Hoje vou
aproveitar o sábado de folga e vou escrever um pouco sobre a minha vida como
torcedor do Sampaio Corrêa e, acima de tudo, como um apaixonado pelo futebol
maranhense. Já são quase 16 anos... Pra ser mais exato, 15 anos e seis meses.
Esse é o tempo do meu incalculável amor pelo Sampaio Corrêa Futebol Clube. Não
vou dizer que foi amor à primeira vista, mas sem dúvida foi o clube que abracei
com todo amor. Antes de falar do meu “casamento” com a minha Bolívia, vou
escrever aqui um pouco da minha história de não menos amor com o futebol
maranhense.
Quando a gente era
moleque, a nossa diversão ou era passar a tarde toda jogando bola na rua ou jogando
botão. Eu fazia os dois. Passava horas e horas jogando sozinho futebol de botão
no terraço de casa... Minha diversão por esse esporte começou em 1993, quando
vi meu primo com um jogo desse e ganhei dos meus pais o meu primeiro time, o
Coritiba. Jogar futebol de botão e não se meter a “narrador” é até pecado,
rsrsrs Então jogava e ainda narrava as partidas. Não contente em somente
narrar, ainda me metia a ser rádio-escuta, aquele cara que passa os placares da
rodada ao longo da transmissão. Até ai o meu conhecimento sobre futebol
resumia-se ao bom e velho clichê Flamengo, Palmeiras, Vasco, etc... (tanto é
que, durante muitos anos, fui um palmeirense roxo, de chorar com aquele timaço
de Paulo Nunes e Oséas). Em 1995, jogando futebol de botão em casa, liguei o
rádio para “passar o placar”. Até hoje lembro a rádio, a Educadora. O jogo,
porém, não lembro... Só sei que uma das equipes a jogar era o Maranhão Atlético
Clube. Aquilo não existia pra mim, como assim futebol no Maranhão? Quando ouvi
então a primeira vez o hino do “Macão” tocar antes da escalação, até larguei o
jogo de botão de lado. Durante muito tempo ouvi as transmissões, já
condicionado naqueles domingos às 16 horas. E durante muito tempo fui um amante
da letra do hino do MAC – tinha isso gravado em fita K-7, que ouvia direto
(ainda existe fita K-7? Hahaha).
Em 1996, com a
influência do programa do jornalista e apresentador Zé Raimundo, passei a
acompanhar a campanha do Moto na Série B de 1996. Lembro que nesse mesmo ano o
clube foi jogar em Pinheiro, onde eu morei até os meus 17 anos. Fui nesse jogo
e aquilo era incrível pra mim, ver de perto um time de futebol de São Luis,
jogando contra a Seleção Pinheirense. O jogo foi no Estádio Costa Rodrigues,
lotado – eu já acompanhava uns jogos do Campeonato Pinheirense e até
simpatizava com um clube, o Atlético. Apesar da boa campanha do rubro-negro
naquele ano, meu coração escolheu outras cores... Três, aliás: o vermelho, o
verde e o amarelo. E lembro muito bem as circunstâncias que me fizeram adotar a
Bolívia: nesse ano, em 1996, paralelamente ao Moto, eu acompanhava a campanha
do Sampaio na Série C. Lembro que em Outubro, o time foi jogar em Mossoró
contra o Potiguar, já pela segunda fase, e acabou perdendo por 2 a 1. Fiquei
mal, arrasado mesmo. Nunca tive nenhuma ligação forte com o Sampaio, mas
naquela derrota senti um amor inexplicável pelo time. Talvez pela forma com o
Tricolor eliminou o Fortaleza, dentro do Ceará, na fase anterior... Só sei que
passei a semana inteira ansioso pelo jogo de volta. E lembro muito bem da data:
27 de Outubro de 1996, um domingo, véspera do meu aniversário de 12 anos. E a
espera valeu a pena: a Bolívia meteu um senhor 5 a 0, fora o baile. Passei o
resto da semana seguinte eufórico: fazia desenho do escudo no meu caderno, cantava
o hino sozinho, guardei recorte de jornal do Estado do Maranhão com aquela
vitória (meu avô tinha um armazém e lá sempre chegava o jornal – e eu, claro,
roubava o caderno de esportes).
Sampaio Corrêa 5x0 Potiguar: meu primiero jogo como boliviano
Nos anos
seguintes o meu amor pela Bolivia só aumentou. Lembro que acompanhei toda a
campanha na Série C de 1997 – cheguei a não ir no aniversário da minha avó
paterna só pra poder ouvir o jogo contra o River-PI. Também acompanhei o
descenso do Moto... Aquele 3x3 contra o Atlético em Goiânia até hoje ta na
minha cabeça... Na final da Série C, contra a Francana, nem dormi direito...
