terça-feira, 15 de abril de 2025

Sampaio Corrêa - Seletiva para o Campeonato Nacional 1973


Em 1973 o Sampaio Corrêa disputou uma série melhor de três contra o Moto Club, valendo uma vaga para o futebol maranhense para o Campeonato Brasileiro daquele ano.

Moto Club 0x3 Maranhão - Amistoso 1973

Três a zero foi pouco para o Maranhão que mandou no jogo e não encontrou no Moto nenhuma resistência. É a segunda vez que o MAC marca esta goleada diante do Moto, o que pode ser uma maneira de mostrar ao Sampaio como não é tão difícil o caminho para a vitória contra o Moto. Os atleticanos mandaram no jogo só não chegarem a um placar maior pela falta também de maior interesse já que o jogo não contava pontos e o saldo de gols pouco importava.

O Moto, com a derrota teve um vestuário muito "quente" com discussão entre o presidente e o diretor de futebol, culminando com a dispensa do treinador Roberto Rack, que considerou a derrota "culpa do excesso de brincadeira do plantel depois dos jogos com o Sampaio e pouca assistência a diretoria". Nem os reforços conseguidos junto ao Ferroviário arrumaram o time do Moto, porque na verdade não foram pedido pelo técnico e sim pelos dirigentes só com a finalidade de confirmar uma discutida união com o Ferroviário. A equipe do Moto precisa é de meio campo e justamente aí foi que o treinador não teve como fazer alterações. Mexeu o time todo no ataque já na base do desespero e não deu resultado. A coisa estava tão confusa que Artur jogou em todas as posições do ataque e Caverinha, que veio para ser testado na esquerda e entrou pela direita.

O Maranhão chegou fácil nos três a zero com gols de Edinho, de fora da área, após 15 minutos, Cabecinha aos 21, e novamente Cabecinha nos 90.

Aqueles que, por qualquer motivo, deixaram de ir ao Estádio Municipal, perderam a chance de assistir uma das maiores exibições futebolísticas dos últimos tempos, quando em tarde-noite de grande inspiração, O MAC, impondo a sua melhor condição técnica, goleou o Moto Clube por 3 a 0, em jogo disputado no dia 03 de junho de 1973, amistosamente.

Muito mais importante do que vitória, foi o esquema tático do Bode Gregório, demonstrando que, a maioria das vezes, o trabalho do treinador sempre aparece como fator preponderante em qualquer disputa futebolística. Como é do conhecimento de todos, João Carlos vem se dedicando de corpo e alma na orientação de seu quadro, não só na preparação física dos atletas, como na armação de um plano tático eficiente e moderno, aproveitando as principais características de cada elemento do plantel.

Sem contar com o meia Mário Breves, e obrigado a escalar Tataco de médio volante ou quinto zagueiro, o MAC proporcionou à sua barulhenta torcida, uma exibição de gala, buscando nas extremas o caminho certo em direção do t adversário. A subida de Edinho, em nova função, encostado mais ao ataque, permitiu ao MAC O melhor aproveitamento dos lançamentos do "mestre", que graças à suo exuberante forma técnica, contribuiu para desmontar completamente o esquema defensivo motorizado.

Jogando mais uma vez com um libero móvel, sobrando sempre um zagueiro de área como último homem de desarme, conseguiu a defesa maqueana anular todas as jogadas de ata que do time de Nagib. Com o meia Joari perfeito na armação e no combate, e com os pontas voltando para marcação bloqueando os principais espaços do campo, o MAC buscava na velocidade dos três homens de frente, Gilberto, Cabecinha e Dario, os contra golpes rápidos e surpreendentes envolvendo até com relativa facilidade uma defesa considerada por muitos como intransponível.

Outro aspecto que veio contribuir decisivamente para o bom rendimento da equipe atleticana, foi a modificação introduzida, ocasionada pelas ausências de Xerém e Mário Breves. Edinho meia adiantado e Joari em sua real posição, proporcionaram mais agressividade ao ataque do MAC, que em compromissos anteriores pecava pela falta de objetividade.
 
Independente da excelente performance maqueana, o Moto Clube, considerando a distribuição de seus atletas dentro do campo de jogo, facilitou o trabalho do bando contrário porque apresentou um 4-4-2 superado, sem cobertura defensiva e com os extremas fixos, na frente, sem a preocupação da volta para a marcação, permitindo livre espaço para as escaladas perigosas dos laterais Roberto e Claudionor. Ao invés de mexer no melo campo e na borda esquerda, pontos negativos do seu time, Roberto Rack preferiu alterar a peça de ataque, e acabou entregar.do a partida ao Maranhão Atlético Clube.

Convém acrescentar, ressaltando a espetacular exibição maqueana, que o placar de 3 x 0 foi pequeno, não refletindo, a maior presença do quadro dirigido por João Carlos, que por absoluta falta de chance, desperdiçou uma dezena de oportunidades perigosa durante o desenrolar do cotejo.

Essa exibição soberba do MAC, vem comprovar aquilo que já dissemos em várias oportunidades, quando defendíamos a tese de que um time com experiente e com conhecimento de causa, poderia contribuir para evolução tática do futebol maranhense.




