José Cursinho Coelho Filho nasceu dentro de barco em São Luis no dia 04 de fevereiro de 1938. A mãe, grávida de 9 meses, esperava que ele fosse filho de Guimarães. Depois dessa peça do destino, só restou à família seguir para o interior com o recém nascido, onde permaneceram por sete meses.
De
volta à capital, Zuza (apelido colocado pelo pai, sem motivo especial) passou a
morar na Vila Passos. Mas foi no União (time do Tirirical) que ele recebeu os
treinamentos específicos para o futebol.
O
Campeonato Anilense de 1956 serviu de vitrine para que o jovem de 18 anos, que
no ano seguinte estava no meio de outros tantos craques do imbatível
Ferroviário.
Ao
chegar pela primeira vez ao Santa Isabel para treinar no Ferrim, Zuza,
coma timidez típica dos adolescentes, se
limitou a observar um grupo de craques: Walber Penha, Marujo e caxambu (no
gol), Bebeto, Negão, Esmagado, Ribeiro Garfo de Pau, Peruzinho, Gentil,
Augusto, Carapuça, Pitú, Frango, Vicente, Rui, Claudionor, Augusto, Nonato
Cassas, dentre outros. Foi quando Ribeiro e Gentil perguntaram se ele não
queria completar o time de baixo.
Ele
aceitou. Só que quando pediu a chuteira número 41, o roupeiro fez cara feia e
não deu. Gentil, que calçava a mesma pontuação, cedeu as suas. E o garoto
mostrou o que sabia, exibindo seu fôlego invejável, uma de suas características
marcantes, atuando a princípio pela ponta-direita.
Durante
o ano de 1957, Zuza foi contratado, assim como outros craques, como Hamilton, Decadela,
Santos, Waltair. Se definiu como centro-médio (o volante de hoje). Desarmava os
ataques adversários com extrema facilidade. Só tinha um defeito: arrebentava
nos treinamentos, mas quando era na hora de jogar pra valer, a ansiedade de
menino fazia com que tudo desse errado. Terminava tendo que se contentar com a
reserva de Pitú e aprender cada vez mais com o time campeão maranhense daquele
ano.
Em
1958 o atleta crescia, jogando ao lado de Negão, ora de Laxinha. Era um orgulho
atuar com as feras do Ferroviário, bicampeão maranhense com: Walber Penha;
Ribeiro Garfo de Pau, Santos, Decadela e Esmagado; Negão e Laxinha; Rui,
Hamilton, Nabor e Neto.
Com
a briga entre o clube e a Federação, em 1959, que terminou por desfazer o
Ferroviário, Zuza, 21 anos, foi para o Maranhão Atlético Club viver, agora sim,
seus tempos áureos. Mais maduro e com um futebol de melhor qualidade, ele
escreveu seu nome na história do futebol maranhense. Ao lado de Barrão, formou
uma das duplas de meio-campo mais famosas que já se viu por estas bandas.
Nesse
período, ele mostrou seu valor, integrando também a Seleção Maranhense.
Aplicado tecnicamente com um grande preparo físico, o centro-médio Zuza se
destacava pela cobertura dos dois lados do meio-campo em todas as partidas que
disputava. Um “carregador de piano” – como todos o chamavam, que desfazia
ataques adversários e tinha em Barrão a continuidade da jogada rumo aos gols do
seu time. Não é que gostasse de subir. Fazia isso de vez em quando, porque seu
trabalho era muito mais valioso.
Vitória do Mar de 1969: em pé - Badé, Edmar, Valois, Vico, Ronaldo e Manga. agachados - Fifi, Zuza, China, Roxo e Diomar
As
más línguas diziam que ele fazia o nome de Barrão. Mas não era bem assim.
Depois de desarmar os adversários, ele tinha a garantia que, dos pés de Barrão,
exímio lançador, a bola chegaria limpa aos atacantes. Os dois ficaram famosos –
assim como todo o timaço que levou o MAC ao título de 1963: Lunga; Neguinho,
Vareta, Negão e Cléssio; Carlindo, Moacir Bueno, Barrão e Adaupi; Valdeci,
Wilson, Croinha e Alencar.
O
diferencial Zuza-Barrão é que eles “se afinavam por música”, que eram muito
amigos. Tramavam as jogadas durante os treinos, fora deles, nas concentrações,
nas farras e colocavam em prática, colhendo os frutos da fama por puro
merecimento.
Muitos
troféus foram conquistados por Zuza até 1966, quando ele passou no concurso do
IAPI (hoje INSS) e foi transferido para Recife. Na capital pernambucana, ainda
chegou a treinar no América e no Ferroviário. Mas como a diretoria maqueana não
liberou seu empréstimo, se contentou em voltar a jogar profissionalmente em
1967 no Vitória do Mar (do compadre espiritual e técnico Calanzas) até Julho de
1969, quando teve que se mudar em definitivo para Brasília, para cumprir mais
uma transferência pelo emprego público federal, abandonando em definitivo a
profissão da paixão.
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