Em 1944 o Sampaio Corrêa formou uma equipe poderosa, com grandes nomes em seu elenco, como Tarrindo, Moisés e Manoelzinho. Porém, chegaria ao vice-campeonato maranhense e não obteve nenhum título nesse ano. Contudo, o clube revelou um grande craque que, em pouco tempo, brilharia pelo Flamengo, Internacional e chegaria à Seleção Brasileira.
Nílton Coelho da Costa era pernambucano e popularmente conhecido como Bodinho. O seu apelido, como foi eternizado pela crônica esportiva e pelos torcedores, vinha da força da sua cabeceada. Começou a sua carreira jogando pelo folclórico Íbis de Pernambuco, antes de transferir-se para o Sampaio Corrêa, em 1944, onde foi vice-campeão estadual. Nesse mesmo ano, o Flamengo do Rio de Janeiro esteve excursionando pela capital maranhense. O clube carioca enfrentou e venceu por 3 a 1 o combinado formado por Maranhão Atlético Clube e Sampaio Corrêa, em amistoso realizado na noite do dia 15 de abril no Estádio Santa Isabel.
Pela sua grande atuação na partida pelo combinado maranhense, Bodinho chamou a atenção da delegação do Flamengo. Desfalcado para a partida seguinte no Maranhão, contra o Moto Clube de São Luis, a delegação carioca entrou em contato com a diretoria do Sampaio Corrêa, a fim de contar com o jogador para a partida contra os motenses, uma vez que Joaci e Luizinho estavam adoentados e não atuariam pelo rubro-negro carioca. Porém, desistiram em tê-lo somente na partida amistosa: um ano depois, em 1945, por Cr$ 30.000, Bodinho transferiu-se para o Flamengo, onde permaneceu até 1949. No ano seguinte, foi para o Internacional do Rio Grande do Sul, chegando à Seleção Brasileira em 1955, onde nesse mesmo ano conquistou o Campeonato Pan-Americano.
Em 1971, de férias em São Luis, Bodinho foi entrevistado pelo jornal O Imparcial, em matéria publicada no dia 28 de Julho de 1971:
Encontra-se nesta capital o veterano Bodinho, grande jogador do passado, que em São Luis atuou pela equipe do Sampaio Corrêa Futebol Clube no período de 1947-50. Um dos maiores artilheiros da sua época, Bodinho, agora inteiramente afastado do seu esporte predileto e que o fez chegar até à Seleção Pernambucana de 1956, falou à reportagem de O IMPARCIAL.
“No momento, estou apenas matando uma saudade muito grande, qual seja, a de rever São Luis, esta cidade tão querida e que jamais pude esquecer. Foi nesta capital do Maranhão que passei grandes momentos como jogador de futebol e hoje funcionário da Caixa Econômica que sou, apenas transito rapidamente, já que venho do Rio Grande do Sul, via Brasília-Recife; Estive ontem, no Estádio Municipal e assisti o jogo Moto x Olaria, e hoje tive a felicidade de rever alguns amigos e ainda vou fazê-lo neste final de semana, porque passarei o domingo aqui e só rumo para recife na segunda-feira.
Bodinho, na sua época, foi o maior cabeceador de todo o Norte e Nordeste, fato que acabou o consagrando e o levando até ao Flamengo do Rio e ao Internacional de Porto Alegre. Ele recorda com muita lucidez a sua grande fase, afirmando: “Naquela época, parece-me que os homens que compunham uma equipe de futebol eram mais aguerridos. Não ganhávamos praticamente nada, mas na hora da luta, seja qual fosse o caráter do jogo, ninguém queria perder. O futebol não tinha essa história de tática defensiva e os gols eram feitos entre 3 e 4 em todos os jogos. Edésio Leitão era o nosso técnico e eu me recordo que ele tinha muita preocupação com os bons resultados, principalmente com os gols”.
Segundo Bodinho, o fato de ser um grande cabeceador não resultou em nenhum treinamento especial e ele até se surpreende com tato ensaio de cabeçadas hoje, porque “depois de Baltazar eu não vi mais ninguém com as mesmas habilidades e tem gente que até tem medo de meter a cabeça na bola”.
Para ele, a crise do Internacional já passou e o clube gaúcho no comento, ao lado do Cruzeiro, é um dos maiores clubes do futebol do Brasil. Treinar time de futebol foi uma coisa que nunca passou pela sua cabeça, pois “nunca tive vocação para tal profissão”. No futebol, Bodinho conseguiu apenas um apartamento que lhe foi presenteado na capital gaúcha, mas, segundo ele, marcou mais de 2.000 gols, se somados todos eles, desde que começou pelo Íbis e passou pelo Sampaio, Flamengo, Internacional de Porto Alegre e Seleção Pernambucana.
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