sábado, 30 de novembro de 2024

Toninho Cerezo veste a camisa do Imperatriz (1982)

Dos arquivos do historiador e ex-árbitro aspirante a FIFA Jackson Pereira Silveira: "Atendendo a meu convite Toninho Cerezo veio a Imperatriz para um jogo apresentação e de quebra trouxe o também jogador Reinado, pela segunda vez a Imperatriz. Partida essa que aconteceu em 1982 entre a Seleção de Imperatriz (LID) e o combinado dos times do Imperatriz e Tocantins (TOCANTRIZ) cujo árbitro foi José Francisco dos Santos (Boquinha) e o técnico da Seleção LID foi o Sr. Brás, com o placar de 3 para a seleção e 2 para o combinado. E Jackson acrescentou: "Brandão, Cerezo e Reinaldo só jogaram um tempo". Na foto aparece um outro ícone do futebol amador de Imperatriz, Toinho Bareta.

Moto Club campeão maranhense de 1950

Matéria extraída do Jornal do Dia, de 08 de janeiro de 1951:

O moto Club de São Luís levantou mais uma vez o campeonato de nossa cidade, sendo o primeiro clube em todo o continente a levantar 7 vezes consecutivas o título máximo do esporte bretão de uma localidade. Grande foi o público que se deslocou para o estádio Santa Isabel para assistir o superclássico sob o apito do renomado juiz da F.M.F Ivan Capelleti demonstrando na renda que atingiu a marca de Cr$ 25.138,00, Batendo o recorde do presente campeonato.

A partida em si agradou plenamente de vez que foi disputada palmo a palmo pelos 22 integrantes que procuravam a Vitória para as suas coroas, No que foram coroados de êxitos, Os 11 motorizados pelo placar de 3 a 1, Numa Vitória para as suas cores, alcançando o título de heptacampeão havendo o Sampaio perdido horrorosamente e com lealdade absoluta.

Foi iniciada a partida às 16, 55 horas cabendo a saída aos rubros negros que fizeram o primeiro ataque por intermédio de Batistão, que centrou para Pinheirense finalizar sendo a pelota rebatida por Serejo, que a devolveu aos seus. O Sampaio ataca por intermédio de Alfredinho, passando para Estanslau, E este de primeira passa para o Tidão, que chuta sem direção indo à bola perder-se pela linha de fundo. Voltam os motenses a carga
Sem nada conseguindo de produtivo passando o Sampaio a ter Franco domínio sobre o seu antagonista e fazendo com que a defesa motorizada se desdobrasse. A fim de que não fosse aberta a contagem, principalmente Rui, que fez espetaculares defesas.

Aos 10 minutos de luta passa o moto a jogar melhor coordenando o seu ataque quando aos 13 minutos Galego dá um passe a Hênio, E este como era assediado por Arnaldo devolve a esfera a Galego que de primeira a tirar a frente para o mesmo Hênio, Que na Carreira atira indefensavelmente contra a meta sampaiana Confiada a hélio marcando o primeiro gol da tarde para as suas cores.

Nesta altura o Sampaio procura reagir encontrando resistência no moto que pressiona fortemente sem nada consegui de produtivo.

Os dianteiros sampaianos com um ou outro ataque isolado procura vão empatar não o conseguindo devido ao goleiro Rui que estava vigilante e fazendo uma grande partida. Num desses ataques quando o cronógrafo marcava exatamente 18 minutos Alfredinho deslocando-se para a esquerda depois de venci Mourão atirou fortemente contra a cidadela motorizada e quando a maior parte da assistência contava com o gol certo Rui numa magnífica defesa atira a bola para escanteio. Henrique cobra o escanteio sendo rechaçado pela defesa motense indo a bola aos dianteiros que procuravam consolidar a Vitória com mais um gol.

Quase ao término do primeiro tempo dengoso perdeu uma ótima oportunidade de aumentar a contagem depois de uma série de passes dentro da área.

Entrevista com o goleiro Bacabal




Entrevista extraída do jornal O Estado do Maranhão:

Raimundo Nonato Mato de Abreu, 59 anos, casado, uma família para criar, agente arrecadador do Governa Estadual, morador da Rua São Cristóvão, no bairro de Santa Cruz, é nada mais nada menos que o famoso Bacabal, goleiro dos melhores que já atuaram no futebol maranhense.

Apesar da pequena estatura para os modernos padrões de futebol (1,65m de altura de Bacabal), ele já foi inclusive titular de selecionado maranhense por alguns belos anos em que só os momentos bons vividos com os companheiros dentro de campo valiam.

Hoje, pouco ligado ao futebol apesar de ser um filho jogando de centroavante no Maranhão Atlético Clube, Ваcabal diz não sentir mais a mínima vontade de ver o futebol maranhense, principalmente pelas constantes crises que atravessa. Acha-o muita desorganizado, com os dirigentes escolhendo sempre tirar o máximo em proveito próprio, se preocupar que destrói, aos poucos, a sua fome substancial de existência.

Funcionário ativo da Secretaria da Fazenda, Bacabal tem algumas mágoas das etéricas que sofria, por isso preocupou dissuadir o filho de ser goleiro como ele (garante que se era melhor goleiro que centroavante) porque "todo mundo só quer ver a careira do miserável". Entre os melhores goleiros do seu tempo, Bacabal citou Harry Carey - para ele um goleiro de circo -, Walber Venha, Nadinho, Joselias.

Perguntado sobre atual estágio do futebol maranhense, ele respondeu que o futebol maranhense "sempre teve crises, mas a de agora dificilmente vai ser superada porque os defeitos estão nas pessoas que a fazem. É uma questão de mudar os homens", completa.

Não acredita muito nos treinadores de goleiros por que não são professores de nada, e agarrar no gol só pode enganar quem já esteve debaixo daqueles paus, mas como pretende que no futebol de hoje ele é uma figura necessária. Lamenta profundamente o abandono a que os dirigentes submetem as categorias inferiores e diz que nos é a maior prova de que seus dirigentes não fazem a mínima questão de superar a crise.

Pessoa extremamente simples, Raimundo Nonato Matos de Abreu, o Bacabal, nos recebeu com um carinho enorme, apresentou-nos a toda a família e, numa forma de elogio e agradecimento, ele pediu para trazer sempre o melhor pelo futebol para ajudá-lo a sair da crise que foi mergulhado. Um abraço velho Race.

O ESTADO: Por que o apelido de Bacabal?
Bacabal: É porque eu nasci na cidade de Bacabal, no interior do Maranhão.

O ESTADO: Você quando veio para São Luís, veio contratado on, como muitos, velo tentar a sorte?
Bacabal: Eu jogava pela Seleção de Bacabal no Intermunicipal. E jogando aqui em São Luís, na fase decisiva, contra Vitória do Mearim, Pedreiras e São Bento. Chegamos a perder todos os jogos e num deles eu tomei seis gols. Mas graças a Deus eu me destaquei e fui convidado para vir embora para São Luis, Na época existia o Santa Isabel, um clube paralelo ao Moto Clube. Eu fiquei no Santa Isabel, mas como ainda tinha pouca idade, pude ser aproveitado pelo juvenil do Moto. Foi então que eu fui para o Moto. Voltei para o Santa Isabel e em seguida fui emprestado ao Onze Amigos, de onde, depois de conseguir uma boa projeção, voltei para o Moto e encontrei o Walber Penha e o Ruy, um paraense que depois foi embora para o Ceará. Foi então que o Moto estava dispensando alguns jogadores e eu fiquei só com o Walber Penta, que na época era o titular do Moto Clube. Ai, do aspirante eu fui promovido ao quadro titular.

O ESTADO: E isso foi em que ano?
Bacabal: Foi por volta de 1950 ου 1951.

O ESTADO: Quanto tempo você jogou no Moto e a partir de que ano você passou a titular?
Bacabal: Nós fizemos uma longa excursão pelos estados nordestinos. Jogamos em Natal. Mossoró, João Pessoa, Maceió, Fortaleza e Recife. O Ruy tinha deixado o Moto eu e o Walber Penha que ainda era o titular. Num jogo em Recife o Walber Penha se contundiu, eu entrei e joguei toda a excursão. Foram 29 dias excursionando. Quando regressamos a São Luís estava sendo preparada a seleção de amadores e me chamaram. Nós eliminamos o Pará co Piauí e nos tornamos campeões do Norte e partimos para o Rio de Janeiro para enfrentar os cariocas. Lá tomamos a primeira de 6 x 0 e a última de 9 x 1. Quando voltamos a São Luis, eu, Merci, Cosme e canhotinha fomos contratados pelo América de Fortaleza.

O ESTADO: Quer dizer, do, Moto você pulou para o América de Fortaleza, um grande clube, principalmente hoje, que tem um belo patrimônio. Lá você encontrou um excelente goleiro de nome Maciel. O que aconteceu a partir daí? Houve uma disputa pela posição? Como foi isso?
Bacabal: O Maciel jogou no América de pois de mim. Quando eu cheguei em Fortaleza, em 1952, o goleiro do América era o Rodrigues, conhecido como "Rodrigão". O América tinha um grande time. Em Fortaleza, nessa época, jogavam grandes goleiros, como o Zé Dias, o Ivan Roriz, o Jairo, o Aluísio. Eu estreei contra o Calouros do Ar e o time era: Bacabal, Menezes, Geraldo, Merci e Coroado; Pacatuba. Dorian e Pedro; Cosme, Zeca e Esquerdinha. Chegamos a ser vice-campeões.

O ESTADO: O Zeca nós conhecíamos. Era sem dúvida um excelente jogador de futebol, com um estilo parecidíssimo com o Ananias. Vocês foram campeões juntos, по América?
Bacabal: E o Zeca era um craque. Nós fomos vice-campeões. Perdemos na final para o Fortaleza, que tinha jogadores do quilate de Vareta, Piolho, Aluísio, Veras, Sapenha. O Ceará também tinha um grande time, onde despontavam Pipiu e Damasceno. Como fomos vice-campeões, fomos disputar um pentagonal em Salvador. O América foi destaque e cu joguei muito bem. Quando chegamos de volta a Fortaleza eu fui negociado com o Botafogo da Bahia, onde joguei de 1952 a 1957.

