Texto extraído do jornal O Estado do Maranhão
Leôncio Rodrigues Sobrinho, ou simplesmente Lelé. Um diminutivo carinhoso, lembrado e respeitado até hoje. Como jogador de futebol de campo cheio de raça e determinação soube tirar proveitos que supriram a falta de talento. Quando parou de jogar resolveu apitar partidas, transferindo seus conhecimentos e sua excelente preparação física para uma área bastante carente em São Luís. E fez nome com a autoridade de quem sabia impor respeito. Lelé apitando era garantia de jogo limpo para os atletas e bom espetáculo para o público.
Ele nasceu em 1924. Suas lembranças o fazem voltar à época em que tinha 15 anos. Jogando de half direito (mesmo sendo lateral atuava como uma espécie de quarto zagueiro) pelo colégio colégio São Luís, participava dos jogos estudantis promovidos pelo professor Luís Rego, Diretor de Educação do Município. Também atuou no científico pelo Centro Caixeiral.
Quando já estava com 18 anos aceitou convite do técnico Luiz Comitante e passou a integrar o FAC-Football Atlético Clube. Comparado hoje a Dunga, do Jubilo Iwata e da Seleção Brasileira, que não é um jogador de talento nato, mas sabe cumprir as determinações do treinador, Lelé se destacava pela disciplina e vontade de ganhar. Raçudo, foi sondado pelo clube Paysandu, do Pará, mas não aceitou se transferir.
Depois de duas temporadas trocou o FAC pelo Onze Amigos, time da 2ª Divisão. E jogou lá por 12 anos seguidos. Paralelamente, já preocupado com seu futuro, assumia várias funções no município: de auxiliar de fiscal, a fiscal e diretor do arquivo.
Por volta de 1951 ele participou do curso de arbitragem ministrado pelo técnico Zequinha Dadeco. Passava então a exercer uma função, que o tornou conhecido no Maranhão e em várias capitais brasileiras, principalmente Belém - PA.
Em 1953 o famoso árbitro Mário Viana veio a São Luís ministrar mais um curso de reciclagem, numa promoção dos jornalistas Sekeff Filho e Dejard Martins. Além das aulas Mário Viana observava os participantes do curso na prática. "Ele quis me levar para São Paulo. Dizia que eu merecia estar em um centro mais desenvolvido. Quando foi embora mandava cartas me incentivando", conta Lelé sobre a marcante presença de Mário Viana em sua vida.
Adotando a mesma postura do professor, principalmente pela rigidez, não deixando nunca o jogo descambar para a violência, Lelé era chamado de "Mário Viana maranhense", como cita Dejard Martins em seu livro "ESPORTE um mergulho no tempo", página 128.
Por quase 15 anos Lelé trabalhou incessantemente em São Luís e em Belém. Num domingo apitava aqui. Na folga do domingo seguinte voava para apitar na capital paraense, mesmo morrendo de medo de avião. E mostrava porque era tão solicitado.
Um episódio marcante em sua vida se deu no amistoso entre Sampaio e Vasco, cujo ano ele não lembra. Conta Lelé, que o Sampaio perdia por 1 x 0 quando o Vasco cometeu um pênalti. Ele marcou e com sua peculiar autoridade e não deixou que ninguém do time cario ca reclamasse. Pirrita empatou. Henrique Santos deixou o tricolor na vantagem, mas o Vasco conseguiu o empate.
Pelas brilhantes atuações em partidas amistosas e dos campeonatos do Maranhão e do Pará, chegou a receber o prêmio "Apito de Ouro".
Mesmo não andando atrás de consagração ele desempenhou muito bem a função de técnico, quando dirigiu a Seleção de Rosário, cidade do interior maranhense. Orgulha-se em contar que Rosário derrotou o Maranhão Atlético Clube, campeão estadual de 1963, e o Auto Esporte, campeão piauiense.
Adeus à arbitragem Em 1965 Lelé se mudou para a cidade de Humberto de Campos -MA, atrás de um futuro melhor. "Maranhense não dá valor a maranhense e por isso tive que ir em busca de outras atividades". Montou uma casa de shows, que recebeu na estréia a garota, ainda desconhecida do grande público, Alcione Nazareth, levada pelo pai, maestro João Carlos.
Quando voltou a São Luís, seis anos mais tarde, participou de vários cursos de Educação Física e passou a dar aulas em colégios do estado. Foi Instrutor de Práticas Esportivas da Sedel e chegou a ocupar o cargo de Diretor de Praças.
Como funcionário municipal, assumiu a função de Diretor de Trânsito para depois se aposentar.
terça-feira, 8 de abril de 2025
Leôncio "Lelé, o Mário Viana maranhense
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