terça-feira, 20 de maio de 2014

Emílio Biló Murad, o zagueiro e o dirigente

Matéria publicada no dia 27 de Outubro de 1997, e revisada (Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão).

Walter Zaidan e Biló Murad, na década de 60, inaugurando o Estáido Rnê Bayma, em Codó

Biló Murad, filho de imigrantes libaneses, Ananias Murad e Amélia Ázar Murad, nasceu no dia 02 de Março de 1926. Morreu no dia 17 de Movembro de 2009, aos 83 anos de idade. Gozava de boa saúde até ser acometido de um câncer no intestino. Casado com Antonieta Nunes Murad, teve seis filhos: Maria Emília, Simone, Virgínia, Ananias, Emílio Biló e Jakqueline, que lhe deram muitos netos. Todos (filhos e netos) foram acostumados a chamá-lo de Bilozinho e não papai ou vovô, como é convencional.

Emílio Biló Murad, ou simplesmente Biló, jogava como um craque. A carreira dele só não foi longe por causa da sua condição sócio financeira. De família rica de Codó, saia desde garotinho às escondida para bater uma bola proibida, a de futebol. Zagueiro-central, louro, alto, de olhos verdes e cheio de grana, ele se encantou durante muito tempo pelos jogos e também pelas farras.

Com 12 anos, Biló veio estudar em São Luís como aluno interno do Marista. Ficou conhecido rapidamente. Integrou a seleção do colégio, nos tempo em que os Jogos Estudantis de Futebol eram um sucesso, levando famílias para torcer do campo do MAC, ao lado do Hospital Português (hoje Senac). Por volta de 1940, com cerca de 15 anos, já estava jogando no Ateneu, ao lado dos amigos que formavam o “trio final” do time, como chamavam na época: Raul Guterres (no gol) e Márcio Silva. Nessa mesma época, convocado para integrar a Seleção Maranhense, não perdeu mais a posição em torneios interestaduais.

Os clubes, chamados profissionais (Moto, Sampaio e FAC, principalmente), viviam nos locais dos jogos estudantis em busca de talentos. Biló lembra como Dejard Martins, pelo Sampaio, e César Aboud, pelo Moto, o assediavam com fichas de filiação. Chegou a treinar nos dois times. Mas como a vida de boêmio, como ele mesmo se intitulava, era melhor e, avesso às concentrações, preferiu não ficar.

Dejard conta que Biló jogava com grande desenvoltura. O cronista compara o nosso craque a outro grande zagueiro central maranhense, Expedito, que fez fama em grandes clubes, como o Vasco da Gama. “Biló era o Expedito mais inteligente, clássico, fino, meticuloso. Tinha presença em campo, daí a cobiça dos dirigentes. César Aboud tentava a contratação de Biló junto aos árabes ligados à família Murad. Eu, que era um cronista amigo, tentava por outro lado leva-lo para o Sampaio. Infelizmente não conseguimos”, relembrou o mestre Dejard.

Nacional, uma paixão - Biló voltou para Codó em 1945, após concluir o colegial. Lá existiam três times: Fabril, América e Ipiranga. Foi jogar no América. No fia de sua estreia, anulou o maior atacante da cidade. O América venceu a partida por 2x1 e o estreante Biló saiu de campo idolatrado.

Em 1947 ele e os amigos Walter Zaidan, José Merval Cruz, Jamil Murad e o irmão Antônio José Murad fundaram o Nacional, campeão codoense por mais de uma década. Além de um dos donos do time, Biló jogava em Codó e em São Luís nos Torneios Intermunicipais, quando Reinaldo Zaidan era o dirigente.

Político – Biló se evolver com a política desde os 18 anos de idade. Largou o futebol para assumir a Câmara de Codó como vereador por quatro mandatos consecutivos. Retornou a São Luís como Deputado em 1963. Voltou a se engajar no futebol como vice-presidente de Chiquinho Aguiar, do Sampaio Corrêa. Largou tudo novamente para, nos municípios do interior, trabalhar na campanha do futuro Governador José Sarney. Foi eleito Deputado Federal e, de 1967 a 1971, ficou em Brasília.

Dirigente - Em 1971 Biló estava novamente em São Luís quando assumiu a presidência do Sampaio. Em 1979 cobriu um mandato tampão na então Federação Maranhense de Desportos, em substituição a Domingos Leal. Em 1980 foi eleito de fato e de direito, ficando Presidente até 1983. Além de reformar toda a FMD, instalou aparelhos de ar condicionado e comprou um carro 0 km à entidade. Por essas e outras iniciativas, ele revolucionou. Mesmo assim, diz com tristeza que foi injustiçado, principalmente pela imprensa que cobria o futebol. “Hoje os repórteres da época me elogiam e alguns são meus amigos, só que eles bateram em mim impiedosamente quando fui presidente da Federação”, conta, sem saber os motivos.

Biló acompanhou a transição da Confederação Brasileira de Desportos para Confederação Brasileira de Futebol e também o desmembramento e criação da Confederação das modalidades basquete, vôlei e handebol. Figura como fundador de todas essas entidades.

No Governo Luís Rocha foi Secretário Adjunto do Deputado Nan Sousa, na Sedel. Com a desincompatibilidade de Nan, assumiu a secretaria Sebastião Murad, que tempos mais tarde também largou o cargo para concorrer a uma vaga de Deputado Estadual. Foi quando recebeu a nomeação pelo secretário.

Idealizador da Medalha do Mérito Desportivo, Biló se orgulha de ter indicado, e o governo outorgado, condecoração ao falecido Presidente da CBF, Otávio Pinto Magalhães, ao vice-presidente da entidade, Nabi Abi Chedid, ao presidente da FIFA, João Havelange, que foi representado pelo genro, Ricardo Teixeira emas de 35 homenageados.

5 comentários:

  1. Meu avô lindo, que tanto amamos e deixou uma saudade imensa em nossos corações. Tenho orgulho de ser sua neta! Te amo!!

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    1. Obrigada pela homenagem a esse que foi um grande homem em nossas vidas e na historia do Maranhão.

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  2. Prezado Hugo,
    Obrigado por sua iniciativa em retomar a reportagem publicada no Imparcial em 1997. Biló Murad foi exatamente como está descrito. Mas, acima de tudo, foi um ser humano excepcional, pois muitos ele ajudou no que foi possível, sem nada pedir em troca, nem mesmo um reconhecimento. Esse realmente era o meu PAI, e coloco em maiúsculo, pois foi um pai exemplar, marido excepcional, filho atencioso e avó amoroso ao extremo. Mais uma vez obrigado, meu PAI, por ter tido o privilégio de ter convivido 49 anos ao teu lado aprendendo a cada palavra, gestos e atos por ti emanados, que consolidaram o meu caráter, minha dignidade e me fez ver o mundo de uma forma equilibrada, além do teu exemplo na condução da coisa pública. Emílio Carlos Murad

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  3. Muito legal a iniciativa. Só esqueceram dos créditos de boa parte do texto: Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página Onde Anda Você, do jornal O Estado do Maranhão de 27 de outubro de 1997.

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  4. Tenho varios recortes e alguns estao sem a data, mas sempre q posso coloco a data e creditos. Mt boa a historia do seu Biló

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