quinta-feira, 18 de julho de 2013

Esmagado, coringa do futebol

Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão.

Esmagado nasceu Osmário de Ribamar Raposo. Foi um dos grandes laterais e meia-esquerda que o futebol do Maranhão teve na década de 50 e 60 como profissional, principalmente do ferroviário e Moto. Quando estava com 10 anos de idade, Osmário já jogava bola na Quinta do Macacão, a lado de Canhoteiro, Denizar Almeida, Celso Coutinho, Wady, Ferreira Goulart, Celso e Ribamar Fiquene e João do Vale. Era difícil um não ter apelido. O poeta Ferreira Goulart, chamado por todos de “Periquito”, inconformado, resolveu dar o troco. Quando um caminhão descarregava palha de arroz na quinta, o motorista chamou atenção de Osmário. Que ele tomasse cuidado senão ia ser “esmagado” pelo carro e sufocado pela palha. Osmário passou a ser chamado “Esmagado”. Como não gostou, ai mesmo é que o apelido pegou, tanto que até hoje todo mundo, até a família, o chama assim.

Com 13 anos, Esmagado foi treinar no infantil do Moto com o técnico Nêgo Luz, no estádio Santa Izabel. Com 15 anos, já estava jogando pelo Flamengo do Tabocal. Esse campo ficava na Rua do Outeiro, entre a Kenedy e o Apicum. Celeiro de craques, o Tabocal tinha uma liga forte, que contava com cerca de 15 times. No jogos de sábado e domingo o lugar “ficava lotado”, como ele mesmo lembra.

Esmagado na Seleção Maranhense

Esmagado, com 17 anos, só foi usar chuteiras por um acaso. No torneio amador disputado no campo do Moto, o Tupi, do técnico Jafé Mendes Nunes, só estava com dez jogadores. Pediram para Esmagado completar a equipe e deram para ele calçar uma chuteira número 40, quando o seu número era 37. A instrução foi que ele marcasse Zé Maria, do General Sampaio. “Não deixei ele pegar na bola”, relembra, satisfeito com a missão cumprida. Ainda enfrentou o Santelmo, ais terminou largando tudo para servir o Quartel. Voltou aos campos com o General Sampaio, o famoso “Fantasma do João Paulo”. Dividia o meio de campo com Laxinha.

Atleta raçudo, técnico, que jogava com determinação nas principais colocações que os treinadores determinavam, não poderia ficar de fora da principal equipe estadual, a Seleção Maranhense. Em 1953, Esmagado recebeu a sua primeira convocação. Al lado dele estaria nomes com Walber Penha, Marronzinho, Ivan, Cabelo Duro, Mozart, Arel e Reginaldo. A participação do time não foi essas coisas. Venceu o Piau[i, mas foi barrada pela temida seleção cearense.

Já funcionário da Secretaria de Educação do Estado, Esmagado deu baixa no Quartel e imediatamente foi procurado por vários clubes. Se separava do amigo Laxinha, que foi para o MAC. Ele mesmo preferiu o Ferroviário, “porque pagava bem”. Assumiu primeiramente a lateral-direita e só depois, com a entrada de Ribeiro, foi para a lateral-esquerda do Ferrim. Ficou lá de 54 a 58. Pentacampeão de Torneios Inícios, foi bicampeão estadual em 57 e 58 e ainda participou da primeira Taça Brasil.

 Esmagado ao lado do craque Hamilton, em 1958

 Laxinha e Esmagado, em Belém

 Nélio, Ribeiro, Terrível, Walber Penha, Cabeça e Esmagado na Seleção Maranhense de 1958

Jogo Moto Club x São Paulo, em 1963, estavam os amigos Esmagado, Ananias, Bacabal, Canhoteiro, Salomão Mattar e Nagib Haickel

Na decisão do Estadual de 57 contra o Sampaio, em fato marcou Esmagado: como os protões foram abertos para a festa Tricolor, o Ferrim não tinha nem como chegar ao campo. Preocupados com a possibilidade de levarem pedradas ou “foguetadas”, os jogadores resolveram entrar junto com o Sampaio. “Não deu outra. Eles não puderam fazer nada com a gente”, conta Esmagado, ainda com um sorriso nos lábios pela esperteza do time. De resto, foi a festa do Ferrim, que perdendo por 1 a 0, deu um “baile” no segundo tempo, com gols de Ribeiro (passe de Esmagado, como fez questão de frisar), Hamilton e Santos (de pênalti). Vitória por 3x1.

Em 59 Esmagado mostrou o seu futebol no Moto. Os resultados não podiam ser melhores: chegou a ser campeão, repetindo a dose em 60. Nessa época, integrou as seleções estaduais, que tinham no gol Bacabal e Espanhol e na linha craques como Baezinho, Baezão, Matuto, Terrível, Bernardino, Esmagado, Laxinha, Gojoba, Ananias, Zezico, Nabor, Neto, Garrinchinha, Casquinha, dentre outros. Esmagado ficou no Moto até 63. Continuando no futebol, jogou ainda no Nacional, Ícaro (da base aérea), Graça Aranha e Vitória do Mat. Quando resolveu parar de jogar, foi ser técnico do Vitória, Expressinho e das Seleções dos municípios de Iactu, Morros, Peri-mirim, Pindaré e Coroatá; Passou a trabalhar com as escolinhas da Sedel e fundou o time de futebol feminino da Aurora.

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