FICHA DO JOGO

Moto Club 0x3 Maranhão
Local:
Estádio Nhozinho Santos
Renda: Cr$ 10.506,00
Público: 2.205 pagantes
Juiz: Lercílio Estrela
Bandeirinhas: Jamil Gedeon e Josenil Sousa
Gols: Edinho aos 15 e Cabecinha aos 5 minutos do primeiro tempo; Edinho aos 44 minutos do segundo tempo
Moto Club: Marcial; Chico, Marins, Laudenir e Barbosa; Zé Augusto, Lins (Caveirinha) e Nilsinho; Artur, Marcos e Coelho (Elinewton). Técnico: Roberto Rack
Maranhão: Carlos Afonso; Roberto, Jorge Luís, Cândido e Claudionor; Tataco, Edinho e Joari; Gilberto, Cabecinha e Dario. Técnico: João Carlos

domingo, 13 de abril de 2025

Livro "Almanaque do Futebol Maranhense Antigo: Pequenas Histórias - Volume 2"

ALMANAQUE DO FUTEBOL MARANHENSE ANTIGO: PEQUENAS HISTÓRIAS VOLUME 2, publicação do professor Hugo José Saraiva Ribeiro, é um apanhado de 94 novas passagens curiosas que aconteceram dentro e fora dos nossos gramados, como a fundação dos grandes clubes da capital, passagens curiosas, a criação dos nossos três mais importante estádios, grandes personalidades do nosso futebol, relatos de brigas, confusões, armações em bastidores, detalhes e pormenores contadas por torcedores ou dirigentes que foram testemunhas oculares dos acontecimentos e reforçados através de documentos, como jornais, livros, súmulas e outros. Um novo e essencial livro para compreender o que de mais mambembe aconteceu no futebol do Maranhão.

O livro será lançado no segundo semestre pela Livro Rápido Editora e tem patrocínio da Max Vetor, Tempero Caseiro e Sol a Sol (Energia Renovável).

Cassas de Lima, um apaixonado pelo Moto Club




"Reconheço que sou apaixona do pelo Moto Clube e chego até a sacrificar meus pacientes em determinados momentos para discutir assuntos de futebol, e principalmente do clube, mas discordo radicalmente daqueles que afirmam que prejudico a equipe, por cause desse amor; basta dizer que nunca tomei uma de cisão, Isolada. Faço, também, um registro importante: da vezes, retardo consultas para atender repórteres, porque dou sempre prioridade para a imprensa, pois, acho que não tem tempo para perder, esperando entre vistas.

Esse substancial reforço foi dado pelo conceituado médico ortopedista. Cassas de Lima, ao ser abordado pela reportagem, a respeito de sua longa vivência de 20 anos no Moto, embora afastado, agora, por divergência de opinião com o atual presidente, Mário Carneiro, em função do técnico José Luiz Soares. Foi levado para o clube, em 1967, pelo então presidente Pereira dos Santos e, a partir dali, passou a venerar as cores rubro-negro.

Há uma perfeita sincronia entre Casas e Moto, afinal, durante essas duas décadas, ele manteve uma lide rança firme, sempre chefe do departamento médico e diretor do clube, inclusive como presidente, em 80. Seu consultoria, na Travessa da Passagem, é o ponto central das reuniões do clube e Cassas não faz objeção, mesmo sacrificando sua profissão, tudo em nome do Moto.

Polêmico e irreverente, o médico e diretor motense não foge suas características principais e é oposição ferrenho da Federação Maranhense de Desportos "e o nosso futebol caiu muito desde a fase Domingos Leal e Augusto Tampinha, porque tudo é feito com safadeza, com mutreta e os resultados são fabricados".

"RAIMUNDO SILVA SERIA A SOLUÇÃO DO FUTEBOL MARANHENSE, MAS CARLOS GUTERRES TAMBÉM É BOM NOME"

Para Cassas de Lima, a Federação não pode ficar sob o comando de Augusto e manobrada por Leal. "Raimundo Silva seria a solução do futebol maranhense, mas Carlos Guterres também é um bom nome. Seu Silva é um homem sério, coerente, com muita vi são e seria o candidato da conciliação. Carrinho é um desportista e tem capa cidade de administrar com imparcialidade esse futebol falido e mal regido", sentenciou.

O ex-dirigente rubro-negro descarta seu nome para assumir ou concorrer às eleições da FMD, porque não dispõe de tempo "e nem a divisão de árbitros poderia pegar, se fosse convidado, porque é um cargo que não é compatível com minha especialidade: claro, o fato de criticar não quer dizer nada, uma vez que tudo aquilo que falei foi realidade, tanto que houve brigas entre os próprios apitadores." Coronel Assis Vieira e Wilson de Moraes Van Luma, segundo Cassa, riam dois nomes ideais para moralizar aquele setor da Federação.

"MINHA VOCAÇÃO ERA A CARREIRA MILITAR OU ENTÃO SER PILOTO, MAS SOU REALIZADO COMO MEDIO"

Se hoje o Moto a grande paixão de Cassas de Lima Vasco da Gama também, quando adolescente ele tinha um sonho maior: "Minha vocação era a carreira militar ou então ser piloto, mas sou realizado como médico.

 E acrescenta fui logo reprovado nos exames militares e para ser piloto, sem condição financeira, pesou mais. Ainda recebi instruções do piloto Sabino Bacelar, a respeito de aviação, mas tive que mudar de pensamento e terminei optando pela medicina, porque me considerava também uma pessoa muito sensível.

Foi em 1969 que Cassas de Lima se formou, depois de vários anos de aprendizado em São Paulo. Nascido em Vargem Grande, Maranhão, em 02/02/42, Cassas, hoje, é o médico mais aprofundado no estudo de joelhos, pois participa constantemente de congressos de Ortopedia, inclusive no exterior, e já implantou em São Luís a moderno astroscópio.

Cassas é casado com Maria da Graça Sousa Cassas de Lima e pai de três filhos, Vinícius, Ulisses e Geovani. Ari Teixeira Lima e Florinda Cassas de Lima (ela filha de Libanês com Sírio. nascida na Argentina), são os genitores do ex-diretor rubro-negro, que está desanimado com o futebol maranhense e chega a fazer previsão pessimista se a Federação continuar gerida pela situação

O MAL QUE O FUTEBOL BRASILEIRO ESTÁ PASSANDO É QUE VIVE CHEIO DE POLÍTICO DESPORTISTA"

Qual o grande empecilho do futebol? Cassas de Lima afirma que "o mal do futebol brasileiro é que vive cheio de política desportista, o chamado aproveitador, que só aparece na boa". Para Lima, existe o desportista político, aquele que gosta de futebol e não entra no clube apenas para ganhar poder. Citou o nome do deputado Pedro Vasconcelos, que foi assíduo frequentador de estádios, com bandeiras do tricolor e hoje foi reconhecido pela torcida, após assumir a presidência e mostrar seu trabalho.

