segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Fechamento do Estádio Santa Izabel



Considerado por muitos torcedores antigos como o mais "charmoso" estádio de futebol antigo do nosso Estado, o velho Santa Izabel fez parte da vida de muita gente, incluindo torcedores, dirigentes e desportistas em geral. O campo, localizado onde hoje funciona a Igreja Universal e o colégio CEGEL, na Fabril, foi o primeiro na história do futebol praticado em São Luís. Construído na época da também já extinta Fábrica de Tecidos Santa Izabel, o campo pertencera à família de Nhozinho Santos, em princípios da década de 10, e foi construído para a prática do recém implantado futebol em nossa cidade. Após quase sete décadas, o Estádio foi leiloado para pagamento de funcionários da antiga fábrica. Abaixo, deixo algumas transcrições de jornais sobre o leilão e fechamento em definitivo do campo que, se nunca houve um registro em áudio ou vídeo, ficou para sempre na memória dos desportistas mais antigos do nosso futebol. Intercalando, deixo também algumas fotos do estádio.

Ameaçado de ser loteado o Santa Izabel
Jornal O Imparcial, 04 de Maio de 1969

A Assembleia Geral da Fábrica Santa Izabel, reunida no último dia 27, decidiu lotear a área do Estádio Santa Izabel, cuja planta já foi elaborada constando de 66 lotes e devidamente aprovada pela Prefeitura Municipal. A notícia causou inquietação nos meios esportivos, notadamente junto às autoridades da FMD e dos dirigentes dos clubes, pois o Santa Izabel, mesmo sem condições ideais para a prática do futebol, vem servindo muito aos clubes que treinam diariamente naquele local e utilizado pelas equipes do futebol amadorista.

REUNIÃO – Tomando conhecimento do assunto, os dirigentes do nosso futebol procuraram um contato com a admiração da Fábrica e ontem estiveram reunidos com o dr. William José Nagem, diretor-presidente da empresa, que fez uma longa explicação. De início apresentou a planta do loteamento, explicando ao mesmo tempo que reconheceu a importância do Estádio no desenvolvimento do nosso desporto e acrescentou que as ponderações dos dirigentes são realmente justas e por este motivo resolveu levar o problema ao conhecimento do Governador José Sarney. Disse ainda o presidente da Fábrica que a ajuda do governo para a aquisição do Estádio pode ser a solução para evitar o loteamento, mas que sem ajuda ou interferência das autoridades estaduais ou municipais, o Estádio será fatalmente loteado.

PROVIDÊNCIAS – Após a reunião com o presidente do Santa Izabel, ficou organizada uma comissão composta dos desportistas Dejard Martins, Ronald Carvalho e Walmir Oliveira, para elaborar um plano que será levado na próxima semana ao Governador do Estado, constando das reivindicações dos dirigentes e desportistas e ao mesmo tempo explicando da necessidade do Estádio para o desenvolvimento do nosso desporto.

ESPERANÇA – Os desportistas, dirigentes, torcedores e integrantes de clubes amadoristas e profissionais passaram a acompanhar com interesse o desenrolar dos acontecimentos, na expectativa de que o chefe do executivo dê uma solução favorável ao Esporte do nosso Estado, já tão sacrificado. As esperanças dos desportistas estão depositadas no Governador José Sarney.

 Momentos áureos do campo, com a disputa do Torneio Intermunicipal

Leilão do Santa Izabel movimenta empresários
Jornal O Estado do Maranhão, 12 de Dezembro de 1973

Está confirmado para o próximo dia 18, às 11 horas, na Junta de Conciliação e Julgamento de São Luís, o leilão do Estádio Santa Izabel, antigo campo do Moto Club, a fim de que o dinheiro a ser arrecadado seja para pagar mais de 300 empregados da Fábrica de Tecidos Santa Izabel, que desde o ano de 1970 estão à espera da indenização que tem direito. A área a ser leiloada mede 18.218,25 metros quadrados e foi avalizada em Cr$ 950.912,50 e o licitante vencedor terá que, no ato, dar o sinal de 20% e o restante do dinheiro nas 24 horas seguintes. Caso no dia marcado o leilão não se realize, o mesmo será feito posteriormente pelo leiloeiro do Estado. Sabe-se, por outro lado, que várias firmas já se mostraram interessadas em adquirir a área, dente elas uma poderosa organização do sul do país, que pretende construir um hipermercado.

 Jogos do Campeonato Amadorista

 Detalhe das arquibancadas

Santa Izabel fecha definitivamente
Jornal O Estado do Maranhão, 09 de Agosto de 1974

Há alguns anos vem sendo protelado o fechamento do Estádio Santa Izabel, mas agora os dias do velho estádio da Fabril parecerem definitivamente contados, pois a própria Federação, que há cerca de cinco anos vem sendo arrendatária do campo de futebol, se decidiu pela suspensão das suas atividades naquele local, considerando o momento totalmente impraticável para o futebol. O Presidente da Federação resolveu dar uma solução definitiva ao problema a partir da próxima semana e neste sentido está tentando conseguir da Prefeitura um local para construir um campo de futebol para ser utilizado nos jogos do Campeonato Amador. O local pretendido pela Federação é no Outeiro da Cruz, reservado há algum tempo para a construção do grande e moderno Estádio de São Luís, que acabou não passando mesmo de um sonho dos desportistas maranhenses.

O velho Santa Izabel, que bom ou ruim ainda servia de treinamento dos clubes profissionais, será fechado na semana vindoura e este domingo será palco dos últimos jogos de futebol programados pela Divisão de Amadores da Federação, pois a partir do dia 18, e enquanto aguarda as providências da Prefeitura para a construção do campo do Outeiro da Cruz, a Federação vai programar os jogos do campeonato amadorista para o Parque Valério Monteiro, liberado pelo Maranhão Atlético Clube, sendo que a FMD dará o transporte a todos os clubes que intervirão nos jogos de cada rodada.

O Santa Isabel está num estado de completo abandono, mesmo porque a Federação considera invisível proceder qualquer melhoramento num Estádio particular que mais cedo ou mais tarde será loteado e inclusive já foi solicitado sua liberação pelos novos proprietários em expediente dirigido à FMD.

 Um dos últimos jogos disputados no local antes do seu fechamento em definitivo, na metade da década de 70

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