domingo, 21 de janeiro de 2024

Confusão e tiros em Pindaré-Mirim (1998)

Texto do jornal “O Estado do Maranhão” (05 de junho de 1998)

Assistida por um grande público (quantidade não foi divulgada), a partida Pindaré x Viana, válida pela última rodada do quadrangular final do Primeiro Turno do Campeonato Maranhense de 1998, na noite de quarta-feira, 4 de junho, terminou em um grande tumulto, inclusive tiros na parte externa do estádio e pedradas dentro de campo. O atacante Vágner Paulista, do time vianense, foi a maior vítima, sendo atingido na cabeça por um torcedor e, sangrando bastante, foi parar no hospital da vizinha cidade de Santa Inês, onde foi medicado.

Inicialmente a partida só parecia interessar ao Viana, que precisava vencer e torcer por um empate entre Sampaio e Bacabal. O Pindaré, pela lógica, entraria em campo apenas para cumprir tabela, pois qualquer que fosse o resultado estaria fora da briga pelo Primeiro Turno.

A confusão em Pindaré começou bem antes de a boal rolar, nas grandes filas que se formaram em volta do Estádio Nagibão. Torcedores se empurravam, discutiam e esbravejavam, reclamando da desorganização da FMF quanto ao número de catracas e tentavam entrar de qualquer maneira. Pelas informações obtidas no próprio estádio, apenas duas catracas eletrônicas estavam funcionando. Quantidade insuficiente para conter a fúria dos torcedores que não tinham mais, naquele momento, 15 minutos antes de começar o jogo, paciência para permanecer nas filas. A polícia teve trabalho dobrado e muitas das vezes teve que usar gás lacrimogêneo para dispersas os mais afoitos.

Em consequência de toda confusão, maior parte da torcida só conseguiu entrar no estádio quando a bola estava rolando. As reclamações foram inúmeras. “A ideia de lançar a troca da nota fiscal pelo ingresso foi excelente, mas ele também precisa resolver o problema do torcedor que bem para o estádio e tem que enfrentar essas filas”, reclamou o torcedor do Pindaré, José Fernandes.
 
MAIS AGITAÇÃO – Passada a confusão do acesso dos torcedores para assistir a partida, tudo parecia que iria transcorrer sem maiores problemas. Entretanto, alguns problemas, entre eles pedras, chupas de laranjas, etc., dentro de campo, o árbitro Marcelo Barbosa conseguiu conduzir a partida. Aos 52 minutos do segundo tempo, entretanto, foi obrigado a parar tudo. O bandeirinha Roberth Charles, hostilizado sistematicamente por alguns torcedores, alegou que não tinha mais condições de permanecer na linha lateral, reclamando da falta de segurança.

Durante os noventa e sete minutos de jogo, por diversas vezes o árbitro teve que chamar a polícia e reclamar dos objetos que estavam sendo jogados dentro de campo, principalmente quando os jogadores do Viana se apresentavam para cobranças de laterais ou escanteios.

Um outro problema enfrentado pelo árbitro na volta para o segundo tempo foi com relação à falta de iluminação em uma das torres do Nagibão, que apagou geral. Mesmo assim, em situação precária, Marcelo Barbosa autorizou o reinício da partida.

TÉRMINO – Os problemas de acesso e durante o jogo foram pequenos se comparado com tudo o que aconteceu no final da partida. O tumulto foi iniciado no momento em que o atacante Vagner Paulista foi atingido com uma pedrada na cabeça e teve que sofrer seis pontos. A partir daquele instante enquanto o jogador do Viana estava sendo atendido, o policiamento tratava de proteger o árbitro, as brigas e correriam acontecimentos no setor de arquibancada e na parte externa do Estádio Nagibão.

Revoltados, os dirigentes de Pindaré responsabilizavam toda confusão à arbitragem de Marcelo Barbosa e dos bandeirinhas Geraldo de Jesus e Roberth Charles pela anulação de um gol e da marcação de impedimento inexistentes. O saldo de toda confusão resultou em uma grave agressão à pedrada ao jogador Vagner Paulista, que, desacordado, foi parar no hospital, com seis pontos na cabeça. Mais tarde, ele foi à delegacia, onde foi medicado e registrou a agressão. O ônibus que conduzia a delegação do Viana ficou com os vidros laterais, traseiros e da frente quase que totalmente quebrados.

O diretor do Viana, Djalma Campos, que também teve o seu carro apedrejado, declarou depois do jogo que o clube vianense vai levar toda confusão ao Tribunal de Justiça da federação para que o Pindaré não realize os seus próximos jogos no Estádio Nagibão. O próprio árbitro Marcelo Barbosa, enquanto esteve em campo protegido pela polícia, disse que iria detalhar todos os acontecimentos no relatório e dar entrada na FMF.


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