A melhor época do futebol maranhense, segundo Cassas, foi quando surgiram nomes como de Carlos Alberto, João Bala, Zuza, Barrão, Djalma, Milson, Alzimar, Walber Penha, Nonato Cassas, Decadela e outros.

"Qual o time do Moto de todos os tempos? difícil dizer, mas posso citar jogadores como Newton, que foi para o futebol de São Paulo, Hamilton, Edmilson Leite, Caio, Paulo Casar, Marcos Boi, Oberdan, Vivico, Vila Nova & Alvim da Guia

"NÃO VAI APARECER NENHUM DIRIGENTE PARA SUPERAR O SAUDOSO BENTO FARIAS, ESSE FOI TUDO, MENOS LEMBRADO".

Indagado sobre os melhores e pio- res dirigentes do Maranhão, Cassas disse que Raimundo Silva e Pereira dos Santos merecem toda consideração, mas não vai aparecer nenhum dirigente para superar o saudoso Bento Farias, esse foi tudo, menos lembrado". "Bento trabalhou em todos os clubes daqui, diz Cassas, com muita competência, além de ter sido o verdadeiro atleta e árbitro de todos os esportes. Sua morte deixou uma lacuna enorme em nosso futebol e pior é que a Federação, como sempre inoperante, sequer programou um torneio em nome do Dr. Bento".

Para o médico, Garrincha foi o jogador de todos os tempos, embora reconhecesse o talento de Pelé. "Foi um monstro, o Pelé, mas o Mané Garrincha fez coisas que o Rei não fez. Fazia jogadas incríveis com suas pernas tortas e joelhos deformados. "Ο esquerdo era valgo, quer dizer, junteiro e o direito varo, que significa zambeta, mas esses defeitos parece que ajudavam Garrincha", comentou Cassas.

"Sou apreciador da música clássica e tenho uma coleção, inclusive figuram os nomes do Rei, Roberto Carlos; Júlio Iglesias e Gilliard. Gosto também de samba e minha cantora predileta é Alcione, até por obrigação, por ser maranhense, diga-se de passagem. Na TV, assisto sempre o Jornal Nacional, mas tenho admiração do Bolinha, Viva o Gordo, A Praça é Nossa, Chico Anísio e Filmes do Corujão. Com um detalhe, não tenho hoby específico. Assim, o desportista pode conhecer um pouco mais do médico Cassas de Lima. que foi um excelente jogador da bola pesada e de futebol de campo, em tempos de Universidade. "Eu era beque de espera e tinha certo talento, inclusive ainda hoje bato minhas peladinhas nas praias? concluiu, sorrindo.

Maranhão 0x0 Vitória do Mar - Torneio Pedro Neiva de Santana 1973

O Maranhão mandou o primeiro tempo, perdeu gols incríveis como o de Cabecinha aos 35 minutos que depois de tirar Neguinho e Ziza da jogada entrou na área e chutou em cima do goleiro Senilson. O Vitória jogou trancado e para o empate o que acabou conseguindo pois na fase final o Maranhão diminuiu de produção e o Vitória andou equilibrando o jogo e teve até uma bola na trave num chute de Djalma aos 70 minutos cobrando falta com barreira, quando pouco antes Garrinchinha perdia outra boa oportunidade. Carlos Afonso não pegou uma bola no primeiro tempo mas na fase final foi empenhado várias vezes. O placar de zero a zero fez justiça ao Vitória, embora o Maranhão tenha parecido melhor organizado e andado mais perto do gol. Um bom jogo. Bem movimentado e com lances que fizeram vibrar a torcida atleticana e até muitos bolivianos que não negaram aplauso aos seus ídolos. A renda foi de Cr$ 7.441.00, arbitragem regular Raimundo Sena. No MAC, destaque para o meio campo com Edinho e Joary e no ataque Cabecinha deu muito trabalho a Neguinho. Como primeira apresentação o empate for muito bom para o time de Marçal, em jogo disputado no dia 12 de junho de 1973.

O Maranhão jogou com Carlos Afonso; Roberto, Jorge Luiz, Cândido e Claudionor (Tarinho); Edinho e Tataco; Gilberto, Joary, Cabecinha e Dario. O Vitória do Mar atuou com Senilson; Reinaldo Neguinho, Ziza e Ferreira; Djalma e Iratan; Garrinchinha (Pelezinho), Vamberto e Itamar.

sábado, 12 de abril de 2025

Caxiense 0x0 Moto Club - Torneio Pedro Neiva de Santana 1973

Uma boa partida jogaram Moto Club de São Luís e Sociedade Esportiva Caxiense, domingo, 10 de junho de 1973, no Estádio Duque de Caxias, Iniciando o Torneio Pedro Neiva de Santana, e que terminou com o empate de 0x0. O jogo disputado em uma tarde quente, agradou ao grande público caxiense, pela movimentação, principalmente na segunda etapa onde o prélio foi bem cor rido.

Logo na primeira etapa, nota-se o time caxiense diferente daquele que aqui esteve na última quinta-feira, com as modificações introduzidas no melo campo e linha de frente. O SEC tentava surpreender a defesa motense com os lançamentos longos para os pontos que se colocavam quase sempre em Impedimento e muitos deles são marcadas pelo árbitro da partida. Esta fase foi disputa da de igual paro igual mesmo com as falhas motenses no melo e no ataque.

Para a segunda etapa o Caxias voltou a correr. agora com o sol mais frio e mostrava ser uma equipe bem preparada e acostumada com o clima. Sousa foi obrigado a fazer milagres por duas vezes, garantindo o marcador de 0x0.

Mais uma vez o melo campo motense perdia o duelo com o da Sociedade e a falta de um ponteiro esquerdo era notada, principalmente quando o Moto tentava explorar aquele setor erradamente, pois Nilsinho não correspondeu. Dai a Sociedade Esportiva Caxiense passou a mandar praticamente no jogo e levar perigo ao arco de Sousa.