O ESTADO: Isso pelo Botafogo da Bahia..
Bacabal:
E, pelo Botafogo da Bahia. O meu time de origem era o Botafogo da Bahia, mas eu joguei pelo Vitória numa excursão por Recife, Caruaru, Campina Grande. Também joguei pelo Bahia e seleção baiana, junto com o Joselias e o Nadinho, sendo que o titular era o Joselias. Pelo Botafogo eu fui vice-campeão, disputando a final com o Bahia. Em 1953 cu disputei o torneio Bahia-Pernambuco, Casei na Bahia e constituí família. Morava na cidade baixa. Foi então que o Moto me convidou para voltar e eu aceitei, pois além de ganhar bem eu iria jogar na minha terra e num bom time. De 1957 até 1968 eu joguei aqui no Moto e como titular.

O ESTADO:
Mas foi aqui que você encerrou a carreira. Era hora de parar ou você sentia que ainda dava para jogar?
Bacabal: Eu vim para o Moto em plena forma. Eu tinha trinta ou trinta e um anos e estava no auge da forma técnica e física. Quando eu saí do Botafogo ainda faltavam oito meses para acabar o meu contrato e ainda havia interesse do Botafogo na renovação. Havia até uma garantia de emprego. Eu deveria me apresentar para um emprego no Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Foi o que fiz. Quando voltei para Salvador havia um western no hotel, convidando para eu voltar ao Moto. Eu sempre fazia meus contratos com uma cláusula.

O ESTADO: Houve algum momento em que você tivesse pensado em largar tudo e ir embora?
Bacabal: Claro que houve. A crítica às vezes é destrutiva. Já pensou a gente ver companheiros atacantes perderem gols feitos, driblar todo o time adversário e chutar para fora e a crítica dizer que foi por infelicidade. Agora se a gente toma um gol, é culpado da derrota...pois foi nessas horas que eu pensei em largar tudo e ir embora. Já pensou, você sair na rua e ficar pensando que todo mundo vai te agredir? Pois eu passei noites em claro, pensando nisso. Só quem perde jogo é goleiro e treinador., já aconteceu uma vez comigo, quando o Moto Clube ganhava de 2 x 1 do Sampaio e fomos expulsos eu, o Casquinha, o Louro e o Calado. Me culparam da derrota. O Sampaio venceu por 4 x 2.

O ESTADO: Goleiro defende pênalti?
Bacabal: Não, o cobrador é quem perde. Goleiro nenhum defende pênalti. São 7 metros por 2,44 de altura e o mais que o goleiro, com os dois braços abertos consegue impedir, é apenas um metro. Sobram seis. É muito difícil para o goleiro e fácil para o cobrador. Às vezes o miserável do goleiro fica ali sozinho para tentar corrigir um erro que nem sempre é dele. O cobrador dá uma porrada e ainda tem gente que acha que o goleiro foi mole, que se fizesse isso ou aquilo defenderia o pênalti. Vai lá Tentar pegar.

O ESTADO: Durante sua vida esportiva você fez bons contratos?
Bacabal: Para a época sim. Mas para o dinheiro de hoje eles não valiam nada.

O ESTADO: Os jogadores de antigamente que não nasceram em berço de ouro, mas que ganharam algum dinheiro, por que estão em dificuldades?
Bacabal: Quando eu percebi que estava chegando a hora de parar, arranjei um emprego no Estado. Naquele tempo a gente usava até uniforme. Era a Guarda Portuária. Quando eu saía de campo, muitas vezes vinha terminar o plantão. As mesmas condições foram oferecidas para outros por políticos que tinham muita influência. Alguns não quiseram e diziam que não queriam porque terminariam o jogo muito cansados e não teriam condições de trabalhar. Alguns reclamavam muito das condições do trabalho e resolveram não aceitar. Eu aceitei e hoje ele está me servindo muito. Tenho uma faixa salarial de aproximadamente Cz$ 160.000,00 e só não vivo melhor porque a família é grande.

O ESTADO: E hoje, qual é a sua ligação com o futebol?
Bacabal: Eu estive durante 23 anos envolvido com o futebol e hoje não tenho mais ânimo para ir aos estádios, por isso só vejo jogos pela televisão. Faz três anos que não vou ao futebol. Mas não quero mais nenhuma ligação direta com o futebol.

O ESTADO: E o seu filho que hoje é centroavante do Maranhão Atlético Clube, seguiu os seus conselhos futebolísticos ou se rebelou e fez o que quis?
Bacabal: Eu acho que ele só tem a me agradecer pelo que eu fiz por ele. O que ele é hoje em dia, um grande artilheiro, deve agradecer a mim, pois ele queria ser goleiro e eu sempre fui contra. Sempre o orientei muito para ele nunca se meter com curriolas. Sempre fiz ver a ele que a imprensa merece todo respeito, mas que a gente não deve se impressionar muito com os elogios dela. Tem gente que recebe um elogio da imprensa hoje e amanhã vira a gola da camisa e sai achando que é o dono do mundo ou que é algum Pelé. A crítica é sempre construtiva, mas o jogador fica todo cheio de dedos e no jogo seguinte não joga nada. Eu sempre o aconselhei a não ouvir rádio ou ler jornais até dois dias depois do jogo. Ele começou jogando no gol. Foi então que eu o fiz mudar de ideia, dizendo-lhe que a posição é muito ingrata e que o goleiro é um miserável incompreendido. Onde o goleiro pisa, nem capim nasce. O atacante perde gols incríveis, mas o goleiro, se toma um gol que alguém considera fácil, é o fim do mundo. Até uma vez que o adverti definitivamente. Cheguei num treino e ele estava agarrando no gol (é um ótimo goleiro) eu o chamei e disse: "Se você quer jogar futebol, pare com esse negócio de pegar no gol. Se for para pegar no gol você vai ter que parar". Ele, vendo que eu falava sério, passou a treinar em outra posição. Foi quando o Calazans assumiu no São José e eu pedi para ele ser testado em outra posição. Ele entrou de centroavante e marcou cinco gols. Está lá até hoje. Você pode ver que tem 100 mil pessoas no estádio, mas quando um jogador está com a bola, só ele joga, fica à vontade, pois o público só vê defeitos no miserável do goleiro. Todos ficam torcendo por uma falha do goleiro, esperando por ela, torcendo para que o goleiro se dane. O infeliz joga bem durante oitenta e nove minutos e se no minuto seguinte falhar e tomar um gol, a culpa de tudo, e principalmente se perder o jogo, é toda dele. Mesmo que ele tenha feito milagres nos 89 minutos anteriores.

Entrevista como craque Alzimar Castro




Texto extraído do jornal O Estado do Maranhão:

Alzimar Castro Alves, 42 anos, maranhense, bastante jovem para estar fora do futebol, há mais de dez anos. Depois de ter iniciado sua brilhante e vitoriosa carreira no clube de eu coração, o Moto Clube, foi obriga- do pelas circunstâncias e vários problemas pessoais a curtir na Justiça Desportiva, ganhar passe livre e partir para a consagração como um dos maiores zagueiros já surgidos no futebol maranhense, no extinto Ferroviário.

Hoje, funcionário da RFFSA-Rede Ferroviária Federal S/A., onde é maquinista, lotado no Tirirical, Alzimar sente se um pouco decepcionado com o atual estágio do futebol maranhense, principalmente no que diz respeito à organização por parte dos clubes.

Titular de quase todas as seleções maranhenses que foram formadas na década de 60, Alzimar Castro Alves mata as insustentáveis saudades do futebol jogando suas peladinhas na Praia do Olho d'Agua. Porém, uma das grandes alegrias de Alzimar está na esperança que tem de ver seu nome de excelente zagueiro mantido pelo filho Roberto, 18 anos, quase 1.80m de muita saúde e disposição, e com um futebol que, segundo o próprio Alzimar. vai dar muito o que falar.

Adepto da refinada técnica do futebol, ao mesmo tempo em que foi uma barreira quase que intransponível, Alzimar era também um zagueiro muito clássico e, às vezes, muito viril. Mas sabia perfeitamente a hora de ser umą coisa ou outra. Fã incondicional de Andrade, jogador da Seleção Brasileira e atualmente no Roma da Itália, Alzimar aproveitou para elogiar o inesquecível Ananias, o zagueiro Alvim da Guia, o meio-campista Laxinba e o atacante Hamilton, considerado um dos maiores jogadores de todas as épocas no Maranhão, senão o major. Alzimar, mesmo reconhecendo a inquestionável categoria de Hamilton, diz que foi um enorme prazer jogar ao lado do excepcional atacante, mas lembra, também, que quando foi forçado pelas circunstâncias a jogar contra tanto perdeu como ganhou.

Batemos esse papo e transcrevemos para você:

O ESTADO: Repetindo pergunta que tem sido chave para todos, quando e em qual clube você iniciou sua carreira?
Alzimar: Eu comecei no juvenil do Moto Clube, em 1962. Nós morávamos ali no Canto da Fabril e eu tive muita influência pelo fato de o campo do Santa Isabel ficar praticamente na porta da minha casa. Não daria para ser outra coisa antes de ser jogador. Por isso eu preferi ir para o Moto Clube, pois havia uma grande simpatia e afinidade com quase todos os jogadores daquela época Dai eu resolvi, também, ingressar no Moto que, naquela época era uma verdadeira potência. Um verdadeiro "Papão" de títulos.

O ESTADO: Você começou de zagueiro mesmo ou em outra posição?
Alzimar: Eu comecei e ter minei de zagueiro central. Foi ali que tive as minhas maiores alegrias como jogador de futebol. O time juvenil era muito bom e um excelente conjunto. Depois subi para os profissionais, onde joguei vários anos.

O ESTADO: Você chegou a jogar no campo do Fabril (Santa Isabel) ou já é da época do Nhozinho Santos?
Alzimar: Eu já sou da época do municipal, mas não posso esquecer aquele estadinho maravilhoso, onde eu ensaio os meus primeiros chutes. Só de lembrar, me da uma vontade louca de voltar a jogar futebol.

O ESTADO: Você lembra o dia da sua estrila como profissional, contra quem e o time quer jogos?
Alzimar: Eu joguei no time profissional contra o Maranhão. Eu ainda era amador, mas naquele dia tinha que jogar. Foi no campeonato de 1965. O treinador do Moto era o Alfredo Pereira e nos vencemos por 3 x 2. O Moto estava atravessando mais uma de suas várias crises administrativas. Se a memória não me falha, o time foi: Vila Nova, Baezinho, Alvim da Guia e Edmilson, Ronaldo, Ananias e Laxinha, Zezico, Hamilton e Jocimar.

O ESTADO: Então você chegou a jogar com o Ananias? Então o Ananias foi uma legenda que atravessou várias gerações no futebol nordestina. Como foi para você, jovem, recém saído do juvenil, jogar ao lado de um jogador famoso e experiente?
Alzimar: Ananias foi, sem duvida alguma, um dos maiores jogadores do Nordeste, dono de uma refinada técnica e de uma experiência inigualável. Sabia onde a bola deveria estar, como ela deveria chegar nos pés do companheiro que recebia o passe. Era um maestro, comandava real mente o time. Hoje a gente não se ver mais esse tipo de jogador. Jogar do lado dele foi muito gratificante para mim, pois aprendi bastante com ele.

O ESTADO: Quer dizer que você jogos em todos os selecionados maranhenses? Então você jogava muita bola mesma...
Alzimar: Eu jogava sim. Jogava muita bola, tem modéstia alguma. Sempre fui desta que do time.

O ESTADO: E o companheiro de zaga, na seleção maranhense, era sempre o Omena?
Alzimar: Não. Eu joguei sempre com o Alvim da Guia e depois com o Geraldo. Quando eu iniciei Omena já havia parado

O ESTADO: E Decadela, você chegou a jogar as lado dele?
Alzimar: Não. Quando eu comecei a jogar na equipe profissional, o Decadela já estava parando. Mas me lembro sim que jogamos juntos pelo menos duas partidas. No aspirante, aliás.

O ESTADO: E depois do Moto, você teve uma bela passagem pelo selecionado maranhense, não foi?
Alzimar: No selecionado maranhense, pelo menos enquanto eu joguei futebol, todos os se lecionados maranhenses que foram formados eu joguei, e como titular.

O ESTADO: Segundo um dos nossos entrevistados, Gojoba, essa seleção chegou a ser chamada de "Espantalho de Nordeste"?
Alzimar: Não. Essa seleção que o Gojoba se referiu, eu ainda vi joga jogar, mas eu estava nas arquibancadas, torcendo. Houve até uma derrota inexplicável, no Ceará, parece que por problema de arbitragem...

O ESTADO: E Hamilton? Você jogou contra ou do lado de Hamilton?
Alzimar: Bem, eu tive o prazer de jogar ao lado de Hamilton e depois, infelizmente, joguei contra. Mas joguei muito mais a favor, o que para nós era uma garantia. Hamilton em campo era garantia de espetáculo, de futebol Inteligente e bonito e o que é mais importante, sem violência.

O ESTADO: Você então jogou contra e a favor. Como era jogar contra?
Alzimar: Olha, não era fácil jogar contra, sinceramente. O homem jogava demais, mas entre nós predominava a cordialidade. Até porque, no futebol, Hamilton não tinha inimigos, mas sim adversários. Era muito difícil marcar o Hamilton, porque, inteligente como cia era (e ainda é). procurava sempre se desmarcar e receber a bola sozinho. Se ele do minasse a bola sozinho, faria um verdadeiro salseiro na defesa adversária.

O ESTADO: E do Moto você foi para e Ferroviário. Qual foi o real motivo da sua ida para o Ferroviário?
Alzimar: Bem, houve um problema muito serio. Naquela tempo o futebol maranhense atravessava uma grave crise co Moto foi um dos principais atingidos. Quase todos os jogadores do Moto foram atingidos, mas eu, especialmente, fui um dos mais atingidos. Não houve outro jeito a não ser recorrer à Justiça.

O ESTADO: E no seu tempo quem era grande jogador?
Alzimar: Olha parece até pretensão, mas eram tantos o grandes jogadores que fica difícil citar apenas um. Mas eu posso citar nomes que todos concordarão: Carlos Alberto, Santana, Djalma, João Bala, Hamilton, todos jogadores de alta técnica,
como não se vê hoje.

O ESTADO: Quem era mais difícil de marcar, Fernando, Croinha, Marcos do Boi?
Alzimar: Eram todos grandes jogadores, mas o único jogador difícil de marcar, aqui no Maranhão, foi o Hamilton.

O ESTADO: Cite os grandes jogadores do futebol brasileiro hoje?
Alzimar: Cito alguns excelentes: Andrade, Romário, Renato, Bebeto, Geovani, São tantos O que falta no futebol do Brasil não é jogador, é organização.

O ESTADO: Alguma saudade do grito da torcida? Aquela torcida que fica ali fungando no teu cangote?
Alzimar: Olha, durante algum tempo o futebol para mim foi praticamente tudo, por isso a saudade é muito grande e, se eu pudesse recomeçar, certamente faria tudo o que fiz, novamente, porque tenho certeza que sempre procurei dar o melhor de mim. Tenho muita saudade porque eu jogava profissionalmente, mas também jogava por amor, não somente ao clube, mas também ao futebol.

O ESTADO: Você gostaria de ter jogado no Sampaio?
Alzimar: Antes de jogar no Moto eu torcia pelo Moto mas tinha torcido pelo Sampaio. Ainda chegues a jogar algumas parti das pelo Sampaio, me parece que no juvenil, ao lado de craques como Gojoba Profissionalmente, sinceramente como eu gostaria de ter jogado no Sampaio.

O ESTADO: Na sua opinião, qual é o grande jogador de hoje?
Alzimar: Entre todos os que estão jogando atualmente, eu destacaria o Raimundinho. É um grande jogador e que eu conheço desde garoto. Muito técnico, muito habilidoso e que sabe tocar a bola.

O ESTADO: Dizem que o jogador com passe livre, normal, mente, não é grande jogador. Quer dizer, o clube não se interessa muito por ele. Você concorda com isso?
Alzimar: Bom, isso depende muito do ponto de vista de cada um. Porque existem muitos que ganham passe livre e jogam muito e alguns que têm passe preso e não jogam nada. Vejamos por exemplo, o Andrade. Quem é que diz que o Andrade não joga nada? Quem tem dúvidas da qualidade do futebol dele? E recente mente recebeu passe livre e assinou um contrato milionário com o Roma. Agora, na minha forma de entender, o jogador com passe livre e bom de futebol tem mais liberdade para escolher as melhores propostas e os melhores clubes.

O ESTADO: O primeiro jogador brasileiro a conseguir o passe livre, principalmente depois da nova legislação, parece ter si do a Afonsinho, ex-jogador do Botafogo e que depois teve muitos problemas para fazer novos contratos
Alzimar: O meu caso for diferente. O Moto estava me de vendo muito e eu não tinha mais condições de esperar, porque tinha uma família para sustentar. O jogador maranhense está sempre dependendo de dinheiro. Ele e pobre e tem uma família para manter. Eu pensei exclusivamente da família, dei entrada na Justiça e ganhei passe livre. Foi então que fui à luta à procura de novos rumos Felizmente fiz um bom contrato com o Ferroviário.

O ESTADO: Mesmo as sim, você chegou a fazer quantos contratos com o Moto Clube? Você jogou quantos anos no Moto?
Alzimar: Como juvenil, eu inicies no Moto, Como profissional eu cheguei a jogar cinco anos. Inclusive fui tricampeão (66, 67 e 68) pelo Moto.

O ESTADO: E depois você ingressou no Ferroviário. O seu desempenho no Ferroviário foi melhor que no Moto?
Alzimar: Na época houve are muita polêmica. Quando eu ainda não havia assinado contrato com o Ferroviário, muitas pessoas diziam que o Ferroviário era um cemitério de jogador e que não deveria ir para lá. Mas eu acreditava em mim e me dei mui to bem. Acho até mesmo que o meu desempenho no Ferroviário, se não foi muito melhor que no Moto, pelo menos eu posso dizer que foi igual. Inferior nunca. melhor em campo.

O ESTADO: E hoje, qual a sua ligação com o futebol do Maranhão? Você tem algum filho que jogue futebol? É bom de bola? Como você acha que deve orientá-lo para o futebol?
Alzimar: Tenho o Roberto, que tem 18 anos. Segundo comentários de alguns amigos, que joga muita bola. Várias pessoas já vieram aqui na minha casa pedir autorização para ele jogar. Eu aconselho que ele primeiro precisa estudar. Depois que tiver concluído pelo menos o Segundo Grau, então ele poderá ir treinar no clube que quiser. Só o aconselho para que seja um jogador disciplinado, que procure nunca machucar os outros, que tenha cabeça muito fria na hora de fazer os contratos, pois o bom contrato é aquele que você recebe o que acha que merece, mas jogando onde se sente bem. Não é sufi ciente só o "ganhar dinheiro" jogar com sacrifício e onde não se sinta bem. Ele é bom de bola sim. Vai ser, sem dúvida, um grande jogador. Agora, para treinar nas atuais circunstâncias do futebol maranhense, não vai ser possível nunca. É um futebol totalmente sem estrutura e com o abandono geral das categorias juniores, ele certamente seria muito prejudicado. Mas no final do ano, quando terminar o Segundo Grau, ele poderá escolher o time que quiser treinar.

O ESTADO: Seria uma repetição do Alzimar?
Alzimar: Pelo que dizem, tenho certeza que será muito melhor

O ESTADO: Você praticamente vestiu três camisas. A do Moto, a do Ferroviário e a da seleção maranhense. E hoje, qual é a sua camisa?
Alzimar: Apesar do que aconteceu comigo no Moto, cu continuo sendo motense, de coração. O que houve não foi entre eu e o clube, mas sim entre eu e a diretoria, que é uma coisa passageira num clube de futebol. Foi lá que eu criei raízes. Torço pelo Moto mas, sinceramente, não morro de amores pelo futebol que se pratica hoje. E isso abalou muito meu relacionamento não com o Moto, mas com o futebol em si.

