Um álbum de fotografias muito bem conservado é o maior registro de um período áureo vivido por Moura. Passando as folhas, vêm as lembranças de quando foi um jogador de futebol do Maranhão Atlético Clube de 1943 a 1953. Mesmo vivendo no anonimato, é citado por muitos companheiros. Calmo, fala mansa, José Antônio de Moura, nascido em 24 de Maio de 1921, conta que veio em 1942 para o Maranhão, com 21 anos. “A seca expulsou nossa família de Orós/CE”, acrescenta Moura. Seu pai, que era funcionário do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), havia sido transferido, em 1939, para a cidade de Coremas (então vila de Piancó-PB). Rapidamente Moura foi residir em Campina Grande, na tentativa de uma vida melhor e onde passou a atuar por equipes amadoras. Em 1940, Moura passou a residir na Rua General Sampaio, no Centro de Fortaleza. Na capital cearense, aos 18 anos, integrou o quadro do Ferroviário entre 1940 e 1942. Já em 1943 ele, o pai, a mãe e os irmãos foram morar em Rosário/MA, onde a irmã Rita passou a residir depois de casada e Moura trabalhava na oficina da Estrada de Ferro da cidade, conciliando sempre a profissão com o futebol, a sua diversão.
Atleta com passagem pelos clubes Sete de Setembro, Ipiranga e Treze de Campina Grande em 1939 e pelo Ferroviário, jogava com certa desenvoltura no meio dos rosarienses. Foi descoberto por acaso por um diretor da Estrada de Ferro local, após uma excursão do clube atleticano a Rosário. Levado por um dirigente do Maranhão Atlético Clube para testes, Moura agradou. Já em fins de 1943, o craque chegava a São Luis com um contrato assinado e um emprego na Estrada de Ferro da capital. Passaria a morar na sede (Rua Grande de depois Diamante) e recebia Cr$ 1.500,00. “Não era muita coisa. Como eu não bebia e nem fumava, dava para andar alinhado, preferencialmente com terno branco e ainda sobrava dinheiro para mandar para minha família”. Paralelo aos gramados, o jovem atleta ainda trabalhava no DER - Departamento de Estradas de Rodagem da capital maranhense.
A equipe ia bem no Campeonato Maranhense de 1943. Mas Sampaio Corrêa e Moto Club chegaram a final. Quem vencesse levava o título. Agora, em caso de empate, o MAC seria considerado o campeão. O jogo terminou em 3x3 e o Maranhão Atlético Clube conquistou da arquibancada o campeonato daquele ano.
Outra escalação maqueana da década de 1940 é lembrada pro Raul Guterres, que jogava na equipe: Walter ou Raul; Erasmo e Arel; Batistão, Vicente e Merci; Celso Catanhede, Inaldo, Mozart, Moura ou Duó; Coelho e Nezinho. Uma parte do time veio de fora trazida pelo Presidente, engenheiro Aloísio Braga. Os maranhenses eram Raul, Arel, Celso Catanhede, Inaldo, Mozart e Moura, considerado por muitos como rosariense. O MAC foi vice-campeão em 1945/46/49 e só voltaria a conquistar um título em 1951, por WO. A final desse ano não aconteceu porque o Sampaio não apareceu para jogar. Na decisão, por causa da ausência do Tricolor, o MAC enfrentou o General Sampaio em um amistoso.
Moura, jogando no meio de campo, atacanhava pelos dois lados. Titular absoluto, se aparecia um meia-direita, ele era mandado para a esquerda e vice-versa. Era considerado um “arquiteto do ataque”, que recebia prêmios pelo desempenho. Por várias vezes foi cedido para reforçar o Sampaio e o Moto em amistosos. “Ele jogava bem em qualquer lado que estivesse. Desarmava bem os adversários e mandava para o ataque bolas redondinhas. Também sabia marcar seus gols”, nos conta Marianinho. Ponta-direita que jogou no MAC nos primeiros anos da década de 1950. Outra característica de Moura era a disciplina. Mesmo sendo duro na hora de desarmar o ataque adversário, procurava não machucar ninguém. Brigar, nem pensar. “Quando tinha alguma confusão no jogo, eu ficava no meio de campo, para não me envolver”.
Moura conseguiu certa independência do futebol quando comprou um carro de praça (táxi) em fins da década de 1940. Quando não estava treinando, fazia ponto na praça João Lisboa em frente ao Moto Bar. Já casado com Marina Rayol, resolveu atender um pedido da esposa e largou do futebol, profissão sem futuro. Em 1953 os dois partiram para Sousa/PB. Ele comprou um caminhão e ficou fazendo fretes pelas cidades vizinhas. No ano seguinte Marina morria de parto no interior de Pernambuco. Moura mudou-se para sua terra natal, Orós, indo trabalhar em uma fábrica de caminhão.
Em 1957 estava casado com a atual esposa, Perpetua. Vinte e três anos depois, na Copa do Mundo de 70, uma promessa fez com que voltasse para São Luis. “Comentei com o pessoal que se o Brasil fosse campeão, eu voltava para o Maranhão. Quando o jogo acabou, coloquei tudo dentro de uma rural e de madrugada cai na estrada”. Quando chegou, comprou uns ônibus e formou sociedade com o irmão Luis Vieira Moura. A empresa dos dois, Nossa Senhora da Conceição, fazia a linha Rosário/São Luis via Axixá. Eram empresários e motoristas ao mesmo tempo. Desbravadores, eles tiveram muitas das vezes que abrir clareiras no meio do mato para os ônibus passarem. Na década de 1980 trocou os ônibus por caçamba, trabalhando por mais de 1 ano, até se aposentar como autônomo.