O Moto Clube se apresentou sem o zagueiro Marins, mas com Sansão correspondendo plenamente. A Defesa se portou regularmente e o melhor foi o Sousa que por duas vezes saiu bem do arco com defesas sensacionais. O meio campo como sempre não correspondeu, formado por Faisca e Zé Augusto, muito mal ajudados por Lins que não encontrava campo para jogar. O ataque salvou-se apenas Artur, assim mesmo prendendo em demasia a bola, Marcos bem marcado e Nilsinho nada fez.

Na Sociedade Esportiva Caxiense, o ponto alto foi a defesa com a entrada de Fernando. boa exIbição do centro de área e Batista muito tranquilo e orientador. O Meio teve um senhor jogador chamado Pinto bem ajudado por Reinaldo e Sanega. O ataque com a entrada de Elinaldo e o deslocamento de Zito para o meio e a velocidade de Geraldino levaram multo perigo ao reduto final de Sousa.

O Juiz de partida, Sr. Antonio Palhano foi encarregado de tirar o brilho da partida com a expulsões de Reinaldo e Zé Augusto, erradamente, pois o que aconteceu foi um lance sem importância, multo mal interpretado pelo arbitro.
 
Simplesmente decepcionante a atuação do trio de árbitros, no encontro Moto Clube e Sociedade Esportiva Caxiense. A segunda etapa só foi jogada 40 minutos e o mediador Central conseguiu desagradar até mesmo os próprios conterrâneos. Ο Sr. Antonio Palhano Interpretava muito mal os impedimentos e a única vez que puxou um cartão, foi o vermelho para expulsar Reinaldo e Zé Augusto. Nas laterais estiveram Raimundo Nonato dos Santos e José Carvalho Nascimento.

A arrecadação registra-la no estádio Duque de Caxias, somou a importância de Cr$ 4.199,00. considerada apenas regular, mas mesmo assim não deu prejuízo e ainda deve ter sobrado alguma coisa com a retirada da quota do Moto e outras desposas.

Não sabemos o porquê da Federação não ter designado um juiz da primeira Divisão para a direção do espetáculo, entre Moto Clube e Sociedade Esportiva Caxiense. Até mesmo faltou bola para que fosse iniciado o espetáculo. Se o torneio é promovido pela Federação. então fatos dessa natureza não devem acontecer.

Os outros clubes devem abrir os olhos quanto ao problema arbitragem, pois até mesmo os caxienses estão reclamando. Há até quem pense na solicitação de juízes do Piauí para os próximos jogos. 




Árbitros da partida. À esquerda, o ex-jogador Cabelo Duro

Árbitro Wilson de Moares Wan-Lume

Texto extraído do jornal O Estado do Maranhão

A arbitragem do Maranhão viveu momentos de glória no período em que Wilson de Moraes Wan-Lume, como árbitro de futebol, soube passar por situações em que nem era percebido e em outras mostrar que tinha por obrigação exigir disciplina, para que uma partida de futebol não tomasse rumos desvirtuados. No cumprimento da profissão deixou que os acontecimentos ficassem restritos às quatro linhas. Sempre muito correto, jamais foi acusado de algum ato leviano, que tivesse interferido nos resultados.

A maneira de ser de Wan-Lume é a mesma desde os tempos em que era chamado de Calango e gostava de jogar futebol no Canto do Rio, time de várzea do João Paulo, composto por: Zé Bento, Zé Rocha e Biguá; ele, o Calango, Ema e Embuá; Washington Pinheiro, Benedito e Washington Santos; Quintino Pau-de-Arara Sebastião.

Andando de chuteiras - De centro-médio Calango, com 16 anos de idade, passou para a lateral esquerda. Quando foi estudar na Escola Técnica Federal do Maranhão calçou pela primeira vez uma chuteira. E sob o comando do técnico Pimenta, ex-Seleção Brasileira, contratado pela ETFM, andava até pelos corredores rumo às aulas, se equilibrando nos sapatos do futebol. Mas sua relação com esse esporte não passava de amadora.

Depois que estava no 24° BC apareceram Djar Martins, o cronista apaixonado pelo Sampaio e o dirigente Ferrari, convidando o para fazer parte do tricolor. O Sampaio, de 47, tinha um time de pernambucanos, formado para derrotar o imbatível Moto Clube, tri-campeão maranhense. Mesmo sem se profissionalizar, porque era cabo do Exército, Wan-Lume aceitou a proposta, entrando no lugar de Decadela (de Pernambuco). Foi jogar ao lado de Cido, Reginaldo, Gegeca, Bodinho, Duó, Geovani, Capuquinho, Zé Pequeno, Zé Rocha e Baltazar. Os reforços não puderam fazer muito, porque o Moto

Em 1968 Wan-Lume apitou jogos do Torneio Maranhão-Piauí voltava a conquistar mais um título estadual. Mas o jogador Calango se orgulha em dizer que sempre fazia parte da Seleção da Semana eleita pela crônica esportiva.

Quando em 48 foi formado o General Sampaio, time do Exército, Calango ficou por lá, onde era mais fácil conciliar os horários. Disputou a Segunda Divisão e só não foi campeão nesse ano. Paralelamente via das arquibancadas o Moto voltar a arrasar os adversários, chegando ao heptacampeonato em 50.

Em 51 Wan-Lume largou os campos para ir estudar na Escola de Sargento Especialista do Rio de Janeiro. Começava uma peregrinação por vários estados do país, cumprindo transferências exigidas pelo Exército.

Em 54, quando estava em Fortaleza, Wan-Lume voltou ao
futebol, jogando no América, ao lado dos maranhenses Bacabal (goleiro) e Merci (lateral direito).

De volta a São Luís, em 55, o futebol era para Wan-Lume uma distração. Tanto que foi ser secretário do Moto atendendo a um pedido do presidente, Major Pereira dos Santos, que sabia do gosto do Sargento pelo esporte. Em 58, chegou a jogar no Vitória do Mar, time mais frequentado pelo grupo da estiva. Nas horas vagas apitava jogos do futebol amador e do futebol de salão.

Somente em 61, quando o capitão Daniel, diretor de arbitragem da FMD Federação Maranhense de Desportos, convocou algumas pessoas para passar por um teste na arbitragem, começava a trajetória do maior árbitro do Maranhão.

Deu certo A experiência - com o amadorismo valeu muito para Wan-Lume. A disciplina do Exército fez com que sua dedicação à atividade fosse consistente. A integridade de caráter tornava-o voltado a enveredar somente pelo caminho da honestidade. Sua tranquilidade para tomar decisões fazia-o a cada partida mais sábio, sempre a favor do jogo limpo. A atuação sempre discreta era a procura do anonimato, em uma profissão onde muitas vezes os árbitros estavam no centro das atenções pela interferência em resultados.

Mas mesmo que quisesse passar despercebido, com suas atuações irrepreensíveis, Wan-Lume começou a fazer nome. Em 76 foi convidado a apitar na Fonte Nova, Bahia, o jogo pelo Brasileiro entre Vitória (BA) e Sergipe (SE). Na véspera, no mesmo estádio, o árbitro Dulcídio Vanderlei Boschila, de São Paulo, não teve pulso para segurar uma partida e a crônica esportiva caia em cima do paulista. E todos perguntavam: "Como será com esse desconhecido?"

Ele foi simplesmente o Wan-Lume de sempre, ganhando mais ainda respeito em outras praças. Houve período em que chegava a passar cerca de um mês apitando em diferentes cidades, como Belém e Manaus.

Com os jogos em que era designado pela Confederação Brasileira de Desportos, hoje Confederação Brasileira de Futebol CBF, Wan-Lume só não conseguiu se infiltrar no fechado eixo sul-sudeste. No Norte e Nordeste fez fama. E assim surgiram ao longo de 16 anos de profissão inúmeros Norte e Nordeste, Taças Brasil, Campeonatos Brasileiros, Campeonatos Maranhenses.

No Maranhão recebeu vários prêmios de melhor do ano. A Associação de Cronistas e Locutores Esportivos ACLEM foi um dos segmentos que o condecoram muitas vezes com o famoso apito de Ouro, pelas brilhantes atuações. Em 77, atendendo um pedido dos filhos, Wilson de Moraes Wan-Lume resolveu parar. "Tomei a decisão pela minha familia", conta ele, lembrando que escreveu uma carta à imprensa, aos dirigentes, aos atletas e torcedores comunicando da decisão.

Mozart Tavares

Sampaio Corrêa em 1950. Em pé: Reginaldo, Ferreirão, Decadela, Zé Rocha, Baltazar e Serejo. Agachados: Bodinho, Albano, Mozart, Geovani e Zé Pequeno

Texto extraído do jornal O Estado do Maranhão

Talento nato. Assim foi Mozart de Sá Tavares, garoto que teve o privilégio de começar a jogar no elitista Aguia Negra, time de futebol de campo do colégio Marista, por volta de 1943, e amadurecer atuando nos principais clubes de São Luís.

Na época em que a maioria dos meninos de 15 anos procurava os campos de várzea para bater suas "peladas", Mozart atendia aos apelos do pai, Gerson Tavares, avesso ao futebol, e restringia sua participação nos treinamentos do Marista e nos Jogos Estudantis.

Como center-forward (centroavante) de um vigor físico impressionante e grande domínio de bola, sua passagem para o chamado futebol profissional foi rápida e casual. O colégio Marista da década de 40 funcionava onde hoje é a rádio Educadora. Mas os treinamentos do time da escola aconteciam na famosa Quinta do Barão, local onde atualmente a entidade está instalada.

O Moto, do técnico uruguaio Comitante, também se preparava na Quinta do Barão. Um dia faltou um jogador para a equipe reserva. Com sotaque carregado Comitante pediu para um garoto que estava por lá completar o time. Era Mozart. Mesmo sem recordar os detalhes dessa estreia", ele mantém nítida a lembrança dos três gols marcados e do deslumbramento que ocasionou sua bela participação.

O convite para integrar o melhor time de São Luís foi imediato, afinal ninguém ia perder a oportunidade de ter um talento para dividir a posição como o "cobra" Pepe.

E lá foi Mozart, um simples amador, aprender os macetes da porção de artilheiro como reserva de um craque, considerado até hoje um dos melhores goleadores que passou pelo Maranhão.

Sempre sendo chamado para entrar em um dos tempos dos jogos, Mozart foi logo de cara campeão maranhense, de um Moto que em 1947 conquistava seu tetracampeonato. Em 48, com a saída do piauiense Pepe, ele assumia o comando do ataque rubro-negro, mostrando impetuosidade, oportunismo e faro para fazer gols.

Temperamental, brigava sempre quando o assunto era concentração. Na véspera da disputa do título , que daria ao Moto o penta campeonato, Mozart decidiu não cumprir a determinação da diretoria. No dia seguinte estava em campo conquistando mais um troféu. Porém, com as broncas levadas pelos dirigentes, resolveu sair do Moto.

Poderia ter continuado sua trajetória de sucesso não fosse um incidente com um estivador, Leopoldo, que o ameaçou de morte. Apavorado, o pai Gerson Tavares o mandou de navio para o Rio de Janeiro.

O cargueiro do Loyd levou cerca de quatro dias para chegar só até Fortaleza. Com a folga dada pelo comandante, Mozart Tavares aproveitou e foi assistir ao treino do Fortaleza, que se preparava para enfrentar 0 Olaria, do Rio de Janeiro. "Nesse dia", conta ele "o radialista Barbosa Filho, quando me viu pediu para a diretoria do Fortaleza me deixar treinar e reforçar o clube no dia seguinte".

Em troca de uma passagem de avião, Mozart aceitou o desafio. O Olaria ganhou o jogo por 1 x 0, mas ele conquistou a diretoria carioca. Quando chegou no Rio estava com sua vaga garantida.

Por volta de 1950 o artilheiro retornava a São Luís. O Sampaio, que sonhava em ser campeão estadual, não se fez de rogado e imediatamente chamou o amador Mozart. Sua característica de goleador continuava. Em um dos históricos amistosos interestaduais, o tri color derrotou o Flamengo do Rio por 3 x 2, depois de estar empatado em 2 x 2. A vitória veio dos pés de Mozart, num golaço de bicicleta, que quase faz desabar o estádio Santa Isabel.

Mas o sonho do título não conseguiu ser realizado por dois anos seguidos, por causa do Maranhão Atlético Clube, campeão de 51, e do Vitória do Mar, campeão em 52.

Nos dois anos seguintes Mozart voltou a conhecer glórias como integrante de seleções maranhenses e como jogador do Sampaio, bicampeão maranhense de 53 e 54.

O futebol não bastava, já que ele nunca quis se profissionalizar. Com o curso de contador, foi atrás de uma outra profissão. Passou a ser fiscal da previdência do antigo IAPC, hoje INSS. 

O esporte era acima de tudo uma paixão avassaladora para Mozart, que jogava ainda futebol de salão e basquete. No futsal também arrebatou títulos pelo Santelmo ao lado de Murilo Gago, Poé, Cléo Furtado e Biné. No basquete sua invejável mão certeira e a conquista de outros títulos fizeram "seu" Brito, da ótica A Diamantina e dono do clube Vera Cruz, presenteá-lo com as alianças de seu primeiro casamento. A invejável forma física, aliada à experiência de quem era um grande atleta, foram os ingredientes necessários encontrados pela diretoria do Ferroviário, que o convidou para fazer parte do timaço de 57. Mesmo tendo Hamilton, em que campo ficou jogando pela direita, Mozart encerrou sua carreira de atleta amador de futebol por cima, conquistando seu quinto título estadual, o primeiro do "Ferrim".

Saiu de campo com 29 anos e entrou para os anais da história como um dos principais centroavantes que jogaram no Maranhão.


terça-feira, 8 de abril de 2025

Sampaio Corrêa 0x0 Bacabal - Campeonato Maranhense 1998

Sérgio Ramirez resolveu poupar muitos dos titulares na partida do dia 19 de abril de 1998 contra o Bacabal Esporte Clube, no Castelão, e o time que jogou acabou empatando em 0 x 0. A atitude tomada foi porque a equipe estrearia no dia 22, para tentar o título da Copa Norte e a vaga para a Copa Conmebol. A torcida, mesmo sabendo da atitude do treinador, ficou insatisfeita com o resultado e abandonou o estádio mesmo o logo não tendo terminado.

Em campo Jogando com um time bastante mesclado, mas à altura do plantel tricolor, o time até encontrou o caminho do gol, mas não marcou.

No primeiro tempo, o árbitro José de Ribamar Pereira Campos invalidou um gol legítimo do atacante Jurandir, alegando que teria sido marcado com a mão.

Nesse primeiro tempo, os destaques acabaram sendo mesmo os goleiros. Marcelo Lourenço pelo Sampaio e Celso pelo BEC. 

Sampaio modificado - No segundo tempo do jogo, o Sampaio voltou modificado, com Rogério entrando em lugar de Jurandir e Carlos Alberto substituindo a Hamilton Gomes.

O que Ramirez queria, mas o que não aconteceu, foi o gol. O time boliviano sufocava bastante o BEC que achou como tática, a queda de seus jogadores em campo para driblar o tempo.

O técnico sampaíno tentou então colocar em campo mais um atacante, logo ele, o craque da torcida e do time: Cal.

Ele deu mais movimentação à equipe jogando no meio, mas o time continuava a desperdiçar os gols e numa jogada normal, Carlos Alberto, do Sampaio acabou sendo expulso pelo árbitro José de Ribamar Pereira Campos. 

FICHA DO JOGO

Sampaio Corrêa 0x0 Bacabal
Local:
Estádio Castelão
Renda: não divulgada
Público: 10.337 pagantes
Juiz: José Ribamar Pereira Campos
Bandeirinhas: Simas Junior e Juscelino Miranda
Cartão vermelho: Carlos Alberto
Sampaio Corrêa: Marcelo Lourenço; Paulinho, Osvaldo, Oliveira e Maurício; Toninho, William (Kal) e Junior; Carlos Henrique, Jurandir (Rogério) e Hamilton Gomes (Carlos Alberto). Técnico: Sérgio Ramirez
Bacabal: Celso; Diogo, Basquete, Venilson e Evandro (Tião Santos); Oliveira Sobrinho, Cleber e Lula; Sabido, Cabeça e Didi. Técnico: Lambau

Sampaio Corrêa 2x0 Ceará/CE - Amistoso 1998

O Sampaio segue embalado na preparação para a Copa do Brasil e dá mostras de boa forma ao derrotar o Ceará Sporting em amistoso realizado na tarde do dia 01 de fevereiro de 1998, no Estádio Castelão. A vitória por 2 a 0 (gols de Cal e Gilmar no 2º tempo) teve um sabor especial, pois a 'Bolívia Querida" quebrou um tabu que se prolongava por 33 anos.

O Sampaio jogou o primeiro tempo obedecendo o esquema tático que vai adotar no Jogo de quinta-feira contra o São Paulo. A cautela na defesa fez com que o Ceará criasse jogadas ofensivas, que não assustaram.

No 2º tempo técnico Sérgio Ramirez deu mais ofensividade ao tricolor, principalmente depois de efetuar algumas substituições. A mais importante delas foi a entrada de Cal no lugar de Carlos Henrique. Aos três minutos o atacante recebeu - lançamento de Gilmar e abriu o marcador.

Aos nove minutos Cal também deu início á jogada pela direita, que culminou com o gol de Gilmar. A defesa alencarina bateu cabeça e livre Gilmar não perdoou o vacilo adversário.

