terça-feira, 26 de agosto de 2014

Verandy Nascimento Fontes

 
Matéria de Edivaldo Pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão, 08 de Abril de 2002
 
 Verandy (ao centro) apitou em 1989 o VX Copão da Amazônia em Porto Velho/RO, auxiliado por Zé Maria Dias do Pará (esquerda) e Jefferson (Acre)
 
Verandy Fontes era um comerciante que queria ser aviador. Terminou se envolvendo com a arbitragem de futebol. Ficou famoso como bandeirinha. Viajou por vários Estados brasileiros trabalhando em competições nacionais. Adquiriu respeito de atletas, dirigentes e de colegas de profissões. Hoje acompanha o esporte de longe. Reconhece que em termos de popularidade muito deve a essa profissão que desenvolveu paralelamente ao comércio.

Nada é por acaso. Mas de formos analisar a vida de Verandy Nascimento Fontes, não era para ele ter se envolvido com o futebol. Criado dentro dos preceitos da Igreja Adventista do Sétimo Dia, não teve liberdade para jogar bola, assistir jogos e viver o esporte como qualquer outro garoto. Somente quando já estava com 22 anos de idade é que resolveu fundar junto com os amigos o Atlântico Futebol Clube para jogar no Bairro São Cristóvão, em São Luís. “Eu jogava de lateral-esquerdo ou zagueiro”, conta. O irmão Jeremias acrescenta: “Ele quebrava o galho, afinal foi jogar depois de adulto”.

PILOTO DE AVIÃO – Com 27 anos resolveu ser piloto da aviação privada. Passou a frequentar o Aeroclube do Maranhão, que funcionava sem avião. Ele e outros companheiros foram conseguindo estruturar a instituição, que passou a ter uma aeronave para aulas e testes. Chegou a ser tesoureiro por dois anos.

Já em 1979 virava proprietário de um comércio de autopeças. A paixão pela aviação continuava. Obteve o brevet, uma carteira de habilitação para pilotar avião. Um fato interessante aconteceu às vésperas do “cheque” (teste). “Eu estava pilotando o avião do aeroclube quando aconteceu um incidente em São Luís. Por causa de uma corrente de ar, o avião planou (virou). Ainda bem que nada aconteceu. Apesar do susto, no dia seguinte fui para Belém, fiz o teste para tirar o brevet e passei”.

E agora, se perguntava Verandy, valeria a pena reiniciar a vida numa profissão incerta e de investimento alto para um iniciante? “Continuar com a aviação seria caro e demandaria tempo. Muitos amigos seguiram carreira. Eu resolvi fica mesmo no comércio”.

FUTEBO POR ACASO. A Federação Maranhense de Futebol (FMD), administrada por Olímpio Guimarães em 1975/76, promoveu um curso para a formação de novos árbitros, ministrado pelo veterano Wilson de Moraes Van Lume (já falecido). Verandy Fontes participou e foi aprovado, mas não nos primeiros lugares. Ficou vinculado à FMD apitando jogos de categoria amadora por quatro anos. Por volta de 1983 veio a primeira partida como profissional, entre Vitória do Mar e Boa Vontade. Uma oportunidade que serviu para dar confiança.

Do Campeonato Maranhense para competições interestaduais foi um pulo. O árbitro Josenil Sousa indicou o nome de Verandy Fontes para o teste a ser coordenado pela Comissão Brasileira de Arbitragem de Futebol – Cobraf. A partir daí ele passou a fazer parte do seleto time de árbitros do quadro nacional. “Meu primeiro trabalho foi em Manaus/AM, auxiliando Nacor Arouche, ei com a bandeira amarela e Sérgio Faray com a vermelha”.

Esse trabalho marcou por causa de um fato ocorrido em campo e que ele nos conta. O famoso centroavante Dadá Maravilha estava jogando pelo Nacional de Manaus. “Dadá chutou uma bola para o gol, o zagueiro foi desviar e a bola entrou. O centroavante correu para o Nacor e pediu pelo amor de Deus para que na súmula constasse gol dele e não gol contra do zagueiro. Nacor atendeu a esse pedido. Tempos depois, a Cobraf passou a orientar para, nesses casos, o árbitro realmente dar o gol para o time que ataca, porque um zagueiro jamais terá a intenção de marcar um gol contra o seu próprio time”.

FIRME NA BANDEIRA – Com um ótimo preparo físico, visão de campo e tranquilo na hora de tomar decisões, era natural que as oportunidades fossem urgindo e viagens também, principalmente depois que Domingos Leal foi ser vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol e José Alberto Geografia assumiu a Cobraf.

Algumas partidas ele lembra como se fosse hoje, como Palmeiras x Corinthians no Estádio Pacaembu, em 25 de Outubro de 1987. O jogo teve como árbitro principal o maranhense Lecílio Estrela, auxiliado por Edjan de Jesus e Verandy Fontes. Terminou em 0x0. Verandy na bandeira amarela chegou a anular um gol impedido do ataque corintiano. “Recebi elogios pela coragem. Realmente houve impedimento. O mestre Van Lume me ligou paa dar os parabéns, oque me deixou satisfeito pelo dever cumprido”.

Outro interestadual famoso que participou foi a decisão do Campeonato Brasileiro de 1987, entre Sport Recife/PE e Guarani de Campinas. Árbitro principal, Josenil Sousa foi auxiliado por Lercílio Estrela e Verandy Fontes. Na decisão por pênaltis, foram efetuadas 26 cobranças. Mesmo sem ter tido um vencedor, o Sport foi considerado campeão brasileiro.

Envolveu-se em polêmicas também como árbitro principal. “Apitei num sábado à noite um clássico Sampaio Corrêa e Maranhão. O falecido zagueiro Rosclin deu um soquinho na bola quase imperceptível. Marquei pênalti. Os profissionais da imprensa, inclusive, ficaram até a terça me malhando. Só pararam depois que Juracy Vieira veio a público reconhecer que eu estava correto e que realmente havia sido pênalti. “Ele comprovou após assistir a fita de vídeo do jogo. Fiquei surpreso com essa qualidade de Juracy Vieira e passei a respeitá-lo muito mais”.

Em 1993 Verandy Fontes parou de ser árbitro do quadro nacional por causa da idade (45 anos) Continuou no futebol maranhense até 1997, completando 21 anos de arbitragem.
 
 

Um comentário:

  1. Sou filho desse fera, vi alguns dirigentes de futebol quererem intimidado, mas nunca baixou a cabeça. Entrou no futebol limpo, e saiu limpo...

    ResponderExcluir