sábado, 6 de setembro de 2025

Walfredo: garra e força

 Em 1961 Walfredo recebe u a faixa de campeão estadual do técnico boliviano Jair Raposo

 Walfredo e Milson Cordeiro, laterais e respeito do Sampaio Corrêa em 1961
 
Texto extraído do jornal O Estado do Maranhão, de 07 de fevereiro de 2000:

Anil é celeiro de craques de futebol de campo. Foi lá que despontou Walfredo em 1952, um jogador de defesa, que já estava com seus 20 anos de idade. Alguns acreditavam que era tarde para iniciar uma carreira. Prudente, pensando antes de tudo no futuro, ele só aceitou ingressar no profissional aos 25 anos, quando assinara seu contrato. Nunca foi jogou técnico. Gostava de ser respeitado como um zagueiro ou lateral que chegava firme nos atacantes adversários, porém, de forma leal. Só queria de fazer parte de uma equipe vencedora, que conquistou alguns títulos importantes e fez história no Sampaio Corrêa.

Walfredo Donato de Oliveira teve o privilégio de nascer no bairro do Anil, no dia 17 de fevereiro de 1932. Desde pequeno batia cabeça nu em frente à sua casa e nos campinhos de várzea. Não tinha muita habilidade. Na hora da divisão dos times era sempre escalado para o time dos ruins, por causa da sua cara de fama de não abrir para os atacantes. Fazia questão de chegar junto para poder já deixar a bola passar, mas não o adversário.

COM 17 ANOS de idade vestiu a camisa do Corinthians. Era o zagueiro da zaga central. Jogava descalço. Alguns companheiros da sua juventude no Anil são ainda memória: Zeca Louro, Amaro, Décio Magro e Sotero. Outros já morreram.

Em 1952, com 20 anos de idade, Walfredo passou para o Nascente, o time do Anil. Foi a primeira vez que jogou de chuteiras e todos quiseram saber como ele ia se sair com esse tênis. E deu. Por lá passaram muitos jogadores que acabaram se profissionalizando no futebol maranhense, nacional e até internacionalmente.

Do Nascente para o Botafogo/Anil. Foi no time da Estrela solitária que deu os seus primeiros toques com a camisa do campeonato do bairro em 1953/54. Um time forte, que tinha Dodo no gol, Walfredo, Zé Ferreira, Pedro Buna e Nadal Agarrul, Zé Almeida e Manduca; Carlinhos Sales, Inaldo, Ribamar, Luizão e Alemão (pai do Carlos Alberto, meia ponta que jogou nos principais clubes maranhenses nas décadas de 1960/70 e que morreu em acidente de carro no Rio Grande do Sul).

PARA COMEMORAR a conquista os dirigentes do Botafogo marcaram dois jogos amistosos contra o Sampaio Corrêa. Um seria no Anil e o outro no centro da cidade. A resenha é contada com muito realismo de Walfredo: “No Anil, o time da Bolívia venceu por 3 x 0. Jogamos de Sampaio diante dos que iam ao acaso, porque nosso campo era muito ruim, cheio de pedregulhos. No segundo jogo fomos no Estádio Municipal e ganhamos por 2 x 1. Aí não teve desculpas”.

Após esses amistosos veio o convite do diretor sampaíno professor Ronald Carvalho para assinar contrato de profissionalizar. Não tinha medo de treinar na fábrica de tecidos Rio Anil. Já trabalhava desde os 8 anos de idade e nos finais de semana jogava futebol. Jogava pelo clube da fábrica, um clube amador por três anos. Jogava onde o convidas[...]

Estudante e pouco apareciam nos treinos. Nos jogos lá estava todo mundo. Os craques, acabaram levantados o título estadual: Nonato Casas, Bibi, Moraes, Walfredo, Milson Cordeiro, Torreal, Dedecaia, Almeirão, Canotinho, Lourival, Serra Pano de Barco, Regino e o goleiro Chamorrão, era parte do grupo boliviano que acabou levantando o título estadual de 1961.

O TORCEDOR SAMPAÍNO (ou boliviano, como queiram), já havia se acostumado a ver Walfredo em ação pelas laterais (direita ou esquerda). Com ele não tinha bola boba. Ponta que insistisse pra cima tinha que se ver com aquele cara troncudo, de voz grossa, cara feia e com muita vontade. Dava até gosto quando resolvia anular um atacante famoso.

Em 1962 veio a comemoração do bicampeonato estadual pelo Tricolor de São Pantaleão, juntamente com Dada (CE), Juvenal (MA), Dedecaia (MA) e Damasceno (MA); Miquil (RJ), Fernando (PE) e Pepê (PE).
A felicidade dos títulos acabou no ato de fechamento da fábrica de tecidos Rio Anil. Desesperado pela necessidade de ter que encerrar a carreira de profissional por conta da crise que se instalou com a demissão em massa de funcionários da empresa. Walfredo era um deles. Ficou sem salário. Foi aí onde tudo começou a ruir.

1963 não foi um ano bom para o Sampaio Corrêa, mas sim para o Maranhão que começava a se fortalecer com uma jovem equipe. “Depois disso, parei com o futebol. Fui para a fábrica de tecidos São José do Rio Preto.”

Juntamente com outros ex-jogadores amadores. Uma de suas últimas atuações no Anil bairro onde sempre morou, com a camisa do seu time, e onde sempre gostou.
 

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