O Sampaio continuou no ataque, apesar de estar vencendo fácil. Se não fossem as belas defesas do goleiro Jefferson com certeza teria saído de campo com um placar mais elástico.

O time ainda teve um gol anulado. Gilmar cobrou falta no ângulo, mas o árbitro Marcelo Filho disse que ainda não havia autorizado a cobrança.

FICHA DO JOGO

Sampaio Corrêa 2x0 Ceará/CE
Local:
Estádio Castelão    
Renda: não divulgada
Público: 8.411 pagantes
Juiz: Marcelo Filho
Bandeirinhas: Roberth Charles e Simas Junior
Gols: Cal aos 3 e Gilmar Popoca aos 9 minutos do segundo tempo
Sampaio Corrêa: Sadi; Paulinho, Remerson, Oliveira e Cristiano (Edirzinho);  Toninho (Gilmar Popoca), Borçato (Juca) e Gelson (Bruno Lima); Carlos Alberto, Carlos Henrique (Cal) e Junior. Técnico: Sérgio Ramirez
Ceará/CE: Jefferson; Roberto Carlos, Marcelo, Freitas e Edilmar (Rui); Mário César (Luciano), Dema (Vitor) e Gilmar Serafim; Cesinha, Robson e Dim. Técnico: Erandir Montenegro

Leôncio "Lelé, o Mário Viana maranhense

Texto extraído do jornal O Estado do Maranhão

Leôncio Rodrigues Sobrinho, ou simplesmente Lelé. Um diminutivo carinhoso, lembrado e respeitado até hoje. Como jogador de futebol de campo cheio de raça e determinação soube tirar proveitos que supriram a falta de talento. Quando parou de jogar resolveu apitar partidas, transferindo seus conhecimentos e sua excelente preparação física para uma área bastante carente em São Luís. E fez nome com a autoridade de quem sabia impor respeito. Lelé apitando era garantia de jogo limpo para os atletas e bom espetáculo para o público.

Ele nasceu em 1924. Suas lembranças o fazem voltar à época em que tinha 15 anos. Jogando de half direito (mesmo sendo lateral atuava como uma espécie de quarto zagueiro) pelo colégio colégio São Luís, participava dos jogos estudantis promovidos pelo professor Luís Rego, Diretor de Educação do Município. Também atuou no científico pelo Centro Caixeiral.

Quando já estava com 18 anos aceitou convite do técnico Luiz Comitante e passou a integrar o FAC-Football Atlético Clube. Comparado hoje a Dunga, do Jubilo Iwata e da Seleção Brasileira, que não é um jogador de talento nato, mas sabe cumprir as determinações do treinador, Lelé se destacava pela disciplina e vontade de ganhar. Raçudo, foi sondado pelo clube Paysandu, do Pará, mas não aceitou se transferir.

Depois de duas temporadas trocou o FAC pelo Onze Amigos, time da 2ª Divisão. E jogou lá por 12 anos seguidos. Paralelamente, já preocupado com seu futuro, assumia várias funções no município: de auxiliar de fiscal, a fiscal e diretor do arquivo.

Por volta de 1951 ele participou do curso de arbitragem ministrado pelo técnico Zequinha Dadeco. Passava então a exercer uma função, que o tornou conhecido no Maranhão e em várias capitais brasileiras, principalmente Belém - PA.

Em 1953 o famoso árbitro Mário Viana veio a São Luís ministrar mais um curso de reciclagem, numa promoção dos jornalistas Sekeff Filho e Dejard Martins. Além das aulas Mário Viana observava os participantes do curso na prática. "Ele quis me levar para São Paulo. Dizia que eu merecia estar em um centro mais desenvolvido. Quando foi embora mandava cartas me incentivando", conta Lelé sobre a marcante presença de Mário Viana em sua vida.

Adotando a mesma postura do professor, principalmente pela rigidez, não deixando nunca o jogo descambar para a violência, Lelé era chamado de "Mário Viana maranhense", como cita Dejard Martins em seu livro "ESPORTE um mergulho no tempo", página 128.

Por quase 15 anos Lelé trabalhou incessantemente em São Luís e em Belém. Num domingo apitava aqui. Na folga do domingo seguinte voava para apitar na capital paraense, mesmo morrendo de medo de avião. E mostrava porque era tão solicitado.

Um episódio marcante em sua vida se deu no amistoso entre Sampaio e Vasco, cujo ano ele não lembra. Conta Lelé, que o Sampaio perdia por 1 x 0 quando o Vasco cometeu um pênalti. Ele marcou e com sua peculiar autoridade e não deixou que ninguém do time cario ca reclamasse. Pirrita empatou. Henrique Santos deixou o tricolor na vantagem, mas o Vasco conseguiu o empate.

Pelas brilhantes atuações em partidas amistosas e dos campeonatos do Maranhão e do Pará, chegou a receber o prêmio "Apito de Ouro".

Mesmo não andando atrás de consagração ele desempenhou muito bem a função de técnico, quando dirigiu a Seleção de Rosário, cidade do interior maranhense. Orgulha-se em contar que Rosário derrotou o Maranhão Atlético Clube, campeão estadual de 1963, e o Auto Esporte, campeão piauiense.

Adeus à arbitragem Em 1965 Lelé se mudou para a cidade de Humberto de Campos -MA, atrás de um futuro melhor. "Maranhense não dá valor a maranhense e por isso tive que ir em busca de outras atividades". Montou uma casa de shows, que recebeu na estréia a garota, ainda desconhecida do grande público, Alcione Nazareth, levada pelo pai, maestro João Carlos.

Quando voltou a São Luís, seis anos mais tarde, participou de vários cursos de Educação Física e passou a dar aulas em colégios do estado. Foi Instrutor de Práticas Esportivas da Sedel e chegou a ocupar o cargo de Diretor de Praças.

Como funcionário municipal, assumiu a função de Diretor de Trânsito para depois se aposentar.

