No início, aos
11/12 anos de idade, vieram as peladas no Bairro do Monte Castelo. O sonho era
ser profissional e ganhar a vida com o que mais gostava e sabia fazer: jogar
futebol. Com um personalidade muito forte, foi conquistando espaços e chegou à
equipe de juniores do Moto Club. Lá, ganhou o apelido que o consagrou por todo
o Norte/Nordeste: Laxinha. Um craque “coringa” que jogou em várias posições nos
principais clubes de São Luis e no Paysandu de Belém do Pará, que tratava a
bola com intimidade e sabia o que fazer com ela.
Laxinha é
maranhense, ao contrário do que muita gente pensa. Nasceu em São Luis, no dia
16 de Setembro de 1934. Filho de Driblador, lendário goleiro do Maranhão
Atlético Clube da década de 40, cresceu vendo o pai jogar, cultivando o sonho
de ser um atleta profissional. “Eu não pensava em outra coisa. A torcida, o
prazer de estar em campo e defender um grande clube, era tudo o que eu queria”,
relembra Laxinha. Ele conta ainda que os primeiros contatos com a bola aconteceram
nas peladas batidas do Bairro Monte Castelo, ao lado de amigos como
Maçariquinho (jogou no Sampaio e MAC), Pivide, Maçarico e Coelho – filhos de Maçariquinho
-, Pedro, Aurino e o irmão de Leite Raimundinho. “Todos queriam ser atleta profissional”.
Com 14 anos de
idade, Laxinha foi levado para o Tijuca, do Bairro do Tabocal, pelo amigo
Manoel, que era goleiro do time. Com quase 1m80 e 67 quilos, Laxinha chamava a
atenção de todos pela facilidade com que conduzia e tocava a bola. Sempre foi torcedor
do Moto Club. Acompanhou os times que fizeram do Moto o grande “Papão Norte”,
quando conquistou sete títulos estaduais consecutivos (1944/50). Em 1949,
quando tinha 15 anos de idade, trocou o Tijuca do Tabocal pela equipe de
juniores do Moto Club. Quem o levou para o Papão foi o massagista Nêgo Luz, que
foi goleiro e que jogou com Driblador, pai de Laxinha, no MAC. Foi no Moto que
ganhou o apelido de Laxinha. “No time principal, tinha um centroavante alagoano
por nome de Laxinha. Todo mundo dizia que eu parecia com ele. Ai não deu outra,
passaram a me chamar pelo nome que sou conhecido até hoje”. Ele recorda com
saudade que nessa equipe do Moto jogavam ao lado de Canhoteiro, que jogou no
São Paulo e na Seleção Brasileira: Boquinha, Enoque, Valdeci, Mourão, Lúcio, Ratinho
e Bigú.
No Tijuca do
Tabocal o no Moto, Laxinha jogava descalço. A primeira vez que calçou chuteiras
foi no Flamengo time do Monte Castelo, que disputou o campeonato amador de São
Luis em 1950. A primeira experiência como atleta “não-amador” aconteceu quando
foi servi o exército e acabou jogando o campeonato maranhense de profissionais
pelo General Sampaio, time do 24 Batalhão de Caçadores. “Foi muito gratificante poder jogar ao lado de Formiga, Esmagado e
outros que não me recordo no momento, em um campeonato que só tinha times bons
e jogadores fora de série. A partir daqui eu tinha certeza que iria seguir em
frente como profissional da bola”.
Com facilidade
em se posicionar em campo e um toque de bola de primeira grandeza, Laxinha
chamou a atenção de Valério Monteiro, que acabou tirando-o do General Sampaio,
levando-o para o MAC. Ficou por lá cerca de três anos. Não conseguiu títulos,
mas acumulou experiências jogando ao lado de Lunga, Moacir Bueno, Serra, Perú e
outros atleticanos da época. Laxinha foi seleção maranhense de futebol algumas
vezes.
Maranhão Atlético Clube em 59
Em 1953, o Moto
foi representar o estado tem uma Taça Brasil e o MAC emprestou Laxinha para o
rubro-negro maranhense. “Não fomos bem na competição, fomos barrados pelo
Paysandu, lá em Belém. A sorte é que eu atravessava uma grane fase e os
paraenses acabaram ficando interessados em me contratar”. Laxinha cometeu um
grande erro quando se transferiu para o Paysandu. Entusiasmado por ir jogar em
um grande centro, acabou assinando em branco um contrato que iria lhe prejudicar
três anos depois. De 1955 a 1957, ele defendeu o Paysandu no Campeonato
Paraense. Foi vice-campeão estadual em 1955 e bicampeão em 1956/57. “O time dessa
época era Dodó, Sidoca e Gilvano; Meia-Noite, Nonatinho, Luciano, eu e Cacetão”.
