segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Francisco Alexandre Barradas

Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão.

Quando tinha oito anos de idade, Francisco Alexandre ganhou uma bola de borracha de presente de um motorista, amigo do seu pai. A intimidade com o novo brinquedo fez com que nascesse a paixão pelo futebol. Depois de rodar por muitas equipes amadoras de São Luis, passou a ser conhecido como Barradas. Destaque das Olimpíadas Colegiais, ganhou fama e prestígio defendendo o Sampaio Corrêa na década de 50. Uma época de grandes craques e de grande participação da torcida. Segundo a imprensa esportiva da época, ele jogava uma enormidade.

Barradas era chamado pelos pais e continua sendo chamado pelos irmão de Francisco. Para os amigos de infância da idade de São Pedro do Piauí, onde nasceu no dia 02 de Novembro de 1934, é Chico. Na fase em que começou a despontar no futebol amador e colegial de São Luis, todos os companheiros chamavam-no de Barradinha, diminutivo carinhoso do sobrenome. Era médio esquerdo.

Filho de Manoel Alexandre Barradas e Maria Alves Pessoa, trocou o interior do Piauí pela capital maranhense em 1949, quando estava prestes a completar 15 anos de idade. Foi trazido pelo irmão Joaquim Alexandre Barradas (já falecido), que mais tarde seria um dos melhores odontólogos do Estado e diretor da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Maranhão. O dentista respeitado não suportava a idéia de ver o irmão um atleta profissional. Mas em todo jogo mostrava um lado que até então está na memória de Barradas. “Quando eu já estava no Sampaio, em um jogo contra o Maranhão Atlético Clube, me acertaram e fiquei no chão gemendo de dor. Meu irmão veio ao meu encontro e me disse: ‘aguenta firme! Não vai sair do jogo agora, não!’ Achei engraçado. Falei pra ele não se preocupar que eu iria continuar jogando. Essa foi uma das suas inúmeras partidas pelo Tricolor, que o consagrou como lateral-esquerdo . A fama foi trazida dos tempo em que disputava as Olimpíadas Colegiais pelo Ateneu Teixeira Mendes, os torneios juvenis pelo Rio Negro (1952), São Cristóvão (1953) e aspirantes pelo Sampaio Corrêa (1954), time amador que era dirigido pelo radialista Jafé Mendes Nunes. Até quando serviu o quartel, não abandonou a bola. Jogou no General Sampaio, time do 24º BC. Dispensando do exército, ingressou no Sampaio em 1955. O motense transformou-se em boliviano ranzinza. Participou do Campeonato de 1955, que ainda não havia acabado. Encontrou com ‘feras’, como Enemer (gol), Terrível, Wallace, Cacaraí, Elbert, Gedeão Matos, Cearense, Neto, Biné, Garcia, dente outros. No maior rival, o Moto, jogavam Walber Penha, Baé, Juvêncio, Reginaldo Menezes, Benícius, Pedro Buna, Vavá, Zé Maria, Mozart Tavares, Lourival e Gimico. Outros carques pertencentes ao Vitória do Mar: Babatais, Misael, Camucim, Chapola, Calango, Ivan, Joaozinho, Abmanel, Ferreirão, Wilmar e Gafanhoto. No Ferroviário jogavam Dodô, Carapuça, Augusto, Peruzinho, Bebeto, Gentil, Vicente, Frango, Josafá, Negão e Esmagado.

Barradas conta como saiu do meio de campo para a lateral-esquerda. “Lembro-me até hoje como mudei de posição com a perna esquerda. O professor Henrique Santos era o técnico. Ele saiu distribuindo as camisas momentos antes de uma partida contra o Moto, no Estádio Santa Izabel. Quando pegou o número seis, jogou em cima de mim. Antes de entrarmos em campo, ele passou algumas instruções para o grupo e, especialmente, a mim. Dei conta do recado e durante cinco anos fui titular absoluto da posição, sem que ninguém ameaçasse”.

 Uma das formações do Sampaio Corrêa em 1956: em pé: Ronald Carvalho (Presidente), um diretor técnico não identificado, Leça, Alemão, Neto Peixe Pedra, outro atleta não identificado, Cearense e Mal Talhado. Agachados: Negão, Serra Pano de Barco, Cacaraí, Terrível, Wallace, Enemer, Elber, Barradas, Osvaldo "Lata de Lixo" e Sapeca
 
Barraras era um lateral que não batia em ninguém. Jogava na bola. Chegava junto e não deixava o atacante pensar. Tinha uma personalidade muito forte. Era eficiente e jogava para o time. Apoiava nem e fazia seus gols. A perna esquerda continuava sem função, a não ser como apoio no campo, e “para ajudar a subir no ônibus”, como diz, brincando. Todo controle de bola, passe e chutes, eram feitos com a perna direita.

Apesar do Sampaio Corrêa ter montado uma boa equipe em 1955, visando o Tricampeonato, quem acabou conquistando o título da temporada foi o Moto Club. Um ano depois, o Sampaio voltou a jogar bem e arrebatou o título do Torneio Municipal jogando com Enêmer, Wallace, Terrível e Barradas; Cacaraí e Elber; Gedeão, Matos, Caboré, neto Peixe Pedra, Henrique Santos e Biné; “Pensávamos que o título era nosso nesse ano, porém o Moto acabou levantando o bi merecidamente”.

Em 1957 e 58 o grande Ferroviário ficou bom o bicampeonato estadual. O Sampaio, que queria quebrar a sequência de anos sem um primeiro lugar, não conseguia. “Nosso time jogava bem no início das competições e na reta final tropeçava e não ganhava a final. A torcida cobrava a gente até na rua, com absoluta razão”.

Em 1959 o grupo sampaíno comprometeu-se com a torcida e procurou fazer de tudo para quebrar o jejum de quatro anos. No final do ano, a história se repetiu: apenas de um ótimo início de campeonato, quem ficou com o título foi o Moto Club: “Quando o campeonato acabou, eu já estava com 25 anos de idade e percebi que não teria futuro com o futebol. Só conseguia ganhar dinheiro através do Sampaio Corrêa e não do Sampaio Corrêa. Incentivado pro um amigo, no início de 1960,resolvi jogar tudo pra cima e fui tentar a vida em São Paulo. Acabava ali minha passagem pelo futebol profissional maranhense”. Barradas ficou 14 anos na capital paulista. Por lá jogou em times de várzea e algumas empresas por onde trabalhou. Em 1977 retornou a São Luis, onde permanece até hoje.

Nenhum comentário:

Postar um comentário