Atleta com passagem pelos clubes Sete de Setembro, Ipiranga e Treze de Campina Grande em 1939 e pelo Ferroviário, jogava com certa desenvoltura no meio dos rosarienses. Foi descoberto por acaso por um diretor da Estrada de Ferro local, após uma excursão do clube atleticano a Rosário. Levado por um dirigente do Maranhão Atlético Clube para testes, Moura agradou. Já em fins de 1943, o craque chegava a São Luis com um contrato assinado e um emprego na Estrada de Ferro da capital. Passaria a morar na sede (Rua Grande de depois Diamante) e recebia Cr$ 1.500,00. “Não era muita coisa. Como eu não bebia e nem fumava, dava para andar alinhado, preferencialmente com terno branco e ainda sobrava dinheiro para mandar para minha família”. Paralelo aos gramados, o jovem atleta ainda trabalhava no DER - Departamento de Estradas de Rodagem da capital maranhense.
A equipe ia bem no Campeonato Maranhense de 1943. Mas Sampaio Corrêa e Moto Club chegaram a final. Quem vencesse levava o título. Agora, em caso de empate, o MAC seria considerado o campeão. O jogo terminou em 3x3 e o Maranhão Atlético Clube conquistou da arquibancada o campeonato daquele ano.
Outra escalação maqueana da década de 1940 é lembrada pro Raul Guterres, que jogava na equipe: Walter ou Raul; Erasmo e Arel; Batistão, Vicente e Merci; Celso Catanhede, Inaldo, Mozart, Moura ou Duó; Coelho e Nezinho. Uma parte do time veio de fora trazida pelo Presidente, engenheiro Aloísio Braga. Os maranhenses eram Raul, Arel, Celso Catanhede, Inaldo, Mozart e Moura, considerado por muitos como rosariense. O MAC foi vice-campeão em 1945/46/49 e só voltaria a conquistar um título em 1951, por WO. A final desse ano não aconteceu porque o Sampaio não apareceu para jogar. Na decisão, por causa da ausência do Tricolor, o MAC enfrentou o General Sampaio em um amistoso.
Moura, jogando no meio de campo, atacanhava pelos dois lados. Titular absoluto, se aparecia um meia-direita, ele era mandado para a esquerda e vice-versa. Era considerado um “arquiteto do ataque”, que recebia prêmios pelo desempenho. Por várias vezes foi cedido para reforçar o Sampaio e o Moto em amistosos. “Ele jogava bem em qualquer lado que estivesse. Desarmava bem os adversários e mandava para o ataque bolas redondinhas. Também sabia marcar seus gols”, nos conta Marianinho. Ponta-direita que jogou no MAC nos primeiros anos da década de 1950. Outra característica de Moura era a disciplina. Mesmo sendo duro na hora de desarmar o ataque adversário, procurava não machucar ninguém. Brigar, nem pensar. “Quando tinha alguma confusão no jogo, eu ficava no meio de campo, para não me envolver”.
Moura conseguiu certa independência do futebol quando comprou um carro de praça (táxi) em fins da década de 1940. Quando não estava treinando, fazia ponto na praça João Lisboa em frente ao Moto Bar. Já casado com Marina Rayol, resolveu atender um pedido da esposa e largou do futebol, profissão sem futuro. Em 1953 os dois partiram para Sousa/PB. Ele comprou um caminhão e ficou fazendo fretes pelas cidades vizinhas. No ano seguinte Marina morria de parto no interior de Pernambuco. Moura mudou-se para sua terra natal, Orós, indo trabalhar em uma fábrica de caminhão.
Em 1957 estava casado com a atual esposa, Perpetua. Vinte e três anos depois, na Copa do Mundo de 70, uma promessa fez com que voltasse para São Luis. “Comentei com o pessoal que se o Brasil fosse campeão, eu voltava para o Maranhão. Quando o jogo acabou, coloquei tudo dentro de uma rural e de madrugada cai na estrada”. Quando chegou, comprou uns ônibus e formou sociedade com o irmão Luis Vieira Moura. A empresa dos dois, Nossa Senhora da Conceição, fazia a linha Rosário/São Luis via Axixá. Eram empresários e motoristas ao mesmo tempo. Desbravadores, eles tiveram muitas das vezes que abrir clareiras no meio do mato para os ônibus passarem. Na década de 1980 trocou os ônibus por caçamba, trabalhando por mais de 1 ano, até se aposentar como autônomo.
FOTOS
Moura com a camisa atleticana
Moura no MAC em 1945
Maranhão x Moto Club, no Santa Izabel, década de 40. Moura é o terceiro agachado
Moura em uma equipe amadora de Campina Grande
Erasmo, Merci, Moura e um atleta não identificado na foto
Maranhão em excursão ao Amazonas, em Julho de 1947
Moura e seu neto, em Janeiro de 2014
Banner feito pela família de Moura em seu aniversário de 90 anos, em 2011
Fiquei orgulhoso em ver essa materia, acabei de descobrir que era irmão da minha avó. Muito linda sua trajetória, coincide com de sua irmã e meu avô que era seu primo também.
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