Em toda história
do Maranhão Atlético Clube, nenhum atleta jogou tanto tempo e de forma tão
brilhante quanto Riba. Um artilheiro nato que se dedicou e defendeu por 16 anos
o Demolidor de Cartazes. Marcou, aproximadamente, 500 gols desde a partida de
estreia contra o Nascente do Bairro do Anil, em 1968, até 1984, quando resolveu
parar com a bola profissionalmente. A torcida o trata com carinho, respeito e
admiração porque sabe que ele tinha amor à gloriosa camisa atleticana.
Se fosse levar
em consideração as broncas da mãe, dona Honorata Gomes, Riba jamais teria se
tornado um dos maiores artilheiros do futebol maranhense. Ele fugia de casa
para aperfeiçoar seus toques de bola nas peladas batidas do Bairro do Sacavém,
periferia de São Luis. Mesmo sendo franzino e baixinho, se destacava pela
habilidade.
Começou a
despontar aos 16 anos de idade, defendendo o Barcelona do Sacavém, um dos mais
concorridos do futebol amador. O time, formado por garotos do bairro, tinha
muita gente de talento: Chichico (goleiro), Verequete, Paraíba, Coca-Cola,
Hélio, Índio, Pelé, Lamparina, Josivan, De Assis, Raimundo, dentre outros que o
artilheiro não lembra os nomes. Mas os jogos ficaram registrados em sua
memória. “Essa era uma rapaziada pesada. Tínhamos um incrível entrosamento. O
bairro inteiro nos acompanhava nos jogos. Um tempo inesquecível”.
A excelente
participação no campeonato anilense fez Riba ser convocado para a seleção do
bairro, que no início de 1968 enfrentou a Seleção do Tirirical, no Estádio
Nhozinho Santos, preliminar de Flamengo (RJ) 2x2 Moto Club. Com 1m66 de altura,
64 quilos de peso, excelente condição atlética, toque de bola, chute forte,
impulsão, cabeçadas perfeitas, além dos deslocamentos precisos e grande
espírito de solidariedade e companheirismo, ele acabou sendo aplaudido pelo
público. Foi o autor do gol que definiu o resultado final da partida: 1x1.
Uma semana
depois, Jaime Gomes, dirigente do Graça Aranha Esporte Clube, convidou Riba
para disputar as últimas três partidas da fase de classificação do campeonato
estadual de profissionais pelo GAEC. Ele aceitou e se juntou a Sansão, Casoca,
Zé Maria, Simiti e outros dirigentes pelo técnico Calanzas. Não conseguiram
classificar o time para o returno e o grupo acabou se desfazendo.
O sonho de jogar
em uma grande equipe do futebol maranhense parecia não mais ser concretizada.
Só que Jaime Gomes, após a desativação do departamento de futebol profissional
do GAEC, levou Riba para o Maranhão Atlético Clube. Reforçou a equipe juvenil,
se destacou como artilheiro e ficou esperando uma chance para jogar
profissionalmente. Ela não tardou a aparecer. “O MAC foi jogar amistosamente
contra o Nascente do Anil e o nosso técnico, professor Rinaldi Maia, me
convocou. O Sacavém e o Anil inteiro estavam lá, no meu reduto. Fiquei no
banco. Ainda no primeiro tempo o Nascente fez 1x0. No intervalo, o homem não me
chamou. A torcida começou a gritar meu nome. O homem achava que a torcida
estava pressionando-o e ele não suportava isso. Quando faltavam uns 20 minutos
para acabar o jogo, ele nem falou comigo e muito menos me olhou. Se dirigiu
para o massagista e disse: diz para o garoto ai do lado entrar agora e jogar
enfiado entre os beques. Me aqueci rapidamente e fui pra briga. Deus me ajudou!
Cinco minutos depois de ter entrado, empatei o jogo. Dez minutos depois, fiz o
segundo e ganhamos por 2x1. Eu estava radiante e a torcida feliz e satisfeita.
Mesmo assim o homem não me dirigiu a palavra em nenhum momento”. No outro
domingo o MAC reabriu o returno do campeonato contra o Vitória do Mar, Jacinto,
centroavante titular, estava discutindo a renovação de contrato e não quis
jogar. Rinaldi Maia colocou Riba como titular. O MAC meteu sete no Vitória do
MAC e Riba fez três. A partir daí, não saiu mais do time. Nesse ano foi
artilheiro do campeonato juvenil e vice do profissional (o artilheiro foi
Gimico, do Ferroviário).
Quem viveu com
Riba, no MAC, costuma afirmar que ele era um exemplo como atleta e figura
humana. Não bebia e nem fumava. Dormia cedo, não gostava de farra e se cuidava.
Sempre foi atencioso com os companheiros, um líder natural. Caladão, jeito
simples e humildade, sempre tinha – e continua tendo até hoje – um sorriso
amigo, sincero, de quem sofreu e aprendeu com a vida. Perder o pai, Saturnino
Ferreira Gomes, foi um grande choque na vida dele. A superação veio com o
carinho dado pela torcida a cada partida disputada no MAC.
Maranhão
Atlético Clube em 1982: em pé - João Batista, Tataco, Timbó, Marinho, Cabeção e
Wilson; agachados - Mário Palito, Tica, Hélio, Riba e Alcino.
As primeiras
grandes conquistas foram o bicampeonato 1969/70, com uma formação inesquecível para
os atleticanos: Da Silva, Baezinho, Sansão, Luis Carlos e Elias; Toca e Yomar;
Euzébio, Hamilton, Jacinto ou Riba e Dário. Riba foi campeão do Torneio Matinho
Rodrigues, da Taça Cidade de São Luís e conquistou outro campeonato estadual
pelo MAC em 1979, participando de outra grande e marcante formação. Marcelino,
Mendes ou Célio Rodrigues, Jorge Santos, Tataco ou Paulo Fraga e Antônio
Carlos; Juarez, Emerson e Naldo; Osni, Riba e Dejairo. Tinha no banco Alcino,
Neco, João Batista e outros. “Esse grupo foi o melhor que joguei. Nesse ano
disputamos 18 pontos no campeonato brasileiro e ganhamos 15. Nos classificamos
para a segunda fase da competição de forma invicta. Aliás, apenas o MAC e o
Inter (RS) não perderam nessa fase para ninguém na primeira fase.”
Riba, quando
garoto, era motense como a mão. Depois passou a ser atleticano, onde se tornou
ídolo. “Quando chegava em casa após uma vitória sobre o Moto, depois de ter
feito três gols, minha mãe me indagava porque eu tinha que marcar tantos gols
assim no time dela”, comenta rindo.
Uma das formações
do MAC em 1979: em pé - Jorge Santos, Veludo, Paulo Fraga, Antônio Carlos,
Mendes e Tataco; agachados - Dejairo, Juarez, Riba, Naldo e Serginho
Riba se espelhou
em outros grandes atletas que marcaram época no MAC: Croinha e Hamilton, esse
último, na opinião dele, o melhor atacante que já viu jogar. “Não dá pra
comparar Hamilton a ninguém. Um gênio! Se jogasse hoje, seria destacado
internacionalmente. Um mago da bola”. Durante os 16 anos no MAC, Riba foi
emprestado duas vezes para o Ferroviário, uma para o Moto e outra para o
Tiradentes (PI). Eram empréstimos rápidos, para disputas de campeonatos
brasileiros. Em 1984, quando estava com 35 anos de idade, resolveu parar de
jogar profissionalmente.
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