Texto extraído do jornal O Estado do Maranhão
A arbitragem do Maranhão viveu momentos de glória no período em que Wilson de Moraes Wan-Lume, como árbitro de futebol, soube passar por situações em que nem era percebido e em outras mostrar que tinha por obrigação exigir disciplina, para que uma partida de futebol não tomasse rumos desvirtuados. No cumprimento da profissão deixou que os acontecimentos ficassem restritos às quatro linhas. Sempre muito correto, jamais foi acusado de algum ato leviano, que tivesse interferido nos resultados.
A maneira de ser de Wan-Lume é a mesma desde os tempos em que era chamado de Calango e gostava de jogar futebol no Canto do Rio, time de várzea do João Paulo, composto por: Zé Bento, Zé Rocha e Biguá; ele, o Calango, Ema e Embuá; Washington Pinheiro, Benedito e Washington Santos; Quintino Pau-de-Arara Sebastião.
Andando de chuteiras - De centro-médio Calango, com 16 anos de idade, passou para a lateral esquerda. Quando foi estudar na Escola Técnica Federal do Maranhão calçou pela primeira vez uma chuteira. E sob o comando do técnico Pimenta, ex-Seleção Brasileira, contratado pela ETFM, andava até pelos corredores rumo às aulas, se equilibrando nos sapatos do futebol. Mas sua relação com esse esporte não passava de amadora.
Depois que estava no 24° BC apareceram Djar Martins, o cronista apaixonado pelo Sampaio e o dirigente Ferrari, convidando o para fazer parte do tricolor. O Sampaio, de 47, tinha um time de pernambucanos, formado para derrotar o imbatível Moto Clube, tri-campeão maranhense. Mesmo sem se profissionalizar, porque era cabo do Exército, Wan-Lume aceitou a proposta, entrando no lugar de Decadela (de Pernambuco). Foi jogar ao lado de Cido, Reginaldo, Gegeca, Bodinho, Duó, Geovani, Capuquinho, Zé Pequeno, Zé Rocha e Baltazar. Os reforços não puderam fazer muito, porque o Moto
Em 1968 Wan-Lume apitou jogos do Torneio Maranhão-Piauí voltava a conquistar mais um título estadual. Mas o jogador Calango se orgulha em dizer que sempre fazia parte da Seleção da Semana eleita pela crônica esportiva.
Quando em 48 foi formado o General Sampaio, time do Exército, Calango ficou por lá, onde era mais fácil conciliar os horários. Disputou a Segunda Divisão e só não foi campeão nesse ano. Paralelamente via das arquibancadas o Moto voltar a arrasar os adversários, chegando ao heptacampeonato em 50.
Em 51 Wan-Lume largou os campos para ir estudar na Escola de Sargento Especialista do Rio de Janeiro. Começava uma peregrinação por vários estados do país, cumprindo transferências exigidas pelo Exército.
Em 54, quando estava em Fortaleza, Wan-Lume voltou ao
futebol, jogando no América, ao lado dos maranhenses Bacabal (goleiro) e Merci (lateral direito).
De volta a São Luís, em 55, o futebol era para Wan-Lume uma distração. Tanto que foi ser secretário do Moto atendendo a um pedido do presidente, Major Pereira dos Santos, que sabia do gosto do Sargento pelo esporte. Em 58, chegou a jogar no Vitória do Mar, time mais frequentado pelo grupo da estiva. Nas horas vagas apitava jogos do futebol amador e do futebol de salão.
Somente em 61, quando o capitão Daniel, diretor de arbitragem da FMD Federação Maranhense de Desportos, convocou algumas pessoas para passar por um teste na arbitragem, começava a trajetória do maior árbitro do Maranhão.
Deu certo A experiência - com o amadorismo valeu muito para Wan-Lume. A disciplina do Exército fez com que sua dedicação à atividade fosse consistente. A integridade de caráter tornava-o voltado a enveredar somente pelo caminho da honestidade. Sua tranquilidade para tomar decisões fazia-o a cada partida mais sábio, sempre a favor do jogo limpo. A atuação sempre discreta era a procura do anonimato, em uma profissão onde muitas vezes os árbitros estavam no centro das atenções pela interferência em resultados.
Mas mesmo que quisesse passar despercebido, com suas atuações irrepreensíveis, Wan-Lume começou a fazer nome. Em 76 foi convidado a apitar na Fonte Nova, Bahia, o jogo pelo Brasileiro entre Vitória (BA) e Sergipe (SE). Na véspera, no mesmo estádio, o árbitro Dulcídio Vanderlei Boschila, de São Paulo, não teve pulso para segurar uma partida e a crônica esportiva caia em cima do paulista. E todos perguntavam: "Como será com esse desconhecido?"
Ele foi simplesmente o Wan-Lume de sempre, ganhando mais ainda respeito em outras praças. Houve período em que chegava a passar cerca de um mês apitando em diferentes cidades, como Belém e Manaus.
Com os jogos em que era designado pela Confederação Brasileira de Desportos, hoje Confederação Brasileira de Futebol CBF, Wan-Lume só não conseguiu se infiltrar no fechado eixo sul-sudeste. No Norte e Nordeste fez fama. E assim surgiram ao longo de 16 anos de profissão inúmeros Norte e Nordeste, Taças Brasil, Campeonatos Brasileiros, Campeonatos Maranhenses.
No Maranhão recebeu vários prêmios de melhor do ano. A Associação de Cronistas e Locutores Esportivos ACLEM foi um dos segmentos que o condecoram muitas vezes com o famoso apito de Ouro, pelas brilhantes atuações. Em 77, atendendo um pedido dos filhos, Wilson de Moraes Wan-Lume resolveu parar. "Tomei a decisão pela minha familia", conta ele, lembrando que escreveu uma carta à imprensa, aos dirigentes, aos atletas e torcedores comunicando da decisão.
sábado, 12 de abril de 2025
Árbitro Wilson de Moares Wan-Lume
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário