domingo, 30 de junho de 2013

Árbitro Wilson de Moraes Wan-Lume

Matéria de Edivaldo pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão.

A arbitragem do Maranhão viveu momentos de glórias no período em que Wilson de Moraes Wan-Lume, com árbitro de futebol, soube passar por situações em que nem era percebido e em outras mostrar que tinha por obrigação exigir disciplina, para que uma partida de futebol não tomasse rumos desvirtuados. No cumprimento da profissão deixou que os acontecimentos ficassem restritos às quatro linhas. Sempre muito correto, jamais foi acusado de algum ato leviano que tivesse interferindo nos resultados.

A maneira de ser Wan-Lume é a mesma dos tempos em que era chamado de Calango e gostava de jogar futebol no Canto do Rio, time de várzea do João Paulo, composto pro Zé Bento, Zé Rocha e Biguá; ele, o Calango, Ema e Embuá; Washington Pinheiro, Benedito e Washington Santos; Quintino Pau-de-Arara e Sebastião.

Andando de chuteiras – De centro-médio Calango, com 16 anos de idade, passou ara a lateral esquerda. Quand foi estudar na Escola Técnica Federal do Maranhão, calçou pela primeira vez uma chuteira. E sob o comando do técnico Pimenta, ex-Seleção Brasileira, contratado pela ETFM, andada até pelos corredores rumo às aulas, se equilibrando nos sapatos do futebol. Mas sua relação com esse esporte não passava de amadora. Depois que estava no 24º BC, apareceram Dejard Martins, o cronista apaixonado pelo Sampaio e o dirigente Ferrari, convidando-o para fazer parte do Tricolor. O Sampaio de 47 tinha um time de pernambucanos, formado para derrotar o imbatível Moto Club, tricampeão maranhense. Mesmo sem se profissionalizar, porque era Cabo do Exército, Wan-Lume aceitou a proposta, entrando no lugar de Decadela (de Pernambuco). Foi jogar ao lado de Cido, Reginaldo, Gegeca, Bodinho, Duó, Geovani, Capuquinho, Zé Pequeno, Zé Rocha e Baltazar. Os reforços não puderam fazer muito, porque o Moto voltava a conquistar mais um título estadual. Mas o jogador Calango se orgulha em dizer que sempre fazia parte da Seleção da Semana eleita pela crônica esportiva.

Quando em 48 foi formado o formado o General Sampaio, time do exército, Calango ficou por lá, onde era mais fácil conciliar os horários. Disputou a Segunda Divisão e só não foi campeão nesse ano. Paralelamente via das arquibancadas o Moto voltar a arrasar os adversários, chegando ao heptacampeonato em 1950. Em 1951 Wan-Lume largou os campos para ir estudar na Escola de Sargento Especialista do Rio de Janeiro. Começava uma peregrinação por vários estados do país, cumprindo transferência exigidas pelo Exército. Em 54, quando estava em Fortaleza, Wan-Lume voltou ao futebol, jogando no América, ao lado dos maranhenses Bacabal (goleiro) e Merci (lateral-direito). De volta a São Luis, em 1955, o futebol era para Wan-Lume uma distração. Tanto que foi ser secretário do Moto atendendo a pedido do presidente, Major Pereira dos Santos, que sabia do gosto do Sargento pelo esporte. Em 58, chegou a jogar no Vitória do Mar, time mais frequentado pelo grupo da Estiva. Nas horas vagas, apitava jogos de futebol amador e do futebol de salão. Somente em 1961, quando o capitão Daniel, diretor de arbitragem da FDM – Federação Maranhense de Desportos – convocou algumas pessoas para passar por um teste na arbitragem; começava a trajetória do maior árbitro do Maranhão.

Em 1968 Wan-Lume apitou jogos do Torneio Maranhão-Piauí

A experiência com o amadorismo valeu muito para Wan-Lume. A disciplina do Exército fez com que sua dedicação à atividade fosse consistente. A integridade de caráter tornava-o voltado a enveredar somente pelo caminho da honestidade. Sua tranquilidade a cada partida mais sábios, sempre a favor do jogo limpo. A atuação sempre discreta era a procura do anonimato, em uma profissão onde muitas vezes os árbitros estavam no centro das atenções pela interferência em resultados. Mas mesmo que quisesse passar despercebido, com suas atuações irrepreensíveis. Wan-Lume começou a fazer nome. Em 76 foi convidado a apitar na Fonte Nova, Bahia, o jogo pelo Brasileiro entre Sergipe e Vitória. Na véspera, no mesmo estádio, o árbitro Dulcídio Vanderlei Boschila, de São Paulo, não teve pulso para segurar uma partida e a crônica caia em cima do paulista. E todos perguntavam: “como será esse desconhecido?”. Ele foi simplesmente o Wan-Lume de sempre, ganhando mais ainda respeito em outras praças. Houve período em que chegava a passar cerca de um mês apitando em diferentes cidades, como Belém e Manaus.

Com os jogos em que era designado pela CBD, Confederação Brasileira de Desportos, Wan-Lume só não conseguiu se infiltrar no fechado eixo Sul-Sudeste. No Norte e Nordeste fez fama. E assim surgiram ao longo de 16 anos de profissão inúmeros Norte e Nordeste, Taças Brasil, Campeonatos Brasileiros, Campeonatos Maranhenses. No Maranhão, recebeu vários prêmios de melhor do ano. A Associação de Cronistas e Locutores Esportivos – ACLEM – foi um dos segmentos que o condecoram muitas vezes com o famoso Apito de Ouro, pelas brilhantes atuações. Em 1977, atendendo a um pedido dos filhos, Wilson de Moraes Wan-Lume resolveu parar. “Tomei a decisão pela minha família”, conta ele, lembrando que escrevei uma carta à imprensa, aos dirigentes, aos atletas e torcedores comunicando a decisão.

Extraído do Jornal O Estado do Maranhão e adaptado

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