segunda-feira, 2 de março de 2015

Ferroviário surpreende na estreia em 1976


Em seu primeiro jogo no ano de 1976, o Ferroviário surpreendeu na noite do dia 26 de Fevereiro, com excelente atuação diante do Sampaio Corrêa, conseguindo um empate em 0x0 que deixou os dirigentes satisfeitos com o que possuíam para a temporada. O jogo agradou ao público que compareceu ao Estádio Municipal e deixou nas bilheterias a importância de Cr$ 36.225,00. No final do espetáculo, o treinador do Ferroviário, muito irritado, teceu críticas à atuação do Sampaio na maneira violenta nas disputas das jogadas.

O primeiro tempo o futebol foi de igual para igual, até mesmo na violência e a única oportunidade de gol surgida foi perdida pelo atacante Durval, que com o gol à sua disposição, chutou na trave. Nessa etapa de jogo valeu a disposição dos 22 jogadores em campo, destaque para as duas retaguardas que souberam superar os ataques e garantirem o placar mudo.

Para a segunda etapa o panorama teria sido igual se o Sampaio não tivesse caído de produção, como vinha ocorrendo ultimamente em seus jogos, fazendo com que o Ferroviário chegasse ao fim com um domínio territorial não transformado em gol devido à excelente atuação da retaguarda sampaína. Várias substituições foram realizadas pelos treinadores, sendo que no Sampaio a saída de Durval para a entrada de Itamar não surtiu o efeito desejado por Rinaldi Maia. No Ferrim, Heraldo Vilar substituiu Carlos Alberto por Isaías, Senega por Ozimir e Serginho por Pelé. A mudança de quase toda a linha avançada não mudou o panorama e o resultado acabou sendo justo para os dois times pelo esforço nos 90 minutos de jogo.

Um amistoso disputado em clima de guerra – Sampaio e Ferroviário realizaram uma peleja equilibrada sob todos os aspectos, decepcionantes sob o ponto de vista técnico, exibindo um futebol feio e medroso e principalmente no que diz respeito à prática do jogo violento, quando inúmeros jogadores não se contundiram seriamente por verdadeiro milagre, ainda que Carlos Augusto e Alzimar, ambos do elenco do Ferrim, obrigados a sair de campo antes do final do espetáculo, sendo que o zagueiro central teve que ser transportado imediatamente para o Hospital Presidente Dutra, atingido com um violento pontapé no rosto. Em clima de decisão, o jogo foi disputado virilmente com jogadas desleais de ambos os lados, isto tudo sob os olhares complacentes do senhor Wilson de Moraes Van Lume, que efetivou a sua pior arbitragem dos últimos tempos, sem pulso para conter a batalha campal.

Taticamente as duas equipes também mostraram um certo equilíbrio, atuando num 4-2-3, com o ponta-de-lança fazendo trabalho de terceiro homem. Bolinha pelo Sampaio e Carlos Alberto, depois Isaías, pelo Ferrim, e os dois setores de retaguarda predominaram sobre os ataques, detalhe que facilitou o trabalho dos arqueiros. Não havia espaço para as penetrações em razão do cuidado excessivo apresentado durante o transcorrer da partida.

O Sampaio Corrêa, que vinha colhendo uma série de vitórias após a realização de três compromissos seguidos, esbarrou diante de um adversário muito bem arrumado dentro de campo, não só pelo duelo incansável que os homens tiveram que enfrentar na intermediária, como também porque teve neutralizadas as suas principais jogadas pelas extremas, onde Gilmar e Coelho receberam implacável marcação dos laterais adversários e não repetiram as atuações anteriores.

A bem da verdade, o esquadrão boliviano, apesar dos pesares, predominou durante grande parte do jogo, principalmente no primeiro tempo, quando o Ferroviário se mostrou um quadro nervoso, mas em apenas um lance conseguiu uma chance para abrir a contagem. Depois disso, a partir do momento em que o adversário conseguiu pegar o ritmo e se articular melhor, a ofensiva sampaína foi impotente para vencer o duelo contra a retaguarda Ferrim. Aliás, a partida que de amistosa trouxe somente o nome, se resumiu no equilíbrio pela disputa do meio-campo, sem vencido ou vencedor.

Dos estreantes apresentados pelo Ferroviário, mereceu destaque o quarto zagueiro Jorge, ainda sem o condicionamento físico ideal, mas exibindo um futebol de primeira linha, e o meia-esquerda Ratinho, com excelente toque de bola e precisão nos lançamentos. O lateral-direito Carlos Augusto abusou das jogadas violentas e o central Moisés não teve tempo de mostrar o que sabe.



FICHA DO JOGO

Ferroviário 0x0 Sampaio Corrêa
Data:
26 de Fevereiro de 1976
Local: Estádio Nhozinho Santos
Renda: Cr$ 36.225,00
Público: não divulgado
Juiz: Wilson de Moraes Vanlume
Bandeirinhas: Josenil Sousa e Reginaldo Rodrigues
Ferroviário: Marcial; Carlos Augusto, Alzimar (Moisés), Jorge e Carrinho; Gojoba e Carlos Alberto (Isaías); Saneguinha (Ozimir), Serginho (Pelé), Ratinho e Zé Roberto.
Sampaio Corrêa: Brito; Zé Alberto, Cabrera, Sérgio e Ferreira; Eliézer e Ferraz; Gilmar, Bolinha, Durval (Itamar) e Coelho

2 comentários:

  1. Eliézer,grande medio-volante piauiense bi-campeao piauiense pelo Flamengo em 1970 e 1971.Jogou também pelo Tiradentes e river.
    E goleiro Brito? É o mesmo que jogou no Botafogo carioca na década de 60?

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