Em 1957, Laxinha integrou a Seleção Paraense que foi disputar o Campeonato
Brasileiro de Seleções. Ganharam todos da região e partiram para jogar no Rio de
Janeiro contra a Seleção Carioca. “Perdemos de 6x0. Porém, joguei bem e houve o
interesse do Botafogo de Garrincha, Didi e companhia em me emprestar. Ai aconteceu
o inesperado. A diretoria do Paysandu valorizou demais o meu passe e o Botafogo
acabou desistindo da competição. Essa foi a primeira decepção de Laxinha com o
futebol. Ele viu seu sonho ser cerceado por dirigentes paraenses. Brigou e
acabou abandonando o clube paraense, retornando a São Luis.
Laxinha em ação pelo Moto em 1960, na vitória sobre o Flamengo (RJ) por 2x1, no Nhozinho Santos
Laxinha, o segundo agachado, no Papão de 1962
Laxinha, entre Alzimar (esquerda) e Corrêa (direita), no Moto Club bicampeão em 1966/67
Laxinha, o penúltimo em pé, no Papão do Norte de 1964
Papão do Norte de 1962
Para manter a
forma, treinava no Ferroviário Esporte Clube, do técnico Zequinha, que acabou
gostando do futebol dele e pediu para a diretoria do Ferrim o contratar. “O
Paysandu dificultou ao máximo minha transferência para o Ferroviário. Tomei
conhecimento depois que a transação foi feita por 20 mil cruzeiros em dinheiro
e mais a renda de dois jogos do Ferrim em Belém. Não ganhei nada com a negociação,
a não ser um contrato com o time da RFFSA”. Nesse ano, 1958, o Ferroviário foi
o bicampeão maranhense. Em 1959, o Ferroviário foi desfeito e vários atletas
foram para o MAC e Moto. Para o MAC foram Zequinha (técnico), Ribeiro Garfo de
Pau, Negão, Santos, Zuza e Laxinha. Nesse ano o MAC não conseguiu nada no
estadual. Dois anos depois, Laxinha estava no Moto, seu time de coração. Por lá
ficou seis anos e conquistou o bicampeonato estadual de 1966/67. Ele não
esquece o time de 1967, formado por Bacabal; Paulo, Omena, Carvalho e
Português; Ronaldo e Laxinha; Garrinchinha, Casquinha, Hamilton e Nabor. Em
1968 o Moto conquistou o tricampeonato, mas Laxinha havia sido transferido para
o Sampaio Corrêa, depois de uma confusão com o técnico motense Rinaldi Maia. “Não
aceitei a reserva e achei que era hora de mudar de clube”. Depois de passar uma
temporada no Sampaio e não conseguir se destacar no campeonato, Laxinha começou
a pensar em abandonar a carreira de profissional. Em 1969, ainda jogou algumas
partidas amistosas pelo MAC. No final do ano, parou com o profissionalismo. Depois
de doze anos como atleta profissional, Laxinha tentou a carreira de técnico.
Dirigiu o Atlético da cidade de Pedreiras e a Seleção de Urbano Santos, que
disputou o Torneio Intermunicipal.
Sampaio Corrêa de 1967: em pé - Pompeu, Nivaldo, Maneco, Marcial, Osvaldo e ico; agachados - Tutinha, Laxinha, Carlos Alberto, Santos e Jocemar.
Sampaio Corrêa de 1968: em pé - Zé Raimundo, Vico, Sansão, Faísca, Laxinha e Célio Rodrigues; agachados - Ernani Luz (massagista), Tutinha, Santos, Luis Carlos, Lobato e Itamar
Na foto acima,TUTINHA ponta-direita do sampaio correa disputou o campeonato piauiense de 1970 pelo COMERCIAL de campo maior.
ResponderExcluirMe lembro muito bem,pois morava próximo a sede do COMERCIAL.
O time-base era:BEROSO,ZE CARLOS,ADNAJÁ,CLAYTON E DIM.LUISINHO E VICENTIM.PIABA,JULIO,PINTO E GERALDINO.TEC:Antonio neves