O ESTADO: Durante toda a sua vida de jogador, qual foi sua melhor partida e contra quem?
Alzimar: Sem falsa modéstia, eu não joguei apenas uma ótima partida que eu pudesse dizer que ela foi a melhor. Eu joguei diversas ótimas partidas. Mas há uma, não que tenha sido a melhor, mas que marcou a minha carreira. Foi contra o Sampaio Corrêa, que terminou em 1 a X que foi apitada por Armando Marques. Essa, partida realmente me envaidecem. Eu, ao chegar em casa, estava completamente exausto, perdi muito peso, mas depois da minha autocritica cheguei à conclusão de ter feito.

Caio Franco, um campeão mundial no ostracismo




Bela reportagem extraída do jornal O Estado do Maranhão, de 09 de fevereiro de 1992:

As histórias que Caio conta do futebol, são ricas como sua carreia. Depois de ser dispensado do inexpressivo Madureira, do Rio, ele desembarcou em São Luís, para traçar seu caminho de títulos e vitórias. O Moto foi o ponto de partida. Para chegar Portuguesa de Desportos e sagra-se campeão mundial pelo Grêmio, em 83, foi num passo de mágica. Hoje, aos 37 anos (16/03/55), Luís Carlos Tavares Franco, o famoso Caio Turista, convive com um mundo completamente alheio à profissão que desempenhou com arte e maestria durante quase 20 anos é gerente de vendas de uma Fábrica de Pré-moldados e Derivados, no Bairro do Anil. Para ele, ser ídolo sem torcida, é indiferente, importante é que o futebol lhe reservou momentos inesquecíveis.

Como é que um jogador em plena forma, campeão do mundo, pretendido por grandes clubes do país, resolve parar de jogar? Nesta reportagem Caio explica e revela segredos de sua marcante passagem no futebol, com alfinetadas seguras naqueles que comandam o desporto maranhense. Calo assume que não soube administrar o muito dinheiro que ganhou e a precipitação de parar. "Cada um de nós tem 5 minutos de besteiras", afirma esse carioca de Madureira, casado com a maranhense Zelda dos Santos Carvalho Franco de Bacabal e pai de Rafaela, de 11 anos e Caio Rafael, de 7.

Caio começou no Botafogo, passou também pelo Madureira, Moto, Portuguesa de Desportos e Sampaio, depois de ingressar no rubro-negro, ao deixar o time gaúcho. Foi campeão em 77 pelo Moto e em 90 pelo Sampaio. Campeão da América e do Mundo pelo Grêmio, em 83. Usufruiu das maiores e melhores mordomias, em hotéis cinco estrelas de todo mundo e hoje convive em nosso meio é um privilégio dos maranhenses, ter um campeão mundial ao seu lado. Morando no bairro do Cohatrac.

Há oito anos, um mundial - o ano era o de 1983 e vestiam a camisa tricolor do Grêmio estrelas como o polêmico Renato, o tricampeão Paulo Cesar, o habilidoso Mário Sérgio e o vigoroso e habilidoso Hugo de Leon, na época em sua melhor fase. O treinador era Valdir Espinoza.

Embalados pela vitória de 2 a 1 na final da Libertadores da América contra o Peñarol, do Uruguai, os gremistas foram a Tóquio para disputar o Mundial interclube contra o Hamburgo. E voltaram com a taça na bagagem, graças a dois gols do ponta Renato na vitória também por 2 a 1. O Grimso jogou com Mazaropi, Paulo Roberto, Baidek, De Leon e Paulo Cesar Magalhães China, Osvaldo (Bonamigo), Paulo César (Caio) e Mário Sérpo, Renato e Tartis.

O Imparcial-Como foi seu início de carreira no futebol?
Caio-Comecei aos onze anos, o Bota fogo do Rio, una potencia na época. Não levei sorte e fui parar no Madureira, onde tomei o golpe de uma dispensa. Foi duro aguentar, porque era, como é até hoje, time sem expressão do Rio, mas como o futebol nos reserva lances incríveis, mais tarde Caio ganhava um título mundial pelo Grêmio.

O Imparcial-Depois de ganhar passe livre no Madureira, em 75, você foi parar onde?

Caio-Foi aí que as portas do Maranhão se abriram para mim. Fui trazido para Moto, pelo Coronel, em 1977. Nesse mesmo ano fui campeão e começou minha projeção.

O Imparcial-Nesse período, você ganhou o apelido de Calo Turista, porque passava uma semana aqui e outra no Rio. Foi em função do prestigio, que cresceu logo?
Caio-Foi coisa do Fontenelle (risos), na época, acertei uma coisa com os dirigentes e quando cheguei aqui, queriam fazer um contrato diferente. Não aceitei e votei imediatamente. Depois o Dr. Causas ligou e disse que o acordo seria cumprido. La vem Caio de novo. Assinei, fiz uns jogos e depois surgiu novo problema: o clube não quis pagar bichos. Peguei o avião e voltei ao Rio. Mais tarde tudo foi normalizado e Caio veio para ficar e ajudar o Moto.

O Imparcial-Como foi a transferências para a Portuguesa de Des portos?
Caio-Eu dei meu passe para o Mono, até para me valorizar. Aconteceu a venda, em 1979. Aqui, como todo mundo sabe, jogava de ponta-direita fui para a Lusa como ponta, mas quando cheguei lá, fui lançado no comando de ataque e dei sorte, atuei bem, fiz dois gols e ganhei a posição. Foi uma fase excelente, inclusive como artilheiro, esse ano, com 19 gols, 1 a menos do que Rubem Feijão, do Santos.

O Imparcial-Da Portuguesa para o Grêmio, até por essa grande fase, foi mais fácil?
Caio-Ajudou muito, mas fui para o Grêmio como reserva de César, um atacante de Portugal. A Portuguesa fez um empréstimo de dez meses. Com o tempo, tive uma oportunidade e ganhei a posição e dois títulos inéditos para o Rio Grande do Sul e para o Brasil campeão da América e do mundo.

Imparcial-Caio lembra desses momentos de glórias?
Caio-E uma coisa contagiante que ninguém consegue explicar. Lá em Tóquio, foi uma loucura, mas em Porto Alegre, quando o avião desceu, parece que o Esta do todo parou. A multidão tomou conta de tudo. Do aeroporto ao Olímpico, em carro aberto, nós fomos empurrados pela massa", sorrindo, chorando e comemorando o título.

O Imparcial-Título que representou muito dinheiro e fama, não?
Caio-Em dois anos de Grêmio foram quatro passaportes cheios, com pelo mundo todo . Foram títulos, troféu e um troco legal. Só nesse jogo em Tóquio passou para 54 países. A gente recorda com saudade.

O Imparcial-Quanto foi o prêmio pelo título?
Caio-Deu um dinheiro bom. Na época, o clube pagou 6 mil dólares para cada atleta. Depois fizemos um jogo no Métion ganhamos mais 3 mil dólares.

O Imparcial-Como você utilizou todo esse dinheiro?
Caio-Apliquei na compra de um apartamento lá no Sul e fiz outros investimentos aqui. Foi um período bom, de muitas mordomias, mas é aquela história, quanto mais se ganha mais se gasta, isso é natural, seu nível de vida moda automaticamente.

O Imparcial-Você lembra o time campeão?
Caio-Mazaropi, Paulo Roberto, Baidek, Hugo, De Lona e Paulo César, China, Osvaldo e Mário Sérgio, Renato Guicho, Tarcísio e Paulo César Caju, depois eu. O placar fui 200 e os gols de Renato.

O Imparcial-Como é que você se sente hoje, praticamente com a carreira encerrada, sem as mesmas mordomias daquele tempo e vendo a maioria dos seus colegas campeões bem situados na vida e outros ainda em evidência no futebol, como Renato Gaúcho, por exemplo?
Caio-O Renato é mais jovem que cu, também há outro aspecto a destacar aqui no Brasil o atleta com 30 anos já é velho para o futebol e no Maranhão, pior ainda. Teoria completamente furada e que cu condeno totalmente e cito apenas Júnior como exemplo, hoje o melhor jogador do país . Aqui as pessoas esquecem as coisas muito rapidamente e chegam ao absurdo de invadir sua intimidade e, lhe chatear e envergonhar diante da mulher, dos filhos, com piadas do tipo: "Te aposenta, velho, chega de roubar". Como o cara são ganha o bastante para ouvir tudo isso, chega um momento que você enche e decide parar.

"Hoje o Caio não é aquele da Grêmio, com dinheiro e carro do ano, mas também não é o que muitos pensam"

O Imparcial-Como é que você em plena forma, campeão mundial, cheio de prestigio, resolve trocar o Grêmio pelo Moto?
nCaio-A bola é uma coisa boa, mas cansativa. Eu, no Grêmio, ganhava muito dinheiro, tinha as melhores coisas, mas não sobrava tempo para nada. Então, com o dinheiro que tinha, montei um negócio aqui. Fiz compras de pontos e procurei investir em farmácias. Vim embora, passar férias e acompanhar a evolução do sovo ramo. Estava indo tudo muito bem, na época, achava que tudo era uma maravilha. No começo foi, mas com o tempo, se transformou em pesadelo. E am ramo que dá e tira e outra, o cara tem que ser escravo, porque abre cedo e não tem hora para fechar. Isso é todo dia. Como estava deixando o futebol por isso e também porque o troço foi degringolando, antes de cair de vez eu passei o ponto com parte do estoque. O resto foi para o interior, em Zé Doca, onde a gente tem alguma coisinha. Foi isso. Hoje o Caio não é aquele do Grêmio, com dinheiro e carro do ano, mas também não é aquele que muitos pensam estar ferrado só porque anda de ônibus.

O Imparcial-Era nesse assunto que muitos, a essas alturas, gostariam de tocar. Quer dizer, Caio bem, dinheiro no bolso, na poupança, investimentos, carro do ano, vida tranquila e estabilizada. Hoje, comparando com aquela época, você não tem nada. Como é que o Campeão analisa essa questão e se sente no momento?

