O Maranhão goleou o Moto por 8 a 2 com a maior facilidade, na tarde/noite do dia 02 de julho de 1995, no Estádio Municipal Nhozinho Santos. Voltando a jogar uma partida quase que perfeita, o time atleticano não tomou conhecimento do adversário e acabou dando, novamente, um show de bola.
Essa foi a maior goleada da história do clássico Maremoto. O maior placar, até então, tinha acontecido na decisão do campeonato de 1962, quando o MAC, no tempo do ataque formado por Valdeci (Neto), Wilson, Croinha e Alencar, venceu por 6 a 2 e se tornou campeão.
A goleada provou mais uma vez que o time do Maranhão entrou numa boa fase. Foi a terceira goleada consecutiva que os atleticanos aplicaram no campeonato. Nos últimos três jogos, incluindo-se aí dois clássicos, o MAC fez 19 gol e sofreu apenas 2. Ganhou de 7 a 0 do Expressinho, de 4 a 0 do Sampaio e de 8 a 2 do Moto.
O time todo fez uma grande exibição. Já no primeiro tempo o Maranhão fez 3 a 1. O time maqueano começou arrasador. Logo aos 8 minutos, Jackson, de falta, marcou 1 a 0. Depois, Robson, aos 15 minutos, aumentou para 2 a 0. Estava pintando aí a goleada. O Moto, num lance de infelicidade do lateral Betinho, diminuiu para 2 a 1, aos 32 minutos. O jogador atleticano fez contra as suas próprias redes.
Na etapa final, o Moto chegou a esboçar uma reação. O rubro-negro, na única jogada que fez durante a partida, diminuiu para 3 a 2, aos 8 minutos, com um gol de Calé, de cabeça. Por dez minutos, a torcida motense teve a ilusão de que seu time poderia inverter o jogo, as a sua fraca defesa, notadamente no meio da área, passou a entregar o ouro e o Maranhão foi fazendo um gol atrás do outro. Aos 20 minutos, Jackson, o melhor do jogo, fez 4 a 1. O mesmo Jackson, se aproveitando da falha da marcação motense, fez 5 a 1, aos 21 minutos. Um minuto depois, foi a vez de Lamartine deixar o seu, fazendo 6 a 2. Batido e sem a menor chance de reação e ainda levando o chamado “Olé”, o Moto apenas assistia o show de bola maqueano. Aos 19 minutos, num lance onde ficou clara a fraqueza do meio de área formado por Jameson e Flávio, Lamartine rolou a bola para o meio da defesa rubro-negra, para Robson aparecer livre e em câmera lenta para marcar 7 a 2. A goleada histórica fechou com Robson, que fez 8 a 2 aos 45 minutos, em cima da hora.
O maremoto foi apitado pro Ruy Frazão, com boa atuação, em que pese o bandeirinha José Melônio tê-lo induzido a errar na confirmação do segundo gol do Maranhão, numa jogada que começou com um impedimento do lateral Betinho. Antônio Araújo Ribeiro foi o outro bandeirinha, com excelente atuação.
SEBASTIÃO MURAD CONVOCA REUNIÃO PARA RENUNCIAR – O Presidente Sebastião Murad telefonou de Fortaleza para um dos assessores, mandando convocar a diretoria para uma reunião extraordinária no dia seguinte (03 de julho de 1995), às 19h00, em seu escritório na SM Engenharia. O dirigente motense se encontrava na capital cearense tratando de interesses particulares, mas retornaria no horário da tarde, antes da reunião.
Ao perguntar o resultado do jogo, Murad quase não acreditou que o Moto tinha perdido de 8 a 2. Diante do vexame nacional, pois o clássico fazia parte da Loteria, o presidente já havia decidido, desta feita, renunciar ao cargo, definitivamente. Sebastião mandou convocar a diretoria para renunciar oficialmente, por se julgar impotente para dirigir o clube. Em contato telefônico, o presidente Sebastião Murad frisou que renuncia para não continuar prejudicando o Moto, haja vista que todas as tentativas para acertar o time não deram resultado.
A atual diretoria, eleita no dia 13 de junho de 1995, anunciaram que acompanhariam o presidente no seu pedido de renúncia. Os vice-presidentes Raimundo Baldez e Camilo Costa Pereira anteciparam que sairiam com o presidente. O terceiro vice-presidente Herbert Vera Cruz Marques há vários dias deixou o clube. Com a renúncia coletiva, o Moto seria entregue ao presidente do Conselho Deliberativo, Edmar Cutrim, a quem caberia a tarefa de convocar assembleia geral extraordinária para a formação de uma junta governativa ou eleição da nova diretoria.
JOSÉ RAIMUNDO RODRIGUES ACEITA DIRIGIR JUNTA DO MOTO – O jornalista e empresário José Raimundo Rodrigues, a partir do dia 10 de julho de 1995, foi o novo presidente do Moto Club em substituição ao deputado Sebastião Murad, que renunciou ao cargo junto com toda a sua diretoria.
Um grupo de motenses acabou convencendo José Raimundo a assumir a presidência do rubro-negro, logo em seguida à oficialização da renúncia do presidente Murad, o que aconteceu na reunião no dia 10 de julho, quando da reunião do conselho deliberativo, que foi convocada em caráter de urgência pelo presidente do conselho, Edmar Cutrim.
José Raimundo relutou, mas terminou dizendo que aceitava a tarefa, sob algumas condições, começando pelo tempo de mandato a ser cumprido. Ao invés de uma nova eleição, o desportista formou uma junta governativa para dirigir os destinos do Papão até o final do mês de dezembro.
FICHA DO JOGO
Moto Club 2x8 Maranhão
Data: 02 de Julho de 1995
Local: Estádio Nhozinho Santos
Renda: R$ 3.738,00
Público: 981 pagantes
Juiz: Ruy Frazão
Bandeirinhas: José Ribamar Melônio e Antônio Ribeiro Araújo
Gols: Jackson aos 8, Betinho (contra) aos 32, Robson aos 45 e Jackson aos 46 minutos do primeiro tempo; Celi aos 9, Jackson aos 23 e 24, Lamartine aos 25 e Robson aos 31 e 44 minutos do segundo tempo
Moto Club: Hélio; Netinho, Flávio, Jarmerson e Celé; Touro (Junior), Da Silva e Nenê (Adão); Edmilson, Marcos e Demetrius. Técnico: Sérgio Lopes
Maranhão: Raimundão; Betinho (Alemão), Carlinhos, Oliveira Lima e Ivaldo; Alexandre, Júlio César e Lamartine; Jackson, Robson e Cosme (Fabrício). Técnico: Arnaldo Lira
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