro dos jogadores motenses. Chegavam até a linha perigosa dos paraenses, para depois recuarem, fazendo jogo para os ‘halfs’.
A recomendação dos motenses foi para que os jogadores não passassem se seis gols, uma vez que até esse número, foram considerados gols casuais. Valentim, contudo, ainda não estava satisfeito. Resolveu desrespeitar as ordens de César e, depois de furar a defesa adversária, numa jogada pessoal, marcou o sétimo tento. Quando ele viu a meta à sua frente, chutou em direção ao goleiro da Tuna, que pulou em frente à bola e esta passou entre as suas pernas. 7x0! Acusava o marcador. A própria assistência já pedia um tento de honra para a Tuna.
A própria torcida motense já premeditara aquele desfecho. Nunca se viu uma bateria de foguetes tão intensa como naquela de domingo à tarde. Foi ensurdecedor o foguetório que, de certo modo, contribuiu para mexer com os nervos dos visitantes. A indelével goleada sobre o representante paraense constava como a única na história do confronto entre rubro-negros e tunantes.
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