domingo, 28 de julho de 2013

A história do jogador Garrinchinha

Garrinchinha era o jovem José Domingos Lopes Matos, nascido em 12 de Dezembro de 1937. Era filho de Dona Maria Pereira Lopes e José Calazans Lopes, na época residentes à Rua Diogo Tavares, 16, no Bairro da Floresta. Desde pequeno, Garrinchinha sempre jogou de uma "pelada" e na Campina, vivia grande parte do seu dia. Vendo que o garoto não ligava para os estudos, o sr José Calazans conseguiu que seu filho para a Escola de Pesca em Marambaia, em 1949. Chegando na tal República, o jovem maranhense, mostrando aptidão com a bola, logo ingressou no Nacional, agremiação pertencente ao Departamento Autônomo e por onde jogou até Sembro de 1957. Antes, porém, atuou no amador do Ipiranga. Por intermédio de um olheiro do Botafogo, foi convidado a ir fazer em teste em General Severiano, tendo acertado e agradado, passando a integrar a equipe aspirante do alvinegro. Em princípios de 1958, Garrinchinha melhorou consideravelmente de produção e o técnico João Saldanha passou a integrá-lo no quatro principal, como substituto do ídolo Garrincha e recebendo mensalmeente a importância de 10 mil cruzeiros, estando preso ao alvinegro, na época, até o dia 21 de Maio de 1959.

Sobre o apelido, o jogador havia explicado que o nome surgiu não apenas por ele ser o reserva do seu xará famoso, como também possuir ligeiro defeito na perna. Garrinchinha tinha sérias pretensões na vida esportiva e, já desde aquele ano, 1958, sonhava em integrar o quadro da Seleção Maranhense de Futebol. Após o alvinegro, Garrinchinha jogou no Sporte (PE), América (PE), Moto Club e Ferroviário (MA). Jogou no Papão do Norte na década de 1960, após uma confusão no Rio de Janeiro onde Garrinchinha, supostamente, havia se envolvido em um homicídio. Quando atuava pelo Sport, o craque esteve em São Luis com a equipe pernambucana e logo assinou com o Moto Club, onde praticamente encerrou a sua carreira. Foi ainda treinador do Maranhão Atlético Club e do próprio Moto. Faleceu na década de 1990. Sobre o seu falecimento, assim foi noticiado em 1990, em jornais:

"Decorridos cinco dias da morte do ponta-direita Garrinchinha, ex-jogador do Moto, Botafogo, Sport e Seleção Maranhense, o fato ainda repercute pela maneira brutal como aconteceu. Perdeu o Maranhão um desportistas que soube muito bem representar o Estado lá fora, que deu alegrias ao Moto na grande fase de Papão do Norte e à Seleção Maranhense, considerada uma das melhores da região para a década de 70. Enquanto isso, o assassino até ontem continuava solto, como se nada tivesse acontecido.

José Domingos Lopes de Matos (Garrinchinha), maranhense de Rosário, começou sua carreira nas divisões inferiores do Botafogo, onde chegou à condição de reserva do famoso Mané Garrincha, ponta-direita de maior projeção mundial em todos os tempos. Disputou muitas partidas pelo alvinegro carioca, ao lado de Didi, Paulinho Valentim e Quarentinha, em 1958. Atuou também no América-RJ, no Moto e no Sport de Recife. Ao abandonar o futebol, dedicou-se à carreira de treinador, dirigindo o Imperatriz, Expressinho e Maranhão Atlético Clube. Funcionário da Marinha no Rio de Janeiro, veio a São Luis buscar sua documentação para aposentadoria.