Argemiro Guará e seu chute

Time do Maranhão, do técnico Fatiguê, em 1954. Em pé: Alfredinho (auxiliar), Schalcher, Pui, Serra, Jaime Moacir, Argemiro Guará e Carne Assada. Agachados: Cabeça, Nunes, Peru, Derval, Zé Ferreira e Moacir
 
Texto extraído do jornal O Estado do Maranhão

Argemiro Braga Guará foi um atleta igual a muitos que 'pegaram' aquela 'febre de paixão pelo futebol quando ainda eram pequenos. Uma geração que dava os primeiros passos no final da década de 40, fascinada por um esporte, que não era visto com bons olhos. Superando qualquer preconceito que pudesse haver ele mostrou acima de tudo que tinha talento. Tanto que jogou no profissional do Maranhão Atlético Clube como amador e até hoje faz parte da memória de muitos que o viram atuar.

Seu nome de 'jogueiro' ficou Argemiro. Posição: ponta esquerda. No Largo da Cadeia, onde hoje fica o hospital Dutra, reforçava o Paissandu, do 'seu Joaquim. Como outro garoto também brigava pela mesma posição, 'seu' Joaquim era obrigado a deixar Argemiro de titular na posição, por causa de sua canhota potente, deslocando o concorrente para a meia-esquerda. Esse concorrente nada mais era que Canhoteiro, que em pouco tempo viria a se tornar um dos maiores, senão o maior jogador do país, ex- São Paulo e Seleção Brasileira. "Nunca vi em minha vida ninguém jogar como Canhoteiro, nem Pelé", declara Argemiro, complementando que foi um privilégio ter convivido com o craque no início de sua vida atlética.

Além do Paissandu Argemiro integrou vários times dos colégios por onde passava, dentre eles o São Luís, o Ateneu ea Academia do Comércio. Mas despontar mesmo, ele começou no Santos, do Tabocal, dirigido por Jafé Mendes Nunes. "O time era o melhor do amador. Jogávamos com a equipagem oficial do Santos paulista". Uma lembrança do quanto Jafé era caprichoso quando se dispunha comandar um time.

O Campeonato amador era disputado no Santa Isabel. Argemiro já chamava atenção pela facilidade que tinha em se deslocar, pelos dribles desconcertantes que dava e principalmente pela visão de campo que possuía; uma vantagem desfrutada pelos companheiros de equipe, que sempre recebiam passes perfeitos para marcar gols apesar do gramado com 'grama de burro', como chamavam as toupeiras do estádio, que além de atrapalhar causavam contusões.

O filho de Valério Monteiro, presidente do Maranhão Atlético Clube, também chama do Valério, convidou o garoto para completar o time aspirante maqueano nos idos de 1951. Com 15 anos ele agradou em cheio a diretoria. Uma comitiva saiu para pedir que o seu pai, o velho Guará, ex-jogador de futebol, assinasse a ficha de filiação do filho como não amador para  integrar o quadro de futebol. Partida inesquecível. No MAC Argemiro brilhou, mesmo sem conquistar títulos. Exímio chutador com igual habilidade nos dois pés, era o tormento dos goleiros. Também um hábil armador, sabia colocar a bola nos pés do companheiro em melhores condições de ataque, mostrando acima de tudo que possuía espírito de equipe.

Sua maior 'prova de fogo', que até hoje é lembrada por muitos torcedores maranhenses, foi no amistoso do MAC contra o Flamengo no estádio Santa Isabel, por volta de dezembro de 1953. Nos vestiários ele soube que seria marcado pelo lateral direito Marinho, que também vestia a camisa da Seleção Brasileira. "Me preocupei com a informação. Marinho era o número 1 do Brasil. Foi difícil a marcação, mas consegui me sair bem", comenta modesto. Na verdade, com 18 anos de idade ele deu um verdadeiro 'passeio' em Marinho. Apesar de jogar muito bem o MAC perdeu por 3 x 0.

Quando acabou o jogo a diretoria flamenguista convidou Argemiro para integrar a equipe, que ainda iria fazer várias partidas pelo nordeste. Mas ele preferiu não se arriscar e ficou por aqui mesmo. Esse receio de se aventurar na pro-fissão pouco reconhecida de jogador de futebol fez com que recusasse outros convites feitos pelo Remo, de Belém do Pará e Sport, de Recife - Pernambuco. Até convocação para a Seleção Maranhense de 1954 Argemiro abdicou. "Não tinha interesse
na Seleção", justifica.

O serviço militar tirou-o do MAC em 55. No exército defendeu o General Sampaio. Ainda fez parte do Bahia, equipe da 2ª Divisão, levado pelo Major Pereira. No ano seguinte, já casado, largou os campos pois seu pensamento era o futuro da nova família que acabava de formar.

Futsal, nova opção - Como meio de se manter na ativa Argemiro passou a jogar futebol de salão no Santelmo, ao lado de Ribasco, Cleon Furtado, Biné, Mozart, Ranilson, dentre outros. Os torcedores passaram a ver de perto a potência dos chutes dele, que contribuíram para a conquista de um tricampeonato no final da década.

Um emprego público federal fez com que viesse sua transferência para a cidade de Barcelona Minas Gerais. A fama de grande ponta-esquerda o levou a atuar no Olímpico e no América por pouco tempo. De volta a São Luís em 64 se dedicou inteiramente aos estudos para o concurso do Banco da Amazônia - BASA. Quando passou foi designado para trabalhar em Belém PA. Ainda jogou futebol de salão no Remo, ao lado de craques como Jaiminho Saldanha, lmoro, Graco e Guilherme.

Pelo campeonato de bancários não deixava de dar sua contribuição. E foi lá que ele se aposentou' de vez da bola, que tratava com muita intimidade.

Graça Aranha em 1951

Belo registro do time do Graça Aranha em 1951. Vale relembrar que naquele ano o time disputou apenas jogos amistosos e não participou do Campeonato Maranhense de futebol profissional.