Quando tinha oito anos de idade, Francisco Alexandre ganhou uma bola de borracha de presente de um motorista, amigo do seu pai. A intimidade com o novo brinquedo fez com que nascesse a paixão pelo futebol. Depois de rodar por muitas equipes amadoras de São Luis, passou a ser conhecido como Barradas. Destaque das Olimpíadas Colegiais, ganhou fama e prestígio defendendo o Sampaio Corrêa na década de 50. Uma época de grandes craques e de grande participação da torcida. Segundo a imprensa esportiva da época, ele jogava uma enormidade.
Barradas era
chamado pelos pais e continua sendo chamado pelos irmão de Francisco. Para os
amigos de infância da idade de São Pedro do Piauí, onde nasceu no dia 02 de
Novembro de 1934, é Chico. Na fase em que começou a despontar no futebol amador
e colegial de São Luis, todos os companheiros chamavam-no de Barradinha,
diminutivo carinhoso do sobrenome. Era médio esquerdo.
Filho de Manoel
Alexandre Barradas e Maria Alves Pessoa, trocou o interior do Piauí pela
capital maranhense em 1949, quando estava prestes a completar 15 anos de idade.
Foi trazido pelo irmão Joaquim Alexandre Barradas (já falecido), que mais tarde
seria um dos melhores odontólogos do Estado e diretor da Faculdade de
Odontologia da Universidade Federal do Maranhão. O dentista respeitado não
suportava a idéia de ver o irmão um atleta profissional. Mas em todo jogo
mostrava um lado que até então está na memória de Barradas. “Quando eu já
estava no Sampaio, em um jogo contra o Maranhão Atlético Clube, me acertaram e
fiquei no chão gemendo de dor. Meu irmão veio ao meu encontro e me disse: ‘aguenta
firme! Não vai sair do jogo agora, não!’ Achei engraçado. Falei pra ele não se
preocupar que eu iria continuar jogando. Essa foi uma das suas inúmeras
partidas pelo Tricolor, que o consagrou como lateral-esquerdo . A fama foi
trazida dos tempo em que disputava as Olimpíadas Colegiais pelo Ateneu Teixeira
Mendes, os torneios juvenis pelo Rio Negro (1952), São Cristóvão (1953) e
aspirantes pelo Sampaio Corrêa (1954), time amador que era dirigido pelo
radialista Jafé Mendes Nunes. Até quando serviu o quartel, não abandonou a
bola. Jogou no General Sampaio, time do 24º BC. Dispensando do exército, ingressou
no Sampaio em 1955. O motense transformou-se em boliviano ranzinza. Participou
do Campeonato de 1955, que ainda não havia acabado. Encontrou com ‘feras’, como
Enemer (gol), Terrível, Wallace, Cacaraí, Elbert, Gedeão Matos, Cearense, Neto,
Biné, Garcia, dente outros. No maior rival, o Moto, jogavam Walber Penha, Baé,
Juvêncio, Reginaldo Menezes, Benícius, Pedro Buna, Vavá, Zé Maria, Mozart Tavares,
Lourival e Gimico. Outros carques pertencentes ao Vitória do Mar: Babatais,
Misael, Camucim, Chapola, Calango, Ivan, Joaozinho, Abmanel, Ferreirão, Wilmar
e Gafanhoto. No Ferroviário jogavam Dodô, Carapuça, Augusto, Peruzinho, Bebeto,
Gentil, Vicente, Frango, Josafá, Negão e Esmagado.
Barradas conta
como saiu do meio de campo para a lateral-esquerda. “Lembro-me até hoje como
mudei de posição com a perna esquerda. O professor Henrique Santos era o
técnico. Ele saiu distribuindo as camisas momentos antes de uma partida contra
o Moto, no Estádio Santa Izabel. Quando pegou o número seis, jogou em cima de
mim. Antes de entrarmos em campo, ele passou algumas instruções para o grupo e,
especialmente, a mim. Dei conta do recado e durante cinco anos fui titular
absoluto da posição, sem que ninguém ameaçasse”.
Uma das formações do Sampaio Corrêa em 1956: em pé: Ronald Carvalho (Presidente), um diretor técnico não identificado, Leça, Alemão, Neto Peixe Pedra, outro atleta não identificado, Cearense e Mal Talhado. Agachados: Negão, Serra Pano de Barco, Cacaraí, Terrível, Wallace, Enemer, Elber, Barradas, Osvaldo "Lata de Lixo" e Sapeca
Barraras era um lateral
que não batia em ninguém. Jogava na bola. Chegava junto e não deixava o
atacante pensar. Tinha uma personalidade muito forte. Era eficiente e jogava
para o time. Apoiava nem e fazia seus gols. A perna esquerda continuava sem
função, a não ser como apoio no campo, e “para ajudar a subir no ônibus”, como
diz, brincando. Todo controle de bola, passe e chutes, eram feitos com a perna
direita.
Apesar do
Sampaio Corrêa ter montado uma boa equipe em 1955, visando o Tricampeonato,
quem acabou conquistando o título da temporada foi o Moto Club. Um ano depois,
o Sampaio voltou a jogar bem e arrebatou o título do Torneio Municipal jogando
com Enêmer, Wallace, Terrível e Barradas; Cacaraí e Elber; Gedeão, Matos,
Caboré, neto Peixe Pedra, Henrique Santos e Biné; “Pensávamos que o título era
nosso nesse ano, porém o Moto acabou levantando o bi merecidamente”.
Em 1957 e 58 o
grande Ferroviário ficou bom o bicampeonato estadual. O Sampaio, que queria
quebrar a sequência de anos sem um primeiro lugar, não conseguia. “Nosso time
jogava bem no início das competições e na reta final tropeçava e não ganhava a
final. A torcida cobrava a gente até na rua, com absoluta razão”.
Em 1959 o grupo
sampaíno comprometeu-se com a torcida e procurou fazer de tudo para quebrar o
jejum de quatro anos. No final do ano, a história se repetiu: apenas de um
ótimo início de campeonato, quem ficou com o título foi o Moto Club: “Quando o
campeonato acabou, eu já estava com 25 anos de idade e percebi que não teria
futuro com o futebol. Só conseguia ganhar dinheiro através do Sampaio Corrêa e
não do Sampaio Corrêa. Incentivado pro um amigo, no início de 1960,resolvi
jogar tudo pra cima e fui tentar a vida em São Paulo. Acabava ali minha
passagem pelo futebol profissional maranhense”. Barradas ficou 14 anos na
capital paulista. Por lá jogou em times de várzea e algumas empresas por onde
trabalhou. Em 1977 retornou a São Luis, onde permanece até hoje.
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