Ribeiro, lateral-direito, um dos melhores da sua posição na década de 60, lembra-se muito bem da Seleção Maranhense de 62 que reunia grandes craques e que tinham Garrinchinha o titular da camisa 7. Bacabal; Ribeiro, Negão Omena e Português, Gojoba e Ananias; Garrinchinha, Hamilton, Croinha e Jouber. “Lembro-me ainda da esperteza de Garrinchinha. Ele dizia mais ou menos assim: Ribeiro, lança pra mim, encosta na tabela que vamos matar o nosso “conterra”, referindo-se ao lateral-esquerdo Carneiro, seu marcador. E como a coisa funcionou bem na última partida. Ele era um jogador rápido, driblador, com cruzamentos sob medida para os atacantes. Suas pernas faziam lembrar muito bem a Mané Garrincha, daí porque ganhou esse apelido de Garrinchinha, acredito também que, pelo estilo de jogo que ele adotava”.

Ribeiro mostrou-se surpreso quando soube da morte de Garrinchinha, pois sempre o considerou uma pessoa simples, pacata, um cidadão de bem. “Era acima de todo o companheiro exemplar de todas as horas. Brincalhão, mas respeitador. Não quis acreditar quando soube do seu assassinato. Fiquei me perguntando várias horas quais os motivos que o criminoso teve para tirar a vida de Garrinchinha, mesmo sabendo que ninguém tem o direito de tirar a vida do seu semelhante. E como todos que o conhecia certamente estão até hoje querendo saber porque isso aconteceu, logo com ele, que tenho certeza, não merecia tanto. Perdeu o Maranhão um grande desportista, uma pessoa que soube muito bem nos representar aqui e lá fora. Só nos resta esperar que a justiça agora cumpra seu papel”.

Para Dejard Ramos Martins, jornalista, pesquisador e autor do livro “Um Mergulho no Tempo”, a morte de Garrinchinha foi uma grande perda para o nosso futebol. “Ele saiu de Rosário como ilustre desconhecido e quando reapareceu aqui foi como jogador do Botafogo. Jogou até de ponta-esquerda. No futebol, se notabilizou pela categoria que tinham como jogador de ataque, de muita habilidade, sem, contudo, seu futebol pudesse se aproximar de Mané Garrincha, indiscutivelmente o maior gênio da bola, que apenas não teve cabeça para continuar brilhando por mais tempo, lamentavelmente.


Dejard lamenta a maneira como Garrinchinha desapareceu, pois considera que ele ainda poderia ser muito útil ao nosso futebol, contribuindo com seus ensinamentos à nova geração, de muitas coisas que aprendeu na sua brilhante carreira de atleta profissional. “Lamentável, sob todos os aspectos, a maneira como Garrinchinha desapareceu, de forma violenta. Com sua experiência, poderia prestar bons serviços aos nossos clubes, orientando e ensinando-lhes muitas coisas que aprendeu em centros mais adiantados”.

Garrinchinha

 Ao lado de craques, como Hamilton e Croinha

Na Seleção Maranhense, é o primeiro agachado

7 comentários:

  1. Olá, Hugo.
    Recentemente fiz uma postagem no 'DataFogo', blog alvinegro do qual sou editor, sobre os jogadores maranhenses que atuaram pelo Botafogo.
    E mais recentemente ainda, verifiquei esta matéria publicada no seu blog sobre o Garrinchinha.
    Aqui pude ter acesso à data de nascimento e à cidade natal do mesmo, acrescentando então estas informações à postagem que fiz, naturalmente mencionando o link respectivo do 'Futebol Maranhense Antigo'.
    Mas você teria a data exata do falecimento deste ex-jogador?
    Bom, quando tiver um tempinho, dê uma passada pela citada publicação do 'DataFogo': http://datafogo.blogspot.com.br/2016/02/jogadores-maranhenses-no-botafogo.html

    Saudações esportivas do
    Claudio Falcão

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    1. Moro próximo a família dele conheço os netos dele e os filhos

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  2. Ele em 68 jogou no Central de Barra do Pirai RJ.

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  3. Faltou citar a passagem de GARRINCHINHA pelo fortaleza em 1969.

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  4. Meu pai, excelente jogador de futebol, na época em que se jogava por amor a arte do futebol, sem contratos milionários,sem tanto glamour mas com muita garra e amor.

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