Passei a manha e parte da tarde inteira numa aflição. Até fui jogar bola com
meus primos pra ver o tempo passar mais rápido. Quando enfim pude ligar na
rádio Pericumã, que retransmitiu o sinal da Rádio Mirante AM, minha avô fez o
favor de me ligar e pedir que eu fosse lá molhar as plantas do quintal dela...
Fui chorando de casa até lá, com uma raiva gigante – mas era a minha avó, tinha
que ir lá. Porém, deixei o jogo todo gravando numa fita K-7, meu maior tesouro
(toda a decisão contra a Francana gravada em fita K-7. Inclusive fiz até uma
capinha pra fita). Com o título nem é preciso dizer que comemorei muito e...
sozinho. Infelizmente acho que eu era o único boliviano em Pinheiro. Cansei de
ouvir piadinhas do tipo: “Ah, larga isso de Sampaio, tu nunca foi num jogo e
torce pra isso”. Cinco anos depois, já residindo em São Luis, não havia mais
desculpas, hahaha...
Relíquia que guardo até hoje: fita K-7 com a gravação do jogo Sampaio Corrêa 3x1 Francana, em 1997
Parte de dentro da capa... Detalhe: tudo desenhado por mim, hahaha
Capa da fita K-7
No ano seguinte,
1998, pedi de presente ao meu saudoso pai duas coisas, aproveitando a sua vinda
a São Luis: um radinho de pilha e uma camisa da minha Bolívia. Quando recebi a
camisa, juro, quase chorei! Linda, linda! Aquela camisa linda de 1998, com a
marca CC’S e as duas estrelas acima do escudo. Essa camisa, sem exageros, virou
minha segunda pele, hahaha E a ostentava com o maior dos orgulhos. Nessa época eu já tinha a mania de colecionar estatísticas que vinham vez ou outra no jornal O Estado do Marahão ou no Imparcial... Nem precisa dizer que era fã dos historiadores Amaral e Manoel Martins (foi por conta disso que resolvi, inclusive, organizar um caderno com toda a vida "futebolistica" dos campeonatos de botão que eu organizava com meus primos...)
Minha primeira camisa do Sampaio (aos 13 ano), a minha seg)unda (em 2000) e depois de 2008, com mais uma camisa da minha coelção de mais de 25 peças, entre camisas e calções do Sampaio Corrêa
Minha primeira camisa do Sampaio Corrêa... Essa não tem preço, hahaha
Em 2002, já em
São Luis, passei a acompanhar os jogos no Estádio Municipal Nhozinho Santos –
eu morava no Bairro da Liberdade e todo domingo ia a pé mesmo, pelo “Elefantinho”,
no Canto da Fabril. Na volta, descia com a multidão de tricolores. Foi ainda em
2002 que pela primeira vez assisti a um jogo no Castelão. E até hoje guardo o
canhoto dessa partida (tenho, aliás, todos os canhotos de jogos que já fui na
vida): Sampaio Corrêa x Santa Inês, dia 23 de Junho de 2002, 17h00, pelo
Quadrangular Final do Primeiro Turno do Campeonato Maranhense... Nem precisa
dizer o quanto fiquei louco quando assisti aquele jogo. Era mais um sonho
realizado.
O ingresso do meu primeiro jogo no Castelão: Sampaio x Santa Inês
Uma parte dos canhotos dos ingressos
Coleçãozinha...
De lá pra cá
muita coisa já se passou e o meu amor pelo Sampaio Corrêa somente aumentou,
sobretudo após o rebaixamento em 2002 e em 2009. Talvez a minha maior
demonstração de amor “involuntário" pela Bolívia Querida foi naquela fatídica
desclassificação na Série D de 2010. Até lembro a data: 02 de Outubro, um
sábado à tarde (domingo foi eleição), contra o Guarany de Sobral. Já perto do
final da partida, lembro de ver um cara da torcida organizada Tubarões da Fiel
com os olhos vermelhos, concentrado, olhando longe... A ficha caiu naquele
momento. Coloquei involuntário entre parênteses pelo fato de ser algo
involuntário mesmo: fui chorando do ônibus até a minha casa. E involuntário porque
não conseguia controlar meu choro. Foi um choro doído, muito mesmo. Até o cobrador
ficou com pena e começou a puxar papo. Eu não conseguia nem falar nada, minha
cabeça ainda tava no Nhozinho Santos...
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