Caio-Bom, é verdade que hoje não tenho o luxo que tinha antes, mas eu não sou o único. A vida é isso. Eu estava com bom dinheiro em caixa há pouco tempo e o Collor tomou tudo. Também tenho exemplos de empresários famosos que abrem falência e sobem de novo, outros não. Caio é tranquilo e um cara que nunca se entrega a nada. Quando cheguei aqui, tinha realmente um padrão de vida altíssimo, mas não estou numa pior. Hoje sou uma pessoa de confiança do meu amigo Paulo Figueiredo, aqui na Fábrica de Pre-moldados e Derivados (fica no Anil), e ganho dez vezes mais do que se estivesse no futebol. Tenho minha casa própria (no Cohatrac), com tudo dentro e vivo muito bem, claro que não dentro daquele luxo de Grémio.

O Imparcial-Mas no fundo no fundo, Caio, você tem arrependimento, inclusive de ter parado de jogar no Grêmio, não?
Caio-Não resta dúvidas. São coisas impensadas. Dizem que a gente tem 5 minutos de besteiras. Talvez foi isso que aconteceu. Mas a escolha foi minha, mesmo precipitada, pois, naquela época estava com uns 30 anos, prestes a fazer um grande contrato, inclusive quando falei da decisão, eles ficaram assustados e perguntaram se o problema era o Grêmio, por que tinha o Santos e o Palmeiras interessados no meu concurso. Era mais dinheiro, mas não pensei nisso, consciente de que o dinheiro que tinha, seria suficiente para garantir minha independência. No começo foi, mas como não tinha prática alguma, não dei conta e o negócio foi caindo.

"Se fosse hoje, com tudo que ganhei, pode contar que eu não ia ficar pobre nunca mais"

O Imparcial-Se Caio tivesse que começar tudo de novo, você teria outra fórmula de investir seu dinheiro?
Caio-Hoje eu tenho outra idéia, outra visão da vida. Então, se fosse hoje, com tudo que ganhei, pode contar que cu hảo. ia ficar pobre nunca mais. Mas a vida é boa por isso, porque tem essas histórias para se contar. Também há um detalhe: deixei o Madureira do Rio, onde não ganhava nada, para jogar no Moto, onde comecei a ganhar e pegar fama sem experiência. Depois fui para a Portuguesa e Grêmio, que são potências. Lá, tinha altos salários. Aliás, para resumir a história, de uma vez eu ganhei 9 mil dólares. Nunca tinha visto dólar. O cara fica com a cabeça a mil e sem ninguém para orientar, resulta nisso.

O Imparcial-Quando chegou aqui você procurou o Moto para jogar?
Caio-Não. Quando deixei o Grêmio, vim para o Maranhão para outro ramo. Tinha parado com bola, mas na época, com Mário Carneiro, Cassas, Ibrahim e muitos pediram, eu falei que o passe era do Grêmio, se conseguissem eu poderia jogar. O negócio foi feito e fiz um contrato para não viajar e não concentrar. Isso provocou muitas críticas, mas o pessoal, mal informado, não sabia que tinha um acordo e se o clube aceitou, Caio não tinha nada a ver com o resto.

O Imparcial-Caio então estava cumprindo uma promessa antiga, de encerrar a carreira no clube de coração, mas terminou saindo nu ma pior?
Caio-E, em parte sim. Também lhe confesso que se tivesse que iniciar na bola, não seria aqui. Houve muitas coisas de 85 para cá, comparando com os anos de 77 e 79. Hoje, no nosso futebol, o cara só é bom, só é gente, quando está jogando. Se ele se machuca não é apenas com Caio, é esquecido imediatamente, principalmente se tiver outro para a posição.

O ano passado, no Sampaio, tinha Caio e Wamberto, para o meio. E vinha atuando, pela experiência e tal, ai sofri uma contusão de joelho, um pouco séria, mas que ficaria bom com um mês. Só que tive que esperar 5 meses, porque o garoto entrou e como é um craque, todo mundo esqueceu Caio; médico, diretoria, im- prensa e torcida. Então, já que estava jo- gado às traças, decidi me encostar pelo INSS, mas enfrentei novo drama: pegar uma assinatura do presidente, da Guia de Tratamento. Fiquei dois meses pelo INSS. Foi então que o clube vendeu Wamberto para a Bélgica e precisou de Caio e aí os dirigentes souberam meu endereço e foram lá em casa, com promessa de aumento e outras vantagens. Dime que não queria mais e pedi para ficar no meu canto. Imediatamente me levaram no dr. Milon Miranda, médico do clube. Comecei o tratamento em dentro de 20 dias fiquei bom. Por que não foi feito logo que aconteceu a contusão? Depois de voltar só time e fazer dois jogos, por falta de sorte, sofri uma fratura do molar, num jogo com o Moto. Passei mais um mês e meio, quando o correto seria sair do estádio logo para um hospital, junto com o médico. Isso revolta.

O Imparcial-Em função dessa revolta e dos problemas enfrentados no Moto e Sampaio você decidiu parar definitivamente?

Caio-A idéia minha é não jogar mais, até porque estou muitíssimo bem aqui.

O Imparcial-Tem contrato com o Sampaio?
Caio-Não. O passe é deles, mas o contrato acabou 20 de dezembro. 

"Acho que isso é um tremendo esquema, porque nunca vi um clube contratar 15 jogadores sem nunca ter visto jogar"

O Imparcial-Foi chamado para renovar?
Caio (risos)-Ainda não, mas se eles precisarem, eles correm la em casa, com promessas e mais promessas, mas nunca cumprem nenhuma.

O Imparcial-A essas alturas, Calo, o leitor quer saber quanto você ganha aqui na empresa?
Caio-Não tenho salário fixo. Ganho conforme a venda e como a venda é boa, ganho bem.

O Imparcial-Qual a comparação que você estabelece sobre obre o o futebol f maranhense de 77 para?
Caio-Hoje simplesmente não existe. Antes o estádio enchia e a renda aparecia. Hoje, no jogo que o público vai, o dinheiro desaparece. Isso cansou o torcedor, que não é besta e faz muito certo não ir ao futebol.

O Imparcial-Você atribui casa falta de torcedor nos estádios à Incompetência dos dirigentes?
Caio-Não só isso. Também isso, somado com o nível dos times. Aqui tudo é exagerado. Outros não fazem equipe ou trazem demais, como se ver, um Clube trazer 15 jogadores de uma vez só, muitos sem nenhuma qualidade. Até acho que isso é um tremendo esquema, porque nunca vi isso: am clube contratar tantos jogadores de uma vez, assinar contrato, pagar luvas e depois botar para fazer experiência. E mais ou menos assim que eles fazem.

O Imparcial-Qual a saída?
Caio- Botar gente nova, com idéia diferente, que não queira apenas o crescimento de sua empresa, se eleger deputado, vereador, etc. O Moto tem sede? Não tem e eu conheço o clube há uns 15 anos e nunca passou disso. E o que é pior sempre com as mesmas caras, apenas s rodízio viciado, porque nenhum tem interesse em levantar o clube. Também tem mais um problema grave: nossos dirigentes não sabem valorizar seus atletas; não sabem vender. E quando vendem os dólares somem. O torcedor vai vendo tudo isso e perde o interesse pelo futebol. Passa a não acreditar. Quer mais um exemplo? os regulamentos que eles mesmos fazem eles assinam, concordam em todos os pontos e depois, conforme a conveniência, mudam tudo de novo. Vira palhaçada e o público rejeita.

O Imparcial- Como é ser ídolo pra torcida, campeã?
Caio-Vai da cabeça de cada um. Es estou pronto para isso, porque há alguns anos venho pensando com parar. Os que param antes do tempo, tenho impressão que sentem um forte abalo, porque a presença da massa é interessante.

O Imparcial- Para encerrar, Calo Já foi expulso alguma vezes?
Caio-Uma, pelo Moto, porque não que ria viajar a Imperatriz. Eu forcei o cartão vermelho (risos).

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

A chegada do futebol no Maranhão e os primeiros clubes

 
A história do futebol, no Maranhão, está ligada a Joaquim Moreira Alves dos Santos, o Nhozinho Santos, e segue a lógica do "footlball association", trazido da Inglaterra para o Brasil, por Charles Miller, no final do século XIX, como aponta o autor Dejard Ramos Martins, na obra "Esporte, um mergulho no tempo, de 1989:

"Houve muita semelhança no procedimento de Charles Muller e Nhozinho Santos. O paulista educou-se em Southampton, e o maranhense. em Liverpool, ambas cidades inglesas. Até na idade, ambos estavam cerca de 21 anos. A diferença estava apenas na facilidade encontrada por Charles Müller para introduzir o futebol. porque já encontrou os ingleses do São Paulo Railway, um clube em franca atividade esportiva. Já Nhozinho, com a ajuda dos parentes, de amigos e de ingleses aqui residentes, teve que fundar uma associação, o Fabril Atheltico Club-FAC, recrutar os poucos rapazes estrangeiros que trabalhavam em São Luis, no London Bank, na Both Line Co, e na Western Telegraph, que não eram muito amantes do foot-ball association, Charles Müller era 'centerforward e Nhozinho, goolkeeper."

O maranhense Nhozinho Santos era filho do português Crispim Alves dos Santos e é o responsável, em termos gerais, por trazer o esporte ao Maranhão. Joaquim dos Santos, assim como a maioria dos jovens oriundos de famílias portuguesas que fizeram fortuna no Brasil, educara-se na Inglaterra. Partiu para a Bretanha ainda nos idos de 1898, especializou-se em técnico industrial e retornou à São Luis no final de 1905.

RETORNO- naquele ano, Colares Moreira preparava-se para passar a presidência do esta do para Benedito Pereira Lei te, que desde de João Costa, já tinha muita influencia nos principais assuntos referentes ao estado. São Luis, sempre um pouco atrasada em relação as outras capitais da recém proclamada república. Nhozinho Santos, o mais velhos dos 14 filhos do industrial português Crispim dos Santos, voltara a São Luís para assumir os negócios do pai, falecido também em 1905.

