quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Riba, o maior artilheiro do MAC



Em toda história do Maranhão Atlético Clube, nenhum atleta jogou tanto tempo e de forma tão brilhante quanto Riba. Um artilheiro nato que se dedicou e defendeu por 16 anos o Demolidor de Cartazes. Marcou, aproximadamente, 500 gols desde a partida de estreia contra o Nascente do Bairro do Anil, em 1968, até 1984, quando resolveu parar com a bola profissionalmente. A torcida o trata com carinho, respeito e admiração porque sabe que ele tinha amor à gloriosa camisa atleticana.

Se fosse levar em consideração as broncas da mãe, dona Honorata Gomes, Riba jamais teria se tornado um dos maiores artilheiros do futebol maranhense. Ele fugia de casa para aperfeiçoar seus toques de bola nas peladas batidas do Bairro do Sacavém, periferia de São Luis. Mesmo sendo franzino e baixinho, se destacava pela habilidade.

Começou a despontar aos 16 anos de idade, defendendo o Barcelona do Sacavém, um dos mais concorridos do futebol amador. O time, formado por garotos do bairro, tinha muita gente de talento: Chichico (goleiro), Verequete, Paraíba, Coca-Cola, Hélio, Índio, Pelé, Lamparina, Josivan, De Assis, Raimundo, dentre outros que o artilheiro não lembra os nomes. Mas os jogos ficaram registrados em sua memória. “Essa era uma rapaziada pesada. Tínhamos um incrível entrosamento. O bairro inteiro nos acompanhava nos jogos. Um tempo inesquecível”.

A excelente participação no campeonato anilense fez Riba ser convocado para a seleção do bairro, que no início de 1968 enfrentou a Seleção do Tirirical, no Estádio Nhozinho Santos, preliminar de Flamengo (RJ) 2x2 Moto Club. Com 1m66 de altura, 64 quilos de peso, excelente condição atlética, toque de bola, chute forte, impulsão, cabeçadas perfeitas, além dos deslocamentos precisos e grande espírito de solidariedade e companheirismo, ele acabou sendo aplaudido pelo público. Foi o autor do gol que definiu o resultado final da partida: 1x1.

Uma semana depois, Jaime Gomes, dirigente do Graça Aranha Esporte Clube, convidou Riba para disputar as últimas três partidas da fase de classificação do campeonato estadual de profissionais pelo GAEC. Ele aceitou e se juntou a Sansão, Casoca, Zé Maria, Simiti e outros dirigentes pelo técnico Calanzas. Não conseguiram classificar o time para o returno e o grupo acabou se desfazendo.

O sonho de jogar em uma grande equipe do futebol maranhense parecia não mais ser concretizada. Só que Jaime Gomes, após a desativação do departamento de futebol profissional do GAEC, levou Riba para o Maranhão Atlético Clube. Reforçou a equipe juvenil, se destacou como artilheiro e ficou esperando uma chance para jogar profissionalmente. Ela não tardou a aparecer. “O MAC foi jogar amistosamente contra o Nascente do Anil e o nosso técnico, professor Rinaldi Maia, me convocou. O Sacavém e o Anil inteiro estavam lá, no meu reduto. Fiquei no banco. Ainda no primeiro tempo o Nascente fez 1x0. No intervalo, o homem não me chamou. A torcida começou a gritar meu nome. O homem achava que a torcida estava pressionando-o e ele não suportava isso. Quando faltavam uns 20 minutos para acabar o jogo, ele nem falou comigo e muito menos me olhou. Se dirigiu para o massagista e disse: diz para o garoto ai do lado entrar agora e jogar enfiado entre os beques. Me aqueci rapidamente e fui pra briga. Deus me ajudou! Cinco minutos depois de ter entrado, empatei o jogo. Dez minutos depois, fiz o segundo e ganhamos por 2x1. Eu estava radiante e a torcida feliz e satisfeita. Mesmo assim o homem não me dirigiu a palavra em nenhum momento”. No outro domingo o MAC reabriu o returno do campeonato contra o Vitória do Mar, Jacinto, centroavante titular, estava discutindo a renovação de contrato e não quis jogar. Rinaldi Maia colocou Riba como titular. O MAC meteu sete no Vitória do MAC e Riba fez três. A partir daí, não saiu mais do time. Nesse ano foi artilheiro do campeonato juvenil e vice do profissional (o artilheiro foi Gimico, do Ferroviário).

Quem viveu com Riba, no MAC, costuma afirmar que ele era um exemplo como atleta e figura humana. Não bebia e nem fumava. Dormia cedo, não gostava de farra e se cuidava. Sempre foi atencioso com os companheiros, um líder natural. Caladão, jeito simples e humildade, sempre tinha – e continua tendo até hoje – um sorriso amigo, sincero, de quem sofreu e aprendeu com a vida. Perder o pai, Saturnino Ferreira Gomes, foi um grande choque na vida dele. A superação veio com o carinho dado pela torcida a cada partida disputada no MAC.

 Maranhão Atlético Clube em 1982: em pé - João Batista, Tataco, Timbó, Marinho, Cabeção e Wilson; agachados - Mário Palito, Tica, Hélio, Riba e Alcino.


As primeiras grandes conquistas foram o bicampeonato 1969/70, com uma formação inesquecível para os atleticanos: Da Silva, Baezinho, Sansão, Luis Carlos e Elias; Toca e Yomar; Euzébio, Hamilton, Jacinto ou Riba e Dário. Riba foi campeão do Torneio Matinho Rodrigues, da Taça Cidade de São Luís e conquistou outro campeonato estadual pelo MAC em 1979, participando de outra grande e marcante formação. Marcelino, Mendes ou Célio Rodrigues, Jorge Santos, Tataco ou Paulo Fraga e Antônio Carlos; Juarez, Emerson e Naldo; Osni, Riba e Dejairo. Tinha no banco Alcino, Neco, João Batista e outros. “Esse grupo foi o melhor que joguei. Nesse ano disputamos 18 pontos no campeonato brasileiro e ganhamos 15. Nos classificamos para a segunda fase da competição de forma invicta. Aliás, apenas o MAC e o Inter (RS) não perderam nessa fase para ninguém na primeira fase.”

Riba, quando garoto, era motense como a mão. Depois passou a ser atleticano, onde se tornou ídolo. “Quando chegava em casa após uma vitória sobre o Moto, depois de ter feito três gols, minha mãe me indagava porque eu tinha que marcar tantos gols assim no time dela”, comenta rindo.

 Uma das formações do MAC em 1979: em pé - Jorge Santos, Veludo, Paulo Fraga, Antônio Carlos, Mendes e Tataco; agachados - Dejairo, Juarez, Riba, Naldo e Serginho


Riba se espelhou em outros grandes atletas que marcaram época no MAC: Croinha e Hamilton, esse último, na opinião dele, o melhor atacante que já viu jogar. “Não dá pra comparar Hamilton a ninguém. Um gênio! Se jogasse hoje, seria destacado internacionalmente. Um mago da bola”. Durante os 16 anos no MAC, Riba foi emprestado duas vezes para o Ferroviário, uma para o Moto e outra para o Tiradentes (PI). Eram empréstimos rápidos, para disputas de campeonatos brasileiros. Em 1984, quando estava com 35 anos de idade, resolveu parar de jogar profissionalmente.

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