Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão, de 17 de Abril de 2000.
No período de 1960 a 1966, o Maranhão Atlético Clube conseguiu montar uma equipe que encantou e entrou para a história do futebol profissional maranhense, fazendo parte da memória de seus torcedores. Um garoto vindo de Cururupu teve brilho próprio em meio às estrelas da época. Adalpe é o seu nome. Jogava fácil, de forma objetiva na porá direita ou de centroavante. O mias importante: vestia a camisa do clube com amor. Além de atleta, foi e continua sendo um atleticano apaixonado. Trocar Cururupu por São Luis foi uma bênção para Adalpe. Em busca de melhores condições de estudos, mudou-se com 14 anos de idade. Em regime de semi-internato, fez o quinto primário e o exame de admissão no Colégio Marista. Concretizava-se assim o sonho dos seus pais, Pedro Carlos e Ada Lisa: o filho iria estudar em um dos melhores colégios da capital e um dia seria doutor. A adaptação foi rápida. Sempre que tinha oportunidade, juntava-se ao pessoal que gostava das peladas disputadas nos intervalos das aulas. Em uma delas, pela intimidade e competência com que tratava a bola, foi observado pelo irmão Miguel, o responsável pelos semi-internos. Veio então a indicação para a Seleção de Futebol do Colégio. “Dessa maneira, quebrei um tabu do Marista, porque a seleção do colégio era formada exclusivamente por alunos que cursavam o científico e ginásio. Eu ainda, no primário, prestava exame de admissão (similar ao atual vestibular). Graças à visão de Wady Fiquene, que era o técnico da Seleção e ao irmão Miguel, que me deu a maior força, acabei sendo aceito pelo grupo e defendendo o Marista nos Jogos Estudantis Professor Alfredo Colombo, disputado pelos principais colégios de São Luis em várias modalidades”, relembra. As principais características dele eram a velocidade e o oportunismo. Sabia se colocar muito bem dentro da área. Tinha calma quando ficava frente a frente com os goleiros. Cabeceava bem e chutava com precisão. Tratava a bola com carinho. Jogava porque sabia e gostava. Na verdade, Adalpe Pedro Silva sempre foi precoce. Quando menino, já se destacava nas peladas em Cururupu. Nascido em 16 de Fevereiro de 1943, com 12 anos de idade vestiu a camisa do ABC, time colegial da cidade. Também foi convidado por Joaquim Gomes (Diabo Louro) para jogar na equipe principal e adulta do CAC – Cururupu Atlético Clube. “Papai não permitia que eu jogasse. Disse que eu era muito pequeno e fraco para me meter com gente grande”. Desobediente, acabou vestindo a camisa do CAC ao completar 14 anos. Só parou quando se mudou para São Luis. O grupo do Marista embrenhava-se pela quinta do Barão, pertencente ao colégio, para assistir aos treinos motenses do muro que fazia divisa entre a escola e o estádio Santa Isabel. Sua maior preocupação era ver treinar o grande nome da época, Laxinha, que tinha acabado de retornar de Belém. Adalpe nem imaginava que poucos meses depois jogaria com Laxinha no MAC... Em 1959, já com 16 anos, foi pelo seu pai e Napá (pai do ex-presidente do MAC, França Dias), para treinar no quadricolor maranhense. A estréia no MAC aconteceu em uma partida disputada no Santa Isabel, contra o Bangu, de Coroatá. Vitória maqueana por 3x1, com dois gols de Adalpe. Uma semana depois, o MAC jogou amistosamente contra o Ceará Sporting Club. Adalpe voltou a marcar mais um gol, consolidando a sua posição e conquistando o respeito e admiração da torcida, do técnico e dos companheiros. Foi firmando-se como titular da equipe. O auge da carreira no clube veio em 1963 com a conquista do campeonato estadual de profissionais. Os torcedores e a imprensa diziam que o grupo maqueano jogava por música, tamanha era a afinação e o entrosamento entre eles. A escalação do MAC em 1963: Lunga; Vareta, Negão, Clécio e Ivanildo; Zeza e Varrão; Adalpe, Wildon Croinha e Alencar. Quando sofreu uma contusão na virilha, Adalpe foi substituído por Valdecy, que havia trocado o Moto pelo MAC. “É preciso afirmar que nessa época em que fomos campeões, Moto e Sampaio Corrêa tinham excelentes times. O campeonato alcançou altos índices técnicos pela qualidade dos jogadores”. Adalpe se recorda dos grandes duelos que travou contra dois incríveis marcadores: Damasceno (Sampaio) e Esmagado (Moto Club). “Eles eram implacáveis. Não me deixavam só em nenhum momento”. A carreira desse ponta direita e centroavante do MAC durou seis anos. Em Janeiro de 1967, passou a cursar Direito na UFMA e ficou só estudando.
Adalpe em 1960, no Nhozinho Santos, vestindo a camisa do MAC
Nenhum comentário:
Postar um comentário