Joaquim, para os íntimos, encantara-se com o Foot-ball association praticado na terra da Rainha e trouxe em sua bagagem duas bolas, luvas para goleiro, meiões das camisas e diversos artigos referentes a esse esporte. O futebol association não era novidade entre os brasileiros, porém, o Maranhão o importou diretamente da Inglaterra, assim como Rio de Janeiro e São Paulo.

Não se sabe exatamente a data da introdução da prática futebolística no Maranhão, mas sabe-se que ocorreu, na hoje aniversariante São Luis, no último trimestre de 1995, pouco depois da chegada de Nhozinho Santos. Ele reuniu amigos e convidados, todos de "boas famílias", num improvisado campo, no cercado da extinta Cia. de Tecidos Santa Isabel S.A., e apresentou-lhes o esporte, que já arrastava multidões na Bretanha.

De imediato, OS maranhenses não adotaram o novo esporte, que, durante algum tempo, foi praticado por funcionários e operários ingleses, de empresas como a Booth & Cia e da Booth Steamship Co. Ld. O fato de um industrial rico, ter trazido o esporte, direto da Inglaterra chuteira, e tê-lo apresentado a convidados da famílias ricas e, de rapidamente, os trabalhadores e operários ingleses, tolos brancos, terem aderido e formado equipes para a prática do association, revela o caráter aristocrático e elitista da chegada do futebol ao Maranhão.

Em São Luis, havia sido fundado em 1904 o Clube Euterpe Maranhense, a principio um clube social e literário, que ser via como ponto de encontro de uma jovem e intelectualizada juventude ludovicense. Porém, a 27 de outubro de 1907, com a fundação do Fabril Athetic Club, clube esportivo e social, que visava à prática de esportes nobres como o cricket e o crockt, o futebol começou a ser praticado pelos jovens maranhenses.

Os uniformes dos dois quadros do FAC foram encomendados, sob medida, por Nhozinho Santos, na Inglaterra, manufaturados em tecido de la e adapta dos ao nosso clima. Como Nhozinho Santos participou da fundação do FAC, a data de fundação do clube (27/10/1907) é colocada por alguns estudiosos como a data oficial da chegada do futebol no Maranhão, mas como mostrado anteriormente, sus prática já se dava nos campos improvisados das fábricas extenuo de São Luis ficou definitivamente estabelecido que a data de 27 de outubro de 1907 era a data de fundação oficial da associação fabrilenme O clube, para festejar o evento, promo to grande festa na sede à Rua Grande, 220. Várias atrações foram organizada concurso…, de envelhecimento que foi de ganho por Serejo. Na corrida saíram vencedores Joaquim Belchior e M. Lopes. No 'place-kick' E. Dolber tirou o primeiro lugar, ficando Jasper [Moon] em segundo. No concurso de peso, vitória de Jasper [Moon], que lançou o peso à distância de 9 1/2 jardas. Depois, aconteceu o ponto alto das festividades, c jogo de futebol, reunindo as equipes internas do F.A.C. 'Black and White' e 'Red and White', culminando com o triunfo dos vermelhos, por 2 a 0 (OIMPARCIAL, 1907: VAZ 1991, 2000).

A segunda partida ocorreu em 24 de novembro de 1907, conforme noticiado em "O Maranhão" FABRIL ATHLETIC CLUB".

"Com extraordinário concorrência de famílias e cavalheiros, realizou ontem essa sympathica sociedade sportiva a sua segunda partida de football. Coube ao partido preto os louros da Victoria de ontem, por haver ganho dois gols contra um. A função começou a3 1/2 da tarde. Pelo presidente do club foi oferecido, depois da partida, um valioso brinde ao capitão do partido vencedor. A festa, que correu com muita animação, durou até as horas da noite, terminando por um soiree, a piano, entre os sócios do club e suas familias. Ao Fabril Athletic Club felicitamos pelo esplendor da função de ontem." (O MARANHÃO, 25 de novembro de 1907). O Euterpe tinha sua sede na rua 7 de Setembro, onde ficava a casa do Comendador Leite, pai do então governador Benedito Leite, e onde funcionou a primeira sede do jornal O Imparcial, enquanto o FAC funcionava na fábrica Santa Isabel, da família de Nhozinho Santos, onde hoje está localizado o CEGEL, no canto da Fabril.

Em 1910, o FAC passa por uma de suas várias crises financeiras, conseqüência da crise das fábricas têxteis, acentuada pela crise do algodão, que levou quase todas à falencia. Por falta de pagamento de mensalidades por parte dos associados, não só da Fábrica Santa Isabel de propriedade da família de Nhozinho Santos mas de todas as outras, pensa-se na eliminação do FAC e na formação de uma outra agremiação, mais popular, aberta, democrática e que levasse a prática do futebol aos jovens que ainda não tinham acesso.

Se Nhozinho Santos foi o responsável por trazer o futebol para o Maranhão, um amigo dele, sócio do FAC, foi o grande responsável por popularizar o esporte em São Luis. Gentil Silva não concordava com a elitização do clube e saiu do FAC, junto com um grupo de outros dissidentes, que comungavam do mesmo pensamento, Desta forma, dissidentes do FAC, liderados por Gentil Silva fundar um clube aberto sos diversos segmentos da sociedade maranhense. A nova agremiação chamou-se Onze Maranhense, que, além do futebol, desenvolveu outros es- portes como tênis, crocket, basquetebol, bilhar, boliche, tênis de mesa, xadrez, e, até a luta livre, introduzida por Álvaro Martins. Dali surgem outros clubes, como o Maranhense Foot Ball Club, fundado em novembro de 1908, por rapazes empregados do comércio, com sede na rua São João.

OUTRO INGLÊS - é nesse cenário o vice-consul inglês no Maranhão, Mr. Charles Clissold, um grande esportista que se junta aos dirigentes do FAC, para incentivar o desporto e para tentar salvar o clube de Nhozinho Santos. Mas este clube estava aberto apenas para os filhos da aristocracia maranhense, o que impedia o acesso de jovens pobres e negros. A população, em geral, es- tava alheia às práticas esportivas. A maior crise dos primeiros clubes maranhenses aconteceu em 1915, época de grande decadência da sociedade maranhense, que entrara numa grave crise financeira, que levou ao fim do parque têxtil. Essa crise acometeu não só o FAC, como Onze Maranhense.

Então houve uma tentativa de reestruturação por parte de jovens estudantes, alunos do Liceu Maranhense, dos Maristas e do Instituto Maranhense, São criados vários clubes popularizados, como o Brasil Futebol Clube, São Luis Futebol Clube, Maranhão Esporte Clube (1916), o Aliança Futebol Clube, e Gentil Silva funda um novo clube, o Guarani Esporte Clube O FAC é reativado, mas com o nome de Foot-ball Athetic Club, para manter a sigla. Anos mais tarde, outro clube se utilizará dessa sigla, o Ferroviário Atlético Clube e Gentil Silva reativa o seu Onze Maranhense, no Parque 15 de Novembro, na Av. Beira Mar, onde hoje funciona Casino Maranhense. O Brasil Futebol. Clube tem sua sede junto ao Gasometro, no Mercado Central. Surgem o Vasco da Gama Esporte Clube, o Santiago Esporte Clube, o Fênix Futebol Clube.

De uma dissidência do FAC e do Maranhense Futebol Clube, surge o Esporte Clube Luso Brasileiro, ainda em 1915. No ano seguinte, em 16 de maio, é funda da a Liga Esportiva Maranhense, para disciplinar a transferências de jogadores de futebol, editando-se o Código de Transferência de Jogadores. Essa é a data da profissionalização do futebol maranhense, pois os jogadores começam a receber salários e alguns já vivem apenas de "jogar bola".

É fundado por Carlos Mendes, o São Cristóvão Futebol clube. O FAC amplia a oferta de esportes, introduzindo o Basquetebol, o Boliche e continua a prática do futebol, do tênis, do tênis de mesa, do crockt, do crickt, do bilhar e do atletismo. A 21 de março, os Professores Atimathea Cisne e Oscar Barroso fundam o Maranhão Esporte Clube e, em 23 de setembro desse ano (1916), o FAC enfrenta os tripulantes do navio "Benjamin Constant em um jogo de futebol. No Anil, surgem o Timbira e o Ubirajara. Após sofrer algumas derrotas frente ao Clube do Remo, o FAC começa a importação de jogadores (1917), contratando o goleiro Corinto. Em 10 de abril, é criada a Liga Maranhense de Futebol, sendo sua diretoria composta pelo Capitão-Tenente Artur Rego Meireles (Presidente), tendo como seu Vice Joaquim Moreira Alves dos Santos (Nhozinho Santos) e Secretários, Gentil Silva e João Belfort, e como Tesoureiro Jonas Hersen. No Anil, é fundado o Anilense Futebol Clube.

No dia 25 de agosto de 1919, os diversos representantes dos clubes entraram em um acordo, unindo as diretorias das duas ligas de Esportes e a de futebol para fundar a Confederação Maranhense de Desportos, com nomes com Nhozinho Santos e Gentil Silva, esta instituição foi o protótipo da hoje diminuída, ultrapassada e autoritária Federação Maranhense de Futebol, presidida ha vinte anos por Alberto Ferreira . Mas isso é outro assunto.

Ananias: o futebol perder um pouco mais de sua arte

Santiago, Walber Penha, Becão, Nana, Gegeca e Nonato Masson em excursão em João Pessoa
 
Morreu Ananias. Com ele foi-se mais um pouco da arte do futebol brasileiro e maranhense. Ananias um autêntico campeão, por onde andou como jogador de futebol, conseguiu conquistar títulos sempre atuando como titular.

A vida deste ex-jogador foi marcada de glórias, numa época em que o futebol não conseguiu dar dinheiro suficiente para os atletas fazerem o pé-de-mala, pois jogavam por uma camisa e á profissão.

Ananias sempre dotou a derrotas a cansou de frisar ainda em vida, que não gostava de perder, pois estava em campo sempre com o objetivo de ganhar. Jogou 41 anos e parou porque não tinha a condição física ideal deixando assim aquilo que sempre gostou da fazer, jogar futebol. Mas não se desligou do mundo esportivo e passou a se dedicar em descobrir talentos, dirigindo equipes de juvenis, buscando novos craques que pudessem seguir os seus passos.

Ananias Gomes de Silve, nasceu no dia 27 de setembro de 1925, na cidade maranhense de Timon, onde deu os primeiros passos no futebol, mas iniciando que carreira em Caxias, no time do São Benedito, vindo depois pra São Luís, finde onde atuou pelo Sampaio, Tupan, Santa Isabel e Seleção Maranhense. Mas não foi só no futebol maranhense que este jogador andou, Ananias teve passagens pelo Ceará Sporting, Usina do Ceará, Auto Sport de Parnaíba, Flamengo da Paraíba, Galícia de Salvador, Fluminense de Feira de Santana, e Sport Clube do Recife onde chegou a Seleção Pernambucana.

O velho "Nana" como era tratado pelo seus companheiros, chegou a treinar no Flamengo, onde não ficou por causa da sua contratação pelo Sport Clube Recife, voltando imediatamente, para a capital Pernambucana, onde conheceu também a glórias de campeão pela rubro-negro. Botafoguense, Ananias curtia em silêncio uma grande paixão pelo Moto Clube. mesmo que nunca tenha admitida publicamente esta condição.

Sempre foi um jogador aguerrido, cheio de garra, disputando a jogada como se cada uma dependesse sua própria vida, nunca partia para perder, mas sim para sair de campo com a vitória o que era mais importante para ele. Ananis morreu aos 59 anos, perto de seu 60° aniversário, depois de vários dias hospitalizado com problemas estomacais. Se não construiu alguma coisa, Nana também não destruiu e pautou sus vida, dentro de um critério de honestidade, procurando adotar bem como sus bandeira.

Ananias deixou viúva, Εve Corres Silva, além dos filhos Nadia, Nelia, Ana Elizabeth, Henrique, Rosemary, Silvana, Batista, que lamentaram muito a perca do ente querido, pois acima de tudo foi um pai de família exemplar, digno e honesto, buscando sempre dar carinho aos seus filhos e a esposa. Não era homem de ferra e premia pelo seu condicionamento fisico baseando-se justamente no seu preparo para jogar todo seu futebol. Ao morrer, Ananias deixa uma lacuna das maiores, pois foi com com ele, ele, aquele talento que Deus lhe deu, e fez com que fosse um craque sensacional.

Um dos seus mais chegados companheiros foi a ponteira Zezico também do Moto Clube, e que no velório, com lágrimas nos olhos lembrava os momentos que passou juntos com velho Nana. Zezico, conversando com o repórter Geraldo Castro, disse que Ananias era de ume garra incomum, pois mesmo contundido não se deixava abater entrava em campo para defender.

Certa vez contra o Paissandu, "Nana" estava com o dedo do pé quebrado, mas mesmo assim foi a campo e acabou sendo o melhor do jogo além de marcar o gol da vitória. Ananias era assim, cheio de raça e disposição. Não brincava em campo e dava bronca nos companheiros quando estes amolociam — disse Zezico.

Neguinho, um jogador duro, mas leal e que jogava também com muito amor, disse à reportagem, que muitas vezes chegou a trocar pontapés com Nana, mas ele não fugia do pau. E várias vezes acabaram sendo expulsos do campo. Neguinho, no entanto, disse que Ananias, foi sem dúvida um dos maiores craques do futebol maranhense.

Hoje, quando acontecer a missa de sétimo dia do falecimento de Ananias, certamente estarão.

amigos, velhos companheiros, pe rentes, filhos, esposa, enfim, todos aqueles que prestaram suas homenagens, tanto na vida, como também na morta.

Ananias foi a será sempre lembrado dos maiores craques de todos os tempos. Descansa em paz "Velho Nana”!

Pereira os Santos, uma vida dedicada ao Moto Club de São Luís

Compilado de textos extraídos de jornais em 1987:

Ο futebol tem certas coisas que as vezes é muito difícil dizer-se porque fica-se trabalhando no contexto futebolístico, se quase nunca ganha-se o suficiente para fazer tanto sacrifício. Um presidente de clube é na realidade um ser abnegado, sem qualquer pretensão financeiras, pois na realidade tira muitas vezes do próprio bolso para dar ao seu clube. E não poderia deixar de ser com o atual presidente do Moto Clube, o conhecido Antonio José Pereira dos Santos, diretor motense dos mais capazes e que vem trabalhando em prol da equipe rubro-negra, há muitos e muitos anos.

Pereira dos Santos, vem dando tudo de si buscando sempre o melhor para o clube, demonstrando o amor que sente pela associação, hoje como presidente, em outras épocas como torcedor, diretor conselheiro enfim como motense que sempre foi. Ao sumir o rubro-negro, Pereira teve muito trabalho, e não desanimou nunca, buscando dar ao clube uma equipe forte e capaz de conquistar títulos. O Moto nestes dois anos, sob o comando de Pereira dos Santos, conquistou dois campeonatos, disputando por duas vezes a Copa Brasil, e teve boas receitas, que conseguiram deixar o clube em alguns meses, sem problemas financeiros. Depois de revelado, Newton vendido ao São Paulo, Pereira dos Santos, foi também o responsável pela venda do grande craque Raimundinho, hoje no futebol equatoriano, juntamente com o próprio Newton.

Além disso, o presidente rubro-negro, mesmo atravessando serias dificuldades, não foi de abandonar o barco, e quando esteve licenciado por causa de problemas particulares, deixou a vice Ibrahim Assub, que deu continuidade ao seu trabalho. Dirigente dos mais antigos no futebol do Maranhão, Pereira dos Santos, foi presidente da Federação Maranhense de Desportos, e sempre dando total apoio ao Moto Clube.

Hoje quando o rubro-negro parte pare a conquiste do tetracampeonato o presidente não se envergonha de pedir ajuda aos torcedores, indo ao seio da torcida, buscar os recursos financeiros necessários para amenizar a difícil situação do clube. Mas muitas vezes acontecem fatos lamentáveis na vida de um presidente, como o episódio registrado por ocasião do jogo Moto Clube 2, Maranhão 0, quando o presidente rubro-negro quase era agredido por um policial despreparado.

O fato ocorreu por ocasião do contato do presidente Pereira dos Santos, com os torcedores no Estúdio Castelão, e ao proteger da policia que queria tirar o mesmo da arquibancada, o mandatário máximo do Papão quase era agredido bestialmente por um policial despreparado, não se consumando o fato, por causa da intervenções de terceiros, mas Pereira ainda assim chegou a ser empurrado. O presidente do Moto, teve que na ocasião fazer valer a sua patente militar, para poder acalmar a fúria do policial.

Mas fatos como estes, são corriqueiros na vida de um presidente e Pereira soube superar com tranquilidade, voltando ao selo de sua torcida e saindo do Estádio Castelão, satisfeito com a vitória sobre o Maranhão Atlético Clube. Mesmo com todos os problemas, o Moto vai conseguindo ser superior aos demais concorrentes, fazendo com que, o presidente rubro-negro sinta-se tranquilo e feliz, por ver o seu trabalho surtindo o efeito, sempre por ele esperado. Matreiro, conhecedor profundo da Legislação Esportiva, Pereira dos Santos, coloca em primeiro pleno a defesa dos direitos do Moto, acima de qualquer coisa, pois para ele, nada, mas nada mesmo, pode estar à frente do Papão.

Moto Club no Campeonato Brasileiro Serie B 1996

Entre os vinte e cinco participantes, o Moto Clube tem a terceira melhor campanha de Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão, com 8 pontos ganhos, atrás apenas de Mogi Mirim/SP. com 10 pontos e XV de Piracicaba/SP com 9 pontos punhos.

O Moto é um dos oito times que se mantém invictos, ao final da chamada ida da primeira fase da competição. Além do Moto, ainda não perderam, também, América e ABC/RN, Santa Cruz/PE CRB/AL Desportiva/ES. América/MG Mogi Mirim/SP.

Entre os melhores ataques, o Moto é o quarto, com seis gols assinalados. A frente do Papão estão Mogi Mirim/SP. com 11 gols, Santa Cru/PE, XV de Piracicaba/SP Redonda/U, com sete gols.

O rubro-negro maranhense fez a melhor defesa, junto com CRB/AL e Desportiva/ES. Cada uin desses times levou somente um gol. América/RN, Tuna Luso/PA, União São João/SP. XV de Piracicaba/SP América/MG Joinville/SC vem logo atrás com does gols no barbante, cada.

Se o Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão terminasse hoje, o Moto Clube jogaria na segunda fase contra o ABC/RN. contra quem faria dois jogos eliminatórios, com a vantagem de jogar a segunda partida em São Luis, justamente pela melhor campanha, até agora.

Garantido Pela projeção feita pelos matemáticos, com os oito pontos ganhos que tem, o Moto não corre mais o risco de vir a ser rebaixado para a terceira divisão de 97, caso não conquiste mais nenhum ponto daqui para frente.

Nas últimas colocações, no geral, estão Goiatuba/GO, Ceará/CE e Ponte Preta/SP. com dois pontos ganhos, Gama/DF e Americano/RJ, com um ponto, e Joinville/SC e Central/PE, que ainda não saíram do zero.

Este ano, pelo regulamento, vão ser rebaixado os três últimos colocados, O Moto saiu da zona de rebaixamento com a vitória de 1 a 0 sobre o Paysandu, domingo

Grupo A Moto faz parte do grupo A da primeira fase do certame. O Papão lidera o grupo com oito pontos ganhos, com o mesmo número de jogos feitos pelo Ceará, o segundo colocado, que tem sete pontos.

Na fase de volta, o Moto terá mais apenas um jogo em casa, па rodada final, contra a Tuna Luso. Sairá para jogar em Fortaleza, domingo próximo, diante do Ceará, e para jogar em Belém frente a Paysandu e Remo.

Moto Club campeão maranhense de 1981

E finalmente o Moto Club conquistou o título de campeão maranhense de 1981. O time rubro negro, já tinha adiado a conquista desse título por duas vezes, mais ontem ao empatar em 0 a 0 com o Sampaio, levantou o certame maranhense de presente temporada. Não chegou a exibir um grande futebol, nesta noite de ontem, o time rubro negro, mas o que jogou foi o suficiente para garantir o empate e sair com o título de campeão, Agora o time motorizado irá representar o Maranhão na Taça de Ouro 82. No vestiário, de alegria, os jogadores fizeram questão de dedicar o título ao supervisor Antônio Bento Cantanhede Farias, responsável direto por tão brilhante conquista. O Moto Clube, na verdade ganhou o campeonato de ponta a ponta, sendo sem dúvida o melhor time do Estado, A renda chegou a casa de 1 milhão a 800 mil cruzeiros e apesar da falta de coletivos na cidade, o público compareceu em massa ao estádio. Ao Sampaio coube o título de vice campeão, o que dos males foi o maior.

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Minha participação no quadro "O curioso do esporte", da TV Assembléia, falando sobre o Sampaio Corrêa

 

Minha participação no quadro "O curioso do esporte", da TV Assembleia, falando sobre o Sampaio Corrêa. Programa exibido no dia 25 de novembro de 2024.

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Moto Club de São Luis, campeão maranhense em 1977


O Moto Clube de São Luis, conseguiu vencer o São José ontem o noite, no Estádio Municipal Nhozinho Santos, sagrou-se campeão maranhense de profissionais de 1977, em partida que apesar de não ter sido um primor de técnica, empolgou a torcida rubro-negro, emocionada pela vitória antecipado que sua equipe obteve, este ano, e decepcionada apenas pelo fato de que o adversário da noite e candidato à derrota não ser o Sampaio Correa Futebol Clube, tradicional e terrenho adversário dos hostes motorizadas com quem mantém décadas de disputas, ora por cimo, oro por baixo.

Este ano, o vitoria, e, portanto, as alegrias, também com os torcedores do Moto, já muito distanciado do titulo máximo e que agora volta para o alto do pódio com um time sem muita técnica mas que, de qualquer forma, provou ser o melhor do campeonato maranhense. A equipe vencedora e que agora entra para a história do clube foi a seguinte, sob a batuta de Raunilo Medeiros: Cenilson, Celia Rodrigues, Irineu, Vivico (Gaspar) e Gilberto: Tido (Beato), Toninho e Edmilson Leite, Caio, Paulo Cesar e Alberto. O jogo teve arbitragem de Renato Rodrigues, em grande noite, o qual contou ainda com um bom trabalho de seus auxiliares Raimundo Lima e José Salgado. A renda foi considerado excelente. apesar de só ter alcançado os Cr$ 52.523.60

A decepcionante equipe do Esporte Clube São José formou da seguinte maneira: Renato Roxe (Sousa), Silva, Tido e Edmar, Alencar, Bancario Pedro, Zequinha, Zezinho e Santos (Valter), sob a direção do técnico Paulinho Pereira. A única expulsão do jogo atingiu o time do São José dos quinze minutos da etapa complementar, quando Zezinho foi punido com a saída de campo por prática de jogo violento, fazendo com que o domínio motorizado se ampliasse técnico e territorialmente.

O resultado final da contenda foi de 4 a 0 para o Moto Clube, o qual nem sequer precisou joga bem para bater seu adversário que se apresentou em uma de suas noites mais fracas da temporada. O único período em que o São José soube conservar a lucidez e o sangue frio, foi durante os doze minutos iniciais do primeiro tempo, quando demonstrou até alguma disposição de luta. Depois, o Moto só fez foi passear em campo marcando tantos aos 18, aos 37 e aos 39 da etapa de abertura e 008 2 minutos do segundo tempo.

Moto Club em 1944 e 1962 (textos)

Em 1944, Moto Clube, já rubro negro, sagrou-se campeão maranhense e pela primeira vez, iniciando uma série de sete conquistas Interruptas, em um campeonato que contou ainda com a participação do Santos Dumont, que foi goleado pela equipe motorizando por 11 a 0.

Esta foto, é histérica, pois foi a primeira do Moto, tirada com a camisa rubro-negra, já que anteriormente, até final de 43, usava as cores verde e branca. Era a estreia de Frázio, pelo clube que na época tinha como presidente desportista César Aboud. Não se ver na foto o meia Fatiguê, como também o zagueiro Justino, que defendiam o clube da Fabril.

O primeiro é o arquiteto China uma das grandes figuras do quadro motense, e que faleceu a 23 de janeiro de 1945. no Hospital Português depois de menos de uma semana hospitalizado. China, fez sua última partida no dia 16 daquele mês defendendo a seleção maranhense que foi goleada por 6 x 1 pelo América do Rio, sendo substituído quando da obtenção do quinto gol carioca, quando se contundir em lance com Maxwell, comandante de ataque rubro, sentindo a pancada recebida um mês antes, em Parnaíba. A seguir, vê-se, Frázio, Mesquita, Jesus (contratado meses antes em Parnaíba), Dudu, Valdemar (genitor do central Alzimar, do Ferroviário), Carapuça, Rebelo, Pepe, Douglas, Mourão e o treinador Luis comitente. Foi a primeira grande formação motorizada, para ser uma das forças na era de 40, no futebol nortista. 

 
Douglas, Frázio e Valdemar em 1944
 
Em Reminiscências, apresentamos a linha intermediária do Moto Clube de São Luis, no ano de 1944, quando a equipe motorizada conquistou o campeonato maranhense, iniciando a série de sete conquistas consecutivas, com o inédito Heptacampeonato. Douglas, popularmente conhecido por Marreta, na época atual, e que foi a alegria da criançada ludovicense há cerca de cinco anos, em programas na TV local, além de ter feito parte da Troupe do Rei Momo, com o popular Parafuso e o saudoso Haroldo Rego Recentemente foi artista principal do filme A PACA E O RIO, inédito em São Luís, e é motorista Frazio, o centro-médio, que chegou a alcançar êxitos na seleção maranhense campeã do Norte de 46 e Waldemar, genitor do central Alzimar (com e não com e), que pertence ao Ferroviário.

Waldemar, faleceu um ano depois, e foi substituído por Nascimento, que chegou também ao escrete de nossa terra. Esta fotografia é histórica, e foto tirada há trinta anos, no Estádio de Santa Isabel, notando-se famosa barreira, palco de grandes incentivos por parte da torcida maranhense. E graças à técnica de R. Filho, podemos reviver o passado, cujo futebol era superior, ao que se pratica na atualidade, em nosso Estado.
 
Essa formação do Moto, venceu o Sampaio, no dia 13 de maio de 1962, pelo marcador de 5 x 1, em partida amistosa travada no Estádio Municipal, quando Joubert, Homena e Zé Carlos, realizaram a segunda partida envergando a саmisa rubro-negra desses, apenas Zé Carlos, o lateral-esquerdo não ficou em São Luis, retornando à Guanabara, no mesmo ano, o central e o dianteiro, chegavam ao selecionado maranhense que disputou o certame brasileiro.

No compromisso em que os motorizados deitaram e rolaram em cima dos bolivianos, se reabilitando de uma derrota pelo mesmo escore, Casquinha, inaugurou o marcador a um minuto para o Sampaio, mas o Moto reagiu e chegou a goleada, com dois gols de Zezico, um de Joubert, outro de Nabor, e outro de Gojoba.

Da esquerda para direita, vê-se: Bacabal, Baezinho, Gojoba, Português, Homena e Zé Carlos: Abaixados, na mesma ordem: Zezico, Joubért, Laiinha, Nabor e Ananias. Desse time, apenas Gojoba ainda continua em atividades, já que Baezinho resolveu para com o futebol.

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Maranhão 0x0 Nacional/AM - Campeonato Brasileiro 1980

O Maranhão Atlético Clube voltou a desperdiçar gols incríveis na noite do dia 12 de março de 1980, no Estádio Nhozinho Santos, no empate de zero a zero com o Nacional, de Manaus, em jogo válido pelo Grupo D da Taça de Ouro do Campeonato Brasileiro.

O público maranhense teve a oportunidade de verificar pessoalmente a inexplicável falta de sorte do time atleticano na hora das finalizações.

Na peleja de ontem o Maranhão se não fez um primor de apresentação, pelo menos jogou o suficiente para dominar Inteiramente o seu adversário e criar grandes chances de marcar até uma goleada, dado a facilidade como chegava na área nacionalina.

No primeiro tempo, principalmente o quadro maqueano teve o arco amazonense praticamente escancarado em varias jogadas e numa delas cara a cara com o goleiro Beto o atacante Riba atirou na trave esquerda.

No final do segundo tempo da partida de ontem em um só lance Riba e Neco perderam um tento certo chutando e aparecendo ninguém sabe de onde um beque adversário para salvar. No mesmo lance no rebote a bola se ofereceu para Serginho que chutou com o arqueiro salvando milagrosamente em cima da linha, embora muita gente comente que a pelota transpôs linha fatal.

O placar de zero a zero, ontem a noite for mais uma vez injusto para o Maranhão Atlético Clube que continua sem fazer nenhum tento na Copa Brasil deste ano mesmo já tendo cinco jogos.

A equipe maqueana além da grande falta de sorte, voltou a apresentar alguns defeitos, notadamente no setor de ataque onde nem mesmo a volta de Riba resolveu o problema, uma vez que o centro avante jogou muito isolado na frente sem um companheiro para lhe ajudar na luta contra defesa adversaria.

O ponteiro direito Djaro novamente não correspondeu a expectativa e o treinador Jose Santos custou a colocar Neco em seu lugar.




FICHA DO JOGO

Maranhão 0x0 Nacional/AM
Local:
Estádio Nhozinho Santos
Renda: Cr$ 248.030,00
Público: 5.211 pagantes
Juiz:
Luís Vieira Vilanova/CE
Bandeirinhas: Roberval Castro e Braga Neto
Maranhão: Veludo; Mendes (Célio), Paulo Fraga, Jorge Santos e Antônio Carlos; Juarez, Tataco e Naldo; Dejaro (Neco), Riba e Serginho. Técnico: José Santos
Nacional/AM: Beto; Foguinho, Jouberth, Paulo Ricardo e Ademir; Tovar, Armando (Raul) e Nilson; Pentelaco, Sarará (Dão) e Reis. Técnico